Capítulo 1





Candance Jaques


Hoje faz uma tarde ensolarada, em um bairro distante do centro de Londres. Eu e minha amiga estávamos voltando para nossa casa depois da pequena aula da tarde. Oh. Nem me apresentei direito, certo? Meu nome é Candance Jaques; estranho, eu sei. Estou morando há um ano aqui na Inglaterra. Já faz três semanas que troquei de casa. Rachel Watson era, e ainda é, minha amiga, e assim como eu, ela é intercambista brasileira.


Por puro destino, moramos na mesma rua, com a diferença de duas casas de distância. Saímos e voltamos juntas, somos muito unidas, como irmãs. Rachel era uma pessoa bem... Digamos... Simples, romântica, louca e ama ler. Juro, nunca vi uma pessoa que tem uma paixão tão inacabável pelos livros, principalmente por ficções, acho que ela é a única pessoa que tem essa paixão tão imensa por livros. E eu, bem... Eu sou eu mesma; ao longo da história vocês vão descobrindo as minhas características.


- Candy, - ouvi minha amiga me chamar enquanto nos aproximávamos da casa dela – Eu descobri que lá em casa tem uma prateleira de livros que falam sobre magias e as suas histórias.


- Você anda bisbilhotando as coisas dos outros, Kells? – perguntei parando e olhando desconfiada para minha amiga, enquanto a mesma olhou para mim e se defendeu. 


- É claro que não. Estavam lá para ser vistos, não no baú escondidos. – ela disse, recomeçando a andar – você sabe muito bem que não bisbilhoto as coisas. Então, hoje à noite eu vou pegar um que tem um título bem interessante e vou ler para saber qual é a história.


Olhei para ela um pouco preocupada, como já tinha dito, ela era uma daquelas pessoas que tem paixão por livros. Uma vez que começa a ler, esquece o mundo até terminar. Sério mesmo, começou a ler não a nada mais importante para fazer a não ser ler até a última palavra, tirando a importância de tomar banho, comer e dormir. Afinal ninguém é de ferro para ficar, sei lá, três dias só lendo. Por causa disso eu a lembrei da lição de casa, ela mesma me respondeu de prontidão que ia fazê-las e depois pegar o livro. Só acredito vendo as lições dela completas na minha frente.


Finalmente chegamos à casa da minha amiga, mas logo estranhei uma coisa. Perto do portão de entrada se encontrava um moço, lá pelos seus vinte e quatro anos, cabelos castanhos, olhos igualmente a cor, alto e pele clara, que chega a se confundir como pálida. Mas como estamos na Inglaterra era comum ter aquele tipo de pele. Na real, não fui com a cara dele, não mesmo. Ele aparenta ser uma daquelas pessoas que procura encrenca e isso não era nada bom, nadica de nada.


- Candy, esse é Daniel. Filho único dos Rush. – ela me apresentou a ele. Apenas lancei aquele sorriso simpático. Não posso aparentar uma rabugenta, não? – Daniel, Candance. Minha amiga. – Ele também lançou sorriso para mim, simpático, mas tendo aquele toque de algo a mais; sério, esse cara parece um psicopata. Não gosto dele.


- Bem, vou para minha casa. Até amanhã, Kells. – me despedi dela e acenando um tchau para ele.


Tentei andar de forma mais tranquila, sem demonstrar desespero, mas andei rapidamente para entrar na minha nova casa. Subi as escadas e cheguei ao meu quarto, fui direto para varanda, me inclinei e olhei para lado para ver se ainda conseguia ver a minha amiga. Infelizmente, ela já tinha entrado na casa, então não pude, digamos bisbilhotar os movimentos dos dois. Suspirei, isso era intrigante. Daniel era uma pessoa esquisita, não confiável, e... Preciso falar com a Cris. Será que ela já chegou da faculdade dela?


Cristiane Madison era minha irmã de família, ela e Aaron são filhos da família que me adotou. Aaron só tem dez anos de idade e Cris tem vinte anos. Cris era uma figura de pessoa, você não consegue passar uma hora sem rir das histórias dela, ao mesmo tempo, era pessoa que mais sabia o que rolava pela vizinhança. Não tenho culpa que ela conhece mais gente fofoqueira do que outra coisa.


Desci para cozinha pegar uma garrafa de água enquanto procurava por ela. E a encontrei assim que ela entrou na casa. A mesma aparentava cansaço, bem exausta mesmo, até parecia que a faculdade estava dando pior trabalho para ela do que a mesma estar se divertindo com os grupos alfas que eu sei que existe por lá. Ainda não entendo porque ela não mora na faculdade. Segundo ela diz, é perto de casa. Então fica sem sentido dormir lá se está perto da própria cama. Bem, cada um tem a sua decisão.


- Olá Cris... Posso saber que cara de morta é essa? – perguntei me aproximando dela. Enquanto ela me entregava a pasta para que eu a ajudasse a carregar.


- Motivo? Três trabalhos de 20 páginas para fazer e entregar daqui a 15 dias. Esses professores são loucos. Completamente loucos. – ela disse andando até o sofá onde se esparramou.


- Cris, posso te perguntar uma coisa? – disse e ela me respondeu um simples ‘uhum’ e balançando a cabeça. – Como é esse tal de Daniel Rush? – eu a vi levantar a cabeça e lançar um olhar de que estava estranhando a minha pergunta – Estou perguntando por que eu o conheci hoje. Rachel mora na mesma casa que ele, mas não gostei muito dele não.


Ela me olhou lançando um sorriso sarcástico. Levantou e movendo a mão para eu acompanhá-la até a cozinha, e enquanto ela mexia na geladeira para fazer o lanche respondia a minha pergunta.


- Daniel Rush, filho único. Ele é meio esquisito, ficou fora de casa por quase sete anos, só voltava nas férias de verão. A mãe dele disse que ele estava estudando em uma escola fora daqui, bem longe e que duravam sete anos. Não me pergunte que tipo de escola é essa... – ela logo disse quando percebeu que eu ia perguntar. – Quando ele se formou, vive aparecendo e sumindo. Se não fosse por você ter me contado, ia achar que ele não ia voltar nunca. Há quase dois anos que ele não aparecia... – ela parou e olhou para vazio como se tentasse lembrar se estava faltando algo para contar – Ah sim, segundo a vizinhança, quando ele aparecia acontecia coisas extremamente estranhas.


- Que tipo de coisas?  - perguntei olhando curiosa para ela.


- Tipo como clarões inesperados, sons esquisitos, pessoas com roupas estranhas, e por aí vai.


Depois disso a cozinha ficou só com os sons dos talheres batendo do prato. Fiquei pensando nas informações que tinha acabado de obter, eu estava com toda a certeza de que ia contar para Rachel. Só não sabia que se ia contar agora ou amanhã. Seria o certo informar sobre ele logo. Eu disse a Cris que voltava logo, ia somente informar a minha amiga sobre essa tal pessoa com quem ela divide a casa. Alertá-la agora parecia ser uma decisão bem certa. Cris disse para eu tomar cuidado. Eu nem respondi, até porque estava já longe para ela escutar minha voz.


Assim como eu fui para minha casa, eu voltei para casa da minha amiga na mesma pressa. Bati levemente na porta e fui atendida pela Sra. Rush. Eu perguntei-a se a Rachel estava desocupada, porque eu queria conversar com ela. A sra. Rush me respondeu mostrando o meio caminho para biblioteca. Bem que eu imaginei. Aquela garota só vive na biblioteca, se deixar ela até casa com a biblioteca. Eu a agradeci e disse que já sabia o caminho.


Subi as escadas igualmente apressada tentando me conter para aparentar calma. Ora bolas, todo mundo sabe que quando eu estou andando rápido e me aparento preocupada, podem apostar que alguma coisa errada está rolando por aí. E como... Encontrei a Rachel segurando um copo em uma mão e outra procurando pelo bendito livro que ela tinha comentado mais cedo. Ela nem bem me olhou e já perguntou o que estava acontecendo.


- Kells, preciso te contar o que a Cristiane me informou so... Quer, por favor, parar de olhar para a bendita estante e prestar atenção em mim?


- Candy, vai falando que estou ouvindo. Não estou achando aquele livro que vi ontem. Aquele lá que comentei, sobre magia e tal.


Essa garota precisa ser internada, sério. Ou alguém enfiar na cara dela algum livro não-ficção, antes que ela comece a acreditar que realmente existe o amor verdadeiro do estilo americano. Blah, enjoativo. Mas voltando ao que eu estava falando... Eu ia começar a contar quando ouvi a tal pessoa comentada, e cruzes, ele tinha que aparecer justamente agora? Justo agora? Ele apareceu com um livro na mão, o qual minha amiga afirma que era aquele livro que ela tanto procurava. A conversa que veio depois disso foi bem estranha para meu ponto de vista. Foi exatamente assim...


- Então, irmãzinha, - bah, isso foi enjoativo – Você tem grande interesse por assuntos mágicos? – oh, que pergunta foi essa? Se ela estava querendo aquele livro que tem assuntos de magia, era mais do que lógico que ela tinha interesse por esse assunto. Idiota.  


- É claro – e a idiota da minha amiga responde, sabe como é, ela tem tendência de ser boazinha com todo mundo. – São assuntos de ficção que sempre me chamaram a atenção. É mais fácil encarar coisas não reais do que se decepcionar com a realidade. – claro, porque você não enxerga o perigo a um palmo da sua cara, querida amiga.


- É bom saber disso – epa epa, isso não era um bom sinal. - Vou fazer uma lista de livros para você procurar na biblioteca central da cidade.  – ele lançou aquele sorriso, vamos nomear de maldoso. Sorriso Maldoso. – Então, Candance, o que você queria falar para ela?


Olhei para ele quase lançando um olhar de desprezo, mas apenas balancei a cabeça negando. Há, ele acha que vou falar na frente dele? Está muito enganado, meu colega, muito enganado.


- Assuntos confidenciais, Daniel. – respondi dando um leve sorriso- Falo com você amanhã, Kells, no caminho para escola, está bom? – disse para ela e saí andando depois que a mesma balançou a cabeça confirmando. Mas encostei-me à parede depois de passar a porta quando escutei meu nome sendo anunciada pela voz dele.


- Cuidado com essa Candance, Rachel, essa sua amiga é estranha. – e escutei-o colocando o livro na mesa. Foi nesse momento em que eu tive que me mexer e começar a descer as escadas.


Há! Rachel devia pegar esse conselho e fazer o feitiço virar contra feiticeiro. Mas duvido que ela vá fazer isso.


Resumindo tudo, eu fui até minha casa fiz o que tinha que fazer, jantei e fui dormir, amanhã eu tinha dia cheio, ainda mais aguentar Rachel defendendo ele e eu tentando por a razão na cabeça dela. Ai ai, porque eu tinha que ter uma amiga tão cabeça dura, porque? 


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- Olá, Tom! – podia se ouvir uma voz masculina sendo ecoada na sala em uma casa distante da aldeia – Achei as pessoas que poderemos usar para darmos início aos nossos planos de ataque.


- Quem são elas, Daniel? – disse a segunda voz, a qual denominada de Tom.


- Uma delas está morando na casa dos meus pais – disse Daniel em resposta, dando um sorriso cínico – e a outra é a amiga intrometida dela. Elas se interessam por assuntos mágicos. A que está em casa queria ler o livro “Hogwarts, uma História”.


Tom olhou para o rapaz bastante surpreso no que acabara de ouvir. Isso o levou a pensar como Daniel tinha deixado o tal livro à mostra facilmente. Por causa disso, ele perguntou para rapaz como pode ter deixado um livro que conta a verdade para uma garota trouxa.


- Ora Tom, esse livro estava na casa dos meus pais desde que me formei na escola e aquela curiosa foi pegar justamente aquele livro para ler. Não é muita coincidência que as coisas estão se tornando muito fáceis para nós realizarmos nosso plano?  - Daniel olhou para Tom percebendo que o mesmo deu um leve sorriso, ele soube que o seu parceiro estava tendo a mesma idéia para atrair ambas as garotas para aquela casa.


- Ora, ora. Antes de nos adiantarmos demais e fazermos uma lista, como saberá que ambas vão cair na mesma armadilha? 


Daniel deu um sorriso cínico novamente, e respondeu simplesmente que ambas viviam andando juntas para onde quer que fosse. Tom deu um sorriso em resposta e levantou do sofá, e foi andando percebendo que o seu parceiro o estava seguindo. Ele subiu as escadas indo em direção ao seu quarto onde continha pergaminhos, pena e tinta.  Ele sentou na cadeira próxima à mesa que estava contendo aqueles objetos. Depois apontou para cadeira ao lado para que Daniel pudesse sentar e ajudá-lo a fazer a lista.


- Vamos começar. Esse livro – disse escrevendo um livro no tópico do papel – tem que ser encomendado, ele será a chave de portal, a armadilha. E quando elas estiverem aqui, daremos o início na tal guerra. 

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N/B: Olá! Meu nome é Rachel (sim, mas não Watson -q), a Diih me deu a honra de ter o meu nome na fic, acho que foi um ‘pagamento’ por eu estar betando, como se precisasse disso! É muito bom ajudar a minha amiga com isso! *-* Estou curiosa agora, onde será que essa chave de portal vai levar as meninas? .-. Fica a dúvida!
 


N/A: Olá! Como vocês já viram, eu tenho minha beta cujo nome é igual a umas das personagens. Ela mereceu, pelo menos ela ta fazendo seu trabalho muito bem! Obrigada por ter lido o capítulo, não esqueça de comentar e esperar uma semana para próximo capitulo. Beijos!

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Comentários (1)

  • Alice Spring

    Ficou muito legal!Eu me indentifiquei com a personagem Rachel.Sério.Eu realmente sou doida por livros.Meu sonho é dar uma olhada na biblioteca de Hogwarts.Magia e livros.Meu Deus, é praticamente a mesma coisa!E sim, eu vivo num mundo paralelo. Se você me ver na rua, talvez não perceba, mas eu sempre sou aquela do olhar perdido.Sou meio doidinha, mas tudo bem, os loucos vivem mais.E por falar em frases marcantes...cara, a frase de Rachel no capítulo anterior de apresentação -Prefiro viver na ilusão de minha inocência do que nessa vazia realidade- é tipo eu.Falando sério.Como toda certeza, eu vou acompanhar essa fic.Afinal,é uma ilusão.E se tem alguém que vive de ilusões, essa sou eu. 

    2013-08-03
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