A espera

A espera de Ron
 


Fonte: http://lberghol.deviantart.com/art/Summer-R-HR100-26107457
 

 

Rony conferiu mais uma vez o calendário naquela mesma semana, parecendo ansioso e nervoso.

 

- O que você tanto olha nesse calendário, Rony? – perguntou Gina sorrindo divertida. Às vezes ele ficava assustado em como a irmã conseguiu parecer calma e bem humorada mesmo estando longe de Harry. Sabia que ela estava sofrendo, mas Gina não admitiria, não demonstraria, sua irmã era forte, e por mais que estivesse irritado com ela nesse momento não podia ignorar o fato de que sentia muito orgulho da caçula.

 

- Não é da sua conta. – disparou mal criado, virando as costas para a irmã e subindo lentamente as escadas.

 

Se jogou na sua cama, e ficou ali, os braços apoiando a cabeça. Fitou o teto interessadamente, deixando sua mente se perder em lembranças...

 

Fora tão estúpido durante o ano anterior. Talvez se Fred e Jorge tivessem lhe dado aquele livro antes. De qualquer forma teria sido inútil, seu ciúme sempre lhe impedia de agir de forma racional. Ainda se lembrava com desgosto o fato de ter descoberto que Hermione beijara Krum no quarto ano!

 

Em dois dias ela, finalmente, estaria ali. Merlim, como podia sentir tanta saudade? Fazia apenas duas semanas que tinham se despedido na estação de Kings Cross, como era possível então que seu peito palpitasse dolorosamente por conta da saudade?!

 

Alguma coisa estava definitivamente e irremediavelmente acontecendo com ele. Fechou os olhos e o sorriso cativante e os olhos cor de mel brilhantes de Hermione o fizeram sorrir bobamente. Estava tão absorto nessa lembrança que sequer percebeu que os irmãos invadiam sem nenhuma cerimônia seu quarto.

 

- Arggg que nojo, ele deve estar tendo um sonho erótico com Madame Rosmerta. – A voz de Jorge, o fez sentar assustado.

 

- Merda, vocês não sabem bater na porta, não? – indagou vermelho e irritado.

 

- Calma Roniquinho, não queríamos ter estragado o momento lindo que você estava vivendo, só viemos dizer que a mamãe quer que você desça e nos ajude a organizar o jardim para o casamento. – a voz de Fred não demonstrava nenhum tipo de empolgação.

 

Todos andavam trabalhando a valer nos últimos dias para que tudo saísse perfeito. Fleur não admitiria menos que isso para seu casamento, visto que abrira mão de se casar da França.

 

......................

 

Rony estava debruçado sobre a janela, olhando atentamente para a rua. Seu pai havia ido buscar Hermione, finalmente. Por medidas de segurança, o Sr. Weasley fora buscá-la pessoalmente.

 

Seu coração estava estranhamente estrangulado no peito. Era como se não visse Hermione há anos.  

 

Eles só iriam buscar Harry em dois dias, e Rony precisava admitir que estava feliz por saber que teria Hermione só para ele durante algum tempo. Sabia que estava sendo irracional, mas não podia evitar, sentia ciúmes da maneira gentil e carinhosa que Hermione sempre tratava Harry.  Sem falar que na maioria das vezes dava mais atenção ao amigo do que a ele.

 

Viu sua mãe correr ansiosa em direção ao jardim.

- São eles – a ouviu gritar para Gina.

 

Com um solavanco desconfortável na boca do estômago, rumou apressado para as escadas, desaparecendo segundos depois.

 

- Mione! – Gina foi ao encontro da amiga, a abraçando afetuosamente. Seu gesto foi repetido pela Sra. Weasley.

 

- Tudo bem com você querida? – perguntou Molly segurando as mãos de Hermione, enquanto entravam na casa. – Está tão magrinha.

 

Hermione sorriu, mas seu sorriso se desvaneceu quando viu Rony descendo as escadas. Ele parecia ainda mais alto e forte, os cabelos estavam desalinhados e desciam pela nuca, roçando o pescoço, ele não expressava alegria, parecia nervoso, as mãos nos bolsos, caminhando tropegamente em sua direção. Ela sentiu um estremecimento em todo o corpo, e tratou de disfarçar o constrangimento que se seguiu quando os dois se encararam sem dizer nada um ao outro.

 

Foi Rony quem quebrou o silêncio. – Oi Mione. – ele queria abraçá-la, enfiar os dedos pelos cabelos fofos e macios e apertá-lo o mais forte que pudesse contra seu peito, mas ao invés disso apenas estendeu a mão a ela.

 

- Rony! – o tom de voz dela deixou claro sua empolgação ao vê-lo, mas os gestos contidos o faziam ter dúvida. Apertou a mão que ele estendera, lamentando profundamente não receber o abraço que tanto almejara. Sempre havia sido assim, era como se houvesse uma barreira entre eles, nunca conseguira pular no pescoço de Rony como costumava fazer com Harry quando encontrava o amigo.

 

- Você chegou agora? – perguntou ainda segurando a mão dela na sua.

 

- Ah Rony não seja bobo, você esteve pendurado naquela janela até agora, viu muito bem quando papai chegou com a Mione.

 

A Sra. Weasley lançou um olhar desaprovador a filha. Rony sentiu as orelhas queimarem e largou depressa a mão de Hermione, evitando olhá-la. Em seguida, mirou a irmã como se quisesse a estrangular com os olhos.

 

Hermione bem que tentou reprimir o sorriso que se formou em seus lábios, mas não foi capaz.

 

- Pronto aqui está seu malão. – o Sr. Weasley entrou na sala com o malão de Hermione levitando logo atrás dele. Rony respirou fundo agradecendo intimamente ao pai por livrá-lo de dizer alguma coisa. Mas Gina iria pagar por isso!

 

...

 

- Ron... – ela bateu na porta e esperou que ele a mandasse entrar. Deu um gritinho quando a porta se abriu bruscamente. – Você me assustou – disse levando a mão ao peito.

 

- Er... desculpa.

 

Ela entrou e observou o quarto por alguns instantes. Já estivera ali inúmeras vezes, mas toda vez que aquele cheiro,  o cheiro dele, invadia suas narinas, penetrando seu cérebro, ela se sentia tonta e ligeiramente perturbada.

 

Era a primeira vez que teria a oportunidade de ficar com Rony, por dois dias, inteiramente a sua disposição, sem Harry por perto. Deus sabia o quanto ela queria que Harry estivesse bem e com eles, mas não podia mentir para si mesma, seria realmente maravilhoso ter Rony devotando todo sua atenção apenas a ela.

 

- Tem falado com o Harry? – perguntou sentando-se na cama dele. Ela parecia tensa, e Rony pareceu perceber. Fechou a porta e andou até ela, com a respiração suspensa. Inferno sangrento, por que estava tão nervoso? Era Hermione, apenas e simplesmente Hermione, sua melhor amiga!
 

Ela mexeu desajeitadamente nos cabelos, querendo certificar-se de que seu rabo de cavalo estava bem preso, e ele ficou imóvel, apenas admirando os gestos dela.

 

Como ela conseguia? Quando havia se tornando tão linda e irresistível? Seus pensamentos o assustaram, e ele engoliu em seco quando percebeu que os fios de cabelos que caiam displicentes do rabo de cavalo eram terrivelmente excitantes. Sacudiu a cabeça aturdido, recriminando-se pelos pensamentos dissolutos.

 

Sentou ao lado da garota, sentindo-se desajeitado. Sua mão tocou na dela sem querer e Hermione a afastou depressa, olhando para ele em choque e desviando o olhar em seguida.

 

Aquela situação estava desastrosa, pensou Rony infeliz. Maldição, como fora deixar as coisas chegarem naquele ponto. Estava irremediavelmente louco por Hermione, e seu corpo reagia a qualquer simples contato.

 

Pigarreou envergonhado, torcendo para que ela não notasse a saliência em sua calça. Puxou depressa o travesseiro e o colocou sobre as pernas, escorando as costas na cabeceira da cama.

 

- Na verdade, não temos nos falado muito, medidas de segurança, sabe?! Mas ele está ciente de que iremos buscá-lo daqui dois dias. – falou tentando demonstrar naturalidade.

 

- Bem, seu pai me falou brevemente sobre como iremos trazer Harry para cá em segurança.

 

- Sim, Moody virá pessoalmente explicar o que vamos ter que fazer.

 

- É, seu pai me disse isso também. – Hermione parecia manter a respiração levemente suspensa, olhando ansiosa para os lados. - Hum... er... e como estão os preparativos para o casamento? – Rony bufou infeliz, e ela sorriu divertida, sentindo-se estranhamente mais calma ao vê-lo agir finalmente com naturalidade.

 

- Você está achando graça é... quero ver se vai continuar rindo amanhã. A Fleur está enlouquecendo todo mundo. – Hermione alargou ainda mais o sorriso. Rony fazendo cara feia ao falar de Fleur era algo que realmente a agradava.

 

- Sempre pensei que você apreciasse a companhia da Fleur! – disse erguendo uma sobrancelha, sem poder se conter.

 

- Er... tenho companhia mais agradável para apreciar no momento – sua voz saiu cheia de convicção, causando um certo assombro nele mesmo, embora pudesse sentir suas orelhas queimando. Evitou olhar Hermione diretamente nos olhos, sentindo-se de repente um completo idiota pelo que acabara de dizer.

 

Ela se mexeu desconcertada e aparvalhada, sem saber o que dizer ou fazer com as mãos, as quais contorcia nervosamente.

 

- Você está com fome? – perguntou Rony, notando a situação embaraçosa que estavam, sentindo-se ainda mais idiota em seguida. Ele poderia ter se aproximado de Hermione e a beijado diretamente na boca, poderia ter deslizado sua língua suavemente entre os lábios úmidos e rosados dela. Seus olhos permaneceram cravados nos lábios da garota, enquanto se imaginava a beijando como se sua vida dependesse daquilo.

 

- Um pouco – disse sem saber se realmente a sensação engraçada na boca do estômago era devida à fome, e notando que Rony olhava sem piscar para sua boca.

 

Rony levantou depressa, parecendo terrivelmente assustado, como se acabasse de despertar de um estado profundo de torpor.

 

- Está tudo bem? – perguntou também ficando de pé, as mãos suando frio.

 

Ele sacudiu a cabeça, seus olhos cravados nos lábios de Hermione. Merlim, por quanto tempo ele seria capaz de se controlar, de resistir? Maldição, por que Hermione tinha que ter lábios tão perfeitos e atraentes?

 

- Vamos... hum... descer? O almoço deve estar quase pronto. – Hermione não teve sequer tempo de responder, e Rony já estava saindo do quarto e descendo as escadas em direção à cozinha da Toca.

 

....................

 

 

No fim do dia, lá estavam os dois novamente no quarto de Rony, com o assombroso silêncio os fazendo temerem a presença um do outro.

O clima entre eles parecia sempre tenso quando estavam sozinhos e em silêncio.

 

Aquilo não parecia muito sensato na opinião de Hermione. Eles se conheciam há anos,eram amigos, o silêncio deveria ser absolutamente normal, não deveria?

Quando desviou os olhos de Píchi, notou que os de Rony estavam cravados nela, uma pontada particularmente dolorosa fez seu coração bater mais depressa.

 

Rony parecia travar uma batalha interna, enquanto observava Hermione alisar carinhosamente as penas de Pichí. Precisava dizer alguma coisa, qualquer coisa, mesmo que não fosse o que desejava tanto dizer, qualquer coisa seria menos incômodo que aquele silêncio perturbador.

 

Hermione se virou de repente para ele, e Rony simplesmente não conseguiu desviar os olhos a tempo. Notou que as bochechas dela estavam ficando coradas e achou adorável.

 

Merlim, Hermione era linda, dolorosamente linda!

O coração de Rony de repente começou a se arremeter furiosamente contra seu peito. Aquele era o momento, era só se aproximar mais alguns passos, talvez nem precisasse dizer nada se fosse corajoso o bastante para beijá-la.

 

Beijar Hermione. Essa idéia, de repente, era tão certa, tão necessária, tão incontrolável...

 

Um arrepio percorreu sua espinha, e seu coração subiu para a garganta, batendo como se quisesse escapar a qualquer momento.

 

Ele se aproximou alguns passos dela, sentiu suas mãos começarem a suar e tremer involuntariamente. Hermione parecia manter a respiração suspensa, como se temesse respirar. Estava imóvel, os olhos um pouco arregalados e os lábios levemente entreabertos. Rony desviou o olhar dos olhos castanhos, mirando, admirado, os lábios rosados.

 

- Hermione – sussurrou baixo, muito próximo a garota. Ela estremeceu ao sentir o hálito dele bater contra seu rosto.

 

- Rony – a porta se abriu com um baque, e Rony se afastou de Hermione depressa, as orelhas vermelhas.

 

- Inferno sangrento! Será que vocês nunca vão aprender a bater na porta? – disparou irritado e vacilante.

 

- Ops... será que interrompi alguma coisa? – perguntou Jorge com as sobrancelhas erguidas e um sorrisinho maroto nos lábios.

 

- O que você quer? – Perguntou Rony mal humorado.

 

Jorge continuou sorrindo, olhando de um para o outro.

Hermione passou as mãos pelos cabelos, o rosto escarlate.

 

- Moody está lá embaixo, estamos só esperando por vocês. – Ele piscou para o irmão antes de sair. – Não demorem!

 

Rony o fuzilou com os olhos, amaldiçoando o fato de ter tantos irmãos e morar numa casa sempre cheia e movimentada.

 

- Er... Vamos? – disse Hermione que ainda não parecia completamente recuperada do susto. O garoto concordou com um aceno de cabeça, e os dois desceram em silêncio.

 

Quando chegaram na sala da Toca, estavam todos lá, Lupin, Tonks, Moody, Kingsley, Hagrid, Fleur e todos os Weasley, com exceção de Carlinhos e Percy.

 

.............

 

- Todos entenderam? – Perguntou sem nenhuma paciência Olho-tonto, após repassar todo o plano.

 

Os presentes assentiram, e Moody pareceu satisfeito, embora ainda mantivesse uma expressão aborrecida.

 

- E lembrem-se, pode ser que um ou alguns de nós não volte! – ressaltou Olho-tonto com naturalidade.

 

- Não diga uma sandice dessas, homem – bradou a Sra. Weasley, parecendo furiosa.

 

Olho-tonto apenas a encarou por alguns instantes, um olhar duro, o qual Molly sustentou impassível.

Hermione trocou um olhar nervoso com Gina, evitando encarar Rony. Um aperto desagradável fez seu estômago despencar.

 

Ela sabia que o que Moody havia dito era verdade; um deles poderia não sobreviver. Abanou a cabeça tentando afastar aquele pensamento.

 

....

 

- Mamãe ficou realmente irritada com o que Olho-tonto Moody disse.

 

- Compreensível, afinal, os filhos e o marido dela estarão nessa missão – disse Hermione sensata, ainda com aquela sensação incômoda na boca do estômago.

 

- Eu não entendo porque não me deixam ir – bufou Gina, cruzando os braços.

 

- Já temos os sete potters, no que você ajudaria, Gina? – provocou Rony, tentando irritar ainda mais a irmã.

 

- Bem, talvez eu pudesse ir para evitar que você fosse estuporado se algum comensal o atacasse, já que é um inútil, incapaz de executar o mais simples dos feitiços. – Disparou a ruiva transbordando de raiva, e com os olhos brilhando de lágrimas. Ela precipitou-se em direção a porta do quarto do irmão pisando duro e a bateu com violência ao sair.

 

- Nossa, a Gina sabe ser cruel quando quer – Rony parecia ofendido e magoado.

 

- Você mereceu, por que falou daquele jeito com ela? Gina está sofrendo muito com tudo que têm acontecido, e ela sente-se inútil e incapaz por não poder ajudar. Não custaria nada ser um pouco mais sensível com sua irmã – criticou Hermione olhando-o duramente.

 

Rony bufou impaciente, sentando na cadeira próxima a cômoda atulhada de livros e papéis desorganizados.

 

- Está bem, vou tentar ser um legume menos insensível. – Rony deu um meio sorriso que pareceu convencer Hermione do seu arrependimento.

 

- Sei que é uma tarefa difícil, mas eu acredito no seu potencial – ela disse num tom divertido.

 

- Obrigado – respondeu com sarcasmo, mas sorriu torto em seguida, fazendo Hermione ficar séria e levantar parecendo nervosa. A garota foi até a janela e se escorou nela, ficando de frente para ele. Sentiu o cheiro de banho se espalhar pelo seu quarto. Notou que os cabelos dela ainda estavam molhados, pareciam mais escuros e menos volumosos. Ela colocou algumas mechas de cabelo para trás da orelha e Rony se viu observando atentamente cada movimento dela.

Tinha a impressão de que ela continuava falando, mas ele não estava a ouvindo, seus olhos se perderam nos contornos do rosto e do corpo de Hermione, o fazendo esquecer quem ele era e de onde estavam.

 

Será que alguém poderia lhe dizer o que estava acontecendo? Por que o mundo estava girando em câmera lenta? E que sensação era aquela lhe acometendo bem nas suas partes íntimas?

 

E será que alguém poderia lhe dizer quando sua melhor amiga sabe-tudo havia se transformado em uma mulher linda e incrivelmente sexy?

 

“Inferno sangrento! O que você está dizendo Ronald?”

 

Alguma coisa rugiu dentro do seu peito, causando uma sensação desconhecida e perturbadora.

 

- Rony?! Rony?! Você está me ouvindo?

 

- Ãh?! Ah! Sim, estou! – sua expressão aparvalhada lhe desmentia descaradamente. Não ouvira uma palavra do que ela dissera.

 

-Então, o que você acha? – perguntou mesmo sabendo que ele não ouvira nada do que ela acabara de dizer.

 

- Sobre o quê?

 

Ela bufou, revirando os olhos impaciente. E Rony não pôde deixar de notar que ela ficava ainda mais adorável quando estava irritada.

 

- Posso saber do que está rindo? – Perguntou cruzando os braços.

 

- Quê?! De nada! – Precisava se controlar, sua cara de bobo devia ser patética. – Uhm... sobre o que mesmo você estava falando?

 

- Eu perguntei se você acha que o Harry vai reagir bem a esse plano do Ollho-tonto?

 

- Nem um pouco – disse recobrando a razão – eu não ia gostar que você e a Fleur vissem... Ah, hum... bem... meu... ah... você entendeu né?!

 

Hermione olhou para o garoto cujas orelhas estavam escarlates, sentindo sua própria face ruborizar.

 

De repente a ideia de ver Rony sem roupa lhe pareceu extremamente tentadora.

 

- Francamente, Rony, quem se preocuparia com isso? – disfarçou, se mexendo inquieta.

 

O garoto ergueu as sobrancelhas dando de ombros, com as orelhas ainda muito vermelhas.

 

- Bem, vou dormir, nos vemos amanhã. – ela andou em direção a porta, sentindo-se desajeitada.

 

- Certo – concordou infeliz por perder a companhia dela. – Boa noite.

 

- Boa noite, Ron. – Ela sorriu nervosa, antes de fechar a porta atrás de si, e Rony se jogou na cama sentindo sua cabeça girar.

 

.........

A espera de Hermione

 
 

Hermione aparatou no quintal da Toca e correu desabalada em direção aos outros. Procurou Rony, ansiosa, com os olhos, mas não o encontrou.

 

- Rony e Tonks já deveriam ter voltado, a casa da Tia Muriel não é tão longe daqui. –Ouviu Gina murmurar para Harry, e respirou fundo, tentando conter as lágrimas.

 

Ela havia tentando afastar o medo durante toda a noite, mas o sentimento a envolveu, deslizando por sua pele e vibrou em seu peito, obstruindo sua garganta. As palavras de Moody pareciam ecoar em seus ouvidos “Um de nós pode não sobreviver”.

 

Agora estava parada, junto aos outros, observando, agoniada, o céu escuro, a espera de Rony. Uma vigia silenciosa que fazia o medo retumbar de forma cada vez mais intensa dentro do seu peito. O nó em sua garganta parecia a impedir de respirar; e ela não foi capaz de conter a lágrima que escapou pelo canto do olho.

 

Os minutos se prolongaram como se fossem anos.

 

“Por favor, Rony, por favor, volte logo.” Hermione repetia a frase mentalmente como se fosse um mantra, tentando acalmar as batidas irregulares do seu coração.

 

- São eles – ouviu o grito de Lupim, e uma sensação de alívio percorreu todo o seu corpo. Sem pensar em mais nada, ela correu desabalada em direção a Rony. Quando o garoto desmontou da vassoura sentiu os braços da amiga lhe envolverem num abraço apertado. Correspondeu o gesto, a apertando com força contra o peito. Ela estava bem! Ele sentira tanto medo, mas ela estava ali e ele podia sentir o coração dela batendo depressa prensado contra seu peito.

 

- Você está bem? – perguntou rouco, próximo ao ouvido dela.

 

Ambos se afastaram, mas Rony continuou a envolvendo pela cintura.

 

- Ah! Ron! – Ela voltou a abraçá-lo, e todos os presentes os olharam, mas eles não pareciam se importar.

 

 - Rony, foi o máximo – Hermione ouviu a voz de Tonks e se afastou brevemente do amigo. – Foi realmente fantástico. Estuporou dois comensais direto na cabeça, e quando se está voando acertar um alvo móvel é extremamente difícil.

 

- Você fez isso? – perguntou Hermione com os braços ainda em seu pescoço.

 

- Sempre o tom de surpresa – disparou Rony sorrindo.

 

Ela mirou os olhos do garoto, notando que ele ainda estava de óculos, afastou-se e retirou os óculos do seu rosto, se perdendo no azul intenso dos olhos do garoto. Ficaram se olhando por alguns instantes, Rony se inclinou brevemente, como se fosse beijá-la. Ela sabia que estavam sendo observados, mas de repente parecia impossível refrear o impulso de ficarem cada vez mais próximos. Hermione sentiu os olhos de Rony perfurarem os seus, e um tremor a fez passar os braços novamente em volta do pescoço dele, mas um forte estalido os fez se separarem assustados.

 

....

 

Naquela noite, tudo que Rony conseguia pensar era no que teria acontecido se não tivessem sido interrompidos por Gui e Fleur aparatando no jardim da Toca? O modo como Hermione havia se jogado em seus braços, o olhar penetrante que lhe dirigiu após retirar os óculos do seu rosto.

 

Será que ela compartilhava os mesmos sentimentos que ele tinha por ela? Suspirando esperançoso, ajeitou-se melhor na cama. E se Hermione também o desejasse?! E se gostasse dele como gostava dela?

 

Sorriu, deixando o sono fechar seus olhos e guiar seus sonhos...





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Agradecimentos a Viviane Barreda, a melhor e mais eficiente Beta que alguém poderia almejar.
A capa altamente interativa também é mérito dela! Muito obrigada, Vivi! :)


N/A: Bem, como sabemos, a nossa querida J.K. deixou muitas lacunas na relação entre Ron e Hermione, e eu realmente a agradeço muito por isso, por que só assim nossa imaginação pode voar longe a cada cena, a cada detalhe entre os dois.
A cena dos sete potters no livro é linda, mas confesso que Kloves foi generoso conosco em RdM Parte 1, gostei muito do Ron não ter ficado emburrado e empurrado Hermione.
Enfim, quis dar minha contribuição para esse momento, unindo o que lemos no livro e o que vimos no filme.
Espero que tenham gostado.

Ah, e muito obrigada pelos comments :)
Bjs!!!! 

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