Mudanças



Estavam morando juntos pouco mais de um mês e Hermione já havia mudado completamente o apartamento. Não tinha mais aquela bagunça, agora tudo era organizado.


-Será que entrei no apartamento errado? Ron chegou em casa e estranhou mais uma mudança.


-Então, gostou do sofá? Hermione terminou de arrumar a mesa para o jantar.


-Qual era o problema com o antigo?


-Nenhum, ele apenas não combinava com a mesa e o tapete. Ela disse como se fosse obvio.


-Você poderia ter deixado tudo como estava e não seria necessário mudar nada...


-Desculpe Ronald se eu tentei deixar esse lugar mais aconchegante para a chegada do seu filho! Hermione o interrompeu. –Se não gostar do jantar, diga que assim eu não cometo outro erro.


Hermione foi chorando para o quarto. Ron não sabia o que fazer, teve um dia complicado e acabou descontando em cima dela.


-Me desculpa. Ele tentou abrir a porta, mas estava trancada. –Vem, vamos jantar.


-É melhor ir jantar fora, você pode não gostar da minha comida.


-Não seja assim, eu adoro a sua comida! Ron estava falando a verdade, Hermione revelou-se uma excelente cozinheira.


-Gosta mesmo? Ela disse chorona.


-Acho que você deveria largar a carreira de advogada e abrir um restaurante! Por favor, abra a porta.


-Desculpe, prometo não mudar mais nada aqui. Hermione abriu a porta.


-Não, você pode mudar o que quiser! Ele a beijou. –Também é sua casa! Eu adorei a mesa que comprou e o sofá parece ser muito confortável.


-Só está dizendo isso para me agradar.


-Não, eu realmente gostei. Agora será que podemos ir jantar? Esse cheiro está me matando! Ron implorou.


-Vamos. Ela riu. –Espero que seu filho não puxe esse seu apetite insaciável.


O jantar estava ótimo como sempre, mas foi a sobremesa que deixou Ron mais feliz.


-O jantar estava delicioso, mas essa sobremesa está maravilhosa! Até parece a da minha mãe.


-Se fiz certo, é a da sua mãe. Vi que domingo passado amou quando ela fez, então peguei a receita. Hermione confessou.


-Eu te amo sabia?


-É eu sei, você já falou algumas vezes. Ela riu. –Só não acostume, não irei fazer sempre, isso engorda! Ainda mais agora que parou de ir correr pela manhã.


-Não posso ir correr e deixá-la dormindo sozinha. Ron fez uma cara de inocente.


-Ta bom, mas essa sua cara não irá o livrar de lavar a louça!


Ron lavou a louça rapidamente, estava louco para deitar-se naquele sofá e ver qualquer coisa que estivesse passando na TV.


-Esse sofá é mais confortável que o outro, não levanto daqui por nada! Ron aconchegou-se mais perto dela.


A idéia de permanecer deitado ali não durou muito tempo.


-Levanta, o telefone está tocando. Hermione o cutucou.


-Deixa tocar... Ele disse preguiçosamente.


-Pode ser alguma coisa importante. Ela o empurrou.


Ron levantou contra a sua vontade e foi atender.


-Alô.


-Ron, é você?


-Sim, quem é? Ele não conseguia identificar a voz com o barulho ao fundo.


-Sou eu Thomas! A galera vai sair, ta a fim de ir junto?


-Não obrigado.


-Por que não? Vai me dizer que tem planos melhores para sexta-feira à noite? O amigo debochou.


-Na verdade tenho, boa noite Thomas!


Ele desligou o telefone e ficou olhando para Hermione e sua grande barriga, era com ela que queria passar a sexta-feira à noite.


-Quem era? Ela o chamou.


-Ninguém. Vou fazer pipoca!


Ron voltou com um pote cheio de pipoca.


-Sua pipoca está uma delicia!


-Pelo menos uma coisa eu sei fazer melhor que você! Ele brincou.


-Então quando eu tiver com preguiça ou não puder fazer comida, nosso filho irá comer pipocas. Hermione jogou um punhado de pipoca nele.


 -Não acredito que fez isso Hermione Granger! Ele limpou o rosto. –Agora terá o que merece!


-Cuidado, lembre-se que sou uma mulher grávida de oito meses! Ela tentou proteger-se com a coberta.


-Na hora que você começou essa guerra, não lembrou disso! Ron jogou mais pipocas nela.


Quando o pote estava vazio e o sofá coberto por pipocas a guerra acabou.


-Olha o que você fez com o sofá novo! Hermione riu ao ver o estado dele.


-Eu? Foi você que começou! Ron tirou pipocas do cabelo dela.


-É serio, agora me diga quem ligou àquela hora. Ela ainda pensava na ligação.


-Já falei, ninguém. Hermione o olhou esperando a resposta. –Você não tem jeito mesmo. Foi um amigo me chamando para sair.


-Você quer ir? Hermione perguntou com receio de ouvir a resposta.


-Não! Ele respondeu rapidamente. –Eu quero ficar aqui com você!


-Se quiser, pode ir. Eu não irei lhe proibir, não sou sua mulher para ficar controlando onde você deve ir ou não. Era a sua vida, sair sexta-feira à noite...


-Hermione, você falou bem, era minha vida. Agora minha vida são vocês! Nada me deixa mais feliz do que ficar aqui com você. Ele a beijou.


-Ron... Para! Ela interrompeu o beijo.


-O que foi? Ele não entendeu. –Será que eu vou ter que explicar isso quantas vezes para você entender?


Hermione pegou a mão dele e colocou na sua barriga.


-Isso... É ele se mexendo? Ron não estava acreditando.


-É sim, ultimamente ele tem dado esses chutes mais fortes. Acho que está faltando espaço ai dentro.


-Steven, agüente mais um mês e logo terá todo o espaço que quiser. Ele disse ao filho.


Passaram o resto da sexta-feira assim, vendo algo na TV e conversando sobre o filho.


Depois do puxão de orelha de Hermione, Ron acordou cedo e foi correr. O parque estava vazio, apenas algumas pessoas corriam ou passeavam com seus cachorros.


Na volta para casa, Ron passou perto de algumas lojas e uma lhe chamou atenção.


-Bom dia, posso te ajudar? A vendedora perguntou.


-Acho que sim, eu estou procurando um anel de noivado para minha namorada.


-Claro, algum modelo em mente?


-Nunca comprei um anel de noivado, mas acho que para ela tem que ser um simples, delicado... Ron estava nervoso.


-Tudo bem, irei trazer alguns modelos.


A vendedora voltou com vários anéis, todos lindos, mas um em especial chamou a atenção de Ron.


-Vou levar esse! É a cara dela! Ele disse animado.


-Boa sorte, espero que a sua namorada goste! A vendedora lhe entregou uma pequena caixa de veludo preta.


Chegou em casa e encontrou Hermione na cozinha fazendo o café da manhã.


-Foi correr é? Ela brincou.


-Fui! Ele a beijou. –E trouxe pão também. Vou tomar banho, já volto!


Ron entrou no quarto pensando onde esconder o anel. Enquanto não chegava o outro armário, os dois dividiam o que ele tinha, então não seria uma boa idéia guardar ali. Achou o lugar perfeito, a pasta que levava para o trabalho. Hermione não teria por que mexer ali e quando achasse a hora certa estaria em mãos. Sem levantar suspeitas, tomou um banho rapidamente e voltou para a sala.


-Que demora! Não resisti a esse pão quentinho. Hermione já tomava café.


-Então, o que faremos hoje? Ele começou a comer também. –Está um lindo dia!


-Podemos comprar o presente da sua irmã. Ela sugeriu. –A festa é hoje e você não comprou nada.


-Eu pergunto o que ela quer, depois vou lá e compro.


Esse ano Ron não varia isso, Hermione insistiu em saírem atrás de um presente para Gina. Ficaram o dia todo procurando e finalmente Hermione achou um casaco que era a cara da irmã dele.


-Hermione, estamos atrasados! Ron a chamou da sala.


-Estou pronta! O que acha? Ela saiu do quarto.


-Você está linda! É a grávida mais linda que já vi.


-Não minta, foi a única roupa que serviu. É bom ele nascer logo ou não terei nada para vestir.


Não seria uma festa, era apenas um jantar para a família n’A Toca. Gina não queria nada muito grande, afinal seu casamento tinha sido alguns meses atrás.


-Finalmente vocês chegaram! A senhora Weasley veio recebê-los.


-Não demoramos tanto. Ron abraçou a mãe. –Onde estão todos?


-Seu pai, Harry e Jorge estão na sala. Hermione, venha nos contar tudo sobre o meu neto. Ela puxou Hermione para a cozinha, onde estavam as outras mulheres.


Os homens estavam na sala conversando e cuidando do pequeno Fred II, Ron aproveitou para pedir alguns conselhos em relação ao pedido que faria a Hermione.


-Pai, como o senhor pediu a mamãe em casamento?


-Bom, eu pretendia levá-la a um restaurante, mas como você sabe não tinha muito dinheiro. Então a levei para um piquenique no parque. Arthur relembrou emocionado. –Por que a curiosidade?


-Você vai pedir Hermione em casamento, Roniquinho? Jorge perguntou surpreso.


-Fale baixo! Eu comprei um anel hoje de manhã, só não sei como e onde fazer o pedido.


-Filho, não importa o lugar e sim que seja verdadeiro.


-Eu sei, mas eu queria fazer isso tradicionalmente, já que o resto não foi.


-Não tem como fazer isso tradicionalmente, eu pedi Angelina no meio da loja... E ela aceitou. Jorge contou ao irmão.


Na cozinha, as mulheres conversavam animadas enquanto terminavam o jantar.


-Hermione, eu adorei o casaco! Não acredito que fez Ron sair para comprar o presente.


-Não foi nada, só falei que não era certo ele não te dar nada.


-Desde que Ron está com você, ele é outra pessoa. Não fica saindo com aqueles amigos idiotas e melhor aquela Lilá saiu do pé dele! Gina confessou.


-Achei que Lilá fosse amiga de vocês, afinal ela estava no seu casamento. Hermione não entendeu.


-Ela nunca foi nossa amiga, na faculdade ela perseguia o Ron, até um dia que teve uma festa e eles ficaram, então ela achou que ele gostasse dela o que é mentira. Ron nunca quis nada serio com ela.


Hermione estava aliviada em escutar aquilo, sabia que Ron não tinha passado aquela noite com ela.


-Vamos jantar! Molly chamou todos para a mesa.


O jantar estava delicioso e animado como sempre. Jorge e Harry ficavam jogando indiretas para Ron sobre o pedido, o que o deixava encabulado.


-Então Roniquinho, você não tem algo para pedir a Hermione? Jorge provocou mais uma vez e Harry começou a rir.


-O que está acontecendo? Deixem ele em paz! A senhora Weasley também queria saber.


-Não é nada mãe, não falo mais nada para vocês! Ron voltou a comer o bolo.


-Não é para nós que você deve falar e sim a Hermione. Harry disse mais uma.


-Harry James Potter, pode me falar agora o que está acontecendo! Gina falou seria ao marido.


-Desculpe Gina, mas até que seu irmão faça o que quer não posso lhe falar nada.


O resto da noite continuou com as brincadeiras de Jorge e Harry.


-Ron, estou cansada, será que podemos ir para casa? Hermione perguntou.


-Claro! Ele levantou-se. –Mãe, estamos indo!


-Vão com cuidado! Molly abraçou Hermione. –E não esqueçam de avisar quando meu neto nascer!


-É claro que avisaremos! Boa noite para todos. Hermione despediu-se.


-Hey Ron, nos avise quando finalmente fizer o pedido! Jorge provocou o irmão mais uma vez.


Ron ficou calado todo o caminho de volta e Hermione percebeu. Esperou até estarem em casa para perguntar se estava tudo bem.


-Você quer me falar alguma coisa? Ela tocou no assunto quando se preparavam para dormir.


-Até você Hermione? Ele disse bravo.


-Ron, eu não sei o que é, mas você sabe que pode me dizer qualquer coisa. Hermione colocou as mãos no rosto dele. –Eu te amo.


-Eu sei. Ele ficou mais calmo. –Não é nada demais, eu juro, apenas Jorge e Harry fazendo piadas.


-Então ta, boa noite!


-Boa noite!


Ron não faria o pedido assim de repente, queria algo especial, Hermione merecia algo especial.

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