Os Zonzóbulos



                Alvo adentrou a cabine onde seu irmão Tiago e sua prima Rosa estava. Se sentou ao lado da janela. Lisandra lia a nova edição de O Pasquim de forma calma. Alvo, curioso sobre o que chamava a atenção da amiga de Tiago, leu o título de uma das matérias. Depois de descobrirem que Sirius, o padrinho de Harry, não era Toquinho, o vocalista de uma banda bruxa (e se controlar para não gargalhar), ele virou sua atenção para o irmão gêmeo de Lisandra, Lorcan. Diferente da irmã loura de olhos azuis, seus cabelos negros e encaracolados lhe escorriam aos ombros, que segundo Rosa, sua prima, lhe davam um charme a mais, e olhos castanhos claros. Estava conversando com o irmão de Alvo de forma bastante calma enquanto a irmã lia. Alvo se perguntou se era característica dos irmãos Scarmander serem tranquilos assim. Fred, de pele morena e tanto cabelos quanto olhos pretos e primo de Alvo, Rosa e Tiago, só ouvia.


  Tiago, com seu cabelo preto que ele insistia em despentear com as mãos e olhos castanhos esverdeados, era o líder do grupo chamado Zonzóbulos. Eles se espelhavam nos Marotos, formados pelo pai de Harry e seus amigos e nos gêmeos Weasley, que eram os pregadores de peças mais conhecidos do Colégio de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Inclusive estavam levando um bom Kit Mata Aula, pó de furúnculo e várias outras peças nas vítimas Sonserinas.


A conversa parecia estar boa para os Tiago e Lorcan. Alvo ficou logo alheio, porém, e começou a reparar mais na paisagem enquanto Rosa lia um livro.


– Ei, Al! - Tiago chamou e este desviou o olhar da janela para o irmão. Depois Tiago deu um cutucão em Rosa, o que a fez tirar a atenção do livro e fixar os olhos azuis no primo. – Desculpa, mas quando você está lendo é o único jeito.


A menina ruiva bufou em resposta e o Zonzóbulo deu um risinho.


– Eu peguei o Mapa do Maroto no escritório do papai. Ah, e trouxe um violão velho também...


– VOCÊ FEZ O QUE! - Rosa gritou, assustando todos da cabine.


– Calma, não grita. - pediu Tiago desesperado. - a gente ia precisar para nosso passeio a noite.


– E para quê vocês vão passear a noite? - ela perguntou desconfiada e os três Zonzóbulos que não estavam lendo deram sorrisos maliciosos.


– Oras, para ir para a cozinha... - respondeu Fred e a cor da face de Rosa se tornou do mesmo tom de seu cabelo. Os olhos azuis da garota não esconderam sua reprovação.


– Seus esfomeados... Podem perder pontos para a Grifinória por causa disso, sabiam? - antes de completar, ela deu um sorrisinho de deboche. - Mas, na próxima vez, me chamem.


Tiago pôs a mão na boca para suprir a gargalhada. Como se ele não tivesse acostumado com o jeito de Rosa. Alvo revirou os olhos.


– Oras você nem sabe se vai ser da Grifinória. - Fred disse inocentemente. - Se for da Lufa-Lufa, nem vai precisar da gente. O Salão Comunal deles é pertíssimo da cozinha.


– Não quero ser da Lufa-Lufa. - se irritou a garota. - Se eu não for da Grifinória meu pai vai me deserdar e eu não vou poder mais nenhum jogo do Chudley Cannons.


– Pensei que você ia dizer que não iam comprar mais nenhum livro. - riu Lorcan. - como se eu não te conhecesse o suficiente para dizer que você é fã de Quadribol mesmo assim.


– Oras, não é porquê eu gosto de ler que não vou gostar de Quadribol...


Dando de ombros, Rosa retornou a sua leitura.


– Querem ouvir uma música do meu violão? É uma música trouxa. - Tiago sugeriu e Alvo deu um suspiro como se não quisesse ouvir. Seu irmão podia até tocar bem, mas a voz era horrível.


– Eu que vou cantar, não se preocupem. - assegurou Lizzie, fechando seu jornal e se preparando.


A música começou e Alvo não pôde reconhecer que música era. Afinal, era trouxa... Mas quando Lisandra se pôs a cantar, o garotos dos olhos verdes boquiabriu-se. Ela cantava bem.


– Parece que até o pequeno Alvo gostou... - Tiago tirou sarro depois de um tempo. Alvo corou. Preferia que não tivessem percebido. Ele prestou a atenção na letra da música, que já estava em seu refrão.


But I´m creep (mas eu sou um verme)


But i´m a weirdo (mas eu sou uma estranha)


I wish i was special, so f…… special (eu queria ser especial, especial pra c......)


Alvo estava tão entretido com a música e a voz melódica da garota que nem percebeu quando a porta da cabine se abriu. Eram Roxanne e Louis Weasley, primos de Alvo. Roxanne era a irmã mais nova de Fred. Enquanto que ela tinha o rosto cheio de sardas e cabelo preto, além de pele morena, Louis era louro de olhos azuis brilhantes, pele pálida e delicada.


– Demoraram, hein... - Fred reclamou, em tom de puxão de orelha.


– Nos desculpem... - a garota morena se avermelhou. - A gente estava procurando uma cabine vazia. Não tinha nenhuma.


– Não tem problema! - Tiago assegurou ao ver que a garota estava nervosa. Ela pareceu relaxar um pouco e Louis sorriu para o primo em agradecimento.


– Entrem! Mas vão ter que ficar de pé! - Fred convidou e os dois adentraram a cabine.


– Vocês perderam a Lizzie cantando e o Tiago tocando violão. - Rosa disse.


– Ah, então foi bom chegar mais tarde. Não pela Lizzie, mas se o Tiago estava tocando o violão. - comentou a recém-chegada e os outros riram, a exceção de Tiago, cuja face adotou um tom vermelho beterraba.


– Eu não toco tão mal quanto canto. - se defendeu o Potter mais velho.


– Pior que é verdade. - revelou Alvo e todos olharam surpresos para ele. Assim como Tiago não perdia a chance de atazanar o irmão, Alvo nunca deixava de fazer um comentário ácido sobre o mesmo.


– O Alvo falou! E ainda foi alguma coisa boa sobre o Tiago! Vai chover! - a menina ruiva pôs as mãos na boca como se tivesse assustada.


– Ah, cala a boca. - resmungou o garoto.


– Qual vai ser a nossa primeira vítima do ano? - perguntou Tiago aos outros três Zonzóbulos.


– Dizem que o filho dos Malfoy entrou esse ano. - sugeriu Lorcan.


– O menino nem fez nada ainda. - discordou Lisandra. - E, além do mais, ele é do primeiro ano, seria covardia.


– Lisa tem razão. - concordou Fred. - Eu estava pensando no Flint.


– Aquele louro oxigenado? - riu Tiago. - Seria uma boa.


– Hei! - reclamou Louis. - Eu também sou louro.


– Mas não oxigenado. - explicou o moreno, como se fosse óbvio.


– Por que vocês só atacam Sonserinos? - Alvo indagou. - me parece injusto.


– Isso é porquê você tem medo de virar Sonserino. - riu Tiago e Alvo desviou o olhar envergonhado. - Na verdade, é nosso sangue Maroto e Weasley, nem dá pra discordar.


– Alvo não vai ser um Sonserino. - retrucou Rosa. - Todos os bruxos maus foram da Sonserina.


– Em algum lugar agora Pedro Pettigrew deve estar se revirando no túmulo... - Roxanne brincou e a ruiva avermelhou-se novamente. Era péssimo para Rosa não saber de algo.


– Nem sei quem é esse...


– Era um Maroto. O único vilão e Comensal deles. - explicou Fred.


– Mesmo assim, a maioria foi da Sonserina. - argumentou a menina. - Papai disse que os Sonserinos eram muito cruéis.


– Cruel é o que os Zonzóbulos fazem. - comentou Alvo. - sem ofensas.


– É um pouco cruel sim. - admitiu seu irmão. - mas é tudo por boa causa: uma risada.


– Por que não vão procurar suas vítimas e deixam a gente aqui? - sugeriu Louis esperançoso. Roxanne suprimiu o sorriso.


– Ok, vamos atrás do Flint. - Fred levantou-se. - Tiago, pega as vomitilhas e o pó de furúnculo.


– É pra já. - o Potter mais velho respondeu e logo estavam os quatro Zonzóbulos fora da cabine.


– Demorou até. - comentou Louis, fechando a cabine. - Não que eu não goste deles, mas me irrita esse tipo de assunto. Além de que eu queria me sentar. Meus pés já estavam doendo.


– Concordo plenamente. - disse o agora único garoto moreno da cabine, Alvo. - Até com a última parte...


– Eu até que acho engraçadinho... Afinal, é tudo por uma boa risada.


– Ah, para Rosa, é que você puxou muito seu pai. Ou melhor, o ódio dele pelos Sonserinos.


– O que posso fazer... - A citada deu de ombros. - tudo o que me ensinaram em casa foi que os Sonserinos eram comensais, cruéis e quase não ajudaram Hogwarts na guerra... Quer dizer, mais meu pai, mas a minha mãe também não parece gostar deles.


– Os tempos mudaram... E Severo Snape, Slughorn e Andrômeda Tonks foram Sonserinos e bons. Pedro Pettigrew foi Grifinório e Comensal. - tentou argumentar Alvo.


– Que seja, eu só não gosto deles... Quero Grifinória ou Corvinal.


– Você conhece algum Sonserino por acaso? E eu quero a Corvinal. - admitiu Louis, implicando com a prima por um motivo justo.


– E eu a Lufa-Lufa. - pronunciou-se Roxxie, apelido de Roxanne.


– O meu pai me falou que o Chapéu leva em conta a nossa escolha e que não tem nada demais em ser Sonserino. Ele quase foi para lá, só que pediu para não ir. - Alvo irritou-se, concordando com o primo.


– Isso é sério? - a ruiva surpreendeu-se. - Devia ser a parte de Voldemort dentro dele.


O menino de olhos verdes revirou os olhos.


– Que seja...


A porta de cabine abriu-se novamente e apareceram os quatro Zonzóbulos, ainda rindo da provável travessura que aprontaram.


– Ele está cheio de furúnculos. - falou Tiago e Alvo balançou a cabeça em reprovação.


– E tinham vários Narguilés ao redor dele... - revelou Lizzie. Alvo preferiu não perguntar o que eram Narguilés. Em vez disso, olhou para Lorcan que só balançou os ombros, não sabendo explicar.


– Estamos chegando. - revelou o monitor antes que eles fechassem a porta da cabine. Era Florêncio Wood. Melhor vocês se trocaram.


– Esse ano vai ter Kendo Mágico. Estou ansioso para aprender a lutar com espada. - comentou Tiago. - E além do mais o professor é o campeão mundial.


O resto da viagem passou tão rápido que logo estavam na Estação de Hogsmeade, os mais velhos indo para as carruagens e os primeiranistas fazendo fila atrás de Hagrid, o meio-gigante guarda-caças que era também amigo da família Potter.

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