Capítulo único



Gostava quando deitava na cama à noite. Gostava do silêncio, da sensação de paz e de tranqüilidade. Esquecia de todo o resto. Sentia seus músculos relaxarem. Parecia até mais leve, em um quase flutuar. Como se mal tocasse os lençóis da cama abaixo de seu corpo. Era quase como um vôo.


Às vezes ela viajava entre lembranças do passado. Umas mais frescas e, portanto, verdadeiras, outras mais especulações que fatos. Mas ainda assim lembranças.


Depois sua mente poderia passar rapidamente por imagens do futuro. Sonhos, desejos. Como queira chamar. Para ela eram retratos de um futuro próximo. Um futuro possível, palpável. Nosso defeito é imaginar e almejar coisas quase impossíveis, fazendo com que vivamos pinturas ilusórias.


Mas ela realmente sabia e sentia o que era voar quando lembrava de um ou outro acontecimento do dia. Talvez apenas uma risada ou uma imagem parada, uma fotografia.


Parecia perder o chão quando um dos repetidos flashs, que açoitavam sua mente, detinha-se nele. Fosse um pequeno detalhe, ou um acontecimento comezinho. Como era classificado não interessava na verdade. Importava ser sobre ele. Porque ele lhe trazia felicidade. E então... então, no meio desse deslumbramento, ela jurava que podia voar.

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