Capítulo único



Noite escura. A lua não ajudava, era uma noite de lua nova... Tudo estava silencioso, podiam-se ouvir apenas alguns pipilos e coaxares naturais do mato... Ela caminhava entre os túmulos num silêncio, seu rumo? Tudo que a ajudasse a encontrar.


Ela estava com medo, muito medo, um medo que vinha de dentro do seu coração, um medo que se envolvia com a culpa, medo de fracassar novamente. Ela está em um cemitério, prestes a fazer a maior loucura da sua vida.


Ela procurava algo, ou melhor, procurava um motivo, que a fizesse parar... Ela parou bem de frente a uma lápide, queria ler, mas estava muito escuro, se abaixou quando escuta um barulho que lembrava um grito. Olhou para os lados não tinha ninguém. Resolveu então seguir seu caminho, estava disposta a fazer isso, queria acabar com essa angustia de uma vez por todas.


Não havia outra solução era fazer isso ou não poderia mais viver, o mundo pesava em suas costas, o poder da culpa a cegava, para muitos poderia ser loucura mais não era, pelo menos para ela não era... Então ela virou-se e viu algo que a assustou.


Era algo tão bizarro quanto ela, era um homem extremamente sujo e com aparência cansada, só que ao invés de asas - era o que ela tinha - O homem tinha enormes presas, e sua pele era pálida. Uma espécie de vampiro, ela supõe.


Mas estranhamente não ficou com medo, o que havia dentro dela era muito, mais perigoso, ela estranhou ele não ter fugido, então apenas o analisou, ficaram ali num impasse nenhum queria se movimentar primeiro...


Ele então perguntou, sua voz era rouca e aguda:


- O que faz aqui, moça?


Ela notou que ele não fazia nem ideia do que ela era, era apenas mais um vampiro ignorante como todos os seres, provavelmente não tivesse mais que 100 anos...


Ela se aproximou dele e disse:


- Iria lhe perguntar o mesmo nesse instante! Não há outro lugar pra você caçar?


Ele sorriu sarcasticamente, e então completou:


- E o que uma anjinha como você,pode fazer?


Ela falou como se estivesse impaciente:


- Mais do que um mero vampiro como você pode aguentar... Agora saia daqui, pois não tenho tempo para perder... Tenho algo a fazer... E não se atreva a me seguir.


Ela recomeçou a andar lentamente, mas quando se deu conta ele já estava atacando-a. Em um movimento rápido, ele se lançou contra ela. Milésimos depois estavam ambos no chão, e ela não podia se defender, pois seu corpo estava paralisado, um bruxo aparecera e impedira o ataque paralisando ambos. Segundos depois o bruxo desfez o feitiço, lançou um olhar para o vampiro, fazendo o sair correndo. Virou-se então para a garota e disse:


- Anjo da noite, me siga.


- Por que acha que o seguirei? Eu vim aqui com uma missão, e só irei sair daqui quando a tiver cumprido, não precisava me ajudar. Eu tinha tudo sobre controle.


O bruxo indignado olhou-a como se ela tivesse duas cabeças e disse:


 - Eu vim para ajudá-la. Para impedi-la de fazer algo que se arrependesse, ajudá-la a encontrar outra solução. Mas a senhorita vem com sete pedras na mão, logo agora que tenho a solução para seu problema.


- Ninguém pode ter solução para o meu problema... - Disse ela decidida. - Eu tenho que achá-lo agora!


Ela saiu voando em uma direção qualquer e gritando:


- EU NUNCA VOU PARAR ATÉ ENCONTRÁ-LO! VIVI ANOS DA MINHA VIDA A PROCURA DELE, E SÓ AGORA TIVE UMA PISTA NÃO IREI PARAR!


Ela saiu voando, lágrimas desciam sobre seu rosto pálido. Ela o amava, sempre o amou. Mas por causa desse maldito poder que ela tinha, seu amor estava morto. Havia sido culpa dela a morte dele, e se havia uma chance de vê-lo novamente, ver seu sorriso, sentir seu abraço, ela faria de tudo para conseguir realizar esse grande sonho.


Mas estava perdida, ela não sabia no que ele se transformara, talvez o que os ligava, acabou sendo o fim dele, do amor deles... Sem saída ela voava, voava para ter sua última chance...


Enquanto ela partia sem rumo. O bruxo a perseguia, pois ele sabia de toda a história inclusive as parte que ela desconhecia. Ele ainda gritou antes de vê-la sumir:


- EU PRECISO TE CONTAR... ENCONTRARAM...


Ela pensou em que ele podia ter encontrado, até pensou em parar por um segundo. Mas depois acelerou o vôo. Sempre fizera tudo sozinha, nunca precisou de ninguém! Agora ela voava realmente rápido. O bruxo a perdera de vista, a garota continuou indo sem rumo por um tempo, seus cabelos ruivos brilhavam a luz da lua. Até que ouviu o mesmo som que lembrava um grito, parou para ver o que era.


Mas novamente não havia nada. Ela começou a preocupar-se poderia realmente falhar, se o bruxo falava a verdade ela estava perdendo tempo, poderia até estar se enganando... Mas ela tinha de ter consciência, de que não era seu amado Scorpio que encontraria ia ser apenas um monstro sem sentimentos... Decidiu então parar pra pensar o que iria fazer... E começou a pensar... Lembranças vieram em sua mente.


Flashback:


 - Nossa é tão lindo...


- É por isso que é seu!


- Sério?


- Claro! Deixa-me colocar é melhor...


Ele colocou o colar no pescoço da namorada, desde então ela não parou de usá-lo. Até o dia que ocorreu o acidente, que mudou sua vida. Uma garota normal se transformou em uma aberração, uma aberração que fez o garoto que ela amou ser capturado. Ele, agora era um monstro, estava sofrendo por culpa da garota. A garota que virou um dos seres mais poderoso e perigoso desse mundo. Um anjo das trevas, um anjo da morte.


Fim do Flashback


Então ela tocou no pescoço onde deveria estar o colar e decidiu-se. Iria caminhar, era melhor evitar voar, com um bruxo atrás dela... Enquanto isso formava um plano... Não podia esquecer que tinha seu poder apesar de não querer utilizá-lo, seria mais fácil encontrá-lo, mas não queria ser encontrada...


Tinha algumas certezas e a pior dela a chance do que aconteceu com ele, não poder ser revertido, seria eterno, mas ela, ela teria uma chance, teria uma salvação, se ela encontrar o colar poderia revelar o segredo, do qual nem ela sabia. Ao olhar para trás só viu o breu. Ainda tinha algumas horas. Havia esperança.


Ela continuou a andar, até que ao passar por um tumulo seu coração disparou. Ajoelhou-se no chão, limpou a neve que estava na lápide e viu o nome, o nome do seu amado. Ela começou então a chorar. E dizer baixinho, como se ele pudesse escutar.


- Vai dar tudo certo não vai? Agora ta doendo demais, mas isso vai passar não é? Bom… As pessoas pelo menos dizem isso… Não dizem? Na verdade eu não sei. Não tenho ninguém pra enxugar minhas lágrimas e me dizer que ‘isso vai passar’, só tenho a mim e um pingo de esperança que ainda resta. Não sei como essa esperança ainda se mantém firme em mim. Eu devo ser muito, mais muito forte pra estar de pé até hoje. Eu tenho que fazer algo pra te ajudar, meu amor. Eu vou fazer,só peço que me perdoe.Me perdoe! - Lágrimas desciam pelos seus olhos, lágrimas de um anjo, lágrimas de sangue.


Ela desabafou, mais tinha de continuar com sua missão, ela não enxugou as lágrimas. Jamais enxugaria lágrimas derramadas por amor... Apenas respirou e reuniu forças e empurrou a lápide, foi fácil, a neve caia para dentro do túmulo... Mas ao abrir não encontrou o que queria, apenas tinha o corpo de seu amado com uma aparência de vivo quase podia vê-lo respirar... Aquela visão fez seu coração disparar, ele ainda estava tão bonito. Mas ela não podia mais esperar não encontrou o medalhão, a única chance era encontrá-lo. Ela trancaria a alma de monstro dele no medalhão. E ele voltaria ao normal, era o que ela esperava.


Quando ela menos espera, ouviu então uma voz:


- O que você procura está aqui, em minhas mãos.


- Por que você não me disse, eu virei o mundo de cabeça pra baixo atrás disso!


Ele esticou o braço e o medalhão na sua mão, ela hesitou em pegar, mas a vontade era muito grande ela se levantou e pegou, e saiu voando...


- Espere volte, você ainda não sabe... Que garota tola.


Ela continuou a voar, mas não sabia exatamente o que fazer. Decidiu então dar uma trégua na regra ''fazer tudo sozinha''. Voltou, e em uma distancia segura. Falou para o bruxo.


- Me dê a formula, como eu quebro o feitiço?


- Eu tenho o pergaminho, dizendo o que você tem que fazer. Só que eu não sei se posso deixar você fazer isso. Para o humano, voltar ao normal é necessário o sacrifício. O seu sacrifício. Não posso permitir isso, você é muito poderosa seria uma terrível perda.


- Mas eu não estou viva, enquanto ele não existir eu não viverei! Talvez eu exista mais nunca me sentirei viva... Ajude-me, por favor!


- Está certo! Talvez apenas um sacrifício de sangue seja o bastante...


Quando ela ouviu isso resolveu que poderia confiar nele... Era loucura, mas tinha que confiar.


- Primeiro vamos tirá-lo daí... Depois derrame seu sangue aqui mais não pode ser lágrimas terá de cortar-se como prova de que é de bom grado e por último, terá de ter coragem e enfiar o punhal no coração dele...


- E onde o medalhão entra nessa história? - Perguntou desconfiada.


- O medalhão ira curá-lo...


- Está certo. - Temos que ir logo, não tem muito tempo, vá logo.


Ela tampou a lápide e deitou nela, enquanto o bruxo abriu o medalhão com muito cuidado se aproximou, dela e passou um líquido em sua testa, voltou e passou na testa de seu amado, olhou pra ela e disse:


- Boa Sorte!


Ele então começou a ler o pergaminho. Ele falava num idioma estranho como se rezasse.


Ela então sentiu uma dor, provavelmente a dor do seu sacrifício que o bruxo havia comentado. Ela sentiu como se seu corpo estivesse sendo rasgado com um bisturi. Seu coração ardia como fogo, ela gritava. O garoto também gritava, ele parecia sentir dor também. O garoto se sentou, tossindo. A dor dele havia parado. Mas a da garota não, a dor não passava, ela não conseguia respirar, o fôlego, foi sumindo, ela tentava procurar o ar. Seu corpo ardia, seu peito ainda mais. Ela viu os olhos do seu amado, seus cabelos loiros caindo sobre os olhos azuis como o mar, serenos como a brisa.


Seus olhos se encontraram, um olhar vale muito mais que palavra apenas com um olhar, podemos demonstrar aquilo que milhares de palavras não podem dizer. Ele a pegou nos braços, mas não havia mais tempo. A anja da noite, Rose Weasley, a garota com o destino marcado estava morta no colo do garoto que sempre amou, ela deu sua vida para salvar a dele, ela o amava. Ele então se lembrou com lágrimas nos olhos uma frase que ela havia dito a ele.


[...] Não tenho medo de morrer, tenho medo de perder as pessoas que amo. Eu te amo, e morreria por você.

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