Moedas, Bichos e Magia



31 de agosto de 1971


 


“Querido Diário,


Vou ficar sem escrever por uns dias, hoje vou a Londres comprar meus materiais escolares e dormirei lá, meu trem para Hogwarts é amanhã, espero que dê tudo certo...”


 


-Vamos, querida, as roupas já estão todas prontas para irmos. – chamou sua mãe lá de baixo.


-Ok, estou indo, mamãe. – respondeu Lilian guardando seu diário em sua bolsinha, desceu rapidamente a escada em espiral, sua mãe Cynthia já estava na porta esperando que Lilian saísse.


 


Seu pai Victor fechou o porta-malas e entrou no carro, Lilian sentou nos bancos de trás, junto da emburrada Petúnia.


 


-Que demora Lilian, não temos o dia todo, sabia? – falou Petúnia zangada.


 


Andaram umas 5 quadras e logo pararam, Petúnia iria ficar na casa de uma amiga enquanto todos viajavam.


 


-Divirta-se com seus novos amigos anormais, irmãzinha. – ela disse fechando a porta com força.


 


-Ela vai ficar bem. – disse Cynthia enquanto saíam da pequena cidade, Londres ficava a uns 100 km dali.


 


Lilian tinha ido a Londres poucas vezes em sua vida, gostava de ir ao cinema, mas hoje iria gastar seu dia com coisas mais interessantes. Victor dirigia devagar pelo centro enquanto Cynthia observava um mapa.


 


-Caldeirão Furado... não é muito longe daqui, é umas 5 quadras a direita, amor.


 


Chegaram e desceram do carro, essa rua devia ser uma das mais movimentas de Londres, dezenas de lojas e uma multidão de pessoas andando rapidamente, procurando não se atrasar para o que quer que fosse. Mcdonalds, Starbucks e... o Caldeirão Furado, escondido no fundo da rua, onde todos passavam por ele como se não existisse, mas não faltavam motivos pra isso, perto dos outros estabelecimentos parecia uma comida estragada que foi jogada fora.


 


-Tem certeza que é isso aí? – perguntou sua mãe.


 


-Infelizmente tenho, provavelmente teria que ser um lugar assim para não chamar atenção de ninguém. – falou Lilian.


 


Entraram discretamente no estabelecimento, era escuro e abafado, a luz entrava por pequenas janelinhas, as pessoas aí conversavam bastante alto, podia se ouvir a risada de algum velho no fundo que dava socos na mesa, o barman limpava os copos e observava, então se aproximou e os cumprimentou.


 


-Prazer, Tom, vocês aparentam estar meio perdidos por aqui, não? Posso ajudá-los.


 


-Claro, muito obrigado, só estamos procurando pelo Beco Diagonal. – disse Victor.


 


-Certamente, estão no lugar certo, devem estar conhecendo nosso mundo agora, não se preocupem, não é como aqui em todo lugar. – ele disse tentando parecer simpático. – Pois bem, o Beco Diagonal fica por aqui, venham comigo.


 


Tom os guiou até a cozinha, passaram pela despensa até que chegaram aos fundos, deram de cara com uma grande parede de tijolos.


 


Ele pegou sua varinha e tocou-a em sequência em alguns tijolos da parede.


 


Os tijolos começaram a se mexer e a mudar de posição, formando uma passagem para um beco diagonal, era cheio de lojas de todos os tipos com um grande prédio branco no final.


 


-Boas compras. – disse Tom.


 


-Obrigado. – responderam os três entrando no beco cheio de gente.


 


Havia muitas lojas que vendiam vestes, acessórios, varinhas, guloseimas, vassouras, era tudo incrível. Passando por uma loja, via um grupo de meninos admirando alguma vassoura qualquer, provavelmente o último lançamento.


 


-Que tal essa pro dia que você conseguir ser apanhador, Tiago? – disse um dos garotos, com cabelos negros e rebeldes.


 


Os pais de Lilian observavam sua lista de materiais.


-Bem, acho que temos tudo mesmo por aqui, mas primeiro devemos ir ao banco, trocar alguns Euros pelo dinheiro dos bruxos, espero que os preços por aqui não estejam tão altos quanto no mundo trouxa... – disse seu pai.


 


Se dirigiram a grande construção branca, lá dentro era muito bonito, um chão lustro, objetos feitos de ouro, grandes bancadas de madeira onde muitos duendes trabalhavam, não tinham uma aparência muito amigável.


 


Victor foi até um dos duendes que estava escrevendo rapidamente usando uma pena.


 


-Com licença, eu preciso trocar meu dinheiro pelo dinheiro bruxo. – ele disse.


 


-Por aqui. – disse o duende olhando por cima de seus pequenos óculos, com uma voz seca.


 


Eles o seguiram até uma seção do banco onde podiam trocar Euros por moedas chamadas Galeões, Sicles e Nuques. Aproveitaram e criaram no banco uma conta para Lilian, ela iria ter um cofre só dela, onde poderia retirar dinheiro quando precisasse.


 


Ela observava as novas moedas até que viu um rosto conhecido sendo atendido a alguns metros daí.


 


-Severo! – disse Lilian. – Que bom que te encontrei.


 


-Olá, Lilian. Estou indo retirar um pouco de dinheiro no meu cofre, não quer vir ver como é? – disse Severo um pouco tímido.


 


Lilian se virou para seus pais suplicando:


 


-Por favor?


 


-Tudo bem, mas não se demorem, enquanto isso nós vamos comprar seu material para poções, tudo bem? – falou seu pai.


 


-Tudo bem, nos vemos depois. – disse Lilian.


 


Ela e Severo acompanharam um duende até um corredor, desceram algumas escadas até que chegaram em uma espécie de túnel cavernoso. Lá iniciava-se um trilho com alguns vagões, Lilian tentou ver aonde isso dava e se espantou ao olhar para baixo, eram centenas de metros de profundidade com certeza, muitos trilhos e vagões os percorrendo em alta velocidade.


 


-Subam aqui. – disse o duende já dentro de um deles.


 


Subiram e Lilian tentou ficar segura de todo jeito que podia, era assustador. Um solavanco e o vagão começou a se mexer devagar até chegar na decida. E foi. Era tudo muito rápido, Lilian queria gritar mas nem isso conseguia, passaram por diversos túneis, olhando pra cima a luz estava cada vez mais distante e podia-se ver diversos outros vagões passando por perto, até que diminuíram a velocidade ao chegar em um grande corredor e pararam.


 


Era cheio de grandes portas aí para entrar nos cofres, cada um com seu número. Chegaram no 453, o cofre de Severo. O duende passou sua unha na porta do cofre, fazendo com que se destrancasse e abrisse.


 


Dentro dele tinham centenas de moedas de ouro, prata e bronze, não eram muitas de ouro, que são os galeões, as mais valiosas. Severo entrou e pegou algumas rapidamente.


 


-Meus pais nunca se importaram tanto comigo, então pra compensar me deixam todo esse dinheiro, pra eu me virar sozinho mesmo. – ele disse.


 


Depois disso, voltaram lá em cima e saíram do banco, Llian avistou seus pais no meio da multidão, carregando algumas sacolas de compras.


 


-Caldeirão, frascos... já está tudo aqui. – disse Cynthia.


 


-Ahm... eu vou indo comprar as minhas coisas agora, tá bom? – disse Severo


 


-Claro, até mais. – despediu-se Lilian.


 


Ela ainda tinha muitas coisas a fazer, comprar suas vestes, livros, um animal e finalmente sua varinha.


 


Na Madame Pince ela comprou seus uniformes, todos tinham o mesmo brasão: o brasão de Hogwarts, que se dividia em quatro partes, mostrando um leão, uma cobra, uma águia e um texugo, eles deviam representar cada uma das casas. Comprou uma capa, um par de luvas, uma manta, calças e sapatos.


 


Comprou seus livros na Florreios e Borrões, não eram poucos, e também não eram muito baratos. Resolveu comprar também um livro chamado “Hogwarts: Uma História”, queria conhecer mais sobre o lugar que iria estudar, até que ouviu uns cochichos vindo do mesmo grupinho que antes observava uma vassoura na vitrine:


 


-Quem vai perder seu tempo lendo um livro desse tamanho? – falou o de óculos e cabelos negros dando risadinhas, pelo que ouvira antes parecia ser Tiago o nome dele.


 


Mas Lilian preferiu o ignorar, agora iria ter de comprar um animal.


 


-Pode ser uma coruja, um gato... um sapo ou um rato, blergh, tomara que ninguém queira comprar esses. – comentava enquanto lia a lista.


 


Entraram em uma loja cheia de animais, lá tinha de tudo. Além dos que constavam na lista também achou cães, pássaros, hamsters, alguns animais eram um tanto estranhos, Lilian podia jurar que em um dos pássaros nasceu outra cabeça. Mas não era com isso que ela devia se preocupar agora.


 


-Então filha, já pensou no que vai querer? – perguntou sua mãe.


 


-Não sei, pensei em uma coruja para podermos nos escrever cartas mas gatos são tão legais também.


 


-Você decide, em Hogwarts deve haver algum lugar para você mandar cartas mesmo que não tenha coruja. – disse seu pai.


 


-Ai, se for assim, acho que quero um gato. – disse Lilian, e observou os que tinham aí, eram muitos, de todas as cores, até vermelhos e roxos, mas ela decidiu pegar um branco, grandinho e cheio de pelos, seus olhos eram alaranjados e muito bonitos.


 


Quis sair com o gato no colo um pouquinho, no meio da ruazinha estreita do beco ele viu outro gato no chão o encarando, era muito parecido com ele, mas negro e com olhos amarelos.


 


-Filha, eu e sua mãe vamos levar tudo para um quarto no Caldeirão Furado, ficaremos lá por uma noite, consegue comprar sua varinha sozinha? Depois só nos encontre lá. – disse seu pai.


 


-Tudo bem, nos vemos depois. – disse Lilian.


 


Ela se despediu de seu gato, que resolveu chamar de Frank, e olhou em busca da loja de varinhas, até que achou: Olivaras.


 


Abriu a porta da loja, fazendo tocar um sininho, e aguardou.


 


A loja era cheia de prateleiras, com diversas caixas empoeiradas, algumas escadinhas para alcançar as mais altas. Lilian ouviu passos, era Olivaras chegando. Ele já era velhinho e tinha cabelos bem brancos.


 


-Boa tarde, minha jovem, está aqui para comprar sua primeira varinha, não? – disse ele.


 


-Sim, mas não faço ideia de como faço pra comprar a minha. – disse Lilian.


 


-A varinha escolhe o bruxo, minha cara, você vai entender. – ele falou.


 


Deu a primeira varinha a ela, o núcleo era de fio de coração de dragão.


 


-Teste. – ele pediu.


 


Lilian não sabia exatamente o que fazer, então simplesmente mexeu a varinha fazendo com que um monte de folhas saíssem voando pela ar e se espalhando pelo chão.


 


-Ai, me desculpe por isso... – disse Lilian.


 


-Sem problemas, já estou acostumado com isso. – falou Olivaras, com um pequeno movimento com sua varinha fez todas as folhas voltarem em ordem para o lugar que estavam. Pegou outra varinha falando: -Pena de coruja, tente essa aqui.


 


Lilian a pegou e, com o seu toque, ela sentiu que pegou a varinha certa, sentiu um vento soprando em seu rosto.


 


-Uau, até que foi rápido. – disse Olivaras.


 


Lilian agradeceu e comprou a varinha. Estava exausta, então foi comer alguns doces para depois ir ao seu quarto no Caldeirão Furado. Amanhã seria um grande dia.


 


 

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