. Capítulo 2 - Lembranças



Depois de horas chorando por causa de sua doença, Hermione parara de chorar um pouco e estava esperando o médico para ele lhe explicar como iria ser o tratamento. Hermione estava ouvindo conselhos de Harry quando o médico chegou no quarto. A garota disse:


–Doutor, eu gostaria de saber como é o tratamento!


–Bem, você vai ter que passar por uma sessão de quimioterapia que vai durar no máximo dois meses, se houver resultado, fazemos até você se curar, se não acontecer nada, você terá de fazer uma outra sessão e terá que fazer um transplante de medula óssea! – explicou o médico


–E quais são os sintomas? – perguntou Hermione


–Bem, enjôos, queda de cabelo... – começou o médico, mas Hermione o interrompeu


–O senhor está querendo me dizer que eu vou ter que raspar a cabeça? – perguntou Hermione, desesperada


–Na maioria dos casos é assim, quando começa a cair muito, mas se alguns pacientes não quiserem, sem problemas! – respondeu o médico


–Quer dizer que eu não sou obrigada a raspar? – perguntou Hermione


–Não! – respondeu o médico – Bem, quanto mais cedo começar o tratamento, melhor, eu vou pegar o aparelho!


O médico saiu do quarto. Hermione deitou um pouco mais para baixo. Sra Granger, Sr. Granger, Henri e Harry a ficaram observando. Depois de minutos, o médico volta com três aparelhos, em cada um, um remédio instalado. Eram três bolsas: em duas, possuía um líquido transparente, como água, e em outro, um líquido avermelhado que se parecia com sangue. Logo, a enfermeira pegou os três catéters, um de cada aparelho e enfiou os três em uma veia abaixo do pescoço de Hermione, na altura dos ombros da garota. Eram três agulhinhas com uma borrachinha verde em cada uma. Os pais da garota evitaram olhar. A garota fez caretas de dor. Logo, a enfermeira colocou um adesivo para segurar os catéters no pescoço da garota. Henri observava tudo por cima do ombro da enfermeira. Harry estava ali, do lado dela, para qualquer coisa que ela precisasse. Logo, a enfermeira liga os aparelhos e diz:


–Bem, você já está sendo medicada, qualquer enjôo, pode pegar isto! – e mostrou uma bacia de aço para ela – Com licença!


A enfermeira saiu. Hermione tentou observar os catéters em seu pescoço, mas não conseguiu. Harry disse:


–Mione, rapidinho, você vai sair daí! Você é forte!


–Harry, eu não sei por quanto tempo vou agüentar essa coisa entrando na minha veia! – disse Hermione, sua voz estava trêmula


–Mione, você tem de agüentar! – disse Harry, pegando a mão da garota – Você é forte, tem que agüentar!


Harry olhou para os pais de Hermione. Viu que a mãe da garota lhe fizera um sinal com a mão para ele ir com ela conversar às sós. Harry olhou de volta para Hermione e disse:


–Mione, eu vou comer um lanche lá na lanchonete, já volto, descansa!


A garota fez um sinal afirmativo com a cabeça, fechou os olhos e virou sua cabeça de lado, tentando dormir. Harry soltou a mão dela com cuidado em cima da cama e se dirigiu até a porta, juntamente com Sra. Granger. Eles andaram um pouco até que chegaram na lanchonete do hospital. Sra. Granger pediu um chá de capim-limão para ver se ajudava ela a se acalmar. Ela disse para Harry:


–Harry, você tem que ajudar a nossa filha, ela não fez nada para merecer isso!


–Fica calma Sra. Granger! – disse Harry – Ela vai se salvar!


–Podia ter acontecido comigo, e não com ela! – disse Sra. Granger, começando a chorar novamente – Eu, que já vivi minha vida, já tive uma filha linda, que está passando por isso! Meu Deus, ela só tem dezenove anos, não pode morrer!


–Fique calma Sra. Granger! – disse Harry, pegando a mão da mulher – Ela vai se salvar, tenho certeza disso!


–Morro de medo de não dar nenhum resultado! – disse Sra. Granger, tentando controlar o choro, mas não conseguindo – Tenho medo dela ter que passar por essa tortura mais uma vez depois dessa!


–Bem, acho que vou dar uma olhada nela... – disse Harry – Tente se controlar, por favor, senão, do jeito que conheço Hermione, ela vai até ficar ofendida!


–É, também acho – disse Sra. Granger – Bem, vou ficar um pouco aqui até esse choro passar!


–Tá certo, tenta se acalmar! – disse Harry, e foi em direção ao quarto de Hermione.


Quando chegou na sala de espera ao lado do quarto de Hermione, Harry avistou Sr. Granger. Ele se aproximou e perguntou:


–Como a Mione está?


–O Henri está lá com ela, pode ir lá! – disse Sr. Granger, ainda em estado de choque


–Claro, com licença! – disse Harry, e foi em direção à porta do quarto de Hermione.


Quando entrou lá, ficou até feliz: encontrou uma Hermione, sorrindo e xingando o primo que estava ganhando de dez a zero em alguma coisa, pois ela estava falando:


–Ganhou de novo? Já ganhou dez vezes com essa!


–Quem manda a senhora não pensar? – perguntou Henri


–O que vocês estão fazendo? – perguntou Harry, se aproximando da cama de Hermione


–Jogando jogo-da-velha! – respondeu Hermione – Eu não consigo ganhar dele!


–Deixa eu tentar! – disse Harry, se sentando ao lado de Hermione.


Hermione entregou a Harry um lápis que Henri a havia emprestado para Harry tentar. Quando se apoiou na mesinha que havia sobre Hermione, sentiu uma mão quente que envolvera a sua dentro dela. Ele olhou para sua mão e viu que a de Hermione a cobria. Ele olhou nos olhos da garota. Ela sorriu para ele. Harry retribuiu o sorriso, até que ouviram a voz de Henri:


–Vão ficar aí namorando ou vão jogar?


–Vou jogar! – disse Harry, se virando para Henri – Vamos lá!


Ficou silêncio no quarto, apenas o barulho de lápis rabiscando o papel era ouvido. Depois de alguns minutos, o jogo acaba, novamente, Henri como o vencedor. Harry disse:


–Ele é esperto demais!


–Minha prima não era a nerd? – perguntou Henri.


Harry percebeu que Hermione fez uma cara de fúria para o primo. Para disfarçar, Harry perguntou:


–Ahh, gente, vamos conversar um pouco?


–Eu vou comer alguma coisa na lanchonete, certo? – disse Henri


–Tá bem... – disse Harry – Então, eu fico conversando com a Mione!


–Tá certo, licença! – disse Henri, e saiu. 


Harry ficou com Hermione no quarto. Ela disse:


–Estou com uma vontade de ver aquelas fotos que tiramos juntos... Em Hogwarts, se lembra?


–Como eu poderia me esquecer? – perguntou Harry – Aquelas fotos são as únicas que eu tenho!


–Vou pedir pra minha mãe trazer umas fotos de quando eu e o Henri tínhamos quatro anos! – disse Hermione – Você vai ver como eu era bonitinha!


–Você não era bonitinha! – disse Harry – Você era, é, e sempre vai ser... Linda!


Hermione sorriu e corou um pouco. Harry sorriu também e disse:


–Fica calma, logo, logo, você vai sair daí!


–É, só se for daqui pro cemitério! – disse Hermione, seus olhos marejavam.


Harry se sentou ao lado dela e a abraçou. Ele disse:


–Nunca mais diga isso, nunca mais!


–Desculpa Harry, desculpa! – pedia Hermione, lágrimas rolavam de seus olhos


–Claro, Mione, claro! – disse Harry – Bem, eu vou passar um pouco lá na minha casa, depois eu volto, tá?


–Claro Harry! – disse Hermione, enxugando seu rosto com as costas de sua mão.


Harry deu um beijo na testa da garota e saiu do quarto. Lá fora, Henri falava como Hermione comportou-se quando ele estava lá. Um sorriso nos lábios de Sra. Granger aparecia cada vez mais que Henri falava sobre Hermione. Harry se aproximou e disse:


–Eu vou dar uma passada na minha casa pegar uma coisa, já volto, tá?


–Claro Harry, pode ir! – disse Sra. Granger.


Harry deu um sorriso, se virou e foi em direção à porta. Quando saiu do hospital, Harry foi andando até sua casa, que não era muito longe dali. Seus olhos marejavam cada vez que se lembrava das palavras de Hermione. Depois de um tempo, chegou em sua casa, foi para seu quarto, foi até sua cômoda e abriu a gaveta. Lá, estava seu álbum de fotografias de Hogwarts, onde havia fotos dele e de seus melhores amigos. Ele o pegou, saiu do quarto e, sem esperar mais um segundo, foi novamente para o hospital. Quando chegou lá, depois de cinco minutos, foi para a sala de espera ao lado do quarto de Hermione. Quando chegou lá, Sra. Granger disse:


–Hermione estava perguntando por você! Pode ir lá!


–Claro, com licença! – disse Harry, e foi para o quarto de Hermione. 


Ele abriu a porta e viu Hermione. Ela olhou para a porta e disse:


–Harry! Você demorou!


–Estava pegando uma coisa que você está com vontade de ver! – disse Harry


–Não é aquilo que estou pensando, ou é? – perguntou Hermione, um sorriso se abrindo em seu rosto


–É aquilo mesmo Mione! – disse Harry, mostrando seu álbum para Hermione


–Harry, eu nem acredito! – dise Hermione, recebendo o álbum em suas mãos e o abrindo.


Quando viu a primeira foto, os olhos do garoto marejaram. Era a foto dele bebê, com seus pais. Hermione disse:


–Você é a cara de seu pai! Bem que todos falam isso, eles tem razão!


–Você acha? – perguntou Harry


–Claro, mas, seus olhos... – disse a garota – São de sua mãe!


Harry sorriu. Hermione virou a página e deu de cara com uma foto dela, Harry e Rony, no primeiro ano. Os três sorriam. Harry e Hermione se emocionaram quando viram a foto. Hermione virou novamente a foto e viu uma deles no segundo ano, logo depois que Harry conseguira matar o basilisco. A cada página que Hermione virava, uma lembrança vinha na cabeça dela e de Harry. Quando chegaram na última foto, ficaram um tempo a olhando. Foi tirada no trabalho deles, no mesmo dia que Hermione contara a Harry que estava com anemia. Na foto, Hermione estava pálida, magra e fraca, mas sem imaginar que aquilo iria acabar em uma cama de hospital, Hermione com três agulhas enfiadas no pescoço tomando remédios fortes para se curar. Hermione perguntou a Harry:


–Será que vou poder fazer tudo isso de novo? Será que vou sair dessa cama? Será que vou me curar?


–Claro que vai Mione, claro que vai! – respondeu Harry – Só mais um tempo aqui e você vai sair, curada!


–Estou com medo! – disse Hermione, fechando o álbum, finalmente – Tenho medo de morrer com uma... Leucemia!


–Eu vou ficar o tempo que você precisar ficar aqui, com você! – disse Harry


–Harry, você tem que viver, e não ficar ao lado de uma leucêmica como eu! – disse Hermione


–Mas você é a minha vida! – disse Harry.


Hermione sorriu. Lágrimas rolavam de seus olhos, nunca ouvira uma coisa tão linda e emocionante de vinda da boca de um garoto. Logo, a enfermeira que arrumou ao catéters em Hermione entra no quarto e diz:


–Bem, vou dar esse remédio pra você dormir um pouco!


A enfermeira entrega a Hermione um pequeno comprimido branco e redondo. Hermione o enfia na boca e toma um gole de água para engolir. A enfermeira diz:


–Bem, agora é só esperar um pouquinho e você já vai dormir!


–Harry... – chamou Hermione


–Sim Mione? – respondeu Harry


–Ah, bem, sabe eu não consigo dormir sem alguém me fazer... Hum... – A garota estava corando um pouco


–O que Mione, pode dizer! – disse Harry


–Hum, bem sabe, eu não consigo dormir se alguém não me fizer... Cafuné! – respondeu Hermione, virando seu rosto de lado, que estava como um pimentão


–Tudo bem Mione, se você quiser que eu te faça... – disse Harry.


Hermione respondeu afirmamente com a cabeça. Harry se sentou ao lado da garota, de frente para ela e tocou em seus cabelos, que estavam impecáveis ainda. Harry começou a cantar uma calma música que sabia que Hermione adorava a mesma. Ela fechou os olhos e se acomodou. Harry acariciava calmamente os cabelos da garota. Depois de alguns minutinhos, Harry percebeu que Hermione dormira ao som de sua voz juntamente com cafunés. Ele saiu do lado da garota calmamente. A enfermeira entrou novamente no quarto, olhou Hermione e disse:


–Agora, ela só acorda amanhã!


–Será que eu poderia dormir aqui, nessa cadeira? – perguntou Harry para a enfermeira, apontando para uma cadeira no canto do quarto


–Claro que pode! – respondeu a enfermeira – Ah, os familiares dela já foram embora, pediram para eu te avisar!


–Ah, sim, claro! – disse Harry – Tudo bem... Seu nome é...


–Tereza! – respondeu a enfermeira – Qualquer coisa, é só me chamar!


–Claro, obrigada Tereza! – disse Harry, e a enfermeira saiu. 


Harry se sentou na cadeira e se encostou nela, observando Hermione. Ele não podia acreditar que uma garota tão saudável que era estava agora com leucemia. Enquanto observava a garota, relembrava dos seus anos em Hogwarts, as aventuras que passaram juntos. No primeiro ano, depois de uma partida de xadrez no alçapão, em busca da Pedra Filosofal, Hermione lhe dera bons conselhos. No segundo ano, quando ela volta correndo da Ala Hospitalar, onde ela ficara bom tempo petrificada, direto para o Salão Principal e dando um abraço no garoto. No terceiro ano, quando ela o ajuda a salvar Sirius e Bicuço, onde acabam voando juntos no hipogrifo e Harry a protegendo do lobisomem. No quarto ano, quando Hermione foi a única que o apoiou quando seu nome saiu do cálice, a única que acreditara no garoto. No quinto ano, que Hermione o ajudara em muitas coisas. No sexto, quando ficou com Gina apenas para protegê-la, mas na verdade, não sentia quase nada por ela. No sétimo ano, Hermione o ajudou muito também, mas ela estava com Rony. No baile de formatura, Hermione e Rony brigaram feio, Gina foi com outro e Harry aproveitou e convidou Hermione para as danças. Quando viraram aurores, ficaram muito próximos, e agora, ali, estavam tão próximos que eram capazes de se beijarem se pudessem. Sem perceber, uma lágrima escorrera dos olhos do garoto, seguida de centenas de outras. Ele se levantou, foi até Hermione e lhe deu um beijo na testa, com cuidado, para não acordá-la. Harry voltou para a cadeira, se sentou, fechou os olhos e adormeceu, exausto, pronto para qualquer coisa eu houvesse no dia seguinte.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.