Always - Lívia G



  FIC: Always


Autora: Lívia G.

Notas:
a) Média de votos:

b) Indicações:

c) Nota:



Photobucket


Always


 


Ela estava furiosa. Magoada. E acima de tudo, estava farta. Era sempre a mesma história, mas daquela vez o final seria diferente. Estava na hora de tomar as rédeas da sua vida e parar de ser manipulada pela porra do amor que sentia por ele.


Jogou suas roupas na valise, ignorando as batidas insistentes na porta trancada. Chorava baixinho enquanto arrumava suas coisas, mas não podia parar. Sua felicidade estava em jogo e, por mais que o amasse, precisava ir embora. Sabia que só sofreria nos braços dele.


Fechou a mala e respirou fundo. É hora de ir, pensou, largando uma foto na cama. Não a queria e deixaria que ele ficasse com ela. Deu uma última olhada no quarto que dividira com ele por mais de um ano e deixou mais uma lágrima cair. Era tão difícil sair dali. Se pensasse mais, acabaria desistindo e por isso reuniu toda a sua coragem e abriu a porta do quarto.


- Marlene... – disse ele baixinho. Sabia que não havia mais nada, além disso, que pudesse dizer. – Marlene, por favor.


This Romeo is bleeding, but you can’t see his blood


- Não tente, Sirius. É tarde.


- Não é tarde, Marlene. Não vá embora, por favor. Só mais uma chance. – ele suplicou, barrando sua passagem pela porta. Ela não ligou. Eventualmente ele se cansaria e a deixaria passar.


- Só mais uma? É sempre assim, Sirius. Mais uma, mais duas, mais quantas chances eu vou te dar e mais quantas você vai desperdiçar? Estou cansada. Você está cansado. Não há mais nada que possamos fazer, você sabe disso. Foi a gota d’água, nosso copo acaba de transbordar.


It’s nothing but some feelings that this old dog kicked up


- Você sabe que eu te amo. – ele disse, olhando fundo nos olhos dela.


- Eu sei. – Marlene sorriu fracamente. – Eu também te amo. Mas ambos sabemos que isso não é suficiente.


Dando-se por vencido, Sirius baixou os braços e abriu passagem para ela.


- Sempre. – murmurou ao vê-la caminhar para fora do seu apartamento. E para fora da sua vida.


Sirius Black, aquele que sempre partia o coração das mulheres, estava sofrendo de amor. Para ele, foi como se o tempo fechasse e vivesse constantemente nublado e chuvoso. Não era mais aquele rapaz festeiro que vivia 24 horas por dia com uma garrafa de vodka na boca. Havia perdido a graça.


It’s been raining since you left me, now I’m drowning in the flood


Não que ele tivesse percebido isso. Depois que Marlene partira, ele continuou com o passatempo de levar o máximo possível de mulheres para sua cama a cada semana. Fazia parte de sua natureza e cogumelos venenosos não mudam sua essência, ele sabia. Esse fora um dos motivos para que Marlene o abandonasse. Ele bem que tentara mudar quando ainda estavam juntos e, sem sucesso, viu a mulher da sua vida lhe escapar pelas mãos. Agora, simplesmente havia desistido. Não fazia sentido lutar se não havia ninguém ao seu lado para compartilhar da sua vitória.


You see, I’ve always been a fighter, but without you I give up


Havia tanto para dizer a ela, mas tão pouca coragem. Ele não era bom com palavras, não era romântico e muito menos sabia lidar com sentimentos. E foi exatamente por isso que Marlene se apaixonara por ele, como ela mesma lhe dissera uma vez.


I can’t sing a love song like the way it’s meant to be


E eles haviam prometido um para o outro que duraria para sempre. Era para ser eterno. Mas Marlene descumprira sua parte da promessa e tinha ido embora. Não que ele pudesse culpá-la, afinal havia perdido as contas de quantas vezes a magoara.


Well, I guess I’m not that good anymore, but baby that’s just me


Embora Sirius soubesse que Marlene estava certa em partir, ele não podia aceitar facilmente. Porque já tinha conhecido todos os tipos de mulheres, mas só se apaixonara por uma. Ela. E sabia que poderiam passar meses, anos, décadas... ela seria para sempre a única mulher já amada por ele.


And I will love you, baby, always


Não havia nada que ele pudesse fazer quanto a isso. Soube no momento em que pôs os olhos nela que ela era especial. E soube quando eles trocaram o primeiro beijo que a amava.


And I’ll be there forever and a day, always


Perguntou-se porque só dissera “eu te amo” quando ela estava indo embora. Mas no fundo sabia que era por medo de abrir um buraco em sua armadura e Marlene ver como ele era de verdade. Por dentro, era só um menino. Por fora, era o machão.


I’ll be there till the stars don’t shine, till the heavens burst and the words don’t rhyme


Sirius até tinha tentado ir atrás dela. Ele tinha prometido que seria para sempre. Sua parte da promessa ainda estava de pé. Ele podia recuperá-la, reconquistá-la. Teve que tentar.


And I know when I die, you’ll be on my mind. And I love you, always


Mas então ele viu: ela tinha deixado a foto para trás. Era a mais bonita que os dois tinham e havia sido tirada por Lily num feriado que ela e James foram passar com os amigos. Eles estavam dormindo abraçados no sofá e Lily os fotografara. Os dois guardavam a foto com cuidado e carinho e saber que Marlene a deixara fez Sirius perceber que ela não voltaria.


Now your pictures that you left behind are just memories of a different life


Sentou-se na cama, desolado. Aquele era o sinal de que não havia mais jeito. Abraçou a foto contra o peito como se fosse o corpo dela e ficou murmurando uma canção que ela gostava, lembrando de todos os momentos que haviam compartilhado.


Some that made us laugh. Some that made us cry


Todos os sorrisos, os beijos, as brincadeiras, os abraços, o brilho nos olhos, as danças, os filmes, os passeios, o desejo, os carinhos... e, inevitavelmente, as traições.


One that made you have to say goodbye


E depois que ele percebeu que não havia nada a ser feito, apenas se deixou levar. Ficou nisso por longos três anos; estava chegando à casa dos trinta e pensando em se assentar. Havia conhecido uma moça e gostava dela. Não que Jean chegasse aos pés de Marlene, mas era melhor do que ficar sozinho. E ele não casaria com ela, é óbvio. Era fato conhecido que Sirius Black jamais se entregaria ao matrimônio. Mas ia pelo menos tentar ter um relacionamento com a moça.


Foi numa tarde bonita de junho que todo seu plano foi por água abaixo. Tinha acabado de chegar em casa depois de ter passado a noite no apartamento de Jean e viu que havia correspondência em sua caixa de correio no hall do prédio. Provavelmente tinha chegado dias antes, mas ele sempre se esquecia de conferir se tinha carta. Era um envelope grande, cor de champagne e com um ME dourado cheio de floreios na frente. Parecia um...


- Convite de casamento? – ele murmurou curioso. Largou o copo de café em cima de uma mesinha e rompeu o lacre do envelope. Sentiu o estômago afundar quando leu o convite.


 


Edgar Bones e Marlene McKinnon convidam para seu enlace matrimonial, a se realizar no dia...


 


Marlene ia se casar. Ótimo, realmente ótimo. E ainda havia mandado o convite. Isso era o que ele podia chamar de piada de mau gosto. Largou-se no sofá do hall e ficou mirando o convite por vários minutos. Estava irritado, magoado... mas o que ele queria? Eles tinham desistido um do outro muito tempo antes. Ele tinha seguido em frente. Ela tinha seguido em frente. Frustrado, jogou o papel em cima da mesa. E foi então que percebeu a nota no rodapé. Numa caligrafia delicada havia uma única frase:


 


Não venha.


 


Aquela simples frase lhe dera um novo ânimo. Ele não tinha pensado em ir, porque havia concordado em esquecê-la. E tinha certeza de que Marlene tinha lhe esquecido também quando viu o convite. Mas o pedido dela lhe deu um sentimento de esperança, porque se ela tivesse superado o que sentia por ele tanto fazia se fosse ou não ao casamento. Porém, se estava lhe pedindo para não ir, era porque ele ainda mexia com ela e sua presença poderia dissuadi-la da idéia de se casar. E adivinhem só: era o que ele faria.


Eles não haviam prometido que seria para sempre? Então, Sirius viajaria até Cambridge, onde seria o casamento, e lembraria a Marlene da promessa dos dois. Faria de tudo para trazê-la de volta. O lugar de Marlene McKinnon era ao lado de Sirius Black e nada poderia mudar isso.


Arrumou as malas e pegou o primeiro trem da noite para Cambridge. Precisava correr, o casamento seria em dois dias – ele fez uma nota mental de nunca mais demorar a pegar a correspondência – e quanto antes chegasse, melhor. Era fim de noite quando chegou e a primeira coisa que fez foi procurar um hotel barato para ficar. Encontrou um no centro da cidade, fez check-in e foi dormir. O dia seguinte seria cheio.


Era metade da manhã quando Sirius saiu do elevador do prédio onde Marlene morava – ou pelo menos era o que dizia o RSVP do convite – e apertou a campainha. Suas mãos suavam e o coração batia mais acelerado do que ele previra. Só naquele momento percebera como estava louco de saudades dela. A maçaneta girou e o coração dele pulou de expectativa.


- Olá. – disse o homem parado à porta. O sorriso que Sirius tinha colocado no rosto morreu no mesmo instante. Não tinha cogitado a hipótese de encontrar o noivo de Marlene. – Hm, posso ajudá-lo?


- Ahn... oi. – começou incerto. – Meu nome é Sirius Black e eu – vim roubar sua noiva – sou um amigo da Marlene.


O homem à sua frente sorriu abertamente e lhe estendeu a mão, a que Sirius aceitou hesitante.


- Oh, mas é claro! Já ouvi falar de você. Sou Edgar, é um prazer conhecê-lo.


- Amor? – Sirius sentiu o perfume dela antes de ouvi-la ou vê-la. Era o mesmo de quando ainda namoravam. Marlene entrou na sala mexendo em alguns papéis. – Com quem você está... – ela levantou o rosto e o viu. Arregalou os olhos. – Sirius?


- Oi, Lene. – o ar da sala pareceu acabar. A temperatura subiu. Olharam-se fixamente por alguns segundos e parecia que todo aquele tempo em que ficaram separados não existia. Só o que eles queriam era romper o espaço da sala e se encontrar num beijo saudoso.


What I’d give to run my fingers through your hair


- O que está fazendo aqui? – ela perguntou, colocando uma mecha do cabelo escuro, agora mais curto, atrás da orelha. Sirius se lembrou de quando ele colocava o cabelo dela para trás.


- Oras, ele veio para o casamento. – respondeu Edgar numa animação sem fim. – Certo, Sirius?


- Ahn, é claro. – não havia mais nada que ele pudesse responder. Não é como se ele fosse dizer que havia ido lá reconquistar Marlene. E precisava pensar numa saída rápida. – Na verdade, vim até aqui para te convidar para tomarmos um drinque, pelos velhos tempos. Temos muito o que conversar, Marlene. – ele tentou parecer descontraído, mas torceu para que ela entendesse que falava sério. Quem não podia ver nada de mais ali era Edgar.


- Amor, você se importa?


- Claro que não. Você precisa relaxar, anda muito estressada com os preparativos. E o casamento já é amanhã, não tem mais o que fazer além de descansar. – eles sorriram um para o outro. Marlene pegou a bolsa e deu um beijinho em Edgar.


- Vamos até o café ali na esquina, depois passe lá e nós vamos juntos ver o que falta na decoração da igreja.


- Tudo bem. Até mais tarde. – disse Edgar e fechou a porta do apartamento.


Eles caminharam em silêncio até a cafeteria que ficava próxima ao prédio. Embora Sirius estivesse morrendo para tocá-la, não fez nada. Não podia correr o risco de vê-la fugir.


To touch you lips, to hold you near


Sentaram-se do lado de fora, na calçada. Fazia um belo dia de verão e a luz do sol incidia sobre os cabelos de Marlene. Ele adorava os cabelos dela. Na verdade, adorava tudo nela. E ela estava ainda mais bonita do que quando eles estavam juntos, se é que isso era possível.


- Gostei do seu cabelo. – ele disse. Marlene suspirou e olhou bem para ele.


- O que veio fazer aqui, Sirius? Eu pedi que não viesse.


- Se não queria que eu viesse, por que me mandou o convite?


- Porque Edgar queria todos os meus amigos reunidos e sabia que você fazia parte deles. Havia a contagem dos convites e eu não poderia simplesmente esconder o seu. Então, escrevi a nota no rodapé pedindo que você não viesse. – o garçom chegou com os pedidos deles. Marlene tomou um gole do seu café e continuou – Mas você veio. E eu não acho que seja para ver sua ex-namorada casar.


- Você está certa. Não vim aqui para ver minha ex-namorada se casar. – ele olhava profundamente para ela. – Vim para reconquistar a mulher da minha vida.


Por incrível que pareça, Marlene não se abalou. Era por isso que ela e Sirius se entendiam. Ele sabia que ela não começaria a chorar e pularia em seus braços.


- Você perdeu a viagem. Vou me casar amanhã, você querendo ou não.


- E você? Quer se casar amanhã?


- Quero. – ela respondeu com tamanha certeza que o desarmou. Sirius baixou o escudo e olhou entristecido para ela.


- Não faça isso, por favor.


- Não comece, Sirius... – Marlene pediu, mas ele a ignorou.


- Nós dois sabemos que você não ama esse cara. Os seus olhos não brilham quando você olha para ele do mesmo jeito que brilham quando você olha para mim.


- Eu amo o Edgar. Realmente amo. – ela baixou a cabeça e admitiu aquilo que não admitia nem para si mesma. – Posso não amá-lo tão profundamente quanto amei você, mas amo. E vou me casar com ele.


When you say your prayers, try to understand


- Eu sei que cometi erros. Sei que te perdi uma vez. Não posso te perder de novo, Marlene. Essa pode ser nossa chance.


I’ve made mistakes, I’m just a man


- Nossa chance já passou, Sirius. E nós a desperdiçamos. Nossa história acabou.


- Não pode ter acabado! Marlene, você me ama. Sempre amou, eu consigo ver nos seus olhos!


Mas que porra ele estava fazendo? Estava literalmente implorando por mais uma chance. Ele era Sirius Black! Nem nos seus devaneios mais loucos ele se viu implorando algo a alguém. E agora estava ali se arrastando, pedindo pelo amor de Marlene. Era simplesmente ridículo.


- É verdade. Eu amo você. Continuo amando do mesmo jeito. – ela falou como se estivesse conversando com uma criança de cinco anos. – Mas eu te falei quando saí daquele apartamento três anos atrás que isso não era suficiente. E não é, Sirius. Nós não confiávamos um no outro, não nos respeitávamos. Não dá para ter um relacionamento baseado apenas no amor. Tem que ter companheirismo, para dizer o mínimo. E nós não tínhamos.


Merda, ela estava certa. Ele sabia disso. E, desolado, percebeu que não havia mais o que discutir.


- Quem é ele, afinal? – perguntou olhando o nada. Não queria mais implorar para que Marlene ficasse com ele.


- Ed? Ele é professor do corpo docente de Cambridge. Depois que eu saí da sua casa naquele dia percebi que não tinha onde ficar. Então peguei minhas economias e vim estudar aqui.


- Um caso entre uma aluna e um professor? – Sirius disse com uma risadinha debochada.


- Não, querido. Ele dava aula para duas turmas acima da minha. Sempre nos cruzávamos no corredor até o dia em que ele me convidou para um café. E aqui estamos, um ano depois.


- Vocês foram bem rapidinhos.


- Não faça pouco caso disso. Só porque você nunca me pediu em casamento, não significa que ninguém mais pediria.


- Eu não...


- Sim, eu sei. Você nunca se casará. Nem comigo nem com ninguém.


- Marlene, nós não precisaríamos de papel passado para vivermos juntos e felizes. – ele tentou explicar. Marlene deu um sorrisinho fraco.


- Você não entende, não é? Se ficássemos juntos não seríamos felizes. Durante o tempo em que namoramos, não houve um dia em que eu não me sentisse ferida. Eu sempre amei você, mas isso só me machucou. – pela primeira vez desde que eles se encontraram, sua voz falhou. Mas ela não deixou que as lágrimas caíssem – E eu tenho o direito à felicidade, Sirius. Eu quero ser feliz! E por mais que eu te ame, nunca vou poder ser feliz com você. E Deus sabe o quanto eu tentei, Sirius. Mas não dá mais. O que nós tínhamos acabou muito tempo atrás.


- Eu sinto muito. Não sabia que você se sentia assim, Marlene. – Sirius pegou a mão dela e fez um carinho. Baixou os olhos e sussurrou – Me desculpe.


- Tudo bem. – Marlene falou baixo também. Eles ficaram em silêncio por muito tempo até que Edgar chegou para levar Marlene dali. Enquanto ela se levantava, Sirius pensou que o homem estava levando-a não só da cafeteria, mas também da sua vida. E isso o entristeceu como nunca antes.


- Tchau, amigo. – disse Edgar apertando a mão de Sirius. – Te vejo amanhã.


- Tchau, Sirius. – Marlene lhe deu um abraço e um longo beijo no rosto. – Não vá amanhã, por favor. – murmurou baixinho e saiu do estabelecimento de mãos dadas com o noivo.


Sirius ficou sentado ali, observando os dois caminharem para longe. Edgar deu um empurrãozinho em Marlene e depois a puxou pela mão, fazendo-a girar de encontro ao corpo dele. Conseguiu ouvir de longe a gargalhada dela.


When he holds you close, when he pulls you near


Ele sairia de cena. Marlene havia pedido e ele a atenderia. Não aceitava, é claro que não. Mas não podia lutar contra ela. Quando você ama alguém, tem que deixá-lo ir. Se voltar, é porque pertence a você. Sirius rezava para que Marlene voltasse.


When he says the words you’ve been needing to hear


Sirius invejava Edgar com todas as forças. Porque era ele quem tinha Marlene. Era ele que podia abraçá-la, beijá-la e dizer o quanto ela era linda todos os dias. Era ele que podia brigar com ela. Era quem podia estar com ela. Dizer que a amava. E agora que não podia fazer nada disso era a hora em que ele mais queria fazer.


I wish I was him, cause those words are mine


Se Marlene tivesse lhe dado mais uma chance, ele moveria céu e terra para fazer valer à pena, mas ela tinha lhe pedido para ir embora. Então ele faria isso.


To say to you till the end of time


Caminhou lentamente até o hotel e se jogou na cama larga. Estava quebrado, despedaçado, sangrando... de repente começou a chorar tudo que tinha para chorar desde que Marlene caminhara para fora do seu apartamento naquele dia.


If you told me to cry for you, I could


Ele a amava tanto que chegava a doer e mesmo assim concordava com ela: eles nunca seriam felizes juntos. A vez deles já tinha passado.


If you told me to die for you, I would


Sirius estava arrumando a mala; iria embora naquela noite mesmo e não veria sua Marlene se casar. Talvez pudesse se ajeitar com Jean, ela era uma moça legal, afinal de contas.  Fechou tudo e conferiu se não havia mais nada para levar, suspirou e abriu a porta do quarto.


Então a cena de três anos antes se repetiu de forma inversa. Marlene estava parada no batente da porta e Sirius estava saindo com a mala na mão. Eles se encararam por longos instantes.


Take a look at my face


Tanta coisa não dita pairava entre eles. E isso era visto nos rostos dos dois. Marlene o encarava tão profundamente que ele se sentiu violado.


There’s no price I won’t pay to say these words to you


- O que você está fazendo aqui, Marlene? – ele murmurou. Daquela vez, era ele quem estava cansado.


Sirius queria implorar mais uma vez para que ela largasse Edgar e fosse embora com ele, mas não estava disposto a gastar energia à toa. No fundo sabia que não adiantaria.


Well, there ain’t no luck in this loaded dice


Mas quem parecia implorar era Marlene. Seu olhar estava tão carregado que chegava a assustar. Ela estava sofrendo uma luta interna.


But, baby, if you give me just one more try


Num arroubo de coragem, Marlene atravessou o batente se jogou no abraço dele. Não precisavam de palavras, mas mesmo assim ele murmurou:


- Eu te amo.


- Eu sei. Eu te amo tanto também. – ela disse, apertando o abraço. E ambos sabiam que era ali que eles pertenciam. Nos braços um do outro.


We can pack up our old dreams and our old lives


Entregaram-se a um beijo sôfrego e avassalador. Necessário, ávido. Apaixonado. E ainda assim, triste.


We’ll find a place where the sun still shines


Mergulharam num mar de mãos, pernas, peles, toques, beijos, suor, lágrimas. Marlene e Sirius estavam tão inebriados em seus abraços que não mais sabiam o que estava acontecendo. Eles só queriam sentir. E sentiram.


Quando o dia amanheceu, os dois estavam embolados no meio dos lençóis, abraçados. Estavam em silêncio e Sirius fazia carinho nos cabelos de Marlene. Chegava a hora de dizer adeus.


- Você lembra que nós prometemos que seria para sempre? Acho que não cumprimos a promessa. – Sirius perguntou num sussurro. Não estava mais tentando convencê-la a ficar, era apenas um comentário.


And I will love you, baby, always


- Nossa promessa ainda está de pé. O que nós sentimos será eterno, Sirius, mesmo que não estejamos juntos. – ela respondeu, erguendo o corpo para olhá-lo.


- Não estaremos juntos fisicamente, é o que quer dizer?


- Exato. Estaremos sempre lado a lado, pensando e cuidando um do outro. Mesmo de longe. Olharemos um pelo outro, como anjos da guarda. – Marlene suspirou longamente – Você é o grande amor da minha vida, Sirius. Mas nós não nascemos para ficarmos juntos.


I’ll be there till the stars don’t shine


- Eu sei. Eu sei, Marlene. Não é justo, sabe? Não acredito que vou ter perder mais uma vez.


- Você nunca me perdeu. Eu sou sua, Sirius. Só sua. – disse ela, aconchegando-se no peito nu dele.


- Somos um do outro. – Sirius adicionou, apertando-a num abraço.


- Para sempre, como prometemos. Até que o mundo acabe. – Marlene completou.


Till the heavens burst and the words don’t rhyme


Ficaram abraçados por horas, compartilhando a dolorosa despedida. Sim, era a despedida e, realmente, daquela vez não havia nada a ser feito. Ambos estavam conformados com o fim para o qual sua história rumava.


Quando finalmente não puderam mais adiar o momento em que Marlene deveria partir, eles se olharam longa e profundamente e se beijaram com amor. Então, ela se levantou e, de costas para a cama, começou a se vestir. Antes que Marlene saísse, Sirius perguntou:


- Como sabia que eu estava hospedado aqui?


- Liguei para os hotéis da cidade procurando por você. Esse era o quarto ou quinto da lista. – ela respondeu com um sorrisinho. Sirius riu.


- Essa é minha garota, sempre atrás do que quer. – ele disse. Marlene não respondeu e ele completou quando ela abriu a porta do quarto – Eu te amo.


- Eu te amo. – ela murmurou e fechou a porta atrás de si.


Dilacerado, Sirius abraçou o travesseiro dela e aspirou o perfume que ficara impregnado. Mas, embora estivesse ferido, ele estava conformado com a situação. Não adiantava mais brigar. Só se cansaria mais rápido. Então, ele fechou os olhos e se permitiu dormir pensando nela.


And I know when I die, you’ll be on my mind


Acordou no fim da tarde, dando-se conta de que o casamento dela estava para começar. Sim, ela havia pedido para que ele não fosse. Mas, como sempre acontecia quando se tratava dos dois, Sirius não obedeceria. Precisava ver a consumação do seu pesadelo para finalmente perceber que ele era real. Por isso, correu para se arrumar para o pior dia de sua vida.


O crepúsculo estava esplendorosamente lindo, zombando da infelicidade de Sirius quando ele chegou à capela do King’s College. Ficou em pé atrás dos bancos, admirando de longe a bonita cerimônia de casamento. Marlene estava absolutamente linda, com seu vestido branco e seu véu imaculado. Era a própria personificação de um anjo, ele pensou. Foi com enorme tristeza que Sirius presenciou a sua Marlene dizer “sim” a Edgar e os dois trocarem alianças e beijos.


E quando os noivos caminhavam pela nave da igreja sob os aplausos dos convidados, Marlene olhou para Sirius. Ela soube desde o início que ele estava ali parado a admirá-la. E ela sorriu para ele. E ele sorriu para ela de volta.


And I love you


E os dois sabiam que se amavam mais do que a eles mesmos. E que nada poderia mudar aquilo. Eles pertenciam um ao outro e seria assim até o fim dos tempos. E embora não pudessem ficar juntos, nunca estariam separados. Estava tudo bem.


Sirius e Marlene seriam sempre Sirius e Marlene com todos os problemas e desafios e todo o amor possível.


Eles sorriram mais uma vez e, antes que Marlene saísse da capela de braço dado ao novo marido, murmuraram juntos:


- Sempre.


Always.



_______________________________________________________________________________________________


N/A:

Não há



Profile:


Photobucket





Votos:



 http://www.enquetes.com.br/popenquete.asp?id=958179 


  


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.