Terceira




***


 


Gritaria. Sempre. Aquilo me inquietava! Ensurdecedor, ensurdecedor... Eu apertava as mãos nos ouvidos, a cabeça entra as pernas, balançando na cama. Gritos sempre me faziam perder a calma, suando e ouvindo meu coração martelar, eu simplesmente não conseguia voltar. Quem diabos estava gritando? Por que não o faziam parar?!


Eu desviei os olhos para a janela.


Havia somente isso. Biombos acortinados ao me redor, me encerrando em uns 16m² que eram o canto de alguma sala, e uma janela à parede. E para além das cortinas estavam os gritos, distantes, mas ainda assim, inquietantes. E murmúrios... Ali nunca era silencioso o suficiente.


O sol estava radiante. Eu até poderia imaginar o calor aquecendo minha pele, atravessando aquela massa gélida que dava a constante impressão de frio... Eu não podia ir lá fora. Por quê? Era extremamente perigoso. Parecia que eu sempre estivera ali. Sempre. E havia muita gritaria...


Eu não entendi porque meus músculos foram relaxando, até distinguir mais próximo um cantarolar baixinho... Blues. Fechei um pouco os olhos... Calma. Inspirei. Sentindo o medo aos poucos ir se afastando, tornando-se uma sombra, distante quanto os gritos, baixos, e mais distante...


Divisei pela luz que atravessava a cortina a minha direita, uma pessoa sentada numa cama. Percebi que nossos “quartos” não eram exatamente separados, o biombo divisor nem encostando na parede nem no grande biombo frontal. Então me levantei, guiado pelo cantarolar, e espiei, apertado na parede.


Ela tinha as pernas flexionadas sobre uma cama de rodas idêntica à minha, um sem número de coisinhas coloridas sobre o seu criado mudo, e ela acariciava carinhosamente as dobras do lençol, como se o ninasse em sua canção.


Senti meu coração dar um salto. Talvez o que estivesse fazendo não era certo. Mas me mantive ali, observando-a. Seus cabelos castanhos estavam levemente desarrumados, a camisola parecendo grande demais pra seu corpo delgado. Quem seria? Será que não ouvia os gritos?


Comecei a andar em sua direção sem que ela se afetasse nem descompassasse o blues.


- Demorou... - Ela disse de modo vago, numa pausa, sua voz abafada e quente, sem que tirasse os olhos do lençol.


- Desculpe, eu... - mas ela não pareceu se importar.


Como que pra lhe recompensar, afastei o biombo para que desse visão à janela, e ela pareceu gostar, sorrindo fracamente. Me deitei em sua cama e minha cabeça se encaixou em seu colo como se isso fosse o que deveria ser, sempre. Então ela retomou seu cantarolar, agora acariciando os cabelos que caiam em minha testa e não dissemos mais nada.


Eu não me dei conta do tempo, até que o sol fosse morrendo por nosso quadrado horizonte.


 


***


N/A: Problema pedirem att logo, pq eu fico aflita e venho postar. rs
Então, tá. Sinapse pra quem gosta de romance - um atípico! ;]
Espero q curtam e obrigada à Bia, à Erica, à Manu e à Karol! Obrigada por lerem o q eu escrevo, mesmo q seja doideira! ;]
Ah!  E a Mii, se ela ler! rsrs
Bjo!

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Comentários (2)

  • MiSyroff

    Claro que leio amor, tudo que você toca vira mágica *-*

    2011-05-06
  • Miss Granger

    Own...essa fic tah mexendo muito comigo cara! Lindo esse capitulo, ou melhor, esa sinapse ^^

    2011-05-03
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