Distância



N/A: Demorei eternamente pra postar o primeiro capítulo, mas era porque eu queria postar apenas três, tudo de uma vez. Decidi, então, dividi-los, para que a fanfic não ficasse mais abandonada. Não se preocupem, ela vai ser pequena, ok? UISHAIUSHAIUSA Enfim... espero que gostem. É a coisa mais diferente que já escrevi, creio eu.








 


13 de Abril de 1992.
Reino Unido, Biblioteca de Hogwarts.
16:15



O cansaço pesava sobre meus ombros – e hoje posso perceber como era palpável – e eu nem parecia consciente dele, ou da dor nos músculos devido a enorme pilha de livros que trazia nos braços, ou mesmo da ardente fricção que o vira-tempo escondido sob as vestes estava fazendo sobre minha pele. Rumei direto a Madame Pince como se minha vida dependesse disso e quis morrer quando ela disse que o livro estava fora.


- Por favor, a senhora poderia me dizer quem está com o livro? - tentei ser educada. Era óbvio que seu dissesse a ela algo ofensivo, ficaria sem o livro pelo prazo inteiro que o outro estudante o usasse.
- Senhorita Granger, metade da escola está atrás desse livro.
- Mas...


Coincidência ou não, você apareceu. Naquela época eu não era tão detalista – talvez fosse para a idade, mas não se compara com os dias de hoje. - mas ainda assim não pude deixar de notar sua beleza. Seu cabelo preto e perfeito reluzia contra a luz sem ser oleoso e me fez ficar com vergonha instantânea do emaranhado castanho que emoldurava meu próprio rosto. O seu erão tão belo que eu não consegui parar de encarar.


- Você é uma garota de sorte, Granger. - bradou Madame Pince parecendo particularmente mal-humorada por você ter aparecido. - Já vai devolver, Srta. Chang?
- Não.
- Como é?
- Ainda está dentro do prazo. Eu vim pesquisar outra coisa.


Eu fiquei meio receosa, mas quando você se retirou por entre as estantes, eu mordisquei o lábio e te segui. Eu sabia que era um tanto quanto patético, mas eu precisava saber qual fora o erro no trabalho que eu julgara mais perfeito já feito por mim, mas que não merecera nota máxima de acordo com o professor. Para minha completa admiração, você não só me disse que emprestaria o livro como me ajudou a decifrar o erro no trabalho.


Ficamos amigas. Não andávamos por aí dando risadinhas tolas como o resto das meninas, mas nos encontrávamos religiosamente todos os dias na biblioteca. Você era tão inteligente que até me assustava, mas, acima de tudo, me fazia admirá-la cada dia mais.


Foi um ano muito difícil. Eu estava completamente maluca com todas aquelas matérias e em como utilizar o vira-tempo sem ninguém perceber. Além disso, todos aqueles dementadores deixavam a escola num clima horrível e ainda por cima tinha toda aquela ameaça... um assassino sádico atrás de meu melhor amigo.


Por tudo isso, meus melhores momentos eram com você.


O tempo foi passando e nossa amizade foi ficando mais profunda. Ficávamos mais tempo juntas – as vezes conversando bobagens, as vezes apenas fazendo o dever em silêncio. Não. Não em silêncio, nunca ficamos em silêncio. Nossos olhares conversavam. - Você nunca questinou, eu nunca questionei e nós continuamos nos encontrando. Nunca nos beijamos ou fomos qualquer coisa além de amizade, mas... Eu sabia e você sabia que nós éramos mais que amigas. E ambas sabíamos que a outra sabia.


Talvez porque eu tenha me apaixonado tão nova por você e tenha crescido com isso, eu nunca cheguei a questionar minha sexualidade. Eu não te via como uma garota, eu te via apenas como a Cho. Eu não pensava em você sexualmente, pensava apenas que era a pessoa – depois dos meus pais – que eu mais amava no mundo, e para mim isto estava perfeitamente bem.


O ano terminou e com muita saudade as férias passaram. Ao voltar para Hogwarts, a surpresa mais maravilhosa aconteceu: O Torneio Tribruxo estava de volta a escola depois de anos!
E foi aí que tudo começou a desmoronar.


- Foi você que burlou as regras?
- O quê? - balancei a cabeça sem entender.
- Para o Potter participar...
- Ah, não. - respondi. - Por que você acha isso?
- É o que todos pensam. - você deu de ombros do jeito irreverente que eu sempre gostei.
- Pensam nada. É uma magia muito poderosa a do cálice...
- Eu sei. Por isso pensei que talvez pudesse ter sido você.


Você sorriu e eu sorri de volta. Nenhum elogio me agradava mais do que os vindos de você.


- Eu não tenho idéia de...


Não pude completar a frase, pois uma garota morena também da Corvinal chegou até a nossa mesa na biblioteca. Ela tinha um bilhete vermelho na mão que entregou a você. Eu disfarcei minha curiosidade, mas pelo canto do olho estudei cada reação sua e não gostei do que vi.


- Posso ver? - perguntei.
- Ahn... - você hesitou. Eu te encarei. - É do Cedric
- Cedric Diggory? - você assentiu. - O que Cedric quer com você?
- Nós estamos meio que nos vendo...
- O que você quer dizer com 'vendo'?


Você não respondeu.
A pergunta pode ter lhe parecido idiota na época, mas pra mim não era. De verdade eu não conseguia interpretar aquilo da maneira correta. Você não podia estar vendo alguém... podia?
Nos encaramos por mais um momento até que seu rosto se exprimiu e você começou a falar.


- Eu não te contei porque ainda é muito recente. Nem é algo sério ainda... Ainda não estamos namorando.
- E você me pretendia me contar quando? No batizado do primogênito?
Resmunguei antes de juntar minhas coisas e sair dali. Andei apressadamente aos tropeços por causa das coisas que carregava. Você me seguiu. E chamou meu nome.
- Me desculpe. - você disse baixinho.
- Por quê? - perguntei.
Você pareceu confusa por um segundo.
- Por não ter t...
- Não foi o que quis dizer. Por que você está vendo ele? - interrompi.
Você hesitou por um instante e depois balbuciou:
- Porque eu gosto dele..
- Você gosta dele. - repeti.
- Eu devia ter te contado antes... me desculpe...


Você começou um discurso de culpa e arrependimento que não só me machucou como também me irritou. Não aguentei e gritei. O choque se estampou no seu rosto, sua boca aberta em meio a uma frase estacou no lugar.


- Eu não estou assim porque você não me contou antes!
- Então por quê?
- Você sabe porquê.


Meus olhos estavam marejados e eu estava evitando ao máximo te olhar nos olhos para que você não percebesse isso. Para minha total infelicidade, você percebeu.


- Olha pra mim. - pediu baixinho. - Olha pra mim, Hermione.


Eu não o fiz, por isso você se aproximou e segurou meu queixo delicadamente. Você o levantou e me encarou nos olhos, segurando minha mão carinhosamente.


- Eu sei por quê. - você sussurrou.
Não respondi.
- Você é minha melhor amiga. - você continuou. - Mais do que qualquer Corvinal.
- Eu pensei que seríamos só nós duas.
- Eu também pensei.


Nossas palavras tinham a ambiguidade que confundia toda a nossa relação. Não eramos explícitas nem com nós mesmas. Eu não era explícita nem mesmo com meus próprios pensamentos. Agora, penso eu, se tivéssemos sido diretas desde o começo talvez as coisas pudessem ter sido diferentes.


- Mas...
- Você não vai me perder, Hermione.
- Nem ter, não é?


Você desviou o olhar. Eu sabia que você não se sentia apenas culpada por me machucar, mas também por querer que eu te tivesse tanto quanto eu queria ter.


- Então é isso. - murmurei. - Me diga e eu vou embora.
- É, é isso.


Você me soltou e eu me senti humilhada por você me deixar ir. Você não queria nem tentar.
No dia seguinte, eu voltei à biblioteca como sempre. Você não. Mais dias se passaram e eu continuava sentada no mesmo lugar, com os mesmos livros, lendo as mesmas coisas.


Não fiquei com raiva de você. Fiquei com raiva de mim. É lógico que doeu você não voltar, mas doeu mais que eu é que tenha te feito ir.

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Comentários (3)

  • Rafa Sady

    oooooooown! Caralho, a sua fic destroi o meu coração, serio mesmo. Perfeita D:

    2011-11-04
  • Beea Black

    Já me ganhou no começo, amo paramore e essa música é foda. Gostei do capítulo, talvez porque me veja muito nele. É meio triste, mas é uma verdade absurda. Lindo demais.

    2011-10-19
  • MiSyroff

    Lindo Cute Foda

    2011-10-18
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