Rosa de inverno.



- Tom, querido, vou dar água para o cavalo. Me espere aqui, sim? - perguntou a jovem loira.


- Sim, Cecília.


A moça desceu de seu cavalo e o guiou até o único lago que não havia congelado. Ainda.


Tom a observava fascinado. Não havia mulher mais bela no fundo do que aquela a sua frente. Doce, suave, fria. Assim como uma rosa de inverno.


Desceu do seu próprio cavalo e procurou por algum vestígio de uma. Em Little Hangleton eram comuns nessa época do ano. As rosas de um vermelho puro, denso como sangue, dividindo o espaço com gelo e flocos de neve.


E estes começaram a cair no exato momento em que achou uma.


Tirou-a de seu aconchego entre as árvores, e protegeu-a com o próprio corpo. Sua cor era escarlate, contrastando com o verde do caule.


Tão linda, pura e...fria. Era exatamente como Cecília.


- Querida... - chamou-a. Ela virou-se para ele curiosa.


- Sim? - perguntou suave e inocentemente. Era pequena e delicada de mais aos seus olhos.


Entregou-lhe a flor com carinho, retribuído ao lindo sorriso que ela abrira. Seu impulso era pegá-la em seu braços, mas não podia. Suas vontades eram submissas à sua boa educação.


- Obrigada. - respondeu Cecília intensamente. - Como posso lhe retribuir tão raro presente?


Tom Riddle hesitou, mas sabia bem o que pedir.


- Um beijo, talvez. - disse envergonhado, com um sorriso bobo.


Cecília simplesmente riu e levantou seu rosto.


No segundo seguinte, Tom aproximou-se delicadamente dela e beijou-lhe a bochecha, enquanto sentia os braços pequenos da lady envolverem seu pescoço.


Não pensou duas vezes antes de puxá-la pela cintura e beijar-lhe os lábios. Doces, delicados e frios, tal qual a rosa que estava em sua mão direita. Movimentava-se com tamanha cautela, amedrontado pelo contato. Eram jovens, ele com 17 e ela apenas com 15. Conseguia sentir a respiração dela em seu rosto, o cheiro delicioso de seus cabelos loiros e a frieza de sua pele.


O beijo cessou assim que o frio do inverno tomou conta do ambiente. A rosa estava quase toda afogada pela umidade da neve.


- Será minha esposa, não será? - perguntou quando ela virou-se para o cavalo, prendendo sua cintura perto de seu corpo. Deveria aquecê-la naquele frio.


- Se você quiser, Tom. Se você pedir. - respondeu singela, desejando que o fizesse.


- Quer se casar comigo, Cecília?


- É claro que sim. - disse afasntando-se do outro, e indo até seu cavalo. - Ou melhor, sim, se voltarmos vivos desta tempestade.


A neve caia ardentemente e o frio era cortante. A rosa, pobrezinha, jazia esquecida no chão, dominada pelos flocos brancos insistentes.


No inverno começou, e o inverno acabou. E assim que os raios quentes de sol tocaram a rosa, esta morreu sufocada, tal qual os sonhos de Cecília.


Sua frieza era incapaz de reter qualquer luz que tocassem sua pele. Era superficial de mais.

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