Essência




N/A:
Capítulo I postado e betado por Jessy.Potter.
Obrigada pelos comentários inicias!!
Continuem COMENTANDO!!
Bjss

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CAPÍTULO I


ESSÊNCIA


 


Diante do inevitável, aqueles orbes verdes vibraram de maneira intensa, rumores ao fundo, barreiras ao redor, seria o final dos tempos para si? Risos, enquanto o vento levava tudo tão suavemente a uma nova circunstância, nada além, tudo através, quem entenderia a complexidade da vida?  Doces passos, respostas e perguntas, jamais encontradas, inevitavelmente ditas e pensadas, rodeios e mais rodeios, onde estariam os caminhos de seu “eu”? Loucos foram aqueles que lhe disseram para retornar a essa desilusão irreal. Nada, apenas os olhos azuis a lhe dizer, a lhe compreender, a lhe levar pela estrada infinita. Juntas, correndo por entre as loucuras insanas e devassas. Será que eram as únicas a sentir-se daquela maneira de tão profunda nostalgia? Respirações ofegantes, elas chegariam, elas chegaram, curiosos destinos tortuosos, lágrimas que não caíram, porque diante do inevitável jaziam. Transcender-se, elevar-se, olhar-se e unir-se para então modificar-se e julgar-se, pois dignos seríamos da felicidade se não lutássemos até o fim? Marcantes e envolventes, ali elas repousaram, tocaram-se e imortalizaram-se. O fim não chegou, ele apenas marcou o começo de uma jornada eterna à procura das respostas mais simples possíveis para tais atos, tais vidas, tais pessoas, ao redor e dentro de si, doce essência que envolveu, mudou e marcou a tudo e a todos. Imortais, reais ou ilusórias? Existentes, pois cabe a cada um definir sua realidade eterna deixando sua marca no mundo conturbado.


 


Infames, ah sim, indecentes.


 


Terrenos arredios, vidas hostis, lares a mil, idas e vindas, e a sanidade quase perdida. Soluções a parte, constrangimentos acolá, seguiam aos mandamentos, seguiam em frente, andando distraídas pelas ruas à meia noite, encarando os perigos, se juntando aos feridos, olhando o infinito. Labirintos somente.


 


Pararam, oh não, escondiam-se.


 


Por detrás daquelas árvores, em meio à mata, a observar, a encarar a serenidade, rostos aflitos, porém tranquilizados, seguras? Não, nunca. Esquecidas, isto sim. Encobertas pela mata, e silenciadas pelo mar que de tão imenso as hipnotizava, enquanto ao fundo jazia a passar a sirene ensurdecedora da polícia. Fugitivas? Quem dera, apenas lawbreakers, quebradoras de regras, coisas de pré-adolescentes que anseiam por liberdade. Doze anos, doze regras, doze brigas, doze amores, doze dias, doze minutos; era assim, seria assim e nada mudaria por hora, a sensação de liberdade, a emoção, a luta.


 


- Já passaram.


 


Olharam-se cúmplices, oh sim, jovens não devem andar por aí a meia noite, é a regra, é a lei.


 


- Vamos.


 


Levantaram-se e começaram a andar novamente.


 


- Vai pra escola amanhã?


 


- Vou, por quê?


 


- Nada, só pra saber.


 


A morena parou e olhou a loira, esta lhe deu um sorriso sincero e caloroso, às vezes matavam aula e andavam distraídas por aí, a procura de um caminho, a procura de uma resposta.


 


- Andemos, antes que a próxima patrulha passe.


 


Riram, a morena abraçou a loira e seguiram seu rumo. As noites pareciam menos angustiantes se vividas da daquela maneira, doce ilusão, doces sonhos infanto-juvenis.


Passo a passo, esquina a esquina, casa a casa; sussurros a meia noite, olhadas desconfiadas, sagrada emoção, adrenalina.


 


Silêncio. Haviam chegado a seu destino.


 


- Te vejo amanhã.


 


Sorriram e despediram-se, em meio à luz do luar adentraram suas casas, vizinhas. A loira rumou para a porta da cozinha e a outra tratou de subir numa árvore cujos galhos grossos passavam por debaixo da janela de seu quarto.


 


Serena a noite diante de tais ocorrências, idas e vindas, pensamentos a parte, seriam os destinos reais? Fragmentos de uma realidade obsoleta, assim olhavam por entre a escuridão de seu quartos, respiraram fundo, a loira deixou-se tragar pelo cansaço atirando-se em sua cama de maneira a encarar o teto branco. Já a morena limitou-se a observar o ressonar delicado de sua irmã gêmea que jazia a dormir na cama que ficava a frente da sua, colada à parede. Sentou-se, fechou os olhos e acalmou-se, os dias tornar-se-iam cada vez mais difíceis e complexos.


 


- Você voltou.


 


Ouviu-se num breve sussurro infantil.


 


Abriu os olhos e sorriu ao ver a face sonolenta de seu irmão mais novo.


 


- Posso dormir aqui?


 


-Claro.


 


Ela deitou-se rente a parede enquanto o irmão ajeitava-se à sua frente, enfim ele aconchegou-se colado a seu corpo, a morena beijou-lhe a testa e deixou-se levar ao mundo dos sonhos.


 


 Ah, elas sonharam, sonharam com uma realidade que ainda estava em construção, sorrisos inconscientes diante da alegria adormecida. Oh, doce maravilha inconstante. Oh, doce e longínquo sonhar...


 


 


Um olhar ferido, um arrepio, raiva, fúria, lágrimas? Nenhuma, apenas à inércia de um corpo infanto-juvenil a encarar a face deprimida de sua mãe, adormecida ao lado de mais um de seus amantes ingratos. Respirou fundo e fechou a porta, recostou-se na mesma e engoliu em seco. Silêncio. Remexeu em seus cabelos, estava frustrada, sentia-se incapaz, vulnerável demais, pois aquilo que via era uma mulher acabada, sem alma, sem vida, sem rumo, despedaçada por um amor, este que a jovem ali parada a pensar não compreendia. A cabeça girava, não assimilava e mais uma vez a raiva tornava a si, incapacidade. Céus! O que lhe faltava? Coragem? Ousadia? Desejo? Só havia ódio, só havia raiva, era só, era o que era, era o que podia se entender naquela sua concepção de mundo.


 


Concentrou-se e então se encarou.


 


Olhar perdido na escuridão daquele corredor enquanto o corpo permanecia apoiado a aquela porta ingrata.


 


Escuridão. Era isso, medo, sentia-se, ávida tratou de se arrumar, passos silenciosos, mente aflita, por que raios estava tudo tão quieto, tão certo, tão perto? Parou, respirou, olhou, sorriu diante da vida que aquele retrato lhe transmitia. Sua mãe, bonita e alva, mas o olhar mudou, tornou-se triste com aquele pensamento, abandono, era isso, era fato, era tudo, não havia raiva, não havia ódio, não havia nada além de abandono. Abandono certo e incerto, a única coisa que não entendia era o fato de ter sido deixada para trás com aquele homem, que seu pai não era e não seria, por mais que o sangue corresse em suas veias fossem iguais. Suspirou. As lágrimas haviam secado e as fugas haviam começado, apressou-se e saiu sem ser vista ou ouvida daquela casa.


 


 


Manhã terna, manhã adormecida, manhã elevada... Ah sim, manhã arriscada.


 


- Bom dia.


 


Ouviu-se e olhou-se.


 


- Bom dia.


 


Retribui-se e sorriram-se internamente.


 


A loira adentrou a cozinha da casa da morena pela porta que dava para o quintal, observou a morena terminar de por a mesa do café da manhã.


 


- Ele está em casa?


 


- Não, ele não voltou.


 


A morena parou e a olhou por alguns instantes.


 


- Quer dormir aqui hoje?


 


A loira balançou a cabeça positivamente e a morena sorriu terna.


 


- Hey, Lu.


 


- Hey, Lizz.


 


A loira olhou para a irmã gêmea da morena que acabara de adentrar a cozinha cumprimentando-a e beijando a bochecha da irmã em seguida.


 


- Olá.


 


Disseram em juntos duas vozes infantis, um menino de cinco anos de cabelos castanhos e uma menina de dez anos de cabelos também castanhos cumpridos, irmãos mais novos da morena, que sorriu ao ver o caçula arrumado para ir à escola pela primeira vez.


 


Sorrisos inocentes acomodaram-se a mesa e se puseram a tomar o café da manhã preparado pela morena. Distraídos, inocentes diante do inexplicável, almas nascidas para morrer, mortas para viver. Doce ironia diante da vida subjugada até o final dos tempos.


 


Alusões à parte, princípios a caminho ou seriam os altares da esperança que jaziam bem ali? Piadas infames, isto sim, ritos, mitos, estes que andam diante de nossas faces ocultas em rumo ao novo, em rumo ao mérito, à procura da honra. Pois andavam lentamente pelas ruas, agora à luz do dia, crianças menores à frente, crianças mais velhas atrás.


 


- Vocês demoraram ontem.


 


- Havia uma patrulha da polícia rondando o bairro.


 


Olharam-se, uma incrédula e duas nostálgicas.


 


- Isto fica cada vez mais perigoso!


 


A morena e a loira olharam-se cúmplices e então voltaram à atenção da gêmea da morena, um silêncio momentâneo quebrado com risos debochados.


 


Era assim, era o que era. Era a vida, era a morte, era o dia, eram elas, seriam elas, era a essência mais pura da incredulidade diante de atos inconseqüentes, estes que não vinham destas, mas sim de outras pessoas ao redor delas.


 


Assim nasceram. Assim reviveram a doce alusão a imortalidade adquirida com passos simplórios e inquietos.

 

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