Prólogo



Time – Uma Nova Vida


 


Prólogo


 


O vento atravessava aqueles jardins, que antes eram verdejantes e naquele momento estavam repletos de corpos e banhados pelo sangue dos guerreiros de ambos os lados.


O sol não brilhava a algum tempo naquele local, a noite já havia coberto os terrenos do que antes fora a tão renomada Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A guerra contra as forças dos exércitos de Lorde Voldemort devastou não apenas aquela escola, mas também grande parte do Reino Unido. A batalha final foi travada nos terrenos da escola entre Harry Potter e Lorde Voldemort, mas os ataques ocorreram em todas as cidades grandes do Reino Unido, resultando na maior devastação da historia da humanidade.


Milhões de bruxos e trouxas, de ambos os lados, foram mortos naquela guerra. A última grande luta havia acabado a poucos minutos, ao redor de onde ela ocorria somente restavam corpos de bruxos que estavam banhados em sangue, naquele momento o sangue dos Puro-Sangue misturava-se com os dos Nascidos-Trouxas e dos mestiços, não havia distinção nenhuma entre eles.


No meio de toda aquela destruição e morte restava apenas uma alma viva, um jovem encontrava-se em pé olhando para as centenas de corpos que havia ao seu redor. Um jovem cujo olhar outrora fora de um brilho intenso e esverdeado, mas que agora encontrava-se obscurecido e sem brilho.


O corpo que até dois anos antes fora franzino, agora era forte e robusto, o corpo de um guerreiro completo que fora forjado para aquela guerra, forjado em sangue e dor. Por dentro, o espírito daquele guerreiro encontrava-se destruído e aniquilado pela guerra e pelas perdas, uma guerra que ele mesmo acabara a poucos instantes.


O jovem Harry Potter deixou seus olhos pousarem no que uma vez fora o castelo de Hogwarts e que agora encontrava-se em completa ruína, um suspiro baixo e desolado saiu dos lábios entreabertos e sangrentos do rapaz.


O rapaz encontrava-se ensangüentado devido aos vários cortes causados por feitiços que ele havia recebido, mas aquela dor não era nada comparada com a que o jovem bruxo sentia em seu interior. Olhando para o que um dia ele chamara de lar, o moreno murmurou baixinho:


- Acabou, Dumbledore. A Profecia foi cumprida, eu matei Voldemort, essa maldita guerra está terminada. – a voz do garoto era baixa e fria. – Mas será que nós vencemos mesmo? Quantas mortes desnecessárias aconteceram? De que adianta eu ter vencido se todos estão mortos? Agora estou sozinho em um mundo ferrado...


Naquele momento o garoto começou a caminhar lentamente pelo campo de batalha olhando para os corpos mortos de seus companheiros de batalha, embora a maioria não pudesse ser distinguida entre comensais e bruxos do bem... Viu os corpos de professores e alunos de Hogwarts, também viu os corpos de seus amigos.


Todos eles haviam sido mortos em batalha e Harry nem ao menos vira isso acontecer...


Pensando nisso o moreno lembrou-se do que havia acontecido a todos os seus conhecidos antes daquela maldita batalha. Os Weasley haviam sido praticamente destruídos um mês antes em um ataque feroz que Voldemort lançou sobre a Toca. Naquele ataque morreram os patriarcas, Carlinhos Weasley, Percy, Fred e Jorge. Aquele ataque ficou conhecido como “O Massacre da Família Weasley”. Para aquela batalha em Hogwarts apenas Rony, Gui e Gina ainda estavam vivos, mas todos os três haviam sido mortos naquela ultima batalha.


Sem perceber Harry caminhou em direção as ruínas do que um dia fora o castelo de Hogwarts. Os gigantes haviam derrubado as torres logo no inicio da batalha matando centenas de pessoas que estavam protegidas em seu interior, talvez em seu íntimo Harry esperasse encontrar alguém ainda vivo, mas ele sabia que não havia uma alma respirando naquele local, apenas ele... Sempre o maldito a carregar o fardo.


Sempre eu... Pensou Harry de maneira sarcástica e fria.


Suspirando Harry deu meia volta e começou a sair daquele local, queria sumir dali e ir para o mais longe possível. Estava cansado e faminto, sabia que estava quase tendo um colapso mágico ou um esgotamento devido a quantidade de magia que utilizara para matar Voldemort, mas mesmo assim ele iria arriscar a aparatar para sair dali.


Foi naquele instante que Harry sentiu a presença dela naquele local. A mulher, embora ela não fosse nem um pouco humana, que fora responsável por todo o poder que ele havia adquirido em um curto espaço de tempo, poder que ele sabia que não chegava nem aos pés do dela.


Virando-se para o lado de onde sentira sua presença o moreno deparou-se com uma mulher de cabelos negros e brilhantes, os olhos vermelhos eram frios e mesmo assim olhavam em sua direção com certa “ternura”, o olhar era quase um conforto para o moreno naquele momento.


- Oi “mãe”. – murmurou Harry em tom quase inaudível, mas ele sabia que a mulher o ouviria claramente.


- Olá meu filho. – respondeu a mulher em tom de voz frio e calmo olhando de maneira desolada para o seu menino que estava sofrendo visivelmente. – Não preciso nem mesmo perguntar se você está bem, querido...


- Humph. – rosnou Harry de maneira quase indiferente. – Eu venci. Voldemort está morto. Mas todos os meus amigos estão mortos. Não me restou mais nada.


Por um momento o moreno pensou no que acontecera em sua vida desde que conhecera aquela mulher que ele chamava de “mãe”. Descobrira que não era um simples humano, nunca fora, afinal de contas humanos era fracos e jamais seriam capazes de sobreviver a uma maldição da morte como ele. Também não era mais o garoto franzino e magro que costumava jogar quadribol, agora havia se tornado um homem de dezessete anos, tinha quase um metro e noventa de altura e um corpo com músculos mais do que definidos em todas as partes, os ombros eram largos e agora possuía várias cicatrizes espalhadas pelo peito e restante do corpo.


A mulher não suportava ver se menino sofrendo daquela maneira tão intensa e imerso em solidão, ele era o único entre seus filhos que não havia sucumbido totalmente a seus poderes sombrios internos e de alguma maneira conservava seu coração humano, a alma do garoto era fria e sombria, mas o coração continuava intocável pelas trevas.


Ela aproximou-se do garoto que nem mesmo recuou quando ela elevou os braços e rodeou os ombros dele trazendo-o para um abraço apertado, Harry deixou-se levar, afinal ela o havia ensinado muitas coisas, fora ela quem lhe revelara toda a verdade sobre quem ele era, de quem ele descendia e os poderes que ele tinha, ela o havia ensinado que no mundo dos humanos criaturas como eles deveriam se esconder e passar despercebidos para que não fossem desprezados e caçados como animais.


- Você estaria disposto a fazer qualquer coisa por uma segunda chance, meu filho? – perguntou a mulher tomando uma decisão súbita, era extremamente arriscado para ele, mas talvez fosse a única maneira de aliviar o sofrimento do seu menino.


- Eu faria qualquer coisa para ver meus amigos de volta. – respondeu Harry em tom firme ainda abraçado a mulher, ele não entendera o porque da pergunta, mas se havia aprendido alguma coisa naquele tempo era que ela não fazia nada sem um propósito e nem falava em vão.


- Então talvez eu possa te ajudar. – comentou a morena afastando-se levemente dele. – Eu não interferi nessa batalha, pois ela não era minha, mas posso fazer algo por você. Vou lhe conceder uma nova chance, uma chance de matar seu oponente antes que seus amigos morram.


- Como? – perguntou Harry com um brilho diferente nos olhos estranhamente negros naquele momento.


- Posso lhe enviar para uma espécie de dimensão alternativa, mudar totalmente o rumo dos acontecimentos, um local em que nunca existiu um Menino-que-Sobreviveu, um lugar em que Voldemort não tentou matá-lo com uma maldição da morte. – disse a mulher em tom forte. – Nesse local ele nunca caiu e continua cada vez mais poderoso e avança para uma dominação sobre os humanos...


- Que seja. – disse Harry interrompendo a fala da mulher. – Eu aceito, não importam as conseqüências, mato Voldemort novamente...


- Meu menino, nada é tão simples assim. Nesse lugar Voldemort jamais caiu e então teve muito tempo para aumentar seu poder cada vez mais, ultrapassando qualquer limite humano e não humano... – a mulher frisou bem as palavras não humanos para que o moreno entendesse a gravidade da situação. – Para vencê-lo você irá precisar liberar seu máximo poder, hoje você não precisou utilizar seus poderes sombrios e ocultos que ainda estão selados em seu corpo, algo que eu não entendo porque você fez... – comentou ela pensativa, em seguida voltou a falar. – Outra coisa, algumas pessoas que você conheceu poderão estar mortas e outras que você nunca conheceu poderão estar vivas. Lembre-se que tudo será diferente do mundo em que você viveu.


- Tudo bem. – responde Harry simplesmente, ele havia entendido as palavras dela, mas nada o impediria de seguir adiante.


- Ótimo, mas antes de enviar você para esse lugar vou precisar selar todas as suas habilidades, caso contrário você poderia perder alguns de seus poderes no processo. – disse ela olhando para o moreno que concordou, nos minutos seguintes ela invocou uma variedade de selos que fixaram-se no braço esquerdo, o moreno olhou atentamente para os sete selos que encontravam-se ao longo de seu braço, antes havia apenas um que ele havia colocado, mas agora ela pusera outros seis, o moreno sentia que não tinha um pingo de magia em seu corpo. – Somente você poderá liberar esses selos, certifique-se de liberá-los nos momentos certos. Ah, não se preocupe, nos veremos em breve.


Em seguida Harry nem ao menos teve tempo de responder alguma coisa, pois sentiu seus sentidos apagarem-se e então mergulhou na escuridão enquanto seu corpo simplesmente caía molemente ao chão, a mulher ficou meramente observando os selos desaparecerem do corpo magro e sem vida de um adolescente comum, Harry não havia percebido que ela selara todas as habilidades que ele havia adquirido, inclusive a forma física dele. Ele não sabia que ela não podia enviar seu corpo para aquele lugar, afinal já existia um Harry Potter vivendo por lá, então dois corpos não ocupavam o mesmo espaço, mas uma mesma alma dividida em duas...


A mulher sorriu lentamente imaginando o momento em que o filho perceberia onde ele se encontraria, seria uma surpresa desagradável para ele, mas ela tinha certeza que ele se arranjaria, afinal de contas ele era o escolhido para trazer liberdade a seus semelhantes...


Sorrindo levemente a mulher simplesmente desapareceu daquele campo de batalha sem fazer nenhum ruído.


 


 


 


 

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