A grande ideia



Depois de recebermos nossos presentes, acabei me deixando levar pela simplicidade, admirei e agradeci inúmeras vezes à Hagrid. Harry fez o mesmo, diversas vezes, eu e ele estávamos felizes demais com aquele dia e por um instante pude me esquecer da realidade, me deixando viajar pela fantasia da felicidade momentânea e o papo que se seguiu foi apenas o quão felizes estávamos por aquele dia ser mágico - essa palavra ganhou um novo significado pra mim a partir de hoje.


Hagrid nos levou para o Caldeirão Furado e não querendo chamar mais atenção do que devia, voltei a usar minha forma de Morgana - pessoa pela qual eu me passava. Nunca gostei de chegar a um lugar e ser visto como "filho de James e Líliam Potter, o menino que sobreviveu." Isso se aplicou muito a Harry mais a mim, quase nunca já que não usava minha verdadeira identidade - por esse e mais uma centena de outros motivos.


Meus pais foram grandes bruxos, lutaram e conquistaram sua glória, eu era apenas um garoto orfão que buscava pelo irmão e não fazia ideia do que fazer da vida. Isso me motivou a ser sozinho e ambicioso muitas vezes.


Sentado na cadeira, estava de frente para Hadrig e ao lado de Harry. Minha vontade de comer aquela a sopa era minúscula comparada a força de meus pensamentos, imaginando o que seria daqui para frente. Eu estava indeciso e de certa forma assustado com tudo que estava vivendo. Encontrei meu irmão á poucas horas e passei o dia mais feliz em toda minha vida, era difícil demais pra mim, não estava acostumado a isso, nem um pouco.


Lancei um olhar para meu irmão que estava explodindo em perguntas para o Gigante, que respondia a todas elas animado com tudo. Ele era uma criança com fome de informação sobre seu mundo novo e isso me deixou feliz por entro, mais só até tocarem no assunto: Pais. Parei de acariciar Salém que estava em meu colo e levei a mão até meu peito, apertei o medalhão que sempre carregava comigo.


— Algum problema? — comentou Hagrid à Harry.


— Todo o mundo acha que sou especial — disse finalmente. — Todas aquelas pessoas, o Professor Quirela, o Sr. Olivaras... Mas eu não conheço nadinha de mágica. Como podem esperar grandes feitos de mim? David sabe mais de magia do que eu e nós somos famosos e nem ao menos me lembro o porquê. Não sei o que aconteceu quando Vol... Desculpe... Quero dizer, na noite que papai e mamãe morreram.


– Em primeiro lugar Harry, não se preocupe com isso... - suspirei profundamente - Você é especial porque é o menino que sobreviveu ao terrível Lorde das Trevas. Eu sei dos grandes feitos desse bruxo maligno e sei que você será um bruxo incrível, acredite em mim.


Hagrid se debruçou sobre a mesa. Por trás da barba e das sobrancelhas desgrenhadas tinha um sorriso bondoso.


 — Escute o seu irmão, Harry, ele sabe o que está dizendo. Todos começaram pelo começo em Hogwarts, você vai se dar bem. Seja você mesmo. Sei que é difícil, no começo você vai ser discriminado e isso é muito duro. Mas vai se divertir em Hogwarts. Eu me diverti: e ainda me divirto, para dizer a verdade. – O gigante sorriu meio bobo.


- É verdade. Você tem que se concentrar em aprender, ninguém nasce sabendo Harry. Eu aprendi tudo durante muitos anos estudando magia por conta própria e veja só onde estou.. Não vivo sem ela pois a magia é parte de mim, e parte de você também! Você só precisa aprender a conviver com ela e usa-la a seu favor. Agora me dê licença, eu vou pro meu quarto. Ah, e Harry, eu mando uma coruja quando puder.


E me levantando de vagar da cadeira, soltei o gato que estava em meu colo. Senti que meus olhos estavam ficando cheios de lágrimas e precisava sair rápido dali antes que me vissem descontrolado.


Deixei o gigante e meu irmão na mesa que me olharam sair e subir a escada, cabisbaixo. Não sei se puderam notar minha tristeza mais o fato é que meu irmão se parecia muito com meu pai, estar do lado dele me fazia querer ter todos do meu lado de novo. Eu estava sentindo uma dor insuportável dentro do meu peito que não podia controlar. Estava me tornando um fraco.


Quando entrei no meu quarto não pude mais controlar mais as lágrimas e soluços. Chorei desesperadamente. Eu tinha que ter o meu irmão, não podia me separar dele nunca mais. Todos os momentos ruins que passei na vida começaram a me assombrar como fantasmas e eu me dei conta de que era uma criatura que não podia ser feliz. Falei para mim mesmo que não poderia viver como uma família por anos, mais agora eu poderia deixar meu passado de lado e recomeçar tudo.


Apertei o medalhão que estava pendurado em meu pescoço contra meu peito. Provavelmente os Dursley nem queriam ficar com Harry mais foram obrigados a escolher apenas um...Por isso me mandaram pra longe, por isso fiquei todos esses anos sozinho. Malditos Dursley!


 


– Acorde, Bela adormecida! - Senti a pata de Salém tocar meu rosto e abri meus olhos de vagar. Como meus olhos doíam. Tudo estava girando muito. Eu devia ter chorado muito pra estar naquele estado.


– Até que enfim você abriu os olhos...


– Quanto tempo eu dormi?


– Não sei dizer... mas estou querendo comer e você não acordava logo.


Revirei meus olhos e levantei de vagar. Ele sempre era tão preocupado com seu estomago que me deixava irritado. Procurei em cima da mesa que sempre empilhava de tudo e achei alguns biscoitos que haviam sobrado de alguns dias atrás.


– É tudo que tenho!


– Estamos vivendo como ratos e isso não me agrada, sabia? Ratos normalmente são minha comida e eu não sou a presa! - rosnou ele e pude notar seu nojo ao comer o que havia lhe dado.


– Foi o que restou pra nós dois... - Disse ficando realmente estressado com o assunto. Eu sabia que nossa situação não era a melhor e ficar lembrando e reclamando não ajudava em nada. Foi quando passei perto da janela e me deparo com uma visão privilegiada do Gringotes. O imenso prédio branco, imponente e seguro. Lá estava guardada as maiores riquezas dos bruxos e é claro que isso me deixou brotar ideias incríveis sobre um único assunto, quase que imediatamente.


– Acabo de ter uma ideia excelente meu caro. - Meu rosto se curvou num sorriso que assustou Salém.


– Conheço esse sorriso. Agora me conte qual é o plano que você acabou de ter? E saiba que estou com medo de sua resposta!


– Nós vamos fazer uma limpeza no Gringotes!

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