Único



Severo Snape abriu os olhos devagar e piscou. Uma luz forte iluminava a sala totalmente branca lotada de aparelhos desconhecidos, e havia uma movimentação constante do lado de fora.


-O paciente da 215 chamando!-avisou uma voz um tanto familiar, alguém gritou uma resposta e a porta se abriu. Uma mulher de cabelos acaju e olhos verdes entrou sorrindo.-E o paciente do 307 acordou.-acrescentou.


Uma leve comoção se seguiu a essa frase e Snape adormeceu novamente, observando os olhos verdes e animados da mulher parada à porta.


-Bom dia.-a desconhecida puxou uma cadeira para perto dele.-Como você está se sentindo?


-Mal...-as palavras mal saiam. Com insistência, conseguiu abrir os olhos e fitar a expressão preocupada da mulher.-Onde eu estou?


-Em um hospital.


-Jura?-perguntou Severo ironicamente, fazendo com que a outra risse.


-Estamos na Austraúlia.-ela pareceu desolada.-Você foi atacado por uma cobra.-acrescentou como se adivinhasse a próxima pergunta.


Snape fechou os olhos e refletiu por um instante. Uma cena difusa aflorava em sua mente: envolvendo um vulto vestindo uma capa comprida que falava coisas sem sentido, sua voz lembrando o silvo de uma cobra. Estremeceu.


-Tudo bem, não tem com o que se preocupar. Eu estou aqui com você.-a desconhecida segurou a mão pálida e fria do paciente.-Meu nome é Lílian, Lílian Evans.


Snape se sobressaltou e Lílian segurou mais firmemente a mão dele. Ele já havia ouvido aquele nome em algum lugar, sabia disso.


-E o seu?-incentivou ela.


-Meu?-Severo pareceu confuso.


-Seu nome.-ela sorriu fazendo com que ele se acalma-se.


O homem franziou o cenho e pensou. Era como se visse seu nome em um pedaço de papel, sem contudo poder enxergá-lo.


-Snape, Severo Snape.-e ao se apresentar sentiu-se estranho, como se já o tivesse feito em algum tempo distante.


 


…................................................................


 


Quem era aquela desconhecida? Apenas imagens difusas apareciam quando tentava se lembrar de onde a conhecia, e principalmente, de qualquer coisa sobre seu passado. De acordo com o médico, o veneno da cobra podia deixá-lo atordoado e provavelmente era a causa da falta de memória. Mas algo não se encaixava, sentia uma estranha sensação quando Lílian se aproximava, os cabelos acaju refletindo a luz do sol que adentrava pelas cortinas de manhã, a voz doce e o sorriso encorajador que ela lhe dava. Não sabia como descrever tudo aquilo, talvez fosse amor. Balançou a cabeça e tentou afastar tal pensamento, como se não se permitisse ser feliz. Estranho.


 


…........................................................................


 


A semana passou lenta e tranquilamente. Por algum motivo que desconhecia, Severo Snape achava toda aquela tranquilidade inquietante, como se não estivesse acostumado com isso. Era algo que estava sempre presente em sua mente. Outra coisa que o incomodava era a sensação de já conhecer a mulher que tão carinhosamente o recebera, e ajudava-o no que precisava. Desconfiava que já haviam se encontrado antes, embora não soubesse dizer quando. Sua mente continuava confusa desde o incidente com a cobra. Na tarde de sexta-feira, dois dias antes de sua alta no hospital, Lílian levou-o a um pequeno passeio pelo hospital.


-Não é bonito?-perguntou Lílian sentada em um dos brancos de mármore do pequeno jardim do hospital.


Não muito longe, um casal de velhinhos jogava xadrez. Uma lembrança vagamente familiar a Severo, embora não soubesse porquê. Snape concordou sem prestar muita atenção, seus penetrantes olhos negros examinavam atentamente a mulher à sua frente.


-De onde nos conhecemos?-deixou escapar baixinho.


-Desculpe?-Lílian se voltou para ele com o habitual sorriso no rosto.


-Nós não..., não nos conhecemos de algum lugar?-perguntou curiosamente.


-Sabe que eu estava pensando a mesma coisa.-ela riu.-Mas não consigo me lembrar.-e fez uma expressão concentrada.-Não mesmo.-voltou a rir sem preocupação.


-Quer jogar?-ele não soube o motivo de ter feito a pergunta, exceto por sentir-se bem quando estava ao lado dela. Por algum motivo, ela o fazia feliz.


-Claro.-Lílian sorriu.


THE END




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