Nobody's Perfect - Lily's POV

Nobody's Perfect - Lily's POV



Tradução da música: http://letras.terra.com.br/jessie-j/1791744/traducao.html


As coisas estavam muito difíceis. Principalmente agora que saímos de Hogwarts. Parecia que, sem a proteção de Dumbledore, todos nós éramos um alvo fácil. Bem, nós éramos, mesmo.


 


Cada vez mais eu via que a guerra estava se aproximando. A Grande Guerra, digo. E eu sabia que não seriam poucas perdas que teríamos. Eu temia que James fosse uma dessas perdas. Ou Sirius, Remus ou Peter. Ou Marlene, Dorcas ou Emmeline. Temia por Alice e Frank, que tinham se casado recentemente. Temia por mim.


 


Eu sentia falta de Petúnia. Ela não viera me visitar, mas eu soube pelos meus pais que ela estava noiva. Ás vezes, eu pensava sobre como ela se sentia agora, ou como ela se sentiria se eu morresse. Será que ela ficaria com a consciência pesada? Mas eu não queria isso. Quero dizer, Petúnia apenas... Bem, ela apenas teve ciúmes. Eu a entendo, talvez também ficaria no lugar dela. Não tinha culpa exatamente.


 


Oh, a quem quero enganar? Petúnia foi – por falta de palavra melhor – uma vaca quando brigou comigo. Entendo que nós éramos crianças, mas, num momento como esse, ela já deveria ter me perdoado. Aliás, ela é que deveria pedir desculpas. Eu não tinha culpa nenhuma de ser bruxa e ela não.


 


Tentei me acalmar; sempre que eu pensava em Petúnia, ou ficava deprimida ou ficava furiosa.


 


– Lily? – Ouvi James chamar da sala.


 


Deixei a xícara de chá na mesa da cozinha, levantei-me e fui até ele. James parecia exausto.


 


– Merlin! O que houve? – Perguntei, preocupada.


 


Ele suspirou, cansado, e jogou-se no sofá. Eu me sentei ao seu lado.


 


– Comensais da Morte atacando uma vila de trouxas no interior da Inglaterra. Muitos sobreviveram, mas até nós terminarmos de duelar com os Comensais que, no final, acabaram fugindo, e conseguirmos reunir todos os cidadãos para apagar a memória deles, demorou muito. Sirius acabou aos socos com um Comensal e está todo quebrado. Eu o levei pra Marlene antes de vir pra cá. – James explicou, apoiando a cabeça no meu ombro e fechando os olhos.


 


Nos tempos de escola, Sirius e Marlene tinham uma relação confusa. Ela era a única que podia botá-lo nos trilhos e, também, sua melhor amiga. Porém, a relação entre Marlene e Sirius era meio que um namoro não-oficial. Uma grande e complicada novela que, mesmo nesses tempos de guerra, não parecia se resolver. Mas ambos pareciam bem com isso.


 


– E ele está bem?


 


James abriu os olhos, me encarando com um sorriso torto nos lábios.


 


– Ele está com a Marlene. É bem capaz que, agora, estejam se pegando, não tratando dos ferimentos de Sirius.


 


Eu ri alto, porque era bem capaz que isso estivesse acontecendo.


 


Ficamos os dois em silêncio por um tempo. James estava de olhos fechados, então suspeitei que estivesse dormindo. Suspirei.


 


– James?


 


– Hum?


 


– Você está dormindo?


 


– Não.


 


– Vá para a cama, Jay. Se dormir aqui, vai ficar todo dolorido pela manhã.


 


Ele assentiu, resmungando, e subiu, parecendo um morto-vivo. Eu ri baixinho, mas continuei ali embaixo. Fui pra cozinha, terminar meu chá. Já tinha esfriado, mas eu tomei mesmo assim. Xícaras de chá me acalmavam.


 


(...)


 


Eu chorava de um modo que nunca havia chorado antes. Eles finalmente haviam encontrado meus pais. Eu recebi a notícia hoje, Petúnia veio me dizer pessoalmente.


 


– Espero que esteja satisfeita agora. – Ela me disse, furiosa, magoada e chorando, assim que abri a porta. Vi seu noivo atrás dela, olhando para tudo com abominação, exatamente como Petúnia fazia.


 


– Do que você está falando?


 


– Mataram eles, Lily. Mataram nossos pais! – Ela gritou.


 


Eu fiquei estática. Digo, Petúnia só podia estar brincando, não é? Mas à medida que eu via ela chorar desesperadamente – coisa que acontece muito raramente, porque Petúnia só chorava quando queria alguma coisa, portanto era sempre um choro de mentira –, eu vi que não era brincadeira.


 


– Túnia! – Sussurrei, escandalizada, sentindo as lágrimas brotarem dos meus olhos também.


 


Naquele momento, eu pensei que nós votaríamos a ser irmãs novamente, amigas, e tentei abraçá-la. Mas ela se desvencilhou de mim antes mesmo que eu pudesse tocá-la, parecendo mais furiosa do que jamais estivera.


 


– Não se faça de santa, Lily! – Ela sibilou. – A culpa é sua, e eu só vim aqui porque achava que você deveria saber. Não finja que se importa, porque se há alguém culpado por nos colocar nesse mundo de aberrações, esse alguém é você!


 


O que foi algo cruel de se dizer, porque os Comensais da Morte poderiam matar meus pais simplesmente por eles serem trouxas, sem bruxo nenhum na família, se eles cruzassem o caminho dos Comensais. Porém, aquilo só me fez chorar mais desesperadamente porque eu sabia que, de alguma forma, aquilo era mesmo culpa minha. Só o fato de ser uma bruxa, fez eu me sentir culpada.


 


– Túnia, não, por favor... – Tentei falar algo coerente, mas só saíam soluços da minha boca.


 


– Chega, Lily. Adeus.


 


E ela foi embora. Eu fechei a porta e deslizei até sentar-me no chão. Minhas pernas tremiam demais para andar a qualquer outro lugar.


 


Eu me sentia cada vez mais sobrecarregada. Com a guerra, o mais se sentia era a apreensão, a tensão e a espera por uma luta que demora a vir. E ainda tem a Petúnia afastada, correndo risco de morte, meus pais, agora, mortos... Eu não sabia o que fazer! Eu me sentia completamente perdida.


 


E, então, bateram na porta. Eu fiquei estática mais uma vez. E se fossem os Comensais, atrás de mim? E se tivessem pegado Petúnia? Levantei-me devagar e olhei pelo olho-mágico. Era só James. Soltei a respiração, aliviada.


 


– Lily? O que aconteceu? – Foi o que ele me perguntou assim quem viu.


 


– Os Comensais pegaram meus pais. – Solucei.


 


– Lils, eu sinto muito! – Ele me abraçou.


 


Eu chorei. Chorei mais. James teve que praticamente me arrastar até o sofá. Quando consegui me acalmar um pouco, expliquei a ele o que aconteceu.


 


– Mas o quê? Como ela pode pensar que a culpa é sua? Lily, a culpa não é-


 


– É, sim! – Explodi, interrompendo James e me levantando do sofá. – Eles estavam atrás de sangues-ruins como eu e não teriam matado meus pais se não fosse por mim!


 


– Claro que não, Lils! Eles poderiam muito bem estar, por coincidência, atacando o seu bairro. Lembra de quanto eu e Sirius fomos até aquela vila trouxa, porque eles estavam atacando lá? A culpa não é sua, Lily. – Ele tentou me consolar.


 


– Você não entende, James. Qual a probabilidade de, em toda a Inglaterra, eles acabarem justamente no bairro dos meus pais? Você sabe que estavam atrás de mim!


 


– Não, Lily, não diga-


 


– Pare de tentar me consolar, James Potter! – Gritei, nervosa. – Estamos em um período de guerra, no qual sangues-ruins e suas famílias são os maiores alvos! Você sabe disso!


 


– Eu só estou tentando ajudar, tá bem? – Ele gritou, também se levantando do sofá.


 


– Pois não está conseguindo! Você só está piorando tudo, James! Minha irmã está furiosa comigo, os Comensais da Morte foram atrás dos meus pais, eu sou uma sangue-ruim nojenta, todos nós estamos em guerra e eu simplesmente não sei o que fazer! Estamos todos em perigo, risco de morte! Você sabe a pressão que isto está me causando?


 


– É? E porque você não pára de pensar em você só uma vez e olha ao redor? Todos nós estamos sob pressão, e eu estou cansado de você explodir sobre mim como se eu fosse o culpado de tudo isso porque, sabe, eu não sou. Você não é a única perdida, e nervosa, e triste, e abalada! Todos estamos em risco de morte, então pare de agir como se você fosse a única vítima!


 


Eu continuei furiosa. Eu sabia que estava culpada, mas não parei para pensar nisso. Aliás, eu não parei nem de falar. Estava nervosa demais para pensar e reprimir o orgulho...


 


– Oooh, o grande James Potter está preocupado! Você não tem do que se preocupar, James! Você é sangue-puro! Você não vai morrer, assim como a sua família também não! Vocênão entende o que eu estou sentindo!


 


– Pode ser que eu não entenda, Lily. – Ele baixou a voz, magoado. – Mas o que eu sei é que você é egoísta e orgulhosa demais para ver quem está com a culpa. Quer saber? Vou deixar você pensar no que eu disse por um tempo.


 


Ele subiu as escadas e eu me deixei cair no sofá, chorando mais. Assim que ele subiu as escadas, eu vi o quanto era culpada. Como eu era burra. Eu nunca pensei em como James se sentia. Tanto agora como em todos os anos em que estudamos juntos. Eu não pensava se ele me amava e se eu o magoava com meus “não’s” seguidos. Eu só dizia. E, agora, enquanto ele engolia a pressão e a tristeza que sentia para ajudar as outras pessoas, eu ficava fazendo drama e não me importava com mais ninguém.


 


Ele tinha toda a razão. Eu sou tão egoísta e estúpida. Por que não pensava no lado dele também?


 


– James? – Chamei, a fim de pedir desculpas. Mas ele não respondeu. Deduzi que ainda estava com raiva, então não falaria comigo, e subi as escadas correndo. – James! – Abri a porta do nosso quarto, mas ele não estava lá. E as portas do armário estavam abertas. A única coisa que eu via eram as minhas roupas.


 


Imediatamente entendi o que se passava. Sentei-me na cama e escondi meu rosto nas mãos.


 


James havia ido embora.


 

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