Prefácio



Prefácio


Coloquei o livro no meu criado mudo pela vigésima, ou vigésima primeira vez. Suspirei alto antes de apagar a luz do abajur. Eu ia demorar um pouco para dormir, como sempre acontecia depois que eu terminava de ler Harry Potter. Meu cérebro passava um tempo absorvendo os detalhes que por ventura eu não havia percebido nas outras milhares de vezes que eu li.


Minha irmã virou na cama dela , do outro lado do quarto, com um barulho alto, me fazendo abrir os olhos. Eu não estava com um pingo de sono. Olhei para o relógio analógico no criado mudo. Passavam das duas da manhã. Peguei meu celular, sabia que pelo menos Max, o meu melhor (e único) amigo estava acordado. Digitei “Tá fazendo o que? xx” e apertei “enviar”.


Esperei alguns segundos e logo recebi de volta um “Nada. Estou voltando pra casa. Esse clube é um lixo, detestei. –M”. Ri sem fazer som. Max sempre ficava frustrado quando seus planos davam errado.


Como eu, Max cresceu na geração Harry Potter. Nós costumávamos levar os livros para a escola quando a professora pedia uma leitura obrigatória. Logo viramos melhores amigos. Há dois anos, ele me confessou que era gay. Eu achei ótimo, porque assim nós começamos a comentar da beleza do Tom Felton e da nossa paixão platônica por Sirius Black. Mas diferente de mim, Max adora festas: raramente encontro ele em casa num final de semana. Ás vezes o convenço a assistir uns filmes comigo (geralmente fazemos uma maratona HP) em casa, mas ele logo se entedia.


Conversamos mais algum tempo, até Kate reclamar da luz do celular que estava a atrapalhando e eu tive que desligar. Fechei os olhos, contei carneirinhos até uns 200, e dormi.


 


 


- Max, você sabe que eu detesto festas – falei, tomando um gole do meu café desnatado enquanto caminhávamos até o parque lado a lado. Já eram mais de meio dia, mas nosso dia sempre começava depois das duas da tarde mesmo, então considerávamos isso um café da manhã.


- Ah, babe, essa é diferente, prometo – ele falou, batendo o pé e mordendo o bagel canelado dele. – É num lugar novo. E eu...bem, eu meio que prometi que ia te levar. Tenho um amigo que quer te conhecer.


O olhei incrédula – babando um pouco do meu café, já que ele me pegou de surpresa e eu não tive tempo de engolir direito.


- Maximilian! – exclamei. – Você ficou completamente louco?


- Relaxe, não é nada demais – ele riu – Eu juro que ele é legal.


Arqueei uma sobrancelha. A última vez que ele tentou me arranjar para um de seus amigos héteros, terminou a noite sentada na pia do banheiro fugindo do menino, e esperando Max terminar de dar uns amassos no barman.


- Eu não sei. Como ele é? – perguntei, limpando o café do meu queixo e bebendo mais um gole.


- Igualzinho ao Daniel Radcliffe. – Max sorriu. O que significava, lógico, que esse cara não tinha nada a ver com Daniel Radcliffe. Ele sempre usava essa desculpa para me convencer a ir aos lugares, muito embora eu já tenha dito que eu prefiro o Rupert ao Daniel.


- Max, sério. – revirei os olhos.


- É sério, babe. – ele falou.- Prometo, se você não gostar, te trago de volta na mesma hora.


- Traz mesmo?


- Juro.


- Sem me deixar esperando no banheiro?


- Sem te deixar esperando no banheiro.


- Sem amassos com o barman?


- Sem...ah, peraí, babe, já tá pedindo demais!


Eu ri empurrando-o e concordei em ir nessa bendita festa que ele tanto queria.


 


 


Terminei de colocar minha blusa e ouvi a conhecida buzina da BMW de Max.


- Merda – xinguei, porque não tinha conseguido colocar rímel, então coloquei o meu na bolsa e desci as escadas correndo.


- Olá, minha querida, você está fabulosa – ele disse, assim que eu abri a porta do carro e ataquei o espelhinho do passageiro.


- Obrigada, querido, você também está, mas eu preciso de um minuto para passar o meu rímel.


- Oras, não precisa de maquiagem, Alfred gosta de beleza natural. – ele respondeu com um sorriso cínico.


- Quem raios é Alfred, Max? – perguntei, fechando o rímel e apoiando minhas costas do banco de couro. Max sorriu e arrancou com o carro, mais rápido que eu gostaria que ele dirigisse.


- Quem mais? Seu acompanhante! – falou, como se fosse óbvio. Eu o encarei.


- Você tá falando sério? O nome dele é ALFRED? – exclamei, com a mão na testa. – Ah Max, você está me arranjando para um velho pomposo que gosta de jogar buraco e fumar cachimbo.


Max riu alto passando um farol vermelho (no que eu soltei um gemido de reprovação). Ele virou à direita em uma ruela e parou na frente de um prédio velho. Algumas pessoas estavam na frente de uma porta de ferro preto, conversando alto e fumando.


- Max...onde é que você me trouxe?


- Eu disse que era um lugar novo. – ele deu os ombros, saindo do carro. Eu o segui, não ia ficar lá sozinha.


Logo na porta, Max cumprimentou umas pessoas escandalosamente. Eu acenei com a cabeça (como sempre faço) e esperei ele entrar para ir atrás.


Eu não costumo a sair muito, mas tenho certeza que aquele lugar era diferente. A música era esquisita, as pessoas dançavam esquisito e elas até estavam tomando umas bebidas esquisitas. Fiquei com medo de ter entrado num clube de drogas e prostituição, mas acho que Max não freqüentaria um lugar desses.


- Olhe, Alfred está ali – ele falou, apontando para um grupo no canto oposto à porta.


Bem, Alfred não era nada parecido com Daniel Radcliffe, mas também não era um velho que curtia cachimbo. Na verdade, acho que ele era mais novo do que eu. Max o chamou, e ele se aproximou de nós com um sorriso.


- Bem, fiquem amigos. – Max falou, sumindo logo em seguida. Eu olhei Alfred desconfortável, mas ele sorriu.


- Tubo bem? Eu sou...


- Eu sei quem você é, Max fala de você sempre. Pode me chamar de Al – ele respondeu. Confirmei com a cabeça, ainda me sentindo um pouco desconfortável. – Quer pegar uma bebida?


Concordei e fomos até o bar, no fundo. Bebemos uma bebida esquisita (sério, tinha um guarda-chuvinha ao contrário e ela era meio degradê) e conversamos um pouco, mas eu percebi que não tinha nada a ver com ele. Vou matar Max por me fazer ficar saindo com esses caras! Depois de meia hora de (não) conversa, eu me vi procurando o banheiro feminino para, novamente, me refugiar.


Mas antes que eu pudesse dar uma desculpa qualquer (estava pensando em dizer que recebi uma mensagem da minha irmã pedindo para voltar para casa porque ela estava passando mal), o celular dele tocou.


- Eu vou...hm, vou atender isso lá fora. – Al disse, apontando para a porta (esse lugar estava ficando menor, ou era impressão minha? E as paredes sempre foram roxas?). Deixei ele ir, me virando para o barman.


- Você pode...me trazer mais uma dessa?- perguntei, levantando o copo do guarda-chuva inverso. Apesar de que no meu estado (vendo cores que provavelmente não estavam lá e tudo mais) eu não deveria beber mais nada. Ele sorriu e se aproximou para preparar o drink.


- Encontro difícil? – perguntou, apontando para o banquinho que Alfred estivera há pouco.


- Vida difícil. – respondi, dando os ombros. Ele riu e me serviu o copo. Então encarou o banco ao meu lado.


- Olá Frank, fazia tempo que eu não o via – disse, falando para o banco. Eu olhei rapidamente para o lado, me surpreendendo com a visão de um sujeito baixinho, com o cabelo ruivo encaracolado e um topete esquisito. Não vou nem falar da roupa (mas sério: blazer de veludo não dá.)


- Alô, Ben! Pois é, eu tenho ficado mais em casa esses dias – o baixinho esquisito respondeu. Sério, de onde ele surgiu? Porque eu tenho quase certeza que sentiria ele sentar-se ao meu lado, já que Alfred tinha deixado os nossos bancos bem próximos um do outro. Caramba, eu tinha que parar com essa bebidinha exótica. – E você, moça, quem é?


Fiquei um pouco na dúvida se respondia ou não. Resolvi responder, já que ele estava sendo simpático começando uma conversa comigo:


- Não sou ninguém...na verdade, eu já deveria estar indo embora, mas meu amigo sumiu.


- Besteira, todo mundo é alguém – ele falou. Então o barman – Ben – colocou um pote de jujubas na frente dele. Sério. Jujubas. Tentei não olhar cobiçadoramente, mas ei. Eram jujubas. – Pode pegar, se você quiser.


Bom, o que eu ia fazer? Eram jujubas. E ele estava me oferecendo. Então eu agradeci e peguei uma (vermelha, minha preferida) e comi.


- Mas me diga, ninguém, porque sua vida tem estado tão ruim?


Eu ponderei a pergunta, porque na verdade eu não sabia o porquê da minha vida ser desse jeito. Mas no momento eu estava meio que observando o grande flamingo de neon (isso estava lá antes?) na parte de trás do bar e não consegui responder.


- Já sei. Vida parada. Entediante. Estou certo? – ele perguntou, passando a mão no topete. Concordei com a cabeça, brincando com o guarda-chuva do meu copo. – Ah. E qual vida não é? Pegue mais jujuba, Ben pode servir mais depois.


Peguei mais duas e comi. Jujuba era realmente muito bom. Mas acho que não deveria estar comendo tanto açúcar, depois de tomar essa bebida estranha. Comecei a me sentir tonta.


- Pois é, minha vida. Muito chata – falei, meio incapaz de formular uma frase completa. Passei a mão na testa e percebi que estava suando. Varri o lugar com os olhos (certo, agora as paredes estavam verdes. Eu estava muito mal)procurando Maxmilian para ele me levar de volta para casa. Quem sabe se eu me deitasse um pouco, eu melhoraria...


- Você está tonta? Não parece bem – o baixinho falou. Concordei com a cabeça. – Porque não vai até o banheiro lavar o rosto? Garanto que vai melhorar.


Levantei rápido (desejando não ter feito isso um segundo depois) e murmurei alguma coisa que não fez muito sentido. Caminhei cambaleante até a porta com a placa indicando o banheiro feminino e entrei.


Fui até a pia e joguei uma quantidade generosa de água no meu rosto. Me encarei no espelho, e só consegui vi um reflexo meio embaçado. Olhei para o lado e vi que na entrada tinha um sofá de veludo vermelho, aqueles que as amigas usam para ficar esperando a outra fazer xixi. Fui até lá e me sentei. Na verdade, eu me sentia tão tonta que achei melhor deitar.


É, é isso. Eu só ia fechar os olhos rapidinho, e logo estaria me sentindo melhor.


Logo, logo.


 


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Acabei dormindo, como eu percebi. E acho que Max me levou para casa, porque antes mesmo de abrir os olhos, senti um travesseiro (bem confortável, diga-se de passagem) embaixo da minha cabeça. E também um cobertor quentinho. O que era bom, porque estranhamente eu estava com um pouco de frio. O que era realmente estranho, já que estávamos em pleno verão.


Toquei o cobertor achando a textura um pouco estranha. Os de casa geralmente são fininhos e feitos de linha. Esse era grosso e pesado. Talvez eu esteja na casa de Max.


Outra coisa que achei estranho: havia uma fresta de luz irritante batendo no meu olho. O que eliminava a minha opção “estar-na-casa-de-max”, já que ele simplesmente detesta a luz do sol e não cogita a possibilidade de dormir de janela aberta nunca. Mas isso meio que elimina a minha opção de estar em casa também, porque Kate não gosta de acordar com a luz do sol. Ela diz que isso lhe dá enxaqueca.


Onde raios eu estava?


Ignorando a minha dor de cabeça – aquela maldita bebida – eu abri os meus olhos.


Qual não foi a minha surpresa ao ver cortinas vermelhas ao invés da usual parede verde do meu quarto?

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N/A: Breves explicações:
- Como vocês perceberam, a interatividade não começou ainda. Mas não se preocupem, ela vai começar no próximo capítulo.
- Essa história vai se passar na época dos marotos.
- Novos capítulos surgem com mais comentários! Então, vamos lá, comentem! 

Um beijo! 

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Comentários (7)

  • Jéssica Potter 7

    AMEI *---* CONTINUA, Vou acompanhar!!! Posta o proximo logo!!!

    2013-07-28
  • lily jean OLIVER

    meu merlin eu não saberia o que fazer se acordase no dormitorio feminibno da minha casa em hogwarts provavelmente estaria pulando de alegria bem a resaca não deixaria mas  eu surtaria tornaria amiga da lily evans e destruia as horcrux claro que seria mas facil se tivesse gente como eu lá kkkkkkkkk eu aaaaaaaaaaameeeeeiiiiiii esse cap

    2012-05-28
  • PamyMalfoy

    Caramba, adorei a ideia, que loucura que é esse bar, não? Posta assim que der, estou ansiosa para Hogwarts. Beijos.

    2012-04-15
  • Sarah of Ravenclaw

    Esqueci de dar nota 5 -q

    2012-03-16
  • Sarah of Ravenclaw

    Posta logo -q Beijoos

    2012-03-16
  • Mónika Black

    OH MEU MERLIN, PRECISO DE UM CAP NOVO :)Adorei  mas quero mais xD Achei a historia bem interessante, e se os proximos capitulos forem tão bons como este juro que vou acompanhar a fic, podes ter a certeza!!!Fico á espera do proximo cap, E PELO AMOR DE SALAZAR SLYTHERIN (sim, porque eu sou uma Slyhtherin, mas isso é outra historia xD), EU QUERO O PROXIMO CAP, RAPIDOO (se for possivel claro)!!~~~~~~~~~~~~~~~~.~~~~~~~~~~~~~Acho que não vou aguentar, esperar (e sim, eu por vezes sou maluca xD)Beijinhos :)MónikaBlack 

    2012-02-19
  • Bruna Bullock

    Posta logo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Beijosssssssssssssssssssssssssssssssss 

    2012-02-19
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