O encontro



            Não foi difícil avistá-la. Sua postura era inconfundível. Cautelosamente, Draco aproximou-se da mesa em que Hermione havia disposto dezenas de livros e, sem a intenção de assustá-la, sua cordialidade o fez pigarrear antes de se dirigir a ela.


- Olá. – Ele disse, vendo-a levantar os olhos ávidos do trecho em que estava absorta. Seu coração pareceu afundar quando ela o fitou, sorrindo.


- Bom dia, Draco. O que faz tão cedo na biblioteca? Achei que suas prioridades fossem os feitiços das trevas. – Seu tom brincalhão o fez sorrir, mas ele a conhecia suficientemente bem para saber que Hermione se sentia incomodada com sua tendência para cair do lado obscuro da força.


- Você sabe. – Ele continuou, tomando a liberdade de sentar-se ao lado dela, empurrando alguns livros displicentemente. – A biblioteca tem se mostrado muito mais interessante de uns tempos pra cá. É bem verdade que muitos andam estranhando com que freqüência, agora, apareço aqui.


            Hermione tinha um olhar divertido e acolhedor. Draco se sentia realmente bem quando estava com ela. Mais tarde, quando se separavam, ele tentava explicar a euforia do encontro como uma reação natural ao gosto da vitória de ter conseguido mais uma vez; mas estava ficando difícil enganar-se assim. Cada vez mais ele parecia crer que havia algo que o prendia à sabedoria gentil de Hermione, embora se negasse terminantemente a admitir.


- E então? – Ele sussurrou, odiando o silêncio de Hermione. – Você vem comigo, não vem?


- Draco, eu tenho muitos trabalhos e...


- Por favor, Granger. Você sabe que pode fazê-los de olhos fechados sem ao menos pestanejar. Venha comigo. Estou com saudades.


            Hermione hesitou. Umedeceu os próprios lábios com a língua, e esse gesto inocente não passou despercebido. Malfoy estremeceu, pensando no toque daquela língua com a sua própria. Concentrou-se no rosto indeciso de Hermione e estava disposto a insistir caso ela se mostrasse relutante.


- Está bem. – Ela disse, por fim, alegre por ter sido vencida por seus desejos. – Vou só guardar esses livros e te encontro no lugar de sempre, pode ser?


- Claro, senhorita. – Draco levantou-se, feliz, e bateu continência. Saiu sem olhar para trás, com um sorriso estampado na face. Respirou aliviado por saber que teria Hermione em seus braços e mal podia esperar para que pudesse abraçá-la.


 


            A garota não tardou a chegar, mas, mesmo assim, os minutos pareceram durar uma eternidade para Draco, que a aguardava ansiosamente no local que haviam destinado a seus encontros: a pequena sala abandonada na Torre de Astronomia. Costumava ser suja e mal-cheirosa, entretanto ambos se propuseram a tornar o pequeno ambiente digno de seus encontros íntimos. Por semanas limparam e higienizaram o lugar, e agora ele mais parecia uma maravilhosa sacada que permitia vislumbrar o céu de maneira espetacularmente gratificante. Haviam conseguido, sorrateiramente, arrastar um grandioso tapete felpudo, cortesia de Draco, e este era suficientemente acolhedor. Estavam satisfeitos por tê-lo.


            Hermione chegou sem fazer barulho, e Draco assustou-se ao ouvir o ruído familiar dos sapatos da garota sendo tirados e deixados de lado, onde não incomodassem. Sorriu ao aproximar-se dela, e rapidamente enlaçou-a pela cintura, colando seus lábios nos dela. A textura da boca de Hermione sempre o surpreendia. Era quente e macia, mas continha algo diferente que ainda o intrigava, mesmo depois de tanto beijos. As línguas, juntas, dançavam em um ritmo acelerado e harmônico, e não havia mais nada que ousasse incomodá-los quando se uniam assim.


            No momento seguinte já estavam deitados sob o tapete macio; Hermione encoberta pelo corpo quente de Draco, ambos de olhos fechados, recusando-se terminantemente a separarem-se. As mãos da garota percorriam as costas ainda cobertas de Malfoy, delicadamente, enquanto as dele, mais ousadas e destemidas, exploravam a cintura de Hermione, vagando suavemente por seu quadril e suas pernas. Naquele momento, não eram capazes de pensar em mais nada. Não havia dúvidas ou arrependimentos. Havia apenas o momento, a proximidade dos corpos, o calor apaixonado que emanava de cada mínimo movimento. E assim, lentamente, foram despindo-se, até que as carícias os levaram a união completa, e não importou o sangue ou a descendência; foram, por um momento, um só.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.