Prólogo do Fim - capítulo únic



O autor da presente fan-fiction reserva-se o direito de questionar o inquestionável, duvidar do indubitável, evitar o inevitável.


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Pensar no fim no fim não é uma coisa que agrada a todo mundo, principalmente se você é uma daquelas pessoas que não gosta de planejar tudo. Para que vive planejando tudo o que está ao seu alcance, pensar no fim é só mais uma obrigação. Mas fica a pergunta: como pensar naquilo que está tão distante e que é, por sua vez, tão imprevisível quanto o rumo do vento no céu? 


Naqueles minutos, ou segundos, que separavam Harry Potter de sua provavel morte, o fim fim se tornara só mais uma consequência, só mais uma variável da perfeita lei causa-efeito. Era o fim que justificaria os meios - ou o inverso. Afinal, o que era Harry Potter diante da promessa de paz que cercava todo o mundo bruxo? Ele era somente mais uma ferramenta - ou a única ferramenta - que seria usada para que se alcançasse o tão esperado sonho.


Claro que morrer não é tão fácil assim. Porém, não é tão difícil quanto viver. Já dizia Renato  Russo "viver é foda, morrer é difícil". Talvez morrer seja realmente algo dificílimo. Não saberei até que chegue minha hora. Contudo, a hora de Harry havia chegado mais cedo do que ele esperava. Aos dezessete anos ele entregaria sua vida a alguém que desde sempre o desejara morto. Harry e Voldemort - ou Tom Riddle, como queira - estavam ligados por algo que superava a simples consciência bruxa que permeava o mundo bruxo e até o mundo trouxa. A magia que os unia e os ligava era mais forte que qualquer magia, mais profunda que e mais antiga que a aurora do tempo. Um era o antagonista do outro. Nas palavras de Trewlaney, um não poderia viver enquanto o outro existisse. Quebrar essa corrente era libertar o mundo de sua pior praga nos últimos cem anos de história bruxa. Todavia, para que essa praga fosse exterminada, era preciso um sacrifício, mas não qualquer sacrifício.


Harry Potter era o sacrifício.


Morrer era preciso.


E assim Harry Potter entregou-se, findou sua vida num último lampejar de luz verde que saía da varinha de Lord Voldemort. Como Jesus Cristo, Harry Potter se entregou para que o mundo fosse salvo. Assim como Aslam fez por Nárnia, Harry fez por Hogwart's.


Paro para pensar como é engraçada a semelhança entre as histórias dos grande heróis dos mundos - digo mundos porque não acredito que estamos sozinhos nessa imensidão chamada Universo. Em As Crônicas de Nárnia, Aslam se sacrifica para que Nárnia fosse salva da maldição da feiticeira Branca. Na história cristã, Cristo morreu para que o mundo não perecesse, afogado por suas trangressões. Na história hindu, Vishna (ou Chrishna, não me lembro o nome), fez a mesma coisa, até que atingiu o grau máximo de iluminação. Harry Potter não poderia ser diferente. Era preciso que ele morresse, derramasse seu sangue.


É triste pensar que um garoto de dezessete anos tenha de carregar um fardo tão pesado quanto esse. Mas ele carregou. Não negou a missão que lhe fora designada. Sua vida não estava acima do mundo. Se ele não fizesse nada, talvez nem chegasse aos dezoito anos. Não que fosse chegar, é claro. Mas não era essa a questão. A questão era justamente ter um sentido para sua vida, compreender seu papel no universo, entender que à sua vida estava ligada a vida de outras pessoas, pessoas que ele nem conhecesse, mas que poderiam perecer por um erro dele. Por isso mesmo ele decidiu seguir em frente, quebrar a maldição que nasceu a dezesete anos atrás. Romper com toda a história de dor e sofrmento que abalara o mundo - trouxa e bruxo - honrar o sangue de seus pais, que tão corajosamente lutaram para que sua vida fosse preservada.


E com um levantar de uma varinha Lord Voldemort declarou-se vitorioso.


Mas... esperem, não é assim que a história dos grandes heróis termina. Creio que, antes do fim definitivo, alguém surge das cinzas, como Fênix Renascida, para reverter a história e declarar a vitória do bem. Pelo menos foi assim em O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. Foi assim também na história cristâ, e também na hindu. Todos eles ressuscitam milagrosamente para por fim ao sofrimento e ao reino do mal.


Mas Harry não ressuscitou.


Não, ainda. Muitas coisas iriam acontecer. E aconteceram. Segredos foram revelados, planos foram consumados e a vitória foi galgada. Depois que Severo Snape revelara a Harry Potter as reais intenções de Dumbledore, Harry decidira pôr em prática o plano que seu ilustre diretor formulara. Por isso deixara-se morrer nas mãos do Lord das Trevas. Mas nem tudo Snape sabia. Havia algo que nem o infeliz professor sabia, algo que só o próprio Alvo Dumbledore poderia contar, mas que não poderia revelar em qualquer lugar ou em qualquer época. Tudo deveria acontecer como se nada devesse acontecer. Dumbledore não poderia correr o risco de que se plano fosse interceptado ou, até mesmo, frustrado. Pelo mesmo motivo, não poderia correr o risco de contar prematuramente a Harry, porque poderia ter seus planos recusados pelo jovem. Afinal, quem quer morrer de graça? Por isso mesmo, tudo deveria acontecer como se nada fosse planejado, como se tudo ocorresse ao acaso.


Ninguém sabe como é a vida depois da morte. Nem se há vida após a morte. Harry descobriu. Muitos se perguntam será que dói? Harry não sentiu dor. Muitos perguntam como é? Para Harry tudo era claro e iluminado, como se a opressão da noite tivesse se esvaído e não houvesse mais trevas. Para ele, aquilo era morrer.


Claro que - ele descobriria depois - Harry Potter não estava morto, de fato. Ao que tudo indica, ele estava em uma dimensão paralela, entre o mundo dos vivos e dos mortos, um lugar onde os espíritos vagam livremente, sem rumo, onde a consciência mundana permanece intacta. Era onde ele estava e onde outra pessoa também estaria.


Alvo Percival Vulfrico Brian Dumbledore era o nome do, talvez, mais ilustre diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwart's. Com uma história um tanto controversa e uma sabedoria divinal, Dumbledore (re)descobriu o segredo da magia antiga e pagou - até mesmo com sangue - todos os erros de seu passado de adolescente rebelde e desajuizado. E era Dumbledore, portanto, que se encarregaria de conduzir o jovem (morto) Harry Potter rumo ao plano final.


Naquela dimensão entre mundos, Dumbledore revelou todo o segredo que envolvia e unia a vida de Harry a de Voldemort. É, portanto, o momento de plena iliminação mental do jovem bruxo. Morrer era preciso não porque fosse necessário dar um fim a existência de Harry, mas para dar um fim à existência de Voldemort dentro de Harry. É quando morremos que nos tornamos quem realmente somos. Harry passou a conhecer, por sua vez, sua real essência, sua real humanidade e, por fim, sua real magia.


Estava consumado, Harry Potter "ressuscita" - melhor seria dizer revive. Como Fawkes, o jovem finda mais um ciclo em sua mágica existência e dá início a um ciclo novo,  em que ele é somente ele. A profecia está cumprida.


Harry exerce, por fim, seu papel de herói e redentor. E o estranho, e ao mesmo tempo belo, é que mesmo no fim, ele tenta resgatar Voldemort. Mas o que era o Lord das Trevas senão o mal encarnado. Já não havia humanidade no senhor das trevas. Era pura maldade em corpo de cobra.


Eis que, com um golpe de misericórdia, Harry liberta o mundo do último vestígio de maldade que havia e destrói Tom Servolo Riddle, também conhecido como Lord Voldemort, o herdeiro de Sonserina.


O que é o fim, então? O fim é apenas um novo começo, uma forma de não deixar que se apague as lembranças do passado. Isso é o fim. Harry chegou ao seu próprio fim, dando início a uma nova era, uma era de paz e consolo. É preciso que todos morramos para que nosso fim dê início a um novo ciclo. Morrer não é fácil - nem para quem fica, nem para quem vai. Mas tudo termina. Tudo começa e tudo acaba. Tudo existe pelo tempo que precisa existir. Não devemos temer a escuridão que precede o sono eterno, pois, quem sabe, não há um mar de iluminação espiritual após o fechar definitivo dos olhos? Só saberemos passando por ele.


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Esta fan-fiction foi escrita por Pedro de Sousa.


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