Único



BUBBLY

"I've been awake for a while now
You've got me feeling like a child now
'Cause everytime I see your bubbly face
I get the tingles in a silly place"


Bubbly


As pestanas longas se abriram sonhadoramente e a morena revirou uma, duas vezes na cama, sorrindo brandamente com a visão que seus olhos lhe ofereciam. Levantou-se sem movimentos bruscos, pegando com as pontas dos dedos um casaquinho apoiado na beirada da arca onde ficava seu pequeno tesouro... Deu uma olhada longa no corpinho pequeno que se apoiava molemente no berço e sorriu. Puxou os fios castanhos do cabelo, afastando-os do rosto, antes de acercar o casaco da pele, escondendo-se do vento súbito que a atingiu assim que abriu a porta do quarto.


Desceu a escadaria que levava ao primeiro andar da casa sentindo o odor rústico da madeira do piso e das paredes, que parecia dançar às suas narinas, confortando-a com aquele cheiro de mato intensificado pela garoa branda que caíra incessantemente na noite anterior. Pegou-se sorrindo de canto, enquanto se lembrava de como adormecera na noite anterior com o som da chuva fustigando as janelas e dedos carinhosos acarinhando sua cabeça até que seus olhos pesassem tanto que fosse impossível mantê-los abertos.


Era completamente apaixonada com aquele lugar... Escondido ali no meio dos árvores, com o cheiro de orvalho e o céu rosado pela manhã, sentia que era seu pequeno pedacinho do paraíso. Nada era melhor do que acordar cedo e, nos dias de frio, ficar encolhida em frente a lareira com os braços dele aquecendo-a mais que tudo... Ou, se o calor tornasse lareiras improváveis, sair sempre de madrugada para ver o sol nascer da praia. Lembrava-se até da primeira vez em que fora ali, há mais de dois anos anos.


_Six, pra onde a gente tá indo? – ela perguntou pela enésima vez ao moreno sentado no banco do motorista.


ele sorriu de canto sem dirigir a ela o olhar. Tirou uma das mãos do volante e segurou a mão da morena em seu colo depois de dar um beijo leve nos nós de seus dedos.


_Você vai gostar. Prometo. – completou com um sorriso, ainda encarando a estrada.


_Você tá dirigindo há duas horas... Não é possível que não esteja chegando! – ela comentou, curiosa.


_Mas está, Lene. – ele sorriu, encarando-a longamente, e naquele momento, ela apenas sorriu, encostando a cabeça no ombro dele, onde permaneceu por mais alguns minutos.


_Chegamos. – Sirius sorriu enquanto eles subiam uma que desembocava numa praia linda. Ela observava tudo com os olhos brilhando... O lugar era lindo! Sirius embrenhou por uma ruazinha de chão batido cercada de árvores, e, ali no meio, intocado, estava um chalé de madeira, como os que aparecem em filmes.


_Sirius... – ela murmurou, encantada. Ele sabia da sua paixão pelo rústico e, de certa forma, inóspito – É lindo...


_Eu sabia que você ia gostar... – ele sorriu, beijando a testa dela – Vem. – chamou, sem nem ao menos tirar as malas do bagageiro.


Lene subiu os degraus que levavam à varanda suspensa deslizando as mãos pelo corrimão como uma criança alegre. Era a casa de seus sonhos. Com o homem dos seus sonhos...


_É lindo... – murmurou – A gente podia morar aqui algum dia... Bom, talvez se não tivéssemos trabalhos e uma vida na cidade... – riu da idéia boba – Mas seria bom, não é, Six?


Ele sorriu de canto, e Lene, frente à falta de respostas, procurou o moreno, que ainda não subira os degraus da casa. Ele a encarou longamente, e sorriu.


_É a nossa casa de verão. – ele disse com sua típica simpliciade e objetividade – Isto é, se você aceitar casar comigo.


Marlene o encarou por alguns segundos, esperando que aquelas palavras fizessem sentido em algum lugar nas profundezas da sua mente. E então, quando a verdade finalmente a atingiu, um sorriso sem igual se delineou em seu rosto enquanto ela descia a escada de um salto, com lágrimas nos olhos, mergulhando no abraço de Sirius.


Rindo baixo com a lembrança do pedido de casamento tão à la Sirius Black, Marlene dirigiu-se para a cozinha – os passos sempre tão leves que quase flutuantes não faziam som algum. Abriu o armário acima da pia, pegando o que precisava para fazer um café. Colocou a água para ferver e, enquanto esperava, escorou as costas na mesa da mogno, fixando os olhos na paisagem além da janela... Gostava daqueles momentos sozinha... Não que fosse uma solitária por natureza. Amava ter companhias e casa cheia, mas os súbitos tempos de solidão passageira davam-lhe mais clareza para avaliar como era verdadeiramente feliz e realizada. E ali, observando como o Sol se debruçava preguiçosamente sobre o horizonte colorindo tudo e aquecendo seu rosto timidamente, ela podia mais do que nunca, deixar sua mente vagar por todos os temos felizes que tivera até então.


Sorrindo com a constatação e despertada do silêncio pelo chiado baixo da água fervendo, Marlene começou a passar o café com calma e movimentos ágeis e seguros. Colocou o líquido fervente em uma xícara e assoprou de leve antes de tocá-lo com os lábios.


_Ouch. – sussurrou depois de queimar a língua.


Sentou-se sobre o tampo da mesa, os pés sobre o assento de uma das cadeiras. Se Sirius a visse ali certamente riria de sua "molecagem", como ele gostava de chamar. Ela não gostava de parecer assim tão moleca perto dele, no início. Mas logo tornou-se inevitável, porque o contato era tanto e a expontaneidade tão enorme, que ele logo se apaixonou por aquele jeitinho que ela tinha de dizer que era uma mulher com alma de criança. Forte, sempre. Mas doce eternamente. E era por isso que ele estava com ela.


Sirius... A mera sonoridade do nome dele fazia com que um sorriso bobo e apaixonado surgisse no rosto da morena. Nunca viria a entender por que é que se apaixonara tão perdidamente por aquele irresponsável, irreverente, bagunceiro, despreocupado, briguento e incrivelmente charmoso moreno. Quando pensava mais, entretanto, sempre percebia que logo depois desses adjetivos, sempre vinham outras centenas que compensavam os primeiros. Ele era irresistível, encantador, divertido, maravilhoso, sonhador, apaixonado, carismático, instigante. E o amor da sua vida.


Não era besteira dizer que viveria o resto da vida esperando por ele, se fosse preciso. O amor que sentia por Sirius era algo fora do comum. E mesmo que o começo tivesse sido de tropeços, logo se tornaram, um para o outro, insubstituíveis. Sorrindo de canto, ela se lembrou de como tinha tido o prazer de conhecer aquele moreno irrestível da Ducati preta.


"_ A senhora tem certeza de que não pode fazer um reconhecimento? – a morena perguntou, frustrada, à gerente da joalheria na porta da qual se encontrava.


_Sinto muito... – a funcionária disse, maneando a cabeça negativamente – É como eu te disse, eles entraram aqui encapuzados, não pude ver nada... – ela dizia aos soluços, sem olhar para o pequeno contingentede pessoas que se aglomeravam para ver a confusão causada pelo assalto que acabara de ocorrer em plena luz do dia – O prejuízo foi enorme... – ela murmurou, certamente preocupada com a responsabilidade que teria de assumir naquilo.


Marlene suspirou pesado pela falta de informações e pela pena que sentia da jovem moça que devia ter algo como os seus próprios vinte e três anos. Precisava muito daquela matéria... E qualquer detalhe que levasse ao reconhecimento dos assaltantes com certeza lhe renderia a capa do jornal! Era um furo de reportagem! Estava passando do outro lado da calçada quando viu o final da confusão acontecendo. O instinto jornalístico sempre gritando alto a fez se aproximar, anotando tudo o que podia no encarte que acabara de receber em outra loja, só para não perder a situação. Mas, no fim das contas, não fora nada que lhe rendesse muitos frutos.


_Obrigada, de qualquer forma. – Marlene sorriu tranquilizadora para a gerente e preparou-se para sair dali.


A algo como 10 metros dali, uma moto preta estava estacionada, e seu ocupante segurava o capacete em uma das mãos observando atenta e divertidamente a garota morena que corria para o meio de uma confusão, que ele percebera ser um assalto, e depois toda a atitude dela ao lidar com as pessoas da joalheria. Um sorriso se desenhou no rosto másculo quando ele percebeu como ela era linda. Linda como poucas mulheres que ele já tinha visto. Nunca fora de se omitir, muito menos lhe faltava atitude, então cinco minutos depois voltava de uma floricultura com um enorme buquê de rosas em mãos. Preparava-se para se aproximar da moça quando ela se dirigiu para um carro preto parado do outro lado da rua e entrou. Sem pensar mais de uma vez, ele deu partida na Ducati, seguindo a morena misteriosa pelas ruas de Londres.


Marlene franziu o cenho enquanto fazia uma curva. Não costumava se enganar com essas coisas, e tinha plena certeza de que uma moto a seguia há várias quadras. Tinha algumas péssimas experiências com esse tipo de maluco, e imediatamente tomou um rumo diferente. Se ia sair do carro, melhor que fosse em frente a um posto policial. Assim que encontrou o primeiro em um raio de quilômetros, amaldiçoando a cada segundo o doido da Ducati, estacinou, percebendo que ele fazia o mesmo logo atrás.


_O que você quer, seu lunático? – ela perguntou, irritada, assim que colocou os pés para fora do carro. O rapaz demorou-se alguns segundos tirando o capacete, e nesse meio tempo, Marlene afastou os cabelos do rosto, batendo os pés com impaciencia. Ele riu de canto, e só então ergueu o rosto.


_O que eu quero? – sorriu abertamente e Marlene procurou esconder o choque causado pela beleza inacreditável do maluco perseguidor. Ele era moreno, alto, forte, tinha os olhos azuis acinzentados e uma boca esculpida num sorriso desconcertante. A voz era levemente rouca e aveludada quando ele voltou a falar – Primeiro, o seu nome. Depois o seu telefone.


_Você tem algum problema mental? - ela revirou os olhos, tentando ignorar o fato de que ele era o biruta mais lindo que ela vira em toda a sua vida – O próximo hospício nem é longe não sabia? E se você fizer isso com a recepcionista deles, é aceito sem a menor dúvida!


Ele riu abertamente, e Marlene não pôde deixar de estremecer com o som.


_Ok. Talvez você queira pular a parte das apresentações, e como estamos na presença de autoridades e eu não quero criar problemas... – ele sorriu de canto – Aceite só um presente de um admirador que se encantou à primeira vista...


_Presente? Que prese...? Você é doido, moço. De verdade. – ela revirou os olhos, voltando para o carro. O buquê que ele trazia em mãos lhe parecera estranho, mas considerando que tudo nele era sem noção, nem de longe imaginou que as flores tinham como destinatária as suas mãozinhas.


_Hey! – ele chamou – Aceita, por favor. – ele pediu, e a morena olhou para trás, deparando-se com o buquê estendido em sua direção.


_O que... – ela murmurou, encarando as flores. Nunca um doido tinha feito algo assim. Sorrindo timidamente ela pegou o buquê das mãos dele – Até que para um louco... você sabe ser bem charmoso. – completou com um sorriso aberto.


_Se quiser chamar de louco, eu não ligo... – ele sorriu – Mas o oficial é Sirius.


_Marlene. – ela encarou as rosas e depois os olhos azuis dele com um sorriso – Lene.


Marlene não pôde evitar um sorriso ao se lembrar daquele dia. Sirius e ela não poderiam ter se conhecido de outra maneira... Eram assim até hoje. Ele era louco. Completamente. Mas o tempo tinha mostrado que toda aquela insanidade fazia com que a vida do lado dele fosse a aventura mais apaixonante do mundo. A morena sorriu e andou até a pia, lavando a xícara de café que acabara de beber. Na volta para contemplar a janela pegou em cima da mesa um pote de vidro com alguns poucos biscoito. Deu uma dentada em um deles deliciando-se com as memórias da grande aventura que fora a confecção daquelas obras-primas na tarde anterior.


"_Amor... – Sirius chamou, mas Lene se reservou a resmungar, aconchegando-se mais perto dele e cerrando ainda mais os olhos, tentando voltar a cochilar – Lene... – ele insistiu.


_Que foi, Six? – ela abriu os olhos preguiçosamente, olhando para cima para encará-lo.


_Faz uma coisa pra mim? – ele pediu com o rosto iluminado de uma alegria quase infantil que ela adorava mais que tudo nele.


_Fala. – sorriu de canto, como mãe brava.


_Faz biscoito? – ele pediu, sorrindo abertamente.


_Biscoito, Six? – ela riu baixo – Você não bate bem, amor... – ela se deitou novamente, fechando os olhos.


_Lene, é sério! – ele mudou de posição para deixá-la desconfortável e forçá-la a prestar atenção no que queria dizer – Eu tô com vontade!


_Tem biscoito lá em baixo, Six! Vários... – ela revidou, revirando os olhos.


_Mas eu quero o que você faz! – ele pediu – Pof favor, gata...


Lene revirou os olhos, levantando-se.


_EBAAAA! – Sirius berrou e Lene apressou-se em tampar a boca dele, rindo e o repreendendo ao mesmo tempo.


_Pára, louco! – pediu – Não faz barulho... – pediu, mas logo um som baixo de alguém ressonando se fez audível. Lene revirou os olhos, mas Sirius logo se pronunciou novamente.


_Nate! – ele disse sorrindo como uma criança por estar desobedecendo à ordem de silêncio – Oi, garotão... – ele disse em tom afetuoso e baixo, colocando os braços despidos dentro de um berço de madeira ao lado da cama – Oi, meu garoto... Acordou? – ele riu baixo ao que Lene escutou um som que reconheceria sempre como o de seu bebê acordando.


Um segundo depois o dorso de Sirius estava novamente para fora, e em seus braços fortes estava, sonolento e alienado, um garotinho lindo com seu um ano de idade, que encarava a mãe com um sorriso bobo, sem realmente vê-la, de tanto sono.


_Que dó, Six.. Acordou o meu príncipe... – ela sorriu, se aproximando – Não foi, meu anjo? O papai acordou você? – ela brincou, beijando a testa do moreninho com um sorriso maternal.


_A mamãe vai fazer uma coisa pra você, garotão! – Sirius sorriu, beijando o topo dos cabelos do garoto, que imediatamente ergueu os olhos, rindo com expectativa – Biscoitos!


A risada infantil se fez audível e Lene sorriu, dando uma das mãos para Sirius, convencida de que precisava fazer os biscoitos. Desceram, e todos participaram da confecção das delícias. Até mesmo Nathan, babando o chocolate que entraria na massa, ou jogando farinha sobre os cabelos da mãe, a mando do pai. Uma hora depois estavam os três sentados na sala, deliciando-se com os biscoitos, até que apenas alguns poucos sobreviventes restassem no pote.


Lene riu, terminando de mastigar o último biscoito. Ela deixou o vidro em cima da mesa e abriu uma das janelas, agora que o sol já nascera completamente. Sentou-se com as pernas para o lado de fora, sentindo o vento ainda frio gelar suas pernas, pacificando-a. Deviam ser quase sete horas da manhã, sinal de que tinha poucos minutos até que seu sininho matinal a despertasse. Sorriu, como fazem todas as mães ao se lembrarem dos filhos, e quase gritou de medo ao sentir mãos fortes a segurando pela cintura, empurrando-a para fora ao mesmo tempo que a puxavam para dentro.


_Sirius! – ela disse, assustada, batendo no braço dele – Assim você me mata!


_Bom dia, meu anjo. – ele sorriu, beijando a testa dela com carinho.


_Bom dia... – ela sorriu, desarmada por aquele sorriso – Como tá o Nate.


_Dormindo... – ele respondeu, sentando-se ao lado da morena na janela e roubando dos lábios dela um beijo apaixonado.


_Eu tava lembrando da gente, sabia? – ela disse com um sorriso, deitando o rosto no ombro dele.


_É? – Sirius brincou com os dedos dela, beijando o topo de sua cabeça – O que?


_Várias coisas... – Lene suspirou – E só me deu mais certeza de que vocês dois são tudo o que eu preciso... – ela ergueu os olhos, encarando os dele com entrega.


_Você é a coisa mais incrível que me aconteceu... – Sirius sorriu, abraçando-a apertado.


Os dois permaneceram assim por alguns segundo, e logo ele já capturara os lábios dela novamente, como da primeira vez, sem aviso prévio.


_Mamãeeeeee!


Lene riu, afastando-se de Sirius e subindo as escadas correndo, antes que Nathan começasse a chorar.


_Um dia ele ainda grita pai, você vai ver! – Sirius brincou.


_Lógico que não! – ela riu – Meninos sempre são agarrados com a mãe!


_Então precisamos providenciar a menininha do papai! – Sirius concluiu, sorrindo. Lene revirou os olhos, sentindo que ele segurava sua cintura enquanto eles alcançavam o segundo andar.


_Oi, meu príncipe! – Lene entrou no quarto rindo, com Sirius atrás de si – Acordou, foi? – ela sorriu, vendo o bebê com olhos magoados por ter sido largado sozinho de pé na beirada do berço – Vem cá, meu amor... – ela o pegou pelos bracinhos estendidos.


_Qué bicoito, mamãe. – ele pediu, coçando os olhinhos.


Sirius e Lene riram e o pequeno logo fez o mesmo.


_Lá vamos nós de novo... – ela riu, descendo as escadas abraçada por seus dois maiores tesouros. Seus amores.




N.A.: Gente...


Eu espero realmente que vocês tenham gostado, porque fiquei um tempinho planejando essa! :D


Enfim, Bubbly é mesmo só pano de fundo... hehe


Muito obrigada a quem leu, e só pra lembrar: COMENTÁRIOS DEIXAM UM PROJETO DE AUTORA SUUUPER FELIZ! :DDD


sem pressão! uahsuhashuaus mas nem custa nada né, galera? haha


Beeijão pra vocês! 3

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.