Uma Sala de Estudos



Harry não sabia que devido ao decreto de proteção ministerial de 1612, em caso de ataque, toda a rede de flu era automaticamente reorganizada aleatoriamente, para dificultar a invasão inimiga.
- Onde estamos? - ouviu-se a voz de Rony tossindo enquanto tentava falar - Não consigo enxergar nada. Eca, parece que eu cai em cima de um monte de ovos de fadas mordentes, que nojo.
- Quieto Rony - Sibilou Hermione dentro da escuridão - Acho que estou escutando vozes vindas da.. aaiii. Nossa isso aqui ta escorregadio, obrigada por me segurar Rony. Tudo isso foi dito sussurrando, pois realmente havia vozes na sala contígua.
- Mas eu não... - começou Rony
- Sssshhhhh, prestem atenção, aquele não é Snape? - Harry tinha se aproximado sorrateiramente da porta, onde se podia divisar uma pequena fresta de luz. Os amigos se juntaram a ele.
- Parece, mas com quem ele esta falando?
Severo Snape estava na sala ao lado e parecia conversar sozinho, com as mãos para trás ele andava de um lado para o outro, com as vestes negras esvoaçando ao seu redor, o olhar sempre fixo sobre a mesa que predominava o ambiente. Nas paredes os garotos puderam notar uma profusão de livros e utensílios cujo propósito não puderam adivinhar.
- Não, não sei onde ele está... A última noticia que tive foi que estava no exterior, Romênia, se não me falha a memória... Se o senhor acha importante... Não, não estarei correndo riscos desnecessários, mas devo lembrá-lo, apesar da aparência jovem, ele é mais poderoso do que eu gostaria de admitir... Não, ninguém desconfia, nesse sentido tudo corre como o planejado... Certo, entrarei em contato assim que for possível... Tenho de ir agora, Lílian devera estar aqui a qualquer minuto para me avisar do ocorrido, e se não quisermos levantar suspeitas terei de me mostrar surpreso.
A sala ficou em silencio, Severo Snape estava parado. Com a ponta dos dedos beliscava o lábio inferior, o olhar estava diretamente sobre a porta que espiavam, mas os olhos baços e desfocados davam a impressão de estar com os pensamentos muito longe dali; parecendo acordar de seu devaneio, ele deu dois passos em direção aos garotos, que se encolheram, mas antes que ele alcançasse a porta, alguém o chamou no andar de baixo, Harry reconheceu a voz da mãe:
- Severo, onde você está? - a angustia era evidente na voz de Lílian, mas também havia um "Q" de ira inconfundível - Preciso de sua ajuda.
O bruxo deu meia volta e dirigiu-se para a saída, mas antes de sair ele deu uma última olhada para o quarto onde os garotos se escondiam, Harry não conseguiu definir se o que viu em seus olhos eram medo ou preocupação, mas foi um olhar muito rápido, então ele saiu e puderam ouvir nitidamente a porta se trancando pelo lado de fora.
- Lumus - Hermione levantou a varinha o máximo possível - Como viemos parar aqui? Aliás, onde é aqui?
- É o St. Mungus, eu acho - Explicou Rony - Ouvi meu pai dizer que há uma ala para os residentes daqui, e Snape é pesquisador residente, não é? Rony e Hermione examinavam agora, o quarto onde estavam. Na parede oposta à porta ficava a lareira por onde entraram, em um canto havia uma mesa de estudos, sobre a qual havia uma miniatura de Rabo-Córneo Húngaro, que se metamorfoseou sob o olhar atônito de Hermione em um Grifo; a menina se aproximou com receio da mesa e pode então perceber que no pedestal da estatueta apareciam estatísticas sobre o grifo; coisas como habitat, hábitos alimentares. Após aparecer todo tipo de informação possível, o grifo se tornou uma mantícora, e as informações voltaram a aparecer. Mione estava cada vez mais boquiaberta:
- Pelas barbas de Merlin! Vocês sabem o que é isso? É um Bestiário Liliputhiano - respondeu ela mesma a sua pergunta - É uma réplica perfeita de todas as criaturas mágicas que existem ou existiram até hoje. Com um desses, a pessoa jamais teria de assistir a uma aula sequer de Trato de Criaturas Mágicas. E olhem para isso - Ela agora admirava o teto, onde pequenos planetas flutuavam em órbitas minúsculas - é uma maquete de nosso sistema solar. Seus olhos correram cobiçosos pelas prateleiras onde livros muito antigos estavam perfeitamente organizados.
- Snape, pelo que ouvi seu pai dizer, era da Sonserina, não era Harry? O que isso ta fazendo aqui? - Rony admirava uma bela espada toda cravejada de rubis, que estava numa caixa de vidro, no cabo podia-se ler Godrico Griffindor. - Harry, Snape não era da Sons.. Harry? o que você tem cara?
Pela primeira vez os amigos prestavam atenção em Harry, que estava branco como um cadáver, os lábios pálidos apenas balbuciavam incoerências, seu corpo inteiro tremia, e seus olhos fixavam o nada.
- Tem algo nesta sala que não deveria estar aqui, vocês sentem? - Ele agora olhava desesperadamente para todos os lados, como se procurasse alguma coisa - Vocês sentem, não sentem? Uma presença, algo não natural?
- Calma Harry - Hermione tentava tranqüilizá-lo - Não tem nada aqui, só nós. - Apesar das palavras corajosas da amiga, Harry continuava a encarar os cantos mal iluminados.
- Mesmo antes de acendermos a luz eu pude sentir uma presença não natural aqui. Vocês não sentiram?
- A única coisa que eu senti, foi Rony me segurando quando eu escorreguei.
- Mas é isso que tava tentando te dizer àquela hora, eu não segurei ninguém.
- Foi você então quem me amparou Harry? - Mas antes mesmo do amigo negar com a cabeça, ela já sabia a resposta, pois podia se lembrar que Harry estava perto da porta quando escorregou. Mas então quem diabos a tinha segurado? Ela podia se lembrar nitidamente de mãos fortes que a seguraram pelos cotovelos, e a ajudou a recuperar o equilíbrio.
- Venham, - disse Rony meio aflito - Vamos embora.
- Esperem, - Herminione se interpôs - como vamos saber onde vamos parar? Tem algo de errado com a rede de Flu, caso contrário não teríamos vindo parar aqui.
- Eu vou com Rony - disse Harry irredutível - não fico nesse lugar nem mais um segundo. Ele se serviu de pó de flu que estava sobre o console da lareira e jogou no fogo, dizendo claramente "a Toca", enquanto entrava nas labaredas esverdeadas. Rony olhou brevemente para Hermione e deu de ombros num gesto de impotência, e seguiu o amigo. Hermione bufou de exasperação e serviu-se também de pó de flu. Assim que sua silhueta acabou de sumir num redemoinho de chamas, um vulto pareceu sair das sombras, olhou pensativo para a lareira, e disse para si mesmo:
- O momento se aproxima. Ele pôde sentir minha presença, devo tomar providências.

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