Capitulo I



Abriu vagarosamente os olhos tentando adaptar-se com a pouca claridade que ainda restava, aquele era o por do sol, a chegada da noite era a hora do dia que mais lhe agradava, onde seus olhos adaptavam-se facilmente a escuridão, onde eles pareciam enxergar mais do que a luz do dia.


Seus olhos de um verde intenso brilhavam com o aparecer da lua, em alguns momentos a impressão era que seus olhos mudavam de cor conforme seu estado de espírito, em outros se tornavam opacos e escuros mostrando estar sem emoção alguma.


Encontrava-se sentado no corrimão da sacada do seu apartamento de luxo, não que fosse a posição mais agradável, porém era daquela forma que apreciava o vento bagunçar seus cabelos negros, desalinhando ainda mais os fios rebeldes que por algum motivo não ficavam quietos.


Último andar, cobertura Duplex, rodeado por inúmeras paredes de vidros que refletiam as luzes da cidade. Riu de lado ao pensar como as pessoas não conseguiam viver sem essa pequena condição “luz”, e naqueles poucos momentos que lhes faltavam, ainda ajeitavam-se com as velas, tudo para poderem sentir-se mais protegidos.


Aspirou o ar que balançava de um lado para o outro. Era realmente o único momento em que seu olfato descansava de toda aquela mistura de cheiros e odores diferenciados, de toda aquela náusea que lhe embrulhava o estomago.


Como dizem: “Tudo que é demais, não faz bem”.  E isso se encaixava perfeitamente em tudo o que ele tinha. Audição demais, olfato demais, paladar demais, visão demais, tudo exageradamente incômodo.


Deixou escapar um riso divertido ao sentir a presença de seu colega sentando-se como ele, porém na sacada ao lado. E não pode deixar de comentar:


- Você realmente tem que vir até aqui para fumar? Tem mesmo que estragar o único momento de “paz” nesse mundinho infernal?


- Mundinho infernal? – Indagou soltando a fumaça. – Você sempre está reclamando Harry.


- Vai ver é porque você veio como encosto para me lembrar que sempre pode haver um lugar pior do que aqui.


- Não é tão ruim assim, posso dizer que é a melhor coisa que fazemos desde anos.


O moreno apenas limitou-se a balançar a cabeça em sinal de desconforto, nunca fora bom em longas conversas, e discussões realmente deixavam seu humor em péssimo estado.


Pulou para sacada e andou para dentro do apartamento fechando a porta de correr.


Não havia muitas coisas que lhe agradavam: “O que não é novidade”. Draco sempre repetia a mesma coisa. Mas com o tempo havia aprendido a diferenciar e apreciar certas coisas, que na maioria das vezes passavam despercebidas entre as outras pessoas.


Passou as mãos pelos cabelos como de costume, andou até o sofá preto de couro e jogou o corpo ali, depositando a cabeça em cima das mãos e olhando para o teto.


Deixou reparar naquele momento, com a fraca iluminação que vinha da lua, o quanto toda a mobília era de tons escuros, nunca havia realmente prestado atenção, mas desde o tapete até o quadro mais caro e luxuoso que se encontrava nas paredes expressavam o lado escuro dos habitantes da casa.


Alguns itens ou alguns pequenos objetos eram de cores claras e vivas, algumas almofadas e outras cadeiras em torno da mesa de jantar contradiziam a cor escura da decoração, por insistência da designer de interiores que haviam contratado. “Isso dará um charme diferente quando forem receber visitas”. Insistiu ela seca.


Visitas? Sinceramente aquilo era difícil, mas entre ter que acatar a decisão dela e ter que ir atrás de uma nova designer, preferiu aceitarem sem mais objeções.


Virou a cabeça ao ouvir passos aproximando-se da sala.


– Terminei por hoje. – Declarou uma senhora de estatura mediana com cabelos grisalhos e expressões extremamente severas. – Voltarei na segunda, se não tiver nenhuma objeção.


- Ok. – Confirmou o moreno apenas observando-a sair porta a fora. – Velha insuportável. – Murmurou ranzinza.


- Cara, hoje é dia de corrida. – Gritou Draco ao entrar na sala. – Havia me esquecido.


- Que horas são? – Indagou Harry.


- São sete, e ainda temos tempo. Começa apenas às dez horas. – Afirmou correndo para o quarto.


- Claro que temos tempo, você precisa sempre de pelo menos duas horas antes de sair para aprontar-se como uma mulherzinha. – Provocou o moreno ainda deitado.


- Vai à merda, Potter.


- Cara, você não deve xingar. As senhoras de idade do andar de baixo podem ouvir e ficar estáticas com seu linguajar. – Disse Harry rindo.


- Como se você se importasse? – Gritou do andar de cima.


- Oh! Tudo para o bem da vizinhança, meu caro. – Disse sarcasticamente.


Respirou fundo e deu um sorriso maléfico, bem, ao menos essa noite seria bem interessante. Iria se divertir de todas as formas como as pessoas normalmente faziam. Um pouco de prazer a carne não faria mal a ninguém.


 


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Sentada em cima da cama com as pernas cruzadas em frente ao corpo, uma morena narrava detalhadamente um acontecimento para suas amigas atentas.


- Bem, é mais ou menos isso! De qualquer forma, teria ainda um mês pela frente de trabalho comunitário na creche, então estou com pouco horário para sairmos nessas férias, meninas.


- Mas pense pelo lado bom Mi, são apenas duas vezes na semana, então ainda temos bastante tempo para aproveitarmos. – Consolou Luna.


- Ainda acho completamente ridículo você ter que se responsabilizar pelos atos irresponsáveis do seu irmão, Mione. – Falou Pansy nervosa.


- Como poderia pagar pelos estragos que ele fez meninas? Ele com aquele bando de vândalos destruíram toda vidraçaria do prédio, ao menos ele vai ficar alguns anos tendo que prestar serviços mais pesados. – Confessou com um semblante triste. - De qualquer forma o dinheiro que vou receber com o salário temporário da creche vai dar para pagar algumas coisas.


- E o dinheiro que você tem, ele não perguntou nada? – Indagou Luna curiosa.


- Nem ao menos deixei. Ele sabe que naquele dinheiro eu só mexo o necessário, nossos pais morreram e com custo deixaram aquilo, não vou o deixar gastar tudo em farras e bebidas. – Disse séria e convicta.


- Certíssima amiga. – Concordou Pansy.


- Alex é sempre assim, infelizmente, some e quando aparece sempre vem com alguma bomba na mão pronta para estourar para o meu lado.


- Ele nem parece ser o irmão mais velho, tem 23 anos e age como um moleque irresponsável. – Disse Luna acariciando a mão da amiga.


- E você com apenas 19 anos sempre dando uma de irmã mais velha Mi, não sei até quando você vai agüentar isso. – Pansy falava revoltada.


- Eu ainda espero que algo venha e mude minha vida, mas que Deus me ouça com clareza. Que seja para melhor! – Confessou com um sorriso torto.


- E com certeza será. – Confirmou Luna sonhadora. – Um homem lindo, moreno, alto de olhos verdes ainda aparecerá para você. Ah! Não se esqueça do rico. – Disse rindo.


- Que os anjos digam AMÉM. – Falou Pansy alto. – Oh! Acrescente um loiro dos olhos azuis para mim. – Pediu com os olhos fechados provocando risos nas suas colegas.


- Só vocês mesmo para me fazerem sorrir nessa situação. E até o próximo verão nós três estaremos na faculdade. – Afirmou animada.


- Sim. Meus pais não cabem em si de tanta ansiedade, contam para todos os amigos deles sobre como possuem uma filha e “sobrinhas” inteligentes. – Falou Luna risonha.


- Os meus vem se acostumando com a idéia de esperar vocês, eles não entendem como posso querer entrar em uma faculdade com tanto esforço, se posso usar só nosso sobrenome para ter passe livre. – Explicou Pansy encabulada.


- Mas ainda sim são ótimos pais, amiga. – Disse Mione meigamente. – Só pensam no seu bem.


- Eu sei, Mionizinha linda do meu coração. – Provocou Pansy gargalhando.


- Você é um caso perdido mesmo, Pansy. – Declarou Luna saindo da cama.


- Realmente, estou tentando me encontrar, ou melhor, encontrar um homem que me coloque no caminho certo, ou não. – Falou sem perder o riso alto.


- Bem, então tenho uma idéia ótima. – Propôs Luna.


- Lá vem.


- Calada Mione! Vocês não esqueceram que dia é hoje não é?


- Oh Sim. Lembrei. – Falou Pansy com um sorriso sapeca.


- Isso mesmo.


- Ah não... – Começou Mione.


- Sim minha querida amiga. Vamos sair! E se não me engano no horário de sempre meu bem virá nos buscar. – Lembrou Luna alegre.


- Hoje não meninas. – Pediu Mi.


- Você sempre diz isso, e se não fosse a gente obrigá-la a sair, você ficaria dentro desse apartamento mofando, Mione. – Explicou Pansy posicionando ao lado da morena. – Você é linda, é meiga, inteligente e só falta um namorado. – Finalizou puxando-a pelo braço.


- Que analise ótima Pansy, se você não dissesse isso jamais saberia. – Retrucou enfezada.


- Então vamos nos arrumar. – Mandou Luna correndo para o banheiro.


- Ainda bem que temos dois banheiros, caso contrário sairíamos só amanhã. – Provocou Pansy empurrando Mione para o outro.


- Aposto que Rony acha um tédio nos levar. Ficamos de vela sempre que vocês dois saem. – Afirmou Mione.


- Mas vocês até que são boazinhas sabe, não perturbam tanto, tomam o rumo de vocês e nos encontramos apenas na hora de ir embora, ele não importa então. – Gritou Luna gargalhando.


- Antes que me esqueça, você não disse para onde iremos hoje. – Questionou Mione parando na porta do banheiro.


- Hoje tem corrida e Rony não quer perder por nada.


- Corrida?


- Sim, corridas de carros, nas ruas. Como daquela última vez que fomos. – Respondeu ligando o chuveiro.


Hermione resolveu refrescar-se com um banho, de qualquer forma aquilo bem que poderia melhorar o seu dia, ela merecia divertir-se, era bom poder compartilhar-los dias como esse com suas amigas.


Muitas vezes esquecia que era apenas uma jovem cheia de sonhos e metas, com idéias e desejos verdadeiros no coração, em momentos não passava de uma menina medrosa e tímida, outras vezes tentava mostrar-se forte e valente para que muitas pessoas não aproveitarem de sua ingenuidade.


Não havia dúvidas do quanto fora presenteada pela beleza que herdou de sua mãe, uma beleza exótica, diferente, natural como muitos diziam. Alguns analisavam seu rosto tentando diferenciar onde estavam os traços latinos de sua mãe e os traços gregos do seu pai.


Uma mistura fantástica! Os Deuses a honraram com tamanha formosura.”. Dizia sua avó sempre que a via. Mencionando sempre de sua origem grega através dos deuses.


Um lindo anjo de cabelos dourados”. Seu avô sempre gostava de ir além e nunca ponderava as palavras que saiam de sua boca. “Capaz de fazer com que um demônio se encante com tanta doçura”.


 


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Passeou com o carro entre as pessoas que transitavam pelo imenso espaço entre uma pista de corrida e bares espalhados pelo lugar, com cuidado para não passar por cima de qualquer garota que ameaçava jogar-se em cima dele ainda em movimento.


Estacionou e desceu do carro colocando sua jaqueta preta de couro com detalhes vermelhos.


– Quanta ostentação meu caro! – Disse Draco parando ao lado dele.


- Quantos pecados capitais eles podem estar cometendo hoje? – Indagou irônico.


- Eles eu não sei, mas eu já estou começando. – Respondeu sem o menor pudor para olhar as garotas que passavam.


- Começando? Você vive com isso, Draco. – Falou andando para o bar.


Desviou de todas as pessoas possíveis tentando ao máximo não encostar-se a ninguém naquele momento. Torceu a mandíbula procurando calma, foi quando avistou duas cadeiras a sua frente, sentou-se e pediu uma cerveja.


Aquele era o lugar, se não o certo, seria o mais propicio a “diversões” das mais diferentes possíveis. Bebidas, cigarros, drogas e sexo, era odor demais para um lugar só.


Diversos caras botando banca. Disputando quem possui o melhor carro e a melhor garota:


- E o menor cérebro. – Sussurrou Harry para si.


Muito hormônio num corpo só, muitos desejos e sedes para corpos tão pequenos e infantis. Havia acostumado com tudo aquilo, pelo menos tentava ao máximo não levar tudo aqui para si, como Draco dizia. “Fecha os olhos e manda vê”. Mas a frase que soaria melhor era fechar todos os sentidos.


- Eu ainda quero saber o porquê dele ter nos mandado para cá. – Falou Draco apreciando a paisagem.


- É difícil mesmo imaginar o porquê ele mandaria você, não é? – Provocou Harry.


- Ao menos você poderia tentar relaxar e gozar. Não foi um desses políticos que falou isso? – Indagou rindo. – Quantos poderiam morrer hoje? – Perguntou tornando-se sério novamente.


- Quem sabe o mesmo tanto que nasce. – Respondeu.


- Você ainda continua bom em induzir as pessoas? – Indagou curioso.


- Você é bom em alguma coisa? – Riu do colega.


- Mulheres, meu caro.


- Oh sim, vai ver é por isso que lá está cheio disso. – Falou olhando a movimentação.


- Isso é como estar em casa. – Afirmou o loiro sentindo toda a tensão, e desejos mais secretos de cada um. – Muitos estão em cima da cerca, não sabem o querem, outros para agradar o grupo tomam as decisões estúpidas de sempre. Incrível como ninguém possui caráter próprio, tão inseguros e fáceis de serem levados.


- E levam nossa diversão fora. – Concordou retribuindo o olhar para a garota a sua frente.


- Cara, assim você vai arrancar a alma dela.


- Esse é o objetivo. – Afirmou segurando o olhar.


Induzir as pessoas? O que seria isso? Fazer com que elas mostrem seus desejos mais ocultos. Apenas com sussurros e toques levarem embora seus receios para então criarem coragem e agirem conforme seus instintos mais carnais. O instinto de sobrevivência, a ganância e a soberba que habitava dentro de cada um. Era preciso apenas de empurrão e tudo acontecia.


Alguns eram tão fáceis de serem induzidos que apenas com um leve sussurro transformavam-se em caçadores ávidos em busca de uma presa.


O que ela tem em mente”? – Indagou Harry em pensamentos. Sentada em um sofá ao lado de diversos garotos e garotas ela balançava as pernas, cruzando-as de um lado para o outro, fingindo tentar não mostrar o que aquela mini-saia não esconderia nem mesmo se estivesse de pé.


Passeava a língua em seus lábios excessivamente cheios de batom vermelho, suas mãos jogavam seus cabelos loiros de um lado para o outro sem importar-se com os olhares a sua volta. Olhares de desejo, de inveja e luxuria. “Mulheres fáceis, isso sem dúvida é para o Draco”. Pensou acenando para o colega que rapidamente pegou no ar.


Rapidamente seu olhar parou no nada, só por um momento fez com que as luzes apagassem fazendo com que todos sussurrassem que seria uma queda de energia. Concentrou todos seus sentidos para alguém que acabará de chegar, mesmo de longe ainda sim era diferente de tudo aquilo que havia sentido.


Ela? Sim, era uma garota. Constatou Harry deliciado com a essência dela. Girou a cadeira voltando-se frente ao bar e sacudiu a cabeça saindo do transe vendo as luzes se acenderem.


Viu Draco parar ao seu lado e olhá-lo de lado: - O que temos aqui? – Indagou curioso.


- Nada que lhe interesse, dê meia volta e vá atrás da loira. – Falou apertando o maxilar.


Draco vendo que o moreno permanecia parado resolveu tomar o caminho oposto. Harry sorriu de lado ainda vidrado no caminho em que garota percorria. 


- Interessante. - Falou para si.


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- Realmente está muito cheio. – Falou Pansy descendo do carro.


- Hoje tem algum tipo de final ou premiação, Rony? – Indagou Mione olhando a quantidade de carros.


- Nada em especial, o de sempre e algumas apresentações diferentes. – Explicou ativando o alarme.


- Ah sim. – Murmurou Mione ainda desatenta.


- Não é tão ruim assim quanto imagina, quer dizer, realmente eu venho apenas por gostar de carros o que é diferente de muitas outras pessoas. – Declarou o ruivo enlaçando pela cintura à namorada.


- Vocês vão gostar. – Afirmou Luna.


- Tenho certeza que sim. – Entusiasmou-se Pansy. – Vamos! – Disse puxando Mione pela mão.


- Eu reservei uma ótima mesa para nós, assim é melhor de ver a corrida e é mais o fácil acesso aos bares. – Disse Rony indo na frente.


Era a primeira vez que Hermione ai a lugares como aquele, todos diziam ser ótimos lugares para conhecer pessoas novas, companhias diferentes e experiências prazerosas. Bem, ela preferia ainda sim ficar com as duas primeiras opções.


Era preciso apenas olhar para o lado e ver realmente como a maioria divertiam-se, garotos fumando e jogando apostado. Garotas com roupas extremamente sensuais sentadas de forma provocante sem se importar com olhares maliciosos e mãos um tanto que bobas.


Apesar de nova, não era tão burra e ingênua a ponto de não saber o que acontecia realmente em lugares assim ou até mesmo entre sexos opostos em um... Riu ao ver um casal saindo todo bagunçando de banheiro e tropeçando nos próprios pés.


Pansy tagarelava tanto que a morena havia se perdido na primeira palavra que amiga havia dito quando chegaram. Vez ou outra encontrava algum conhecido e acenava um cumprimento rápido e tímido, sorria encabulada e corando até a raiz do cabelo quando algum garoto piscava ou assoviava para ela, em outros momentos sua face ardia de raiva quando algum outro tentava ser um pouco mais atrevido com ela.


Agradeceu mentalmente a amiga que andava ao seu lado por estar praticamente passeando, já que as duas se encontravam com saltos finos e altos, brigou consigo mesma ao pensar em como sua sandália branca ficaria ao final daquela noite, com toda certeza ainda haveria muitos que pisariam no seu pé.


- Daqui temos uma ótima visão do movimento. – Brincou Pansy sentando.


- O que você vê então? – Indagou Mione risonha.


- Um monte de pontinhos loiros, será que algum é meu? – Falou esticando o pescoço.


- Se continuar aqui não ira descobrir. – Afirmou Luna.


- Boa idéia, amiga! Vou passear um pouco, quer vir Mione?


- Fique a vontade, quem sabe não vou atrás do moreno de olhos verdes. – Respondeu mordendo os lábios.


- Nos encontramos mais tarde então, qualquer coisa estarei com o celular. – Disse Pansy saindo.


Não queria fazer desfeita com a companhia da Luna e o do Rony, mas ter que ficar ali sentada vendo o casal de pombinhos namorando não era o melhor programa a ser feito. Sorriu discretamente e acenou para Luna em sua saída, vendo que Rony estava concentrado numa conversa com seus amigos que acabaram de chegar.


Começou a andar sem um lugar certo a ir, apenas queria passear entre carros e pessoas. Olhou para o céu vendo as nuvens se abrindo dando lugar as estrelas, o calor da noite ainda estava agradável, o vento soprava calmo balançando seus cachos.


Procurou com os olhos um lugar mais calmo para poder comprar algo para beber, mas viu que não haveria nenhum lugar assim, então resolveu entrar no primeiro bar. Viu que havia um pequeno espaço no balcão e foi em direção tentando não trombar em ninguém.


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- Aquela não é sua garota? – Indagou Harry tocando de leve o ombro do rapaz que se encontrava ao seu lado.


O rapaz mudou sua expressão risonha e descontraída para um olhar frio e possuído avistando de longe um cara conversando perto do ouvido da sua namorada.


– Vá lá e mostre quem você é. – Sussurrou induzindo o rapaz a sair de perto e dar espaço para aquilo que ele pretendia fazer.


Sorriu maldosamente para a confusão que acabava de começar. Um namorado ciumento tirando satisfações com um rapaz que estava dando em cima de uma garota comprometida, nada melhor e mais propicio para uma boa briga.


Remexeu o pescoço em sua espera ansiosa para a chegada da garota que atravessava o bar em direção ao balcão.


Era “humano” agora, então até ele próprio tinha o direito de ser tomado por emoções carnais e nada melhor que uma boa dose de luxúria no seu sangue. Nem todo prazer da carne com uma mulher sedenta por sexo poderia ser melhor e mais delicioso do que o prazer da pureza e ingenuidade.


- Garçom. – Ouviu a voz doce e suave da morena que acabara de chegar ao seu lado. Nem todo o barulho da música, motores e conversas poderiam abafar o som da voz dela e mesmo que o mundo caísse naquele momento ele ainda estaria concentrado naquela voz.


Aquele som percorreu toda sua clavícula, arrepiando cada poro do seu corpo, um desejo insano subiu pelo seu corpo atiçando seus sentidos mais obscuros.


Virou o rosto de lado e apreciou todo o corpo da garota, desde os pés pequenos e delicados dentro de uma sandália branca com finas presilhas de lado, passando pelas suas pernas e quadril que estavam moldurados por uma calça jeans preta que brincava com suas curvas até a sua fina cintura e seus seios firmes. Sua blusinha branca tomara que caia em contraste com sua pele dourada era um convite a loucura.


Ela já estava começando a ficar impaciente em não ser atendida e isso fazia com que seus dedos batessem impacientemente no balcão e seus lábios grossos e vermelhos fossem mordiscados pelos dentes. Dentre todos aqueles bárbaros que disputavam quem gritava mais alto, como alguém poderia ouvir sua voz tão baixa e serena.


Instantaneamente segurou com força o braço do garçom que passeava de um lado para o outro atrás do balcão.


– Você é surdo. – Disse o moreno entre os dentes chamando a atenção da garota que o olhou de forma confusa.


- C... om... o... O que o senhor disse? – Indagou tentando desvencilhar da mão que apertava o seu braço. Pode sentir o medo estampado em seu rosto, no momento em que o garçom fitou seus olhos frios.


- Você não ouvia a garota lhe chamando, não? – Acusou sem afrouxar o aperto.


- Oh, por favor, eu posso esperar. – Respondeu Hermione corada pela intromissão do rapaz ao seu lado.


- Você já esperou muito tempo. – Afirmou com um sorriso maroto que a deixou mais envergonhada. – Então? – Questionou o moreno olhando seriamente para o garçom que não deixou de perceber a mudança de cor nos olhos do rapaz.


- O que a senhorita deseja? – Perguntou o garçom tentando não olhar para o moreno e concentrar-se em atender a garota em sua frente.


- Eu? Er... bem... – Tentou lembrar-se do que estava com vontade de beber naquele momento, mas toda aquela cena fez com que tudo sumisse de sua mente.


- Água e refrigerante? – Falou o moreno trazendo-a de volta a realidade.


- Oh sim, pode ser. – Afirmou sorrindo de leve tentando não olhar para o lado e deparar-se com o sorriso do moreno sentando.


Concentrou-se na musica que estava tocando, nas conversas paralelas das pessoas no bar, e até nas gritarias que rolavam ao lado de fora, mas nada fazia com que a curiosidade de olhar para o lado diminuísse.


Idiota”. Pensou consigo mesma passando as mãos pelos seus cachos ajeitando-os, não queria parecer um espantalho. Brincou com os dedos torcendo para que o garçom trouxesse logo seu pedido para que pudesse sair dali correndo sem olhar para trás.


Moreno dos olhos verdes”. Não conseguiu evitar sorriso ao pensar em como suas amigas reagiriam ao vê-la do lado de um Deus grego.


- O que você esta fazendo aqui? – Indagou Harry sem conseguir ficar mais um minuto em silêncio, não foi realmente o que ele queria perguntar, porém aquilo saiu sem pensar, queria poder ouvi-la de novo, queria poder ver nos seus olhos o que estaria fazendo ali.


- Desculpe você disse algo? – Perguntou Mione virando o rosto para fitá-lo.


“Pelo menos ela não ouviu sua pergunta idiota”. Pensou ele reformulando.


– Perguntei se você vem sempre aqui? – Não poderia ter sido mais idiota também, poderia realmente ter ficado com a primeira opção.


- Não, é a primeira vez que venho aqui. – Murmurou tentando manter um contato visual sem corar.


- Percebi. – Respondeu ainda pensativo. – Você não parece ser o tipo de garota que freqüenta lugares assim. – Terminou ainda serio analisando-a.


- Não pareço o tipo de garota que freqüenta qualquer lugar. – Sussurrou para si mesma tentando achar o garçom. Porém ele havia escutado e ainda encontrava-se curioso sobre ela.


- Não quis dizer isso, apenas disse que é um lugar muito “mundano” para alguém como você. – Disse vendo-a corar por perceber que ele havia escutado o que ela disse.


- Você parece realmente saber tudo sobre os tipos de pessoas que estão aqui. - Retrucou um pouco incomodada com o olhar dele.


- Confesso saber muito mais do que gostaria, mas confesso ser atraído por aquilo que não tenho experiência. – Afirmou ainda mais interessado com as reações que ela demonstrava.


- Um caçador de novas experiências. Bem vindo, você deve estar no lugar certo. – Disse colocando o cabelo para de trás da orelha.


- Oh não. Lugares certos são sempre os errados. – Falou sem perder o sorriso por ver toda a confusão no rosto dela.


- Desculpe, não sou muito boa em decifrar código, e você me parece estar sempre falando neles. – Respondeu baixo.


- Não queria ser grosseiro, deixe-me me apresentar, me chamo Harry Potter. – Estendeu a mão esperando ser retribuído - Qual seria o nome do anjo em minha frente?


- Hermione Granger. – Sorriu divertida e encabulada. – Já fui chamada de muitas coisas, mas apenas meu avô me chama de anjo.


- Quem sabe ele não tenha uma visão tão afinada com a minha?


- Ou quem sabe você não seria como ele, um conquistador? – Retribuiu a pergunta divertida.


- Então tenho certeza de que nos daríamos muito bem.


Ela esperou que ele desistisse e naquele momento abaixasse sua mão, mas ele permanecia parado com sua mão grande e forte na frente da morena aguardando o cumprimento. Tocou de leve os dedos dele e encaixou sua mão pequena na dele devolvendo o aperto, só não contava que naquele momento ele a puxaria para perto e depositasse um beijo suave e quente no seu rosto fazendo com que o sangue fluísse e suas bochechas corassem.


- Encantado. – Sussurrou em seu ouvido.


- Senhorita, o seu pedido. – Chamou o garçom tirando-a do transe e dando um passo para trás.


- O...Obrigado. – Gaguejou colocando a mão no bolso da calça para pegar o dinheiro sendo impedida pelas mãos do moreno que seguravam com delicadeza seu braço.


- Não, coloque na minha conta, por favor. – Disse firmemente para o garçom, sem deixá-lo retrucar observou virar as costas e sair.


- Não precisava. – Sussurrou ela envergonhada.


- Interessante como você consegue em menos de meia hora corar a cada palavra que eu pronuncio. – Afirmou extasiado com o contato que estava tendo.


Isso era apenas um toque, simplesmente um tocar de pele que fazia constantemente com as pessoas ao seu redor, mas naquele momento era um toque normal, sem intenção de persuasão.


- Eu acho que vou embora agora. – Disse ela afastando-se com cuidado e virando no balcão para pegar sua lata de refrigerante e sua garrafa de água. – Obrigado novamente.


Tudo aconteceu tão rápido naquele momento que em questão de segundos uma gritaria sem fim começou a poucos metros deles, dois homens trocavam palavras enfurecidas e ameaças, virou o corpo assustada e pode ver a multidão de gente abrindo espaço para não se machucarem.


Uma garota desesperada gritava para eles pararem, e alguns conhecidos tentavam em vão amenizar a discussão. Sem aviso os dois sacaram uma arma, deixando todos horrorizados e explodindo gritarias de desespero.


Hermione deixou cair tudo que estava em suas mãos e andou para trás chocando seu corpo contra o peito de Harry, que enlaçou sua cintura e distanciou-se mais e mais junto com os outros presentes.


- Oh meu Deus. – Disse com as mãos na boca assustada com aquilo. – Eles vão se matar. – Sussurrou apertando as mãos no braço do moreno.


“Sim, eles vão se matar”. Pensou Harry concentrado nas armas que cada um detinha nas mãos.


- Você vai aprender a não mexer com mulher comprometida. – Gritou um rapaz possuído.


- Se ela não tivesse me dando moral eu não teria falado com ela. – Retrucou o outro cuspindo no chão.


- Você fez isso? – Gritou o namorado para a garota que descontroladamente chorava.


- Mas é claro que não, ele esta mentindo. – Respondeu ela desesperada.


- Sua vadia mentirosa. – Acusou o rapaz rindo. – Quem estava dizendo agora a pouco para darmos uma escapulida sem o seu namorado ver.


Harry pode sentir a garota tremer em seus braços, estava tão entretido naquilo tudo que esqueceu quem estava com ele, o frágil e delicado anjo sentia medo e os olhos expressivos mostravam sua aflição.


Girou-a para esconder o rosto no seu peito e apertou-a contra si acariciando seus cabelos e apertando sua cintura. – Não tenha medo, vai passar. – Sussurrou ele andando devagar para trás. – Apenas feche os olhos. – Pediu vendo-a obedecer a seu pedido enquanto suas mãos apertavam sua cintura.


Deixou seu riso abafado mover-se apenas em seus lábios, formando uma linha rígida e diabólica, e em questão de segundos as luzes novamente se apagaram e acenderam e tiros foram ouvidos por todos os lados. A morena soltou um grito de terror e se não fosse pelos braços em volta do seu corpo teria dado um pulo de susto.


Jovens corriam por todos os lados, pessoas ligavam para a polícia e para os bombeiros, outros apenas pegavam seus carros e saiam rapidamente antes de serem pegos com entorpecentes.


Harry girou o corpo e puxou-a consigo para fora do bar, andaram alguns metros até chegar ao carro dele. Colocou-a sentada em cima do carro e deu-lhe uma garrafa de água.


– Aqui, tome você ira melhorar. – Disse olhando-a com cuidado tendo suas mãos apoiadas no carro em voltado corpo dela.


Respirou fundo e bebeu rapidamente toda a água que estava dentro da garrafa quase engasgando. Harry de longe avistou Draco saindo do outro lado do bar e acenou com a cabeça vendo-o continuar seu caminho.


– Melhor? – Indagou voltando seu olhar para a morena.


- Uhum. – Afirmou mais calma.


- Acho melhor levá-la para casa. – Disse prestando atenção em sua reação.


- Casa? Oh, me esqueci completamente. – Falou passando as mãos nos cabelos. – Estou com alguns amigos. Tenho que ligar para eles e dizer onde estou. – Concluiu tirando o celular do bolso.


- Ficaria feliz em poder acompanhá-la até sua casa. – Insistiu novamente.


- Mas...


- Ligue para eles e avise que eu a levarei. – Falou aproximando.


- Eu agradeço por tudo que fez por mim hoje, mas... – Começou descendo devagar e tentando distanciar-se o máximo possível do perfume e da presença forte que ele tinha. – Vou ligar para minha amiga, eles já devem estar preocupados.


Ela viu seus olhos verdes tornarem-se sem brilho e escuros. Sentiu um pouco de medo e receio conforme ia distanciando do moreno.


- Nos veremos novamente. – Assentiu ele parado.


- Seria muita coincidência nos encontrarmos em uma cidade tão grande como essa. – Provocou com o peito cheio de esperança pela frase que ele havia acabado de pronunciar.


- Seria o destino. Não duvide do quanto sou bom eu achar alguém em especifico dentre milhares de outras. – Declarou sorrindo maliciosamente.


- Assim espero. – Sussurrou para si mesma. - Tchau. – Acenou delicadamente para ele virando-se e andando apressada.


Estufou o peito e entrou no carro dando partida. Passou devagar ao lado da ambulância e ouvia os paramédicos dizendo:


- Infelizmente tivemos duas mortes confirmadas aqui.


Até onde um homem poderia ir pelo ego? Pela ganância de possuir e ser dono de tudo aquilo que era seu, até onde ele iria para preservar e assumir o controle com aquilo que estava ao seu lado. Corrompidos tão facilmente.


– Aproveite chefe, que mais duas almas estão indo para você. – Falou sorrindo falsamente.


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N/A: Olá pessoas ! Pois é, ai está mais um projeto meu hihihi o/ Espero que vocês gostem, já tem muita coisa pronta, então resolvi que agora seria o momento certo para começar a postar, espero mesmo que todos gostem, é sempre com muito carinho que escrevo, e tento ao maximo cada dia ficar melhor :D
Vou ficar esperando os comentarios, e saber o que cada um tem achado.


Quero agradecer de coração a minha amiga chata "Josy" hihi amôo ela demais, e a "Paulinha" tbm. As duas vêem me acompanhando desde o primeiro momento em que comecei a escrever essa fic.


Não posso esquecer também da beta linda que é a MAH o/ Agradeço muito mesmo pelo carinho dela e pela compreensão, e as vezes em que eu a enchi demais esperando que ela betasse o cap para começar a postar :D OBRIGADO mesmo pela paciência.


A linda capa da Jessy que sempre ME FAZ CAIR DE COSTAS com sua imaginação e seu talento :D Obrigado mesmo.


Beijos a todos S2

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