A Primeira Missão



 


A noite estava gélida e lúgubre na pequena rodoviária, o vento soprava incessantemente acompanhado pelas fracas luzes dos postes que tremeluziam. Acabara de chover, a ruazinha deserta refletia a imagem de uma grande lua brilhante que aparecia em meio ás espessas camadas de nuvens negras.


Um estampido na parte de fora da rodoviária fez o balconista português, de um expresso bigode negro e avental manchado, colocar a cabeça para fora do vidro molhado que denunciava fortes rajadas de chuva que atormentavam a região a dias. O homem então vendo somente a rua deserta voltou a passar um pano de prato encardido, que repousava nos ombros e deslizava sobre o balcão amarelado. Ao lado de garrafas de água ardente vazias havia um “mostruário” embaçado que abrigava pastéis ali esquecidos a dias.


Três figuras estranhas entraram encapuzadas no bar da rodoviária, as luzes piscaram, o dono do bar olhou então para as lâmpadas rodeadas por pequeninos besouros. – Eu quero uísque. – Falou um dos homens encapuzados cara a cara com o balconista que pareceu desdenhoso. – Eu não tenho uísque, só água ardente. - Falou com os as pálpebras quase que fechadas e o sotaque português, se apoiando no balcão de forma inclinada para o cliente.


- Então me diga uma coisa. Um casal passou por aqui nos últimos dias? Uma mulher bem jovem, de um metro e setenta, e um velho de barba branca e olhos cinza, de uns... Um metro e oitenta...? – Sim, pois... Ora... – Diga! – Gritou uma voz feminina que se aproximou com uma longa vara em punho. – Eu... É eles estiveram aqui ontem por noite, disseram iriam para o Brasil, sim... O Brasil... Iriam passar a lua de mel em Copacabana... Pois é tudo que sei, tudo! – Disse com um sotaque bem marcado no inglês, além da cara amarrada. A mulher e o homem se entreolharam e em questão de segundos uma rajada de luz atravessou o peito do homem como um raio, que caiu desfalecido ao chão.


- Vamos ao Brasil... – Refletiu o outro homem de feições alvas, sentado a mesa ao lado. Um pequeno estampido seguido de um giro denunciou o repentino desaparecimento das três figuras encapuzadas.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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