Capítulo 1



A sala de Dumbledore era recoberta de quadros nas paredes, dos antigos diretores da Academia. Era uma sala ampla, por isso os seis alunos que estavam lá ainda se sentiam confortáveis. Dumbledore os encarava, do outro lado da mesa.


— Então, o que foi resolvido?


— Bem, precisávamos de uma peça que unisse tudo — disse Susan, a representante do teatro. Ela estava lá apenas porque Sirius e Sofia quase saíram nos tabefes, cada um querendo ser o representante. — Dança, teatro, canto, música, escultura e pintura. Claro, era bem fácil unir as quatro primeiras coisas...


—... E isso é ela dizendo que pintura e escultura são coisas inúteis... — Henry, representante da escultura, revirou os olhos. Susan voltou-se para ele, estreitando os olhos.


— Nós já tivemos essa discussão, Cox — ela murmurou. Dumbledore levantou as mãos.


— Eu marquei essa reunião para que vocês me dessem os resultados, sem as brigas — falou, severo. — Henry, tenho certeza que a senhorita Susan não quis insinuar isso. Mas prossigam.


— Bem, diretor... — dessa vez foi Lily que tomou a frente da reunião. Henry e Susan se limitavam a trocar olhares irritados, enquanto James revirava os olhos. — Precisávamos de algo que unisse música e dança, teatro e canto, pintura e escultura. Então, quase pensamos em fazer um roteiro original, mas seria um trabalho a mais.


— Então eu tive uma brilhante ideia — James sorriu. — Com ajuda de minha adorada Liv — completou, bagunçando os cabelos muito negros da representante da pintura. Liv sorriu como uma boba, mas ainda olhando para Dumbledore. — Ela estava pintando uma torre vermelha... Que me lembrou, bem, Moulin Rouge. O de 2001, não o de 1952.


— O que era uma ótima opção — Jason, o representante do canto, se intrometeu. — Já que é uma peça com muita música, muitos instrumentais, quantidades absurdas de dança e com um cenário pra lá de complexo.


— Houve algumas brigas... — Lily falou, olhando para Henry e Susan. — Mas no final das contas, deu tudo certo. Vamos fazer Moulin Rouge.


— Ótimo — Dumbledore sorriu. — Então, o que vocês precisam que eu faça?


— Primeiro, combinar uma data com o professor Flitwick e a professora McGonagall — disse Jason. — Como professores de canto e de teatro, nada mais justo que caiba a eles a escolha dos atores.


— Segundo, existem poucos personagens realmente importantes, mas muitos figurantes. Principalmente na hora das danças — James disse. — E são muitas danças. E nem um pouco fáceis. Então, precisaremos da Academia aberta todos os dias. Incluindo domingo.


— E acho que apenas isso. Não queremos sobrecarregá-lo, senhor diretor Dumbledore — Liv disse, ainda com o olhar perdido, sorrindo docemente para o diretor.


— Não se preocupe, minha cara Liv. Vocês só têm duas condições, e bem fáceis de serem atendidas. Hoje é segunda-feira. Poderíamos fazer o seguinte: vocês deixarão papeis para as audições espalhados pela Academia. Sábado, elas serão realizadas. E, já na segunda-feira, teremos os resultados.


— Ótimo! — exclamou Susan, batendo palmas. — Obrigada, diretor. Cuidaremos para que tudo saia perfeito.


— Tenho certeza disso.


::


AUDIÇÕES PARA A APRESENTAÇÃO COMEMORATIVA
DOS CEM ANOS DE HOGWARTS


AS INSCRIÇÕES IRÃO DE SEGUNDA À SEXTA DESSA SEMANA.
AS AUDIÇÕES SERÃO NO SÁBADO, DAS OITO DA MANHÃ ÀS OITO DA NOITE.


BOA SORTE!


O papel colado no painel da cantina estava praticamente cheio, Midred observou, reconhecendo alguns nomes das assinaturas. Suspirou. Todos os estudantes de teatro estavam lá e, pelo que ela se lembrava, Moulin Rouge tinha apenas uns oito ou nove papeis relevantes. Via alguns nomes da dança e do canto, também.


— Não vai assinar? — perguntou Regulus, parado ao seu lado. Ela o olhou, com o cenho franzido.


— Está vendo a quantidade absurda de pessoas inscritas?! E esse é só o papel que está na cantina, Regulus — Midred mordeu a ponta do dedão.


— E daí? Aposto que você é melhor que todos eles —retrucou.


Midred riu. Depois, tornou a olhar para a lista, nervosa.


— Olha só — murmurou, apontando para um nome. Numa caligrafia apressada, lia-se Sirius Black. Regulus deu de ombros.


— Bem, ele terá que batalhar um papel. Nós, da música, somos todos indispensáveis. Não precisamos batalhar por nada.


— Eu também terei que batalhar por um papel — Midred franziu o cenho para Regulus. O Black mais novo sorriu.


— Duvido muito que você terá que batalhar. Vamos, Midred, não me faça assinar seu nome.


Com um suspiro resignado, Midred pegou uma caneta na bolsa.


::


— Bom dia, Lily. O que faz aqui? Pensei que as pessoas da música poderiam ficar tranquilas... — James falou, sorrindo.


Lily estava sentada num banco da Academia, observando os vários alunos que faziam uma fila para o auditório. Não eram oito horas da manhã ainda, mas todos estavam bastante despertos.


—Estou esperando a Sofia — respondeu, distraidamente. — Ela também irá tentar. Estou aqui para dar uma força.


— Só para ela? — James continuava sorrindo. Sentou-se ao lado de Lily, que o encarou, como se o notasse somente naquele instante.


— É, Potter —falou, ríspida, cruzando os braços. James revirou os olhos. Ela estava sendo tão normal comigo há um segundo...— Apenas a Sofia. E o Sirius. E... você vai fazer teste? — ela perguntou, reparando que ele segurava um roteiro.


— Ah, sim. Não para o papel principal. Mas tem uma dança que eu gostaria muito de fazer... Então eu vou tentar — deu de ombros. Lily assentiu.


— Qual a dança? —perguntou, sentindo-se meio irritada por ser tão curiosa. James deu um sorriso.


— Isso é uma surpresa, minha cara — deu uma piscadela marota. Lily revirou os olhos.


— James? E Lily? Conversando feito pessoas civilizadas? — Sirius falou, sentando-se ao lado de James. Lily bateu no seu ombro, no que ele riu. — Então... — o Black olhou para a fila. — Nossa, está imensa. Todo mundo do teatro está lá. E a grande maioria da dança. E alguns do canto.


— E da pintura. E da escultura — disse James. — É, Sirius, a concorrência está acirrada. Mas vocês do teatro têm vantagens por... bem, fazerem teatro.


— É, James, mas você nunca ouviu falar sobre aquelas pessoas de talento bruto? — Sirius apoiou o queixo na mão. — Não que eu esteja preocupado. O que me preocupa é o Regulus ter vindo.


— Acha que seu irmãozinho quer puxar seu tapete? — James riu.


— Não sejam bobos — Remus se aproximou, com uma expressão sonolenta no rosto. — Ele não veio por sua causa, Sirius.


— Remus! — Lily exclamou, levantando-se para dar um beijo na bochecha do amigo. — O que você está fazendo aqui?


— O diretor me convidou para tocar o piano. Você sabe, para quando as pessoas forem cantar.  Por isso está todo mundo trazendo partituras e tudo o mais.


— Nossa. Que responsabilidade — Lily sorriu. Remus sorriu de volta. Então, olhou para o relógio.


— Dez para as oito — Remus murmurou. — Vou indo para o auditório. Boa sorte, Sirius, James. Lily, quando a Sofia chegar, deseje boa sorte a ela.


— Okay. Boa sorte para você também.


Remus sorriu, antes de se afastar lentamente.


::


— Sofia! Onde estava? Os testes já começaram, comecei a pensar que não viria! – Sirius exclamou, quando uma afobada Sofia juntou-se à ele, Lily e James na fila.


— O que houve? – Lily perguntou, curiosa.


— Desculpa, desculpa! Estava dando uma última ensaiada na minha apresentação. – Disse, ajeitando a franja que se bagunçara e pôs a mão no peito para acalmar a respiração apressada. Apoiou o queixo no ombro de James, descansado, o que o fez rir levemente.


— Tudo bem, eu deixo. – Ele disse, ainda rindo um pouco. – Mas então, imagino que irá tentar o papel da Satine, já que precisa ensaiar tanto.


— Bem, eu ia tentar o papel da Satine, sabe? – A garota começou. – Mas... não sei. Eu queria tentar algo diferente dessa vez. Tentar a Satine me deixaria na minha zona de conforto de sempre. Quer dizer, não que ela não seja um papel difícil e que não exija esforço, claro que sim, ela é maravilhosa, mas eu... bem, eu estudo para ser uma Satine. Talvez essa seja uma oportunidade de tentar não ser ela? – E revirou os olhos para si mesma, balançando a cabeça. – Não sei, quando expliquei para David parecia fazer mais sentido, e ele ficou tão empolgado...


— Não se preocupe, a gente faz teatro, é quase um pré-requisito não fazer tanto sentido. – Sirius disse, falsamente galante, o que a fez rir. – Mas então, ele já sabe que papel que você irá fazer... Ahn, que bom que ele gostou... – Sirius comentou, as sobrancelhas meio arqueadas.


— Ué, claro que sim. David é um bobo. – Sofia riu ternamente. – E ah, você sabe como ele gosta de você, mas nem tanto, então ele nunca vai ficar exatamente triste se eu não fizer o par romântico principal com você. – E deu de ombros antes de empurrar Sirius levemente, que só meneou a cabeça, um sorriso um tanto amarelo.


Lily e James entreolharam-se rapidamente num breve acordo de silêncio sobre o assunto.


— Remus desejou boa sorte. – Lily disse, de repente, lembrando-se.


— Acho que eu vou precisar dessa sorte, caso eu esteja me arriscando demais...


::


Já era quase meio-dia. Lily, Sofia, James e Sirius faziam uma rodinha numa parte da desorganizada fila. O barulho era intenso: alunos murmurando suas falas compulsivamente, colegas jogando conversa fora, aplausos para cada um que deixava o auditório – estivesse esse chorando ou apenas sorrindo nervosamente.


— Isso é tão dramático — Sofia murmurou. — Parece até que estamos fazendo os testes das nossas vidas.


— Essa conversa descontraída não vai colar — Sirius riu. — Estamos todos nervosos demais para isso.


— Pobre Remus — murmurou Lily, olhando para a porta do auditório. — Vai chegar em casa com tendinite.


— Eu não fazia noção da quantidade de alunos daqui — James falou. — É sério. Agora estou achando muito mais impossível conseguir um papel.


— Cala a boca, James — Sofia disse. — Só está me deixando mais nervosa.


— Que papel você vai tentar? — Sirius arriscou, passando o braço ao redor dos ombros da amiga. Sofia sorriu.


— Não vou dizer. Dá azar. Namorados não contam nessa crença, só para constar.


— Eu vou tentar o de Christian — Sirius falou, com simplicidade. — Duvido que isso me dê azar.


— Fique curioso, Sirius — Sofia disse. — E boa sorte! Sabia que ia tentá-lo e sei mais ainda que vai conseguir.


— Confesso que achei que você tentaria a Satine. Faríamos uma bela dupla, claramente. Mas tudo bem. Aguardo pela surpresa.  


— Nem todos precisam de uma estrela na testa, Sirius — falou Lily, ironicamente.


— Engraçadinha... — Sirius respondeu. Sofia e James riram.


— Mas, olhando mais de perto, você não acha que a Lily combina com a Satine, Sirius? – Sofia falou, de repente, falsamente pensativa. Lily estreitou os olhos.


— Sim, claramente, Sofia. E, olha só, James não seria um, menos belo infelizmente, mas um ótimo Christian? – Sirius adicionou e James passou a mão pelos cabelos, ignorando o insulto e sorrindo para a Evans.


Lily ia retrucar, mas o barulho de gritos e palmas encheu mais uma vez o ambiente. Eles olharam para ver quem deixava o teste. Sirius franziu a testa, ao ver seu irmão saindo do auditório junto com Midred Valentine.


— Qual dos dois fez o teste?


— A Midred, claro — Sofia retrucou. — Seu irmão foi só dar apoio moral. Que tal parar de implicar com ele agora?


— Se eu não implicar com ele, qual será a graça de ter um irmão mais novo?


— Eu sou uma irmã mais nova — Lily levantou o braço, acenando. — E não tem graça alguma.


— Ei, Midred! — chamou James. A garota olhou ao redor, para ver quem a chamava. Quando avistou o grupo, sorriu.


— Oi, James. Lily, Sofia. Oi, Sirius — acenou, aproximando-se. Regulus a seguiu, calado.


— Como foi o teste? — James perguntou.


— Ah, foi... bom. Eu acho. Bem, acho que não vou passar, mas não tem problema. Quer dizer, eu ainda posso ficar com as outras pessoas do canto, não é? Aquelas de apoio vocal...


— Deixe de ser boba — Regulus falou. — Ela foi, certamente, a melhor do teste. Qualquer outra menina que for tentar para o papel principal pode desistir.


— Você tentou para Satine?! — Lily pareceu surpresa. — Boa sorte.


Sirius deu um sorriso: — Que coincidência. Eu vou tentar para Christian. Se tudo der certo...


— Que música você vai cantar?


There Is A Light That Never Goes Out, dos Smiths — Sirius respondeu. — Uma preferida particular. E achei que combinava com o Christian. E que música você cantou?


— Cantei uma música de Carmen. A Hanabera.  


— Uau. Queria ter visto isso — Lily falou, sorrindo. — E você, Sofia, que música vai cantar?


Chasing Pavements, da Adele. E... outra música, porque motivos.


— Nossa, espero que dê tudo certo! Bem, nós já vamos. Boa sorte para vocês — Midred desejou, saindo com Regulus.


— Como uma menina tão legal pode andar com o meu irmão? — Sirius revirou os olhos. Sofia bateu em seu braço. — Ai! Esse é o segundo que eu levo hoje. Credo.


Os outros três riram.


::


Às duas horas da tarde, Remus saiu do Auditório com o cenho franzido, olhando as mãos.


— Ei! — Lily chamou. — Estávamos esperando por você. Como estão essas mãos? — a ruiva fez uma careta, imaginando como se sentiria depois de passar mais de cinco horas tocando violino.


— Doloridas. Mas tudo bem, algumas boas almas quiseram cantar sem nada ao fundo.


Sofia levantou-se, abraçando Remus pelos ombros.


— Obrigada, viu? Você tocou muito bem na minha apresentação.


— E você cantou muito bem. – Remus disse, piscando quando Sofia levou um dedo aos lábios.


— E eu? — Sirius deu um sorriso. — Vai, Sr. Lupin, dê seu relatório sobre as apresentações.


— Sirius, você foi muito bem. Flitwick e McGonagall fizeram alguns comentários positivos ao seu respeito quando você saiu. James, sua dança foi incrível. A Sofia cantou lindamente. E... é. Ah, e a Midred Valentine. Fiquei achando que a gente deveria fazer Carmen ao invés de Moulin Rouge, depois da apresentação dela.


Sirius sorria de orelha a orelha. Já achava que tinha ido muito bem em sua audição, com o que Remus falara, ficara ainda mais confiante.


— Agora, eu acho que deveríamos sair, para relaxar, certo? — James falou. — Que tal uma ida até o Vitrola? Umas nove horas?


— Claro! — Sofia exclamou. — Vou ligar para a Dorcas, alguém liga para o Peter?


Sirius pegou o celular do bolso, enquanto eles se dirigiam para a saída da Academia.


::


James tentou inutilmente não rir quando Dorcas levantou o rosto do seu afogatto de cappuccino e ele estava cheio de creme. Ela praguejou baixinho e se limpou da melhor maneira que pôde sem perder muito do tão delicioso creme. Estavam no Vitrola, eles e metade de Hogwarts, na verdade, já que esse era o café preferido dos estudantes da escola de artes. A mesa que pegaram era grande o bastante para os comportarem e, como sempre, pareciam o grupo mais agitado dali.


— Mas David, por que você não tentou nenhum papel? – Lily perguntou, continuando a falar sobre a peça que provavelmente seria o principal assunto por muitas outras noites.


— Não dá, por mais que eu quisesse. Você não viu que não tem praticamente ninguém do último ano participando? O trabalho final do curso mata qualquer chance de felicidade de qualquer último anista.


— Entendo, mas você...


Os dois continuaram a conversa, até que Remus, que até então prestara atenção, perdeu o interesse. Esticou e contraiu seus dedos longos que ainda doíam bastante por toda aquela manhã, e passou a observar sem muita atenção as pessoas ao redor. Peter, Sirius e James conversavam animadamente sobre uma partida qualquer de rugby que assistiram, Sofia observava seu grande copo de café com mais sono do que com interesse de tomá-lo, e Dorcas dava palpites no que lhe chamava atenção nas conversas de Lily e David.


Numa mesa mais afastada, Midred e Regulus conversavam calmamente, a primeira com um sorriso leve, o segundo mais carrancudo, mas claramente confortável. Lembrou-se de perguntar depois para Sirius se eles realmente não namoravam. Além deles, haviam vários outros casais espalhados, um grupo de cada arte, grupos misturados e... uma garota sozinha, aparentemente fazendo desenho com açúcar na mesa, um copo do que parecia ser chocolate quente bebido pela metade ao seu lado. Não era uma cena estranha ver alguém sozinho num café, mas aquele era o Vitrola... nunca via ninguém sozinho no Vitrola.


— Remus, o que você está... Ah! Ei, James, aquela não é a Liv? – Sirius falou, de repente, fazendo Remus olhar um pouco confuso para ele. James sorriu abertamente e assentiu ao ver a garota e só então Remus reconheceu os cabelos pretos-quase-petróleo da representante da ala de pintura.


James levantou-se e andou até ela.


— Liv! Oi! O que está fazendo aí sozinha?!


Remus observou, arqueando as sobrancelhas, Liv arregalar seus enormes olhos pretos por trás das mechas longas e lisas de seus cabelos. Ela de distraída e avoada, se transformara de repente em completamente alerta e feliz. Algum tipo de crush? Ele se perguntou.


— Oi, James. – Ela disse, e de repente o próprio estava pegando seu copo e puxando ela pelo braço.


— Vamos, não fique aí sozinha, senta aqui com a gente. – Ela se alarmou com a ideia por um momento, mas James era James e não há muitas pessoas que consigam contrariá-lo. – Gente, acho que a maioria já conhece? Mas de qualquer forma, essa é a Liv, representante da pintura. Liv, pessoas. Pessoas, Liv.


Todos riram e imediatamente mudaram o rumo de suas conversas para cumprimentar a garota. Sofia, inclusive, acordou.


— Então, você já tem ideia de como será o cenário? Imagino que vai ser um grande desafio. Quer dizer, é Moulin Rouge. Representação da vida boêmia. – Sofia falou, suspirando por um momento, no que David, ao seu lado, riu.


— Estamos por enquanto apenas fazendo o escopo, mas... – E Liv balançou a cabeça rapidamente, fazendo seus cabelos balançarem, seus olhos se arregalando, como sempre faziam quando algo a interessava. – Sim, espero que a vida boêmia seja bem representada.


— Estamos pensando em juntar escultura e pintura para fazer um grande cenário dinâmico, já que as trocas precisam ser rápidas. Acho que aquele elefante vai ser um dos mais difíceis de se fazer. – Peter comentou e Dorcas assentiu.


— Pelo que sei da dança, nós vamos modificar umas coisas ou outras, para deixar um pouco mais teatral, não é, James?


— É claro que sim. Esse vai ser o mais espetáculo que Londres já viu, escutem o que eu digo. – E enquanto uns riram e outros reviraram os olhos, Liv fora especialmente a única a assentir veemente.


Após um tempo de conversa fora, Sofia pareceu notar pela primeira vez que Midred e Regulus também estavam no recinto. Sirius, notando que ela saíra da conversa, seguiu seu olhar e azedou sua expressão à medida em que ela sorria. Antes que ele pudesse reclamar, ela já dizia a David que voltaria logo e já se encaminhava aos dois do canto.


James, por outro lado, apoiou o queixo em sua mão e encarou Lily, que notou o olhar sobre si e o encarou interrogativamente.


— Você sendo a melhor e mais impressionante violinista de Hogwarts, com certeza vai ser quem vai tocar o Tango de Roxanne, estou certo? – Perguntou e não deixou de notar que orelhas descobertas da ruiva ficaram da cor de seus cabelos.


— Eu não... eu só... Ora, Potter, provavelmente. Mas eu não sou a melhor violinista de Hogwarts, nem de perto. Apenas represento a ala de música. – Retrucou, dando de ombros.


— Bem, para mim, você é a melhor, Lily. Mal posso esperar para dançar com você tocando ao fundo. – Ele falou, sentindo seu corpo se esquentar com uma ligeira vergonha do que ele mesmo dissera, mas sem se abalar. Lily arqueou as sobrancelhas.


— Então voc-


— Ah bem, já que está tudo muito bom, tudo muito bem e foi um dia nervoso para praticamente todo mundo, por que não aumentar nossa mesa, não? Trouxe a Mid, nossa futura Satine, e Regulus para se juntar a nós.


— Não, Sofia! Não diga isso, eu não... quer dizer, oi de novo! – Midred cumprimentou por fim e sentou-se num lugar apertado, porém vago, perto de Sirius. Regulus cumprimentou com a cabeça, parecendo relutante, e acabou recebendo um pisão no pé de sua amiga. Sirius recebeu o mesmo de Sofia, quando pensou em começar a fazer cara feia. Já que cedera seu lugar à Midred, Sofia sentou-se sem cerimônias no colo do namorado.


James finalmente conseguiu desprender sua atenção de Lily para erguer sua xícara de expresso e pedir um brinde com todos. Iria ser um bom ano, afinal.

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N/A: Demora, mas vem. Espero que gostem. 

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