Mudanças...



"Como seriam as mudanças que foram causadas pelo fato inesperado?"
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Um mês depois..
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Em apenas um mês, tudo deu certo como Harry planejara. Após a chegada de Hermione à sua casa, ele nem sequer pensava mais na sua ex-esposa; ou preferia não pensar, porque quando ele chorava, afetava Katie também, então preferia não trazer ruins lembranças para a filha. Claro que nos primeiros dias eles ainda estavam muito mal, choravam a toda hora pela morte de Gina, Katie se jogava no colo da tia e chorava a noite inteira. Mas parece que Hermione conseguiu manter a felicidade e o dia-a-dia normal em apenas um mês: estavam se comportando como uma verdadeira família, apesar de Hermione ás vezes insistisse em conversar com o Harry que a Gina não poderia querer ela ali, "ocupando seu lugar".

- TIIIIIIIIIIIIAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Katie corria escada abaixo.

- Katie! – Hermione exclamou entre rindo e desaprovando a gritaria da garota. – Para de correr pela escada! Você vai acabar caindo.

- Não vou não! – Ela pulou no colo de Hermione. – O que você fez pro café?

- Um monte de coisas. Hoje você tem muitas escolhas. – Hermione se encaminhou para cozinha com Katie no colo e colocou a garota em uma cadeira. – E cadê o seu pai?

- Ainda está dormindo – Katie disse enquanto se servia de um pão com presunto. – Você conhece a “peça” tia. Sabe que, quando ele não trabalha, dorme até tarde.

- É, sei mesmo. Seu pai é um tremendo de um preguiçoso. – Hermione fechou os olhos e riu por dentro.

- Obrigado pelo “preguiçoso”. – Harry adentrou a cozinha, onde as duas tomavam café.

Ao ouvir a voz de Harry, Hermione abriu os olhos e sorriu. Ao ver o amigo entrando na cozinha, apenas com a calça do pijama, um arrepio percorreu todo seu corpo. Harry se abaixou e beijou a cabeça da filha. Repetiu a ação em Hermione.


- De nada! – Hermione respondeu, após receber o “beijo” de Harry. – Sempre que quiser é só pedir!

- Haha. Muito engraçado. Merece até um prêmio – Harry disse sarcástico.

Após o término do café, e de Hermione ter arrumado toda a casa, com alguns simples acenos de sua varinha, a “família” se reuniu na sala.

- Hum... o que nós vamos fazer hoje? – Katie perguntou, enquanto Hermione usava os cabelos lisos da sobrinha como “cobaia” para vários penteados.

- Hum... é uma boa pergunta... o que vamos fazer hoje, Harry? – Hermione perguntou à Harry, que estava sentado no sofá, mudando o canal da televisão a cada dois segundos.

- Não sei... o que se faz em um sábado de sol? – Harry perguntou, desistindo de procurar por algo interessante na TV e jogando o controle no chão.

- Assim você estraga o controle, Harry! – Hermione repreendeu-o. – Acho que deveríamos sair.

- Oba! – Katie levantou-se num pulo, fazendo com que o penteado que Hermione passara horas preparando se desfizesse. – Vamos a um cinema trouxa?

- Gostei da idéia! – Harry também se animou, mas, ao ver a cara que Hermione fazia, fez uma cara séria. – Ah Mione, qual é? Vamos nos divertir um pouco! Sair um pouco pra pegar um ar faz bem!

- Mas Harry... é que, às vezes, eu acho que saindo com vocês dois assim, parece que eu estou tentando ocupar o lugar de Gina, como sua esposa e mãe de Katie.

- Hermione, eu já cansei de te dizer que isso não tem nada a ver. Gina te adorava, eu te adoro e Katie te adora. Não é só porque vivemos juntos que você está ocupando o lugar de Gina! – Harry falou cansado para a amiga. Já cansara de repetir a mesma coisa tantas vezes.

- Te adoro mesmo tia e eu acho que... Hey! Isso é uma boa idéia! – Katie pulou no sofá.

- O que é uma boa idéia Katie? – Harry disse, enquanto tirava a filha de cima do sofá. Sabia o quanto Hermione não gostava muito disso.

- Uma família! – Katie estalou os dedos, com se fosse óbvio o que falava, mas ao ver as expressões confusas dos adultos, a menina explicou melhor: - Uma nova família! Pai, por que você não se casa com a tia Hermione pra ela virar minha mãe?

Harry e Hermione trocaram olhares assustados. Harry não falou nada, mas Hermione riu com a ingenuidade da sobrinha.

- Katie, meu amor, as coisas não são assim - ela explicou. Hermione realmente era muito cuidadosa com uma criança dessa idade. Esse foi um dos motivos para Harry ter convidado ela a passar um tempo na sua casa com Katie. - Seu pai e sua mãe se amavam... - Hermione de repente corou. Não sabia ao certo o que deveria ter usado. Se "se amam" ou "se amavam", mas ao perceber que a expressão de Harry não se alterou, ela continuou: - É um sentimento que eu e o Harry só temos como amigos...

Katie pareceu compreender. Mas a garota não desistiu.

- E vocês dois não podem ter agora esse sentimento? - Agora foi a vez de Harry rir. Como um sentimento poderia surgir de repente? Ele ria por isso.

Hermione não estava gostando mais do assunto.

- Er... com licença. - Hermione subiu as escadas, ofegando.

- Katie! – Harry repreendeu a filha, assim que Hermione desapareceu escada acima. –Isso é assunto pra você querer discutir? Você deixou sua tia sem graça.

- Não tinha a intenção pai! Eu só queria... – Katie perdeu a voz no meio da frase.

- Eu entendo filha. – Harry pegou a garota no colo e tocou o dedo indicador levemente na ponta do seu nariz. – Mas tem certas coisas que são melhores a gente não falar... guardar com nós mesmos para evitar magoar outras pessoas.

- A titia está magoada comigo pai? – Katie falou com temor na voz.

- Claro que não, meu amor! Mas ela está bem sem graça. Olha – Ele colocou a filha em cima do sofá -, fica aqui embaixo e se arruma. Eu vou subir para falar com sua tia e depois nós vamos ao cinema.

- Mas a tia não que ir!

- Isso, você pode deixar que eu resolvo – Harry decidiu, piscando para a menor.

Harry subiu as escadas lentamente. Pensava muito na idéia de Katie. Poderia até ser legal. Os seus pensamentos brincavam com ele...

Ela é minha melhor amiga! Apenas melhor amiga. E, ao que tudo indica, ela mesma não quer nada comigo. Claro... ela e toda essa obsessão por “não querer ocupar o lugar da Gina”. Céus, será que ela não percebe eu Gina morreu? Assim ela acaba “morrendo” também!

Harry riu da própria piada e balançou a cabeça para afastar tudo o que estava pensando. Não iria mais brincar com os sentimentos da amiga daquele jeito. Ela até poderia estar certa. Mas a Gina tinha morrido e tudo agora tinha mudado...
De repente percebeu que já estava de frente ao quarto de Hermione. Tirou o riso do rosto e bateu na porta. Não demorou muito e Hermione atendeu.

- Já está pronta? – Harry entrou no quarto dela e se sentou na ponta da cama.

- Pronta pra quê? – Hermione perguntou enquanto se sentava ao lado de Harry.

- Para irmos ao cinema, ué.

- Harry... eu já disse o que penso sobre isso...

- Disse – Harry cortou, concordando com o discurso que Hermione provavelmente iniciaria. – E eu já disse o que eu penso. E, para o seu azar, o que está contando no presente momento é a minha opinião, e não a sua, mocinha.

Hermione corou intensamente. Harry sabia o quanto ela amava quando ele a chamava de mocinha. E sabia o quanto isso a deixava sem graça e também sem ação por alguns rápidos segundos.

- Ah Harry! Você viu o que a Katie disse...

- Não vi, ouvi – Harry brincou. Hermione lhe lançou um olhar reprovador. – Ah Mione! A Katie ainda é criança. Certas coisas são meio complicadas para ela entender... mas se bem que não é uma má idéia nós nos casarmos – Harry brincou novamente.

- Harry! – Hermione o repreendeu. – Não fale isso novamente, nem brincando!

- O que? Sobre nós nos casarmos? – Harry começou a achar divertida a brincadeira. Sempre gostara de irritar um pouco Hermione. – Qual é o problema? Nós nos amamos mesmo... – ele se aproximou um pouco mais dela. Harry percebeu que Hermione corara intensamente.

- Harry, para com isso! – O coração de Hermione batia extremamente acelerado. Não entendia o porquê, mas Harry sempre a deixava assim.

- Com quê? – Harry agora ria abertamente. – Com isso? – E se aproximou mais ainda da amiga, ainda brincando.

- É! Você está me deixando muito sem graça, sabia disso?

- Sabia. E é exatamente por isso que ainda não parei. – Desta vez Harry se aproximara tanto que sua testa encostou-se à de Hermione.

Neste momento Harry olhou em seus olhos castanhos. Agora seu coração também se acelerara. Ambas as respirações estavam ofegantes. De súbito, Harry e Hermione se distanciaram ao mesmo tempo.

- Eu... – Hermione começou, com uma voz tão fraca que não passava de um sussurro, mas logo foi interrompida por Harry.


- Eu sei. Eu tava brincando. Você acha que eu seria capaz? – Por quê não? Ele deu sorriso pelo canto da boca. - Se arruma logo, se não a gente perde a hora do cinema. – Ele deu um beijo na testa da amiga e saiu do quarto, ainda rindo da brincadeira que para Hermione, tinha passado dos limites, mas ficou aliviada de que ele só chegou a encostar a testa na dela. Hermione riu dos seus pensamentos de que poderia ser algo a mais, deu um sorrisinho e pulou da cama para se vestir.

Hermione abriu seu guarda-roupa e procurou algo para vestir. Logo encontrou algo que a agradava e vestiu. Colocou uma blusa branca básica, sem mangas com um casaquinho azul por cima e vestiu uma calça jeans confortável. Fez um nó no cabelo com mechas caindo sobre seu rosto. Queria algo super discreto e aquilo estava perfeito.
Desceu as escadas e, no andar debaixo encontrou Harry e Katie, já prontos, brincando como duas crianças. Hermione riu: Katie ainda era uma criança.

- Hey crianças! – Hermione chamou-os, rindo. Os dois pararam a brincadeira pra olhar Hermione. – Estão prontos? Podemos ir?

- Ah tia! Então você decidiu ir? Que bom! – Katie saiu correndo do colo do pai, onde estivera há poucos segundos e pulou no colo da tia.

- Isso mesmo Katie! Abandone seu pai ao relento! Esqueça que eu existo! – Harry fingia estar muito triste com a filha.

- Não exagere Harry! – Hermione aproximou-se do moreno, ainda com Katie no colo e pegou uma bolsa. – E você não está ao relento. E ela não te esqueceu. – Hermione começou a mexer na bolsa que acabara de pegar. Logo, deu um longo suspiro. – Vou lá em cima pegar minha carteira. Acho que está em outra bolsa, volto num instante.

Katie sentou-se ao lado do pai. Ficaram em silêncio por alguns minutos, até Harry perceber um sorriso meio “maléfico” cobrir os lábios da menor.

- Conta Katie. O que você está pretendendo aprontar hoje heim?
- Nada papai! – A menina respondeu, ainda sorrindo e mexendo nos longos cabelos ruivos. – Você acha que eu seria capaz de fazer alguma coisa?

- Claro que acho! Você é minha filha, eu te conheço muito bem.

- Papai, você gosta da tia Hermione, não gosta? – Katie preferiu mudar o assunto.

- Claro que gosto Katie. Sua tia é minha melhor amiga, como eu poderia não gostar dela?

- Papai, não se faça de burro! – Katie reclamou impaciente. Harry lançou um olhar furioso e reprovador para filha, que se encolheu um pouco mais no sofá. – Desculpe. Desculpe papai! Eu quis dizer... você entendeu o que eu quis dizer. Você se casaria com a tia?

Antes mesmo que Harry abrisse a boca para responder a pergunta da filha, ambos ouviram barulhos de passos vindos da escada. Hermione já estava voltando com a bolsa e carteira, prontos para irem ao cinema. Quando estavam saindo de casa, Katie sussurrou para o pai:

- Não pense que me esqueci da pergunta pai. Você ainda me deve uma resposta.

Harry arregalou os olhos por um instante, mas deu continuidade ao passeio tranquilamente. Preferiram ir a pé. Depois do acidente que matara Gina, era muito raro eles saírem de casa. Mas, no meio do caminho, o rumo deles mudou completamente.

Katie encontrou uma amiguinha trouxa que estava indo com sua irmã a uma praça com parquinho. Depois de muita insistência, Katie conseguiu convencer Harry e Hermione de irem à praça junto com a garotinha. Katie saiu correndo para o escorregador.

Fim do Capitulo 4

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