one



1. Underneath the cuts and bruises


Draco Malfoy estava sorrindo, um sorriso fraco e atraente, enquanto as mãos de Pansy Parkison corriam pelos cabelos quase brancos da sua nuca.


Apesar dos enjôos, balancei minha cabeça, e forcei uma expressão suave. Que deveria ser suave.


E foi aí que nossos olhares se encontraram.


Que foi, Granger? Eu quase podia distinguir sua voz, embora o sorriso dele estivesse maior.


No que dizia a mim, o contato visual fora cortado, já que Harry acabara de sentar-se na cadeira em frente.


- Algum truque pra fazê-lo morrer com a força do pensamento? – Harry perguntara, olhando com desprezo para Malfoy e alterando a expressão para naturalidade quando os olhos atingiram meu rosto.


- Ele me irrita. – Respondi, dando um longo gole no suco. – Mas isso não é uma novidade. – Acrescentei, fingindo folhear às páginas de Hogwarts, uma história. – Descobriu o que ele anda tramando? – Perguntei, meio repentina, como se houvesse algo ilegal sendo feito pelo loiro aguado.


Harry fez uma espécie de careta, em revolta.


- Não. – Afirmou, cabisbaixo. – Mas eu vou provar que ele se tornou partidário de Voldemort, Herms. – Propôs, olhando para os dois lados. – Eu vou. – Repetiu, seguro.


Que seja, Harry. Tive vontade de dizer, mas me ative a respirar fundo. Preferia não pensar que eu estava escondendo as coisas de meu melhor amigo.


2. I'm not scared just changing


Right beyond the cigarette and the devilish smile


- Temos um trato, não temos Granger? – Malfoy pontuou, com uma expressão intimidadora.


- Ainda não. – Respondi, olhando para os lados, como se alguém fosse nos encontrar na sala precisa.


- Eu dou as minhas informações – Pausou. – Você me dá as suas. – Completara, abrindo um sorrisinho enquanto erguia uma de suas sobrancelhas. – Parece justo, certo?


Não.


– Eu não quero me tornar um comensal da morte... – Falara, dessa vez em tom de voz abatido. - Confie em mim, Granger. – Pedira, com um tom de voz de quem mandava.


Eu confio. Quase pronunciei, mas não queria admitir a mim mesma. Era como se eu o dissesse e ao mesmo tempo estivesse enfiando uma faca no meu melhor amigo, sem que ele notasse.


Quando voltei a fitá-lo, percebi que ele esperava uma reação. Estava quieto. Era quase anti-Malfoy.


Seus olhos estavam mais escuros. Estava usando todas as armas que possuía, é claro. Tive certeza, quando senti o calor das suas mãos se chocarem contra as minhas, segurando-as sem força.


Sua pele era macia. Fez-me respirar fundo e quase fechar os olhos. Quase. Eu não queria parecer em suas mãos, apenas.


- Ok. Temos um trato.


3. Finally gained what no one loses


I'll find you


- Não acha que é meio perigoso estarmos aqui? – perguntei, vigiando o corredor.


- É Hallowen, Granger. Todos estão bêbados demais pra nos notar. – Afirmou, sarcástico.


Não que também não estivéssemos bêbados.


Revirei os olhos, dando uma espiada por cima do ombro dele em direção a festa.


Pude ver Ron movendo-se desajeitadamente, com um drink na mão e o cabelo ruivo despenteado, grudado em sua testa de tanto suor. Havia um sorriso bobo em seus lábios, um sorriso genuíno, enquanto eu via seus lábios se moverem em frases que provavelmente deveriam ser desconexas. Ele cambaleava para os lados errados, sempre esbarrando em alguém. Era engraçado.


- Você ama o Weasley. – Ouvi a voz falar, perto do meu ouvido, perto demais.


Agora haviam centímetros entre nossos rostos.


Não desviei os olhos de Rony. Porque era seguro olhar pra ele. Havia algum tipo de inocência própria dos homens a quem devemos amar, que apenas ele possuía. Mesmo quando dançava bêbado e ridículo em um salão de festas. Malfoy, por outro lado, ainda era típico vilão.


Ele também fitava o ruivo.


- Mas você, Granger – pausara, com a voz cínica. – também sente alguma coisa por mim. – Completara, colocando nossos rostos mais perto.


E por um momento, olhar para Rony Weasley não fazia mais tanto sentido. A respiração de Draco Malfoy contra o meu rosto era bem mais real.


Malfoy sorriu, vencedor, enquanto a tortura persistia.


- Seu coração está acelerando, Granger. – Falara, grudando nossas testas. – Provavelmente porque você acha que eu vou beijá-la – Falara, fazendo-me corar. - Mas você ainda ama o Weasley, certo?


Respirei fundo, juntando forças para responder a altura.


- Aham. – “AHAM”? QUE PORRA FOI ESSA? SERÁ QUE DE UMA HORA PRA OUTRA ME TRANSFORMEI NESSAS MENINAS QUE SE ENTREGAM TOTALMENTE A PONTO DE PERDER A FALA E CAPACIDADE CEREBRAL PERTO DE CARAS COMO MALFOY? Aparentemente sim.


- O quão você o ama? – Perguntara, esperando uma resposta.


Já vou responder, Malfoy. Só espera sentado, haha.


Percebi que aquilo não era uma piada, ele estava falando sério.


Eu não sabia dizer o quanto amava Rony Weasley. Eu amava. Pronto. Precisava de algo mais? Amor podia ser medido de algum jeito? Eu esperava que não.


- Eu não sei, Malfoy. – respondi, inquieta, tentando soltar-me dos seus braços.


- Não tão rápido, Granger. – Falara, apertando-me mais, empurrando-me levemente contra a parede mais próxima. – Essa noite você vai ser minha.


Essa fora a frase mais sexy que já ouvi em minha vida. Não porque ele como um todo era sexy, mas porque eram concretos. Estava em seus olhos, em suas mãos ao redor da minha cintura, nos hálitos de firewhiskey, na vontade de alcançar além da sua pele e deixar que meu coração saísse de dentro do meu peito.


Era como se ele houvesse aberto um buraco, e arrancado meu coração com força, era como se ele estivesse me controlando através de um manual. E esse coração, que deveria pertencer apenas a Rony Weasley, por uma noite, pertencesse a Malfoy.

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