Sirius



Lembro-me bem dos teus olhos – eram negros, lindos! Eu poderia passar horas encarando-os sem perder nunca a fascinação e sem nunca conseguir enxergar algo dentro deles. Eles eram vazios, Bella, tu eras vazia. Se não eras, definitivamente, enganaste-me muito bem. Reparei neles na primeira vez em que te beijei. Nos separamos e todo o teu corpo era indignação, menos os olhos – os olhos não eram nada. Ficaste furiosa (ficavas linda furiosa), mas gostaste, sabia disso. E tu mo confirmaste ao vir procurar-me mais tarde e depois daquele houveram outros incontáveis beijos;

Era sempre quando tu querias, eu não tinha nenhum direito de escolha, e nem podia resistir-te! Ninguém nunca poderia resistir-te, se tu te empenhastes nisso! E comigo, nem precisavas do empenho, sempre fui louco por ti! Louco e inconseqüente. Salas de aula vazias, cantos escuros do corredor e até mesmo meu dormitório quando os outros grifinórios estavam fora – se eu te podia ter, nunca me importava com quem nos pudesse ver ou o que nos aconteceria depois. Foi assim que James nos descobriu. Nem sequer assustaste-te ao vê-lo entrar, apensas terminaste de fechar a blusa e saíste do dormitório. Ele olhou-me surpreso.

“Sirius, é loucura! Não podes, não com Bellatrix Black, estás louco!”

“Louco, não, Prongs, apaixonado”.

Sim, apaixonado, mais do que poderia ser possível. James não discutiu, conhecia o sentimento também. E tu... Tu sequer te importavas com as outras, nem desviavas os olhos para olha-las ou lançar-me olhares assassinos, sabias que quando me quisesses eu voltaria para ti e não haveriam outras. Poderia ser só você, Bella, para sempre. Disse-lho um dia.

“Vamos deixar assim” – e sorriste; NUNCA sorrias.

E, sorrindo, eras ainda mais linda do que furiosa, deixaste-me tonto.

Só conseguia me impor a ti quando começavas com a tua conversa absurda de sangue. Sangue, Bella, é apenas sangue. Se todo o sangue de um grifinório fosse trocado pelo de um sonserino, ele não seria menos nobre, corajoso ou mais perverso. Sangue nunca importou e tu nunca entendeste. Essa era então sua fraqueza, como eu vim a descobrir com os anos: o sangue. Tu, Bellatrix, sempre tão forte, tão indecifrável, tão vazia, tão poderosa, era apenas um cachorrinho nas mãos dele. Fazias tudo o que ele ordenava, apenas para perpetuar teu sangue “puro” e punir os que não o possuíam. Nesses momentos, eras fraca, eras tão fraca que sequer lembraste-te de que nem mesmo o sangue de teu querido mestre era puro.

E então eu comecei a resistir-te. Não podia aceitar aquilo que fazias com os outros – com os meus. Lutei contra ti, mas não consegui deixar-te. E tu gostaste. Gostaste de me ver desafiando-te, ficaste mais interessada. Todos eram dominados por ti, mas eu... eu passara a resistir-te. E procuravas-me mais e mais. Invadias minha casa e sequer davas-me tempo de levar-te para o quarto, E ficavas – nunca tinhas ficado antes. Ficavas dias.

Uma noite apareceste e não estavas vazia., estavas desesperada.

“Sirius, tu me amas?”

Olhei-te nos olhos – eles continuavam vazios.

“Nem sei quantas vezes eu jurei-te que sim.”

“Então muda, Sirius, muda por mim. Se tu realmente me amas, venha comigo para o lado certo, em que você deveria estar.”

“Bella, se tu realmente me amas, pára de tentar mudar quem eu sou.”

Não me respondeste, apenas me beijaste. Fizeste amor comigo – pela última vez. Quando acordei de manhã, já não estavas ao meu lado, nem eu nunca mais voltei a ver-te até o dia em que te levaram a Azkaban.

Prongs apareceu e eu mal podia respirar, sabia que acabara.

“O que houve?”

“Ela foi embora, James.”

Ele ficou penalizado, me olhou dentro dos olhos. Os olhos dele eram tão diferentes dos teus, claros, doces e repletos...

“Ela não vai voltar, Padfoot.”

Eu sabia. E passei a odiar-te. Odiar-te por não aceitar quem eu era, por não admitir amar-me. E odiei-te ainda mais ao receber aquele convite de casamento. Porque casaste com aquele Lestrange imbecil se nunca te tinhas entregado completamente a ninguém - nem mesmo a mim. Porque escolheste o Lestrange?

Há algumas respostas que eu nunca vou ter. Nunca vou saber o motivo de teu desespero naquela noite, o motivo de teu abandono. Apenas sei que te odeio desde então e que seria capaz de qualquer coisa para salvar-te de ti mesma. Até mesmo de matar-te, bella, e rezar para voltares a ser minha do outro lado, minha como nunca foste.







N/A: Eu estou pensando em fazer uma continuação para essa fic, com a versão da bellatrix, explicando inclusive as “respostas que Sirius nunca vai ter”... Mas isso vai depender da aceitação dessa fic e da minha disponibilidade de tempo. Se der certo, vou publicar aqui mesmo, como um segundo capítulo.





Nenhum dos personagens dessa história são meus, todos eles pertencem a Joanne Kathleen Rowling. “HARRY POTTER, nomes, personagens e indícios correlatos estão protegidos pela marca registrada Warner Bros.ã, J.K.Rowling.”

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