Penas, tinta, pergaminho e des

Penas, tinta, pergaminho e des



Penas, tinta, pergaminho e destino.

Dependendo do ponto de vista que, acredite, muda muito de uma pessoa para outra, a palavra destino pode significar tanto um local para viagem, quanto o rumo que sua vida tomará, e muito provavelmente alguns outros significados que não convém citar neste momento. Bem, não sei ao certo todos os seus signifcados, nunca procurei esta peculiar palavra no dicionário, e não é hoje que o farei. Para mim, o que muda seu significado, não só o seu, mas de todas as palavras, são as circunstâncias em que ela é posta.

Por exemplo... digamos, esta circunstâcia: na frente de Draco Malfoy há um papel que pode mudar o destino de certo alguém, e tenho a certeza ao lhes afirmar de que não é nenhuma viagem. 
-Senhor Doritis deixe-nos a sós, por gentileza. - Uma voz lenta e profunda ecoo pela ampla sala de pisos de mármore, com paredes ladeadas de grossas colunas ornadas, e com apenas uma escrivaninha de fina madeira e duas confortáveis poltronas fazendo as vezes de móveis. 
-Sim, senhor ministro. -Esta foi a resposta da figura esguia de terno ao lado da porta antes de um breve aceno de cabeça e sua retirada, deixando o ministro e o sonserino a sós na ampla sala.
A figura imponente, que trajava uma túnica de um azul escuro, não deixando ser influenciado pela ideia de "terno e gravata" apenas por ocupar a posição de Ministro da Magia, mantendo ainda o seu estilo único, fitou o rapaz a sua frente por dois segundos e soltou o ar pela boca antes de prosseguir:
-Bom dia, Senhor Malfoy. 
- Bom dia Sr.Ministro, mas deixando de cordialidades o que me traz aqui? -O loiro perguntou em um tom "ousado" demais para quem falava com alguém de tão importante cargo -Melhor dizendo, o que me faz perder meu precioso tempo neste lugar? -Perguntou enquanto sinalizava com a mão o ambiente a sua volta, se referindo não a sala em que se encontravam, mas ao Ministério da Magia. 
-Bem, Senhor Malfoy, como antes dito, queremos tratar da paz em nosso mundo -Kingsley permanecia com sua potente voz tão inalterada quanto a expressão em sua face, que continuava calma, sendo o leve movimento circular que fez com os ombros a única demonstração da tensão que sentia. 
-Paz? -O loiro perguntou desviando o olhar que estivera sobre duas gotas que deslizavam lado a lado, como se apostassem corrida, no copo a sua frente -Pensei que já estivéssemos em um período de paz, afinal o Potter-boboca já venceu a batalha, não venceu? -O rapaz indagou enquanto fitava o homem a sua frente com uma face inexpressiva, quase como se a conversa lhe entediasse, antes de continuar, sem dar tempo para que o outro repsondesse -É claro que venceu, afinal ele é o escolhido... -A última palavra abandonou seus lábios finos com um leve tom de zombaria mesclado ao nojo.
Não, não que ele ainda mantivesse os mesmos sentimentos em relação ao Potter de quando o conheceu. Para se falar a verdade, não chegou a ser uma mudança definitiva, porém não era mais o mesmo desprezo que sentia quando menor, não depois dele ter ajudado a ele e a seus pais, não depois de ter testemunhado a seu favor em seu julgamento após o término da guerra, quer dizer, batalha, afinal a guerra ainda ocorria, e era por isso que estava ali, em meio a uma negociação de paz.
Kingsley apenas pigarreou e depois de alguns instantes, pensando cuidadosamente no que iria responder ele abriu os lábios, mas antes que pudesse falar, Malfoy continuou:
-Engraçado como a paz pode ser comercializada não? -Dizendo isso deu um de seus famosos meios sorrisos e seus olhos brilharam de cobiça - Ainda quando ela tem um preço tão caro... -Preço o qual estamos dispostos a pagar, Senhor Malfoy -A figura imponente do atual Ministro respondeu, certo de que o preço se tratava de fortunas e mais fortunas em moedas, afinal com os Malfoy, e convenhamos, com a maior parte do mundo, trouxa ou bruxa, dinheiro nunca é demais. 
- Claro, claro, que seja... -O rapaz disse revirando os olhos cinzentos enquanto se "esparramava" pela poltrona e gesticulava com a mão no ar, demonstrando o seu desinteresse - o medo faz coisas incríveis não é? -O loiro perguntou antes de, repentinamente, se ajeitar em sua poltrona e curvarse para a frente, com os olhos brilhando e um sorriso estranho em seus lábios, um sorriso que fez o homem a sua frente estremecer levemente imaginando que tipo de pessoa havia em sua frente, e que tipo de coisas rondavam sua mente. 
Nenhuma resposta foi dada. Kingsley Shacklebolt apenas colocou duas penas - uma perto de si outra para Malfoy - um tinteiro, um pergaminho e uma pena de repetição rápida. Ao terminar de colocá-los a mesa pode notar mais um pequeno sorriso surgir no rosto de Malfoy.
E teve de concordar o medo realmente faz coisas incríveis.Disse alguns termos necessários para o acordo e a pena apenas rabiscava o papel, após algum tempo retomou a fala dizendo: 
-Pronto. Quanto quer, Malfoy? Suponho eu, que já tenha escolhido -O homem disse em um tom sério e ríspido, fitando o mais jovem com certa severidade, a palavra "quanto", colocada em sua frase de modo inconsciente, já revelava que Kingsley imaginava ser dinheiro o que o Malfoy a sua frente queria, algo que o rapaz notou, e a perda do "senhor" antes do nome do jovem significava que ali ele já deixara as cordialidades de lado, tornando-se hostil perante a calma e a insignificância com que o rapaz parecia tratar daquele assunto tão importante: a paz. 
- Senhor Ministro, para que tanta pressa? Aproveite o momento -O rapaz respondeu antes de pegar o seu copo e sorver um gole, fitando o Ministro com intensidade e se deliciando ao ver a face deste dar os primeiros sinais de irritação. 
-Ande logo Malfoy... 
-Apenas para garantir, tem aquele pequeno feiticinho, não? -Dizendo isso Draco conferiu com sua propia varinha o feitiço no pergaminho a sua frente -Ótimo -Diz satisfeito ao ver que sua exigência fora cumprida. 
-Para que este feitiço, Senhor Malfoy, posso saber? 
-Para evitar que o meu desejo não seja cumprido. 
-E o que quer? 
-Sabe preciso de uma noiva para me casar, a mansão dos Malfoy é muito grande e me sinto muito só lá... 
Um breve momento de silêncio, Kingsley tentava entender, e Malfoy continuou: 
-Receio eu que ela não me queira, e tal... de fato, nada que não se resolva com meu charme... Mas eu a quero agora! QUERO HERMIONE JANE GRANGER! 
Shacklebolt se levantou tão rapidamente quanto gritou: 
- COMO?! -O baque de seus punhos no tampo da escrivaninha fez com que as coisas dispostas sobre ela dessem um pequeno salto. 
-Simples - respondeu Draco como se estivesse pedindo um brinquedo de natal.
Ainda calmo, o sonserino falou como se o homem a sua frente, que tinha uma expressão de total horror em sua face, simplesmente não tivesse lhe escutado. 
-Quero Hermione Granger, e quero agora -O tom determinado de sua voz não pareceu abalar o outro que apenas lançou uma reposta seca para o loiro: 
-Nunca. 
-Simples assim: sou rico e tenho tudo o que quero, a única coisa que não tenho é ela. Entenda, Senhor Ministro, é pegar ou largar. Afinal de contas ela será minha, querendo vocês, ou não. Querendo ela, ou não...
O homem trajado com a túnica azul-escuro fitou a cúpula acima durante alguns segundos antes de suspirar. 
-Ok - Se dando por vencido, o Ministro assinou o papel onde já aparecia o nome de Hermione como o "presentinho" de Malfoy. Aquelas benditas penas de repetição rápida não perdem nada mesmo. Logo após Malfoy assinou. 
-Ótimo, não conte nada a ela até chegarmos a Hogwarts. Soube que ela irá terminar, mas aqueles idiotas dos amiguinhos dela não, melhor assim. Até mais Senhor Ministro, e tenha um bom dia -Dizendo isso se levantou, deu as costas e caminhou calmamente em direção a saída, sob o olhar do homem que ainda permanecia na mesa.
No final de tudo Kingsley tinha apenas uma certeza: Hermione não iria gostar nada disso.
E iria descontar em alguém.



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