Prólogo



* * *


 


 Apolline Black. 


Assim como sugeria o sobrenome, aquela era nitidamente uma bruxa de personalidade peculiar. Tinha olhos profundos e esverdeados como suas vestes sonserinas, transmitindo certo tipo de energia diante de sua presença. Os lábios cheios sempre estavam curvados em um sorriso sedutoramente incrível, que ornava bem com o balançar suave da cintura conforme andava pelos corredores de Hogwarts. “É divina!”, diziam e pensavam todas as pessoas que a avistavam. Em parte, por seu jeito confiante e auto-suficiente de ser, mas também pelo sangue veela que corria por suas veias movidas a uma adrenalina natural. Não havia quem não lhe desejasse.


E eis que ela estava ali, ao contrário do que você pensa, sozinha em uma sala de poções. Slughorn era um sujeito sábio em sua área, mas eis que não possuía bom-senso o suficiente para manter aquela sala lacrada devidamente. O resultado disso era uma sonserina que arrombava a entrada com um feitiço suficientemente simples, utilizando algumas de suas horas vagas para dedicar-se com fidelidade às poções.


Apolline estava centrada em um caldeirão à sua frente, no qual vinha trabalhando há algum tempo. O líquido parecia em ponto de uso, mas ela sabia que ainda faltavam alguns últimos toques no preparo. Assim, olhava esperançosa para tudo aquilo com uma devoção divina que, associada ao perfume característico que lhe vinha aos sentidos, inebriava-a de modo extremo. Fora exatamente aquilo que a impedira de perceber que alguém adentrara a sala silenciosamente, observando-a com atenção.


 Era uma sonserina com coração afinal, algo incomum naquela classe de bruxos e que a estava levando aos tais feitios. O coração desolado por uma mágoa muito forte arranhava o peito da morena segundo após segundo, lembrando-lhe que dentro do caldeirão estava sua esperança de concertar as coisas. Ou pelo menos torná-las um pouco melhores, ela pensou. Havia um plano traçado claramente em sua cabeça e ele possuía duas vertentes em mãos, das quais dependiam a sua vida. Ou algo que ela considerava a sua vida.


E seu alvo, sem que ela sequer imaginasse, era exatamente quem a estava observando ali. 

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