Novas Parcerias






Mais tarde, Salão Comunal


 


Estou agora nesse momento, tentando entender minhas anotações da aula de Feitiços. Eu realmente preciso melhorar minha caligrafia. Invejo a letra de Emmeline, ela é toda curvadinha e cheia de floreios. A minha parece que escrevi com o pergaminho no joelho.


Ah, espera, dessa vez eu escrevi no joelho mesmo, porque Marlene e Alice pediram para usar minha parte da mesa como campo do jogo de bolinhas de papel delas.


Então dessa vez estou perdoada.


Mas do mesmo jeito, eu queria que Lene fizesse o favor de parar de conversar com os jogadores novos e viesse me ajudar a estudar. Ou pelo menos, me emprestar suas anotações.


Alice estava me ajudando com isso, mas, para ser honesta, acho que eu entendo mais do que ela. Quer dizer, eu não quis parecer convencida nem nada, mas tenho certeza que o feitiço para animar não funciona se não girarmos a varinha duas vezes para a direita. O Prof. Flitwick faz isso, então é certo. Alice teimou e disse que no livro está dizendo que precisamos manter as varinhas paradas. Então eu achei melhor não discutir e deixá-la ter razão. Mas preferi colocar uma observação pequena na minha redação sobre girar a varinha, só pra,  sabe como é, provar que eu prestei atenção na aula e tudo mais.


Só que alguns segundos atrás ela levantou correndo e olhando para o relógio de pulso, e quando eu perguntei o que tinha acontecido, ela me disse que tinha esquecido as rondas de monitoria. Sabe, às vezes me preocupa esse esquecimento todo dela. Qualquer dia ela ainda vai esquecer uma criança perdida no meio da Floresta Proibida. Ou pior, no Pátio Pavimentado. Quer dizer, não é pior que a Floresta Proibida, mas eu sempre acabo parando lá sem querer quando as meninas inventam de pegar uma passagem secreta (mesmo depois de sete anos, eu ainda não sei onde a tapeçaria de Bernard, O Cadudo dá, e toda vez tenho que seguir uns quartanistas até a sala comunal). Mas a questão é que agora, estou aqui, deixada sozinha para terminar essa maldita tarefa enorme de Feitiços.


Na verdade eu deveria deixar esse diário de lado e me concentrar na minha tarefa. Sério. Parece que toda vez que eu pego uma pena, abro o diário inconscientemente. Eu poderia tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Tipo, estudar e contar o que esta acontecendo.


Ok, vamos tentar:


1) Responda com suas palavras, quais são as conseqüências de um Feitiço para Animar mal executado?


O feitiço mal executado pode resultar na reação contrária da desejada, por exemplo, uma pessoa que a realiza com as palavras erradas, pode obter um [anotação incompreensível] e fisicamente, bolhas roxas por todo corpo da vitima e o aparecimento de manchas vermelhas...


Sirius acabou de passar por mim, abraçado com Cleant, o cara que aparentemente tinha o físico para ser batedor apesar de ser magrela, já que conseguiu a vaga. Agora eles estão gritando em alto e bom som (bem no meio do salão comunal, onde OBVIAMENTE há pessoas tentando estudar) que o time desse ano está sensacional e se eles não ganharem o campeonato, Sirius vai entrar na sala da Sonserina só de ceroulas. É uma pena que eu confie tanto no time, porque ia ser bem engraçado ver uma cena dessas.


 


2) Cite três feitiços que podem reverter o Feitiço para Animar.


Bem, eu acho que as maldições imperdoáveis tiram a animação de qualquer pessoa...


 


Tenho que parecer profundamente ocupada e fingir que estou estudando algo incrivelmente sério, pois Remus acabou de colocar as coisas dele na minha frente, e perguntou se ia incomodar se ele estudasse ali. Eu respondi que não, porque eu ate gosto dele, e acho que todas as outras mesas estão ocupadas (tirando a que Sirius resolveu dançar em cima). E eu não quero que ele se de mal por não entender a letra de suas anotações porque foi obrigado a escrever em cima do joelho num sofá qualquer.


Como certas pessoas.


- Você não deveria estar fazendo rondas de monitoria? - perguntei, olhando invejosamente para o pergaminho quase todo preenchido da tarefa de Poções que ele tirou de dentro de um livro velho.


- Hm, não, as minhas são só na semana que vem -  ele respondeu, sem levantar os olhos para mim. Alice não gosta muito, mas eu acho que ia ser bem legal fazer essas rondas. Ainda mais porque você pode andar pelo castelo depois do toque de recolher, e se o Filch vier encher o saco, você pode simplesmente apontar o peito e dizer "pera lá, Sr. Filch, tenho assuntos de monitoria para resolver aqui".


Ou eu poderia simplesmente ir para a biblioteca depois de todo mundo ter sido obrigado a voltar para seus dormitórios. Ia ser bem solitário e deprimente, mas pelo menos eu não ia ter que ficar tampando os meus tímpanos para conseguir ouvir meus próprios pensamentos.


- Você já terminou a tarefa de Transfiguração? – Remus perguntou, fazendo um barulho alto com o farfalhar dos pergaminhos em cima da mesa.


- Nem comecei – falei envergonhada, evitando olhar para seus olhos de monitor e/ou suas tarefas praticamente completas. – você já fez?


- Não...não sou muito bom em Transfiguração – ele riu tímido, mas se eu bem o conheço, não tenho certeza se estava realmente incomodado com o fato de não entender a matéria. Mesmo sendo certinho, ele é um dos Marotos, não é?


Dei os ombros teatralmente e olhei para meu pergaminho. 


- Que pena...eu bem que poderia usar uma ajudinha...


- É... – ele olhou pelos ombros e depois para algum ponto atrás de mim. A sala está realmente cheia, então não sei o que ele está querendo encontrar, mas acho que não vai ser assim tão fácil - Bem que James poderia nos ajudar, ele é ótimo em Transfiguração.


Pisquei algumas vezes, para dar a chance dele corrigir a frase. Talvez ele quisesse dizer Gwen Jones, porque ela é realmente boa em Transfiguração, e está no time de quadribol também, ou até tenha confundido Potter com Frank, o que não é muito comum (os dois não tem absolutamente nada a ver), mas é possível.  Mas ele simplesmente sorriu e me olhou de volta, então achei melhor me pronunciar.


- Como é? – falei, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Ela ficou alguns segundos antes de despencar de novo na frente do meu rosto. Cabelo porcaria. – Acho que você se expressou mal. Você quis dizer que Potter também precisa de ajuda em Transfiguração?


Remus riu. Sério, riu de verdade, como se eu tivesse contado uma piada muito engraçada. Eu não sei se ele estava rindo de mim, mas não foi muito educado da parte dele gargalhar assim na minha frente. Principalmente quando eu não estava entendendo o motivo.


- Não Lily... Ele realmente é bom. Mesmo, ele sempre me ajuda quando eu não entendo a matéria... Mas que isso fique só entre nós, ok? Não é muito bom para a minha imagem se as pessoas souberem que eu, um monitor ajuizado e dedicado, preciso de ajuda em Transfiguração de um transgressor de regras como o Prongs. – ele riu.


Eu concordei com a cabeça, mas foi meio inconsciente. Porque mesmo, quem ia imaginar que James era bom em alguma coisa, com exceção da sua grande habilidade de colecionar detenções?


Ah, e quadribol, é claro.


- Engraçado – eu falei, abrindo meu livro de Transfiguração (que continuava um mistério para mim, que fique bem claro) e deixando a tarefa de Feitiços de lado. – Quem poderia dizer que Potter realmente...


- Gastando o meu nome, Evans? – fui cortada por ninguém menos que o pavão cabeludo, que surgiu de algum lugar (gosto de pensar que foi das profundezas do mundo inferior) e puxou a cadeira ao lado de Remus – Estão falando sobre o que?


Eu planejava ignorá-lo até ele se tocar que não era bem vindo naquela conversa, só que eu esqueci o pequeno detalhe de que Remus era amigo dele.


- Estávamos tentando entender a tarefa de Transfiguração. Você já fez a sua, não?


Ele ajeitou os óculos no rosto e olhou para mim. Eu acho, porque desviei o olhar para o livro, e evitei contato visual direto.


- Hm, na verdade não. Mas posso ajudar, o que temos que fazer?


Apontei (a contragosto) para a anotação que tinha feito na aula passada. Ele entortou um pouco a cabeça porque eu não me dei o trabalho de virar o pergaminho em sua direção.


- Ok. Transformar um objeto inanimado em animal. Isso é fácil – Potter disse, se inclinando com um sorriso no rosto como se tivesse lembrando-se de uma piada muito boa – No terceiro ano, transformei a Madame No-r-r-ra em uma vitrolinha. 


- Eu lembro! Isso te rendeu dois dias de detenção, não foi? – Remus riu junto, coçando o pescoço com a pena. Acho que estavam prestes a recordar o passado ali, mas ambos pararam de sorrir quando viram que eu não estava achando graça.


Arqueei a sobrancelha esquerda (já que ainda não sei levantar a direita) e umedeci os lábios, porque estava preparada para entrar em uma discussão e tinha um ótimo argumento.


- Hm, que ótimo, mas sabe Potter, transformar um animal em objeto e transformar um objeto em animal é completamente diferente – concluí, jogando meu cabelo para trás para provar que a coisa era séria.


Potter me encarou por cima dos óculos por um nano segundo antes de dar uma risada rouca e, na minha opinião, um pouco cínica.


- Eu sei que não é a mesma coisa, Evans – falou, bagunçando aquele maldito cabelo como se ele não tivesse feito a mesma coisa há uns cinco minutos atrás – Mas o princípio é o mesmo. Tipo, você tem que se concentrar na mesma coisa e balançar a varinha igual, mas só vai dizer as palavras diferentes. Hum, e não se esqueça de esvaziar bem a mente. Porque você pode, sabe, acabar criando um animal mutante. Como Peter, que criou um lagarto-relógio.


Remus concordou com a cabeça rindo e começou a divagar em como eles só acharam o lagarto porque ele fazia um “tic-tac” muito alto, mas eu não ouvi direito porque estava folheando o livro furiosamente.


- Mas não tem nada aqui dizendo para “esvaziar a mente”. - falei, quase esfregando as páginas na cara dele. – Vê? Tem “Concentre-se” e “Foco”, mas necas de “esvazie a mente”.


- Qual é o problema? Você não confia em mim? – ele perguntou, apoiando a cabeça na mão direita.


Que pergunta! É óbvio que eu não confio nele. Fala sério, como eu poderia confiar alguém que em todos os anos anteriores teve como objetivo atormentar os fracos e oprimidos, conseguir o máximo de detenções possíveis e trocar saliva com toda a população feminina do Reino Unido? Ele só podia estar brincando.


Perguntar desse jeito se eu confio nele. Isso é coisa que você fala aos amigos.


E quer saber de uma coisa? Marlene é minha amiga. Alice é minha amiga. Tommy Sullivan pode ser meu amigo. Às vezes até o professor Flitwick é meu amigo. James Potter não é meu amigo.


Acho que minha cara de incredibilidade deve ter respondido por mim, porque ele se ajeitou desconfortavelmente na cadeira e pigarreou.


- Bom, é fácil. – Potter pegou o tinteiro de Remus e colocou no centro da mesa. Depois puxou a varinha de dentro das vestes de quadribol (que ele ainda estava usando – sim, sem ter tomado um banho depois do treino) e apontou para o tinteiro. Vou contar: eu nunca vi Potter fazer uma cara séria até ouvi-lo dizer: - Animalis Verto.


E então ali, no lugar do tinteiro sem graça, estava um besourão preto. Eu detesto besouros, mas fiquei tão impressionada que ele conseguiu assim de primeira, que nem me assustei.


- Como você fez isso? – perguntei, esquecendo-me de esconder a surpresa (e se perguntarem eu nego, mas confesso aqui – afinal é para isso que serve um diário, não?- um pouquinho de admiração também).


Bom, acontece que acho que ele percebeu o meu tom de voz, porque sorriu convencido e recostou-se na cadeira com braços cruzados. Eu gostaria que ele não tivesse feito isso, porque isso fez os músculos dos seus braços ressaltarem, e eu não consegui evitar dar uma checada. Potter trocou um olhar rápido com Remus, mas fingi que não notei.


- Eu te disse, o princípio é o mesmo.


Eu revirei meus olhos diante da sua óbvia falta de modéstia, para ver se isso fazia ele se tocar, mas ele só riu, divertindo-se com a situação.


- Quer que eu te ajude? – perguntou, inclinando-se novamente na mesa.


Eu fiz uma cara indignada – mas tudo bem, confesso que também foi meio inconsciente. Porque sério, eu estou acostumada a ignorar as indiretas que ele dá, me estressar quando ele fere a dignidade feminina, e principalmente, ficar furiosa quando ele apronta com Severus ou com outra pessoa de sua escolha. Mas acontece que ele ainda (repito: ainda) não tinha feito nada disso para eu poder mostrar minhas respostas automáticas de caráter.


Mas aí Remus concordou com a cabeça e arqueou a sobrancelha direita como se dissesse “Bom, você realmente não tem nada a perder” (tirando meu orgulho), então eu murmurei baixinho, na esperança de que ele ignorasse e voltasse para o grupo em que Sirius ainda cantava a canção dos sereianos em plenos pulmões:


- É, pode ser, se você só falar como você fez...


Olhei para os lados para ter certeza que ninguém estava me julgando por aceitar a ajuda dele. Mas as pessoas estavam mais interessadas em suas próprias conversas, e alguns alunos mais novos até estavam subindo para os dormitórios. Voltei minha atenção para Potter, para ele começar a explicar.


Ele riu, umedeceu os lábios (não que eu estivesse olhando para os lábios dele, nem nada) e falou:


- Falo o que você quiser. Mas se você ficar escrevendo o tempo todo nesse caderninho aí, não vai prestar atenção e não vai aprender nada.


Que saco.


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Sexta Feira, 5 de Setembro , Café da manhã.


 


Estou hiper atrasada. Imensuravelmente atrasada. Tipo, tão atrasada que daqui a pouco a Profa. Mcgonagall vai vir aqui e me puxar pelas orelhas até a sala de aula.


Sabe o que é pior?


Eu não ligo pra isso!


Eu estou com tanto sono, e com tanta fome que não estou nem aí se a professora quiser vir aqui me transformar em uma grande mariposa feiosa e me deixar trancada num pote de vidro pelo resto do ano letivo na sala do Prof. Slughorn.


O que está acontecendo comigo?


Eu gostava de acordar e ir para as aulas. Na verdade, eu até ficava ansiosa para chegar o próximo dia. Agora eu até estou cogitando matar a primeira aula. Que por acaso é poções, uma das minhas matérias preferidas. E a primeira semana ainda nem terminou.


ESTOU QUERENDO MATAR AULA NO QUARTO DIA DO ANO!


Estou começando a suspeitar que tudo isso tem a ver com a noite passada. Quer dizer, eu deveria imaginar que não estava no meu juízo normal quando passou da meia noite e eu ainda estava conversando com James e Remus. Digo, Potter e Remus. Agora veja só, estou pensando em matar aulas.


Bem, eu deveria ter pego o sinal quando Lene veio me chamar para subirmos. Ela nunca faz isso. Sou sempre eu que tenho que chamá-la para o dormitório, senão ela não vai dormir nunca. E acho que ela ficou tão surpresa por ter que fazer isso, que ainda não discutimos a situação. Não tenho muita culpa, quando ela chegou Potter tinha acabado de contar uma piada engraçadíssima sobre leprechauns, e bem, eu tentei não rir, mas era mesmo muito boa. Acho que é por isso que enquanto nos preparávamos para dormir, tudo que ela falou foi:


- E aí, se divertiu entendendo Transfiguração?


- Acho que sim – eu respondi, colocando o meu pijama velho que já está começando a ficar um pouco curto (eu comprei essa blusa antes...bem, antes de ter peitos, então a barra subiu consideravelmente) – E você, conheceu seus novos colegas de time?


Mas ela só fez um barulho estranho concordando e se virou para o outro lado. Em pouco menos de dois minutos, os seus roncos encheram o quarto (ela realmente deveria tentar aquele feitiço de desobturação de narinas).


Bem, a campainha do início das aulas tocou agora, o que significa que eu vou chegar atrasada com certeza, porque de jeito nenhum vou chegar até as masmorras em menos de um minuto.


Eu deveria matar aula mesmo.


Que droga, conversar normalmente com James Potter é contagioso.



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N/A: Olá! obrigada pelos comentários, queridas, é realmente inspirador!Desculpe pela demora, mas desde que saiu o filme do Hunger Games, não consigo parar pensar em outra coisa (sério, eu reli a trilogia umas 2 vezes). Alguém mais quer um Peeta para uso próprio? 
Enfim, prometo tentar ser mais rápida dessa vez. Comentem! 
 Beijos!



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Comentários (1)

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