Capitulo único.



Fazia um dia quentíssimo.


O vento insistia em desfolhar as árvores, levando embora suas folhas amareladas e murchas.


O outono estava em seu ápice.


 


As crianças tinham suas próprias crianças. Há pouco, todos haviam ido embora de um almoço de domingo.


 


De cabelos rebeldes, abandonados da coloração castanha e agora brancos, Hermione Weasley arrastava seus pés cansados pelo piso de carpete de sua aconchegante biblioteca.


Havia tempos que não entrava naquele aposento: não possuía mais força alguma para subir as escadas.


Entretanto, neste dia calorento, sentira falta das palavras, do cheiro que elas tinham, do sabor de falá-las e da satisfação de ouvi-las.


 


Correu os dedos enrugados por dezenas de lombadas de grossuras diversas, sempre sorrindo de orelha a orelha.


Puxando um encadernado groso e pesado, carregou-o para fora da biblioteca, para dentro de seu quarto.


 


Com voz rouca, fez um pedido:


- Ronald, querido, poderia vir aqui?


 


Como se as pernas não doessem, o corpo não cansasse e a velhice não o abatesse, Rony Weasley apareceu à porta de seu ninho de amor.


- Sim, querida?


 


Hermione, sorrindo para o marido, de cabelos sempre ruivos, olhos azuis magnificamente brilhantes e incontáveis sardas – embora ela já tivesse contado-as durante uma noite em que se manteve acordada enquanto ele roncava alto ao seu lado -, fez outro pedido:


- Deite-se aqui comigo, amor.


 


E Ronald, como bom marido, deitou-se, e deixou sua mulher aconchegar-se em seu troco.


- Leia para mim?


Rony não recusaria, obviamente.


 


Beijou-lhe a testa e abriu o livro, que tinha a lombada enrugada de leituras assíduas da senhora em seus braços.


 


E Ronald leu. Mergulhou nas palavras, saboreou-as formando-se em sua boca, sorriu com o som que elas sopravam em seus ouvidos e manteve-se tão concentrado em terminar a leitura para sua amada que não percebeu que começara a anoitecer, ou que um gato vagabundo entrara pela porta da cozinha que ele mesmo esquecera aberta, ou que a ultima folha da árvore de seu quintal havia caído, ou que o feletone tocara sete vezes, numa chamada insistente, ou ainda que Hermione Weasley dera um ultimo suspiro em seus braços quando ele começara o parágrafo final.


 


Com uma batida leve, Hogwarts, uma história, fechou-se em suas mãos. Ronald beijou o emaranhado de cabelos, que aos seus olhos nunca haviam deixado de serem castanhos, arrumou o travesseiro e adormeceu.


 


Ao abrir os olhos, porém, o quarto, a cama e o livro haviam sumido, e, então, na paisagem branco-perolada, de mãos dadas com uma jovem de cabelos revoltosos e dentes de coelho, ele embarcou para a eternidade.

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Comentários (1)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    #MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :) Owwwwwwwwwwwwwwwwwwwwnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn RONALD PERFEITO WEASLEY <3 <3 <3 LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO... <3 <3 <3 

    2013-01-10
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