Prólogo.






PRÓLOGO


 



O primogênito. Assim o mundo mágico me conhecia. O primeiro filho do grande Harry Potter.


O frisson começou antes mesmo de eu sair da barriga da minha mãe, afinal, Gina Potter estava esperando o primeiro filho do casal. Como ignorar uma notícia como essa? Carregar o fardo de ser famoso antes mesmo de aprender a andar é um desafio desagradável e incômodo, pelo menos na maioria das vezes. Meu pai concordava comigo quando eu me queixava e, veja bem, ele é uma espécie de especialista no assunto. Ele também costumava dizer que a pior parte era quando as pessoas te encaravam e acenavam como se fossem amigos íntimos, mesmo que você nunca os tivesse visto na vida. Eu concordo efusivamente.


Agora, por exemplo, não sabia se retribuía o aceno que uma simpática senhora estava me dando do outro lado da plataforma. Resolvi apenas dar um sorriso, que considerei bastante tímido, mas pela cara que ela fez, acho que foi mais do que ela esperava.


Eu tinha sinceras esperanças que as pessoas enjoassem de nós, que nos achassem chatos e sem graça e fossem viver suas vidas. Alguns agiam assim, é claro, mas a verdade é que, não importava o tempo que passasse, sempre havia fotos minhas ou da minha família pelos jornais, e nossos nomes quase sempre estavam incluídos nas rodinhas de fofocas. Papai tentava amenizar, dizendo que com o tempo a gente acostuma, mas, na realidade, aprendemos a ignorar. Okay! Isso não soou muito simpático da minha parte, porém, quem pode me culpar? Ah, mas esse tipo de atitude não agradava muita gente. O status de ‘rebelde sem causa’ grudara em mim como um estereótipo antes mesmo de eu terminar meu primeiro ano de estudos em Hogwarts. O mais engraçado de tudo era que meus primos e meus irmãos eram tão incomodados com toda essa história de herdeiros da fama quanto eu, mas o chavão parecia servir a mim, somente. Afinal, se eu era considerado um rebelde, meu primo Fred deveria ser chamado de que? Uma injustiça total.


Todavia, mesmo sendo um saco em grande parte do tempo, toda essa ‘fama’ tinha seu lado positivo. Atrair a atenção das garotas na escola, por exemplo. Não que eu faça o tipo conquistador. É claro que uma boa parte das garotas se aproximava primeiramente pelo peso do meu sobrenome (embora Lilly garanta que meu sorriso seja encantador), e, infelizmente, o primeiro e único namoro sério que eu tive terminou por esse motivo.


Há algum tempo atrás, toda a atenção que eu recebia não me incomodava tanto, e algumas vezes era até bem conveniente, como quando fui com meu pai comprar minha primeira vassoura e recebemos um desconto tão grande que quase levamos a vassoura de graça. Hoje em dia me incomoda, e, por que não confessar? Me entristece. Com toda a popularidade, vivo cercado de pessoas, mas era sempre triste descobrir que o cara que ouvira seus segredos por tanto tempo, por fim não era um amigo leal de verdade, ou que a garota pela qual você, finalmente, havia se apaixonado, era uma interesseira. Eu sempre sabia o que as pessoas significavam pra mim, mas como saber o que eu realmente significava pra elas?


Hoje em dia me pergunto se as pessoas me julgam por quem sou, ou pelo que sou, ou pelo que tenho... Mas afinal, quem sou eu?


Só o que posso dizer com segurança é que me chamo James Sirius Potter, tenho 17 anos e sou o primeiro herdeiro do sobrenome mais famoso do mundo mágico.


 

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