Bônus




BÔNUS


O baile e o banquete ocorriam ao ar livre, nos vastos jardins das traseiras do palácio de uma Condessa "que gostava de dar nas vistas", como Sirius acabava de verificar, contemplando de modo descrente a superfluidade que cercava praticamente toda aquela zona exterior. Era certo que ele frequentava eventos e festas de gente chique, rica, com milhares de dólares abarrotando a conta bancária, mas isso… não tinha sequer comparação. De algum modo, ele tinha aversão a gente "que jurava ter sangue azul". Por Deus, quanta ignorância! Com certeza não teriam onde cair mortos − ou teriam: na cova, como qualquer outro plebeu. Que insulto!


Mas, bem… se ele desprezava esse estigma, por que diabos tivera a insana ideia de aparecer nesse tipo de festa?


Arreliado, Sirius pegou uma caixinha prateada no bolso interior do paletó e abriu-a, sacando um cigarro e segurando-o entre os dentes enquanto voltava a colocar a caixinha no bolso. Após acendê-lo, ele tragou longa e profundamente, soltando o fumo em direção ao céu negro e estrelado. Então, não conseguiu evitar um sorriso irônico, pois há muito que ele pensara ter largado aquele vício. De fato, até duas semanas atrás, ele não tocara num maldito cigarro por mais de dois anos; dois longos e fodidos anos. Ele jamais esqueceria o esforço descomunal ao longo desse tempo.


Perfeito: agora tinha dois pensamentos desagradáveis envenenando seu cérebro. Primeiro: o porquê de estar nessa porcaria de festa. Segundo: o porquê de voltar a fumar. Simplesmente perfeito!


Irritado, Sirius tragou uma última vez o cigarro e jogou-o no trilho de gravilha, esmagando-o com a ponta do sapato. É claro que ele estava por demais frustrado; e isto por única e exclusivamente ambos os pensamentos terem o mesmo rumo, a mesma resposta. Isto é, Marlene Mckinnon.


Caramba! Desde quando uma mulher influenciava sua vida, seu modo de estar, seu jeito de ser? Desde quando ele se importava com o sumiço de uma mulher? Sim: Marlene sumira. Depois do último encontro, misteriosamente, ela desaparecera do mapa.


E, um mês depois, aqui estava ele − contrariado, irritado, capaz de assassinar alguém − no último lugar onde ele queria estar.


A teoria era evidente: ele esperava encontrar Marlene onde ele nunca a procuraria.




Nota Da Autora: esse trecho-bônus é uma antecipação da continuação de Farsas, e em princípio será igualmente uma ONESHOT. Eu já tinha escrito isso há algum tempo, mas hoje decidi postar... Vá-se lá saber por quê, rs.


Aviso Básico: possivelmente demorarei um pouco a postar a continuação de Farsas (visto que sempre demoro um pouquinho com as atualizações). Mas, para quem estiver esperando a continuação, pode crer que faço intenção de postá-la. :D


Beijinhos e até breve!


Janete B. Potter


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