Capítulo I



Capítulo I


Los Angeles, 02:46


            A ruiva levantou-se da cama de um salto. A cabeça parecia estar a ponto de estourar, tamanha a dor que sentia. Era sempre assim... Sentiu a tontura, a náusea, e soube que a visão viria. Tudo estava embaçado, a princípio, mas ela sabia que precisava se concentrar... Tentou manter o foco enquanto a dor pulsante no início da nuca teimava em tirar sua atenção. Aos poucos, depois que fechou os olhos, pôde finalmente ver.


            Eram flashes, como sempre. Nunca via uma cena inteira... Viu a si própria. Corria desesperadamente de alguém. Eram muitos... Armados. Aeroporto de Los Angeles, revelava a placa da visão seguinte. Um novo corte, e viu a si mesma ao lado de um homem. Ele não podia ter mais que vinte anos de idade... E aquilo não era Los Angeles. Era New York, percebeu. Os dois discutiam... Por fim, ele seguia com ela. A dor mais intensa revelou que a visão pararia ali.


            Abriu os olhos novamente, sentindo-se aliviada. Reparou em volta: Annie, sua colega de quarto ainda dormia. Não poderia se despedir, mas fora ensinada a seguir seus instintos, e os seus berravam que ela deveria pegar o primeiro vôo para New York e encontrar o estranho da visão. Era o certo, de algum modo ela sabia.


            Lilian abriu o armário e juntou algumas roupas em uma mochila. Não podia demorar... As visões geralmente revelavam-se a um espaço de tempo curto antes de acontecerem... Tinham curto prazo. Fechou a mochila com violência, irritada por ter que sair dali. Estava finalmente sentindo-se feliz, parte de algo. E agora, novamente, aqueles vislumbres do futuro vinham tirar sua paz. Trocou a roupa de malha com a qual dormia por uma calça jeans e uma camiseta qualquer. Olhou para Annie novamente. Devia-lhe explicações. Rabiscou um bilhete com qualquer desculpa esfarrapada sobre uma viagem de última hora, e forçou-se a sair.


            Sentiu as mãos tremerem levemente quando trancou a porta... Era sempre difícil abandonar tudo, e sair sem olhar para trás. Respirou fundo, evitando as lágrimas que queriam cair. Precisava fazer aquilo. De alguma forma estranha e inexplicável, ela sabia que tudo em que podia confiar era suas visões.


            _Vamos lá, Lily... – murmurou – Não é a primeira vez que faz isso... – convenceu-se, por fim, descendo as escadas quase correndo.


            Pegou o celular na bolsa e chamou um táxi, esperando ansiosamente na guarita do prédio.


            _Pra onde? – o motorista inquiriu assim que a garota entrou no carro.


            _Pro Aeroporto, por favor. – ela pediu com um tom de voz baixo.


            _Pouca bagagem, não? – o senhor disse, risonho, observando a única mochila que Lilian trazia muito perto do corpo, por conter seus únicos pertences.


            _Viagem de última hora... – ela forçou um sorriso, e buscou encerrar o assunto.


            Em alguns minutos, encontravam-se na entrada do Aeroporto.


            _Qual o portão de embarque? – o motorista perguntou, querendo deixá-la no portão mais próximo para ela.


            _Não sei ainda... – Lily respondeu, observando o aeroporto e tentando se lembrar da visão. Três. – Portão três. – completou.


            O senhor assentiu, e deixou a ruiva na entrada que ela solicitara.


            _Boa viagem. – disse com simpatia.


            _Obrigada. – a garota assentiu, dando um sorriso mínimo devido à apreensão... Era sempre assim: sentia-se completamente no escuro quando não tinha ideia do rumo que estava tomando.


            Dirigiu-se para o balcão da venda de passagens, percebendo que o aeroporto encontrava-se mais vazio do que ela vira algum dia... Talvez por serem 3:30 da manhã.


            _Eu queria uma passagem para New York, por favor. – pediu.


            _Pra que horário? – a atendente perguntou, sem se dar o trabalho de olhá-la.


            _Qual o próximo vôo? – perguntou, ansiosa.


            _Sai em 20 minutos. – a funcionária disse com tédio – Mas está lotado.


            _Duvido. – Lilian sorriu de canto – E eu pago em dinheiro. – completou, tirando da mochila um maço de notas.


            _Pode fazer o check-in. – a moça respondeu, sem graça, recebendo o dinheiro da passagem, enquanto a ruiva saía dali com rapidez para realizar o check in.


            Em quinze minutos, Lily estava dentro da avião. Respirou fundo, e tentou limpar a mente. Sabia o que deveria fazer até ali, mas depois tudo era um breu, até que encontrasse o tal estranho. Seu maior problema, era que as visões vinham ao seu encontro, ela não era capaz de buscá-las. Só podia manter a mente aberta, e torcer por alguma revelação. Pelo menos essa vidência lhe deixava sempre um passo à frente daqueles que queriam-na presa.


            A ruiva quase dormia quando a conhecida dor de cabeça surgiu. Estava em uma avenida movimentada... Um carro azul escuro corria muito, quase a atropelando. Dentro dele, o estranho que ela precisava encontrar.


New York, 01:30


            _James! – a voz masculina se fazia ouvir entre toda a batida eletrônica que quase estourava os tímpanos – James, cadê você?


            O rapaz ouviu seu nome sendo chamado e parou de falar com a garota que o observava encantada.


            _Só um minuto, meu anjo. – desculpou-se, sorrindo de modo deslumbrante enquanto desarrumava os cabelos – Já volto.


            _Eu vou esperar. – ela sorriu abertamente, enquanto o garoto se virava e começava a andar pela pequena multidão na pista de dança – Acho que ouvi sua voz discreta, Ethan. – riu para o amigo.


            _Onde você tava? – o moreno perguntou, revirando os olhos – Estava atrás de você há uma hora!


            _Por aí... – ele piscou um dos olhos, rindo.


            _Não podemos voltar tarde hoje, você sabe. – o moreno insistiu – Tem faculdade amanhã.


            Nathan suspirou pesadamente, revirando os olhos.


            _Que fique registrado na sua ficha criminal que você tirou da minha lista uma gata fenomenal, ok? – frente a risada de Ethan, ele fez o mesmo – Vamos logo.


            Os dois amigos saíram da casa onde a festa acontecia, e dirigiram-se para o Porshe Panamera de James.


            _Até amanhã, cara. – Ethan saltou para fora do carro assim que chegaram em frente à sua casa.


            _Até. – James sorriu, arrancando novamente.


            Dirigiu por alguns minutos, até que finalmente chegou em casa. Sentiu algo estranho assim que saltou do Porshe, só então reparando no carro parado na rua, com os faróis ligados. Assim que abriu o portão, um homem de terno saiu do carro, andando em sua direção. Trancou a porta novamente, saindo.


            _O que foi? – perguntou. Seu tamanho e porte sempre permitiam uma aproximação intimidadora.


            _Você é James Potter? – o estranho perguntou.


            _Sou. – ele sorriu de canto – E se você é da polícia, saiba que eu não fiz nada essa semana.


            _Meu nome é John Spines. E não estou te procurando por isso. James, seus pais estão mortos. – revelou.


            O garoto sentiu o chão sumir debaixo de seus pés. Tudo estava embaçado, e ele não achou voz para responder. Não era verdade. Não podia ser... Tinha ligado para eles mais cedo, e os dois estavam bem... A negação deu lugar ao desespero e ele sentiu que algo morria dentro de si mesmo.


            _O que aconteceu? – perguntou, depois de algum tempo, a voz embargada e rouca.


            _Acidente de carro.


            _Acidente de carro? – ele perguntou, levantando os olhos com desconfiança – Como, exatamente, se eu falei com meu pai quando ele estava no aeroporto há cinco horas atrás, prestes a entrar em um vôo para Veneza? O que aconteceu com meus pais? – a voz dele era baixa e perigosa, enquanto James segurava a camisa do homem.


            _Eles estão mortos, e é tudo que precisa saber até agora, James. – John disse, respirando com dificuldade – Você tem que vir comigo.


            _Eu não vou a lugar algum. – os olhos verdes de James estavam cheios e dor e fúria – Não enquanto eu não souber o que fizeram com meus pais! – o vento se agitou com a voz do garoto, e John olhou por cima dos ombros, preocupado.


            _Você vem comigo. – ele fez um movimento com as mãos e James sentiu-se arrastado pela rua.


            _VOCÊ SABE O QUE ACONTECEU COM ELES! – o rapaz se debateu – Eu perdi meus pais, e você não me diz o que houve com eles! – uma rajada de vento atingiu-os, tirando o foco de John.


            James se aproveitou do momento e se livrou da força que o segurava


            _James, seus pais precisaram ser abatidos.


            Aquelas palavras despertaram em James uma fúria como ele nunca sentira antes. Um berro desesperado escapou de sua garganta antes que ele pudesse evitar, e no instante seguinte, a casa estava em chamas. Olhou para trás, onde John tentava lidar com o fogo.


            _Ele despertou... – o homem pegou o celular e murmurou, fechando o flip com raiva.


             James tirou do bolso as chaves do Panamera. Pulou dentro do carro, e arrancou, vendo o velocímetro saltar de zero para 250km/h. Dirigiu por muito tempo, buscando afastar do pensamento tudo o que acontecera naquela noite. Era um pesadelo... Tinha que ser. Ele ia acordar logo... Sua casa não estaria queimada, seus pais estariam vivos. Levou uma das mãos aos olhos, para afastar as lágrimas que teimavam em cair, e só percebeu a garota que atravessava a rua quando ela já estava quase em cima do capô do carro. Freou bruscamente, quase perdendo o controle da direção. Estava saindo para ver se a ruiva estava bem, quando ela o olhou e um sorriso aliviado se abriu nos lábios da jovem.


            _Finalmente. 

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N.A: Geeeeeeeente!
Bom, quem já me conhece daqui sabe que eu não demoro a atualizar... hahaha 
Mas por favoooor, comentem! Eu preciso saber se tô indo pelo caminho certo...
Espero muito que gostem, de verdade!
Me deixem saber o que estão achando, ok? Críticas sempre bem vindas, de verdade!
Beijão! s2 

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Comentários (1)

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