O que eu também não entendo

ShortFic

 

Essa não é mais uma carta de amor!

 

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo
Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir
Já pensei em te esquecer, já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que eu fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito, mas, com você, eu posso ser
Até eu mesmo, que você vai entender
Se isso não é amor, o que mais pode ser?

Afetuosamente,

Rony.

 
 

Hermione terminou de ler a carta e a dobrou cuidadosamente.
Seu coração ainda batia num acelerado descompassado. Olhou para os lados ligeiramente desnorteada. O pijama sobre a cama totalmente esquecido.
Estava eufórica, não conseguiria dormir tão cedo. Ou será que já estava dormindo e aquilo era definitivamente um sonho?

Depois do namoro de Rony e Lilá, ela realmente descartou qualquer possibilidade do amigo corresponder seus sentimentos... Apertou a carta contra o peito, se certificando de que era real.
 

Sorriu, entre o nervosismo e a euforia, lembrando-se de que na verdade ele não queria consultar seu exemplar de “Poções avançadas para alunos do sexto ano” mais cedo enquanto faziam os deveres, fora apenas uma desculpa para colocar a carta dentro da sua mochila.
 

Mas, Merlin, o que faria agora? Por que estava em pânico? Não havia desejado isso desde os 11 anos?
 

Rony gostava dela! Ele gostava dela! Aquela carta era mais do que ela esperava. Era linda, perfeita!

 

Suspirando, sentou-se em sua cama. Ele provavelmente ainda estava sentado em sua poltrona favorita na sala comunal, havia dito a Harry que ficaria até mais tarde, porque queria terminar a redação que fora solicitada pelo professor Bins. Talvez estivesse mais nervoso e ansioso do que ela se sentia.

 

“Vamos lá Hermione coragem, desce logo e diga a ele tudo que você sente. Você não queria que ele desse o primeiro passo? Agora é sua vez!”
 

Passou as mãos pelos cabelos nervosamente.

Mas afinal o que ela diria? Por que essas coisas tinham que ser tão desconcertantes?

 

“Er... Rony, eu li sua carta, e er...bem... também gosto de você! Não, decididamente não! Patético! E depois ele não disse que gostava de mim nessa carta!”

Hermione se virou assustada quando a porta do quarto se abriu com violência.

- Ah... você ainda está acordada – disse Lilá com desdém e amargura, andando em direção ao seu malão. Parvati que já estava dormindo, resmungou alguma coisa ao ouvir a amiga fechar o malão com força após pegar o pijama.

 

Hermione não se deu sequer ao trabalho de responder. Lilá andava a tratando ainda pior desde o incidente na enfermaria com Rony, quando ele fora envenenado. Sorriu contente ao lembrar-se do amigo chamando pelo seu nome. Aquele também era, sem dúvida, um sinal de que ele sentia algo por ela.

 

Então, por que ela tinha tanta dificuldade em aceitar que Rony correspondia seus sentimentos?!

 

Guardou a carta no meio do seu livro favorito, Hogwarts uma história, esperou que Lilá estivesse devidamente acomodada em sua cama, e desceu as escadas lentamente.

 

Seu estômago afundava a cada passo que dava, o coração batia numa velocidade indescritível e suas mãos estavam suando frio. Como olharia e falaria com Rony depois de ter lido aquela carta?

 

Enxergou os cabelos flamejantes do amigo e um frio estranho percorreu sua espinha, fazendo seu peito se comprimir de uma forma dolorosa e engraçada.

Ele se virou depressa quando escutou o barulho de passos se aproximando.

 

- Ah, é você Mione. – Ela pôde perceber que as orelhas dele se tingiram rapidamente de um vermelho intenso quando a viu. Ambos sustentaram o olhar, porém Hermione desviou, sentindo seu rosto queimar. Aqueles olhos pareciam despir cada pensamento e cada sentimento que ela tentava inutilmente ocultar.

 

- Estava esperando outra pessoa? – perguntou insolente. Discutir era sempre a forma mais segura de disfarçar seus reais sentimentos.

 

- Er... na verdade não, só achei que todo mundo já tinha ido dormir! – ele parecia nervoso, e Hermione tinha certeza que era por que não sabia se ela tinha ou não lido a carta. Mas seu tom de voz ao mesmo tempo deixava claro que não estava disposto a discutir.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, Rony encarando os próprios sapatos e Hermione o observando cautelosamente.

 

- Rony? – ela chamou baixinho, como se falasse consigo mesma, depois de algum tempo tomando coragem.

 

Ele se levantou e se aproximou dela. Hermione sentiu seu coração dar um solavanco doloroso e se esforçou para falar. – Eu... er... por que você me deu aquela carta? – perguntou exasperada, querendo fugir dali o mais rápido possível. Sentia as bochechas quentes, mas se manteve imóvel, o olhando fixamente.

Rony gaguejou e enfiou as mãos nos bolsos, extremamente nervoso.

- Er... a carta não foi suficientemente clara? – perguntou a olhando de uma forma encantadoramente doce e tímida. Hermione teve ímpetos de abraçá-lo, mas se conteve.

 

- Bem... er... foi você mesmo quem escreveu?

 

Ele a olhou parecendo incrédulo e ofendido.

- Por quê? – perguntou a encarando duramente. Será que Hermione sempre faria aquela cara surpresa cada vez que ele fizesse algo certo?

 

- Porque... er... bem, um legume insensível não escreveria coisas tão bonitas! – disse sorrindo envergonhada e querendo fazê-lo entender que havia amada cada palavra.

 

- Então... er.... talvez eu não seja um legume tão insensível. – Rony se aproximou perigosamente dela. Hermione prendeu a respiração e deu um passo para trás. Rony continuou se aproximando corajosamente, até prendê-la contra a parede próxima a lareira. Ambos mantinham os olhos fixos um no outro sem piscar.

 

-É talvez não seja. – sussurrou num fio de voz, admirando-se ao perceber que ainda era capaz de falar. A respiração quente de Rony batendo contra seu rosto estava a deixando tonta e completamente desorientada.

 

Ele aproximou o rosto do seu e lhe deu um breve selinho. Hermione arfou. Os lábios dele eram quentes e macios, exatamente como ela havia imaginado. Queria se perder naqueles lábios, mas não tinha coragem de tomá-los para si. Rony tocou novamente seus lábios, dessa vez sugando gentilmente o lábio inferior. Um estremecimento fez suas pernas vacilarem; ele a segurou pela cintura e ela agradeceu intimamente por isso, não tinha certeza se conseguiria permanecer em pé.

 

O ruivo afastou o rosto do seu. O azul intenso no castanho vibrante. Os olhos de ambos imploravam por mais.

Rony dessa vez a puxou pela nuca, prendendo os dedos nos cachos fofos e macios, e enfiou a língua em sua boca com urgência. O beijo foi doce, intenso e febril. Eles exploravam com devoção cada parte da boca um do outro.

Ficaram se beijando esquecidos de tudo... o tempo simplesmente havia parado, Hermione sentia-se flutuando e não queria voltar a colocar os pés no chão nunca mais!

 



 






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P.S. Música da Banda Jota Quest.

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