Capítulo único



De forma que lá estava eu, com aquela expressão desesperada estampada no rosto, sem conseguir encontrar as palavras certas para dizê-la o que realmente acontecia comigo.



 


Loving you


Like I never have before and needing you


Just to open up that door


 


Era difícil admitir, mas a verdade era que gostaria de lhe dizer que eu precisava ser salvo. Gostaria de pará-la em um daqueles corredores do Castelo, encará-la com uma expressão séria e dizer o seguinte:


- Hey! Eu estou desesperadamente apaixonado. E não é só isso! De uma forma estupidamente estranha, me faz bem ficar ao seu lado. É como se, de certo modo, eu tivesse certeza de que tudo vai ficar bem... Eu não posso te perder! Fique comigo agora. Salve-me, por favor, desse nada que eu me tornei, porque você é a única pessoa que pode fazer isso.


Eu deveria ter feito isso. Deveria ter lhe dito tudo o que estava preso em minha garganta. Deveria ter me declarado... Sim, eu deveria ter feito tudo isso...


Mas não fiz!


Eu era um covarde, estúpido e orgulhoso. Por mais que te amasse, não iria admitir, porque meu objetivo ao voltar para Hogwarts e terminar meu último ano não era encontrar um grande amor, ou coisa assim. Eu só queria sair dali e depois calar a boca de todos os malditos que ousavam me julgar pelas escolhas erradas que meu pai havia feito.


Foi por isso que ignorei todos os sinais que havia me dado. Ignorei o fato de não se importar com o que sua irmã mais velha, Daphne, falava ao meu respeito; Ignorei as vezes em que deixou suas amigas de lado para sentar-se próxima a mim durante o almoço; Ignorei o seu sorriso inocente, com aquelas covinhas perfeitas estampadas em seu rosto; e, principalmente, ignorei o quanto meu coração batia em um ritmo descompassado todas as vezes que você estava por perto.


Como eu disse, eu era um perfeito idiota.


Você estava sempre por perto quando eu precisava; sempre me salvando do meu inferno pessoal, da forma em como eu insistia em me torturar por não conseguir a confiança das pessoas ao meu redor.


Você era, literalmente, minha salvadora. Ainda que não soubesse disso.


E eu... Ah, eu era um completo imbecil.


Porque no dia em que você me chamou para dar uma volta no jardim e conversar, e decidiu dizer que me amava, acabei fazendo a maior idiotice do mundo.


- Draco, – você disse, com aquela voz doce e infantil – eu preciso dizer uma coisa importante... Algo que... tem me... tem me atormentado nesses últimos dias.


Seus olhos verdes me avaliavam cuidadosamente, e eu, burro, ergui a sobrancelha, desconfiando do rumo que aquela conversa começava a tomar.


- Fale, Ast! – incentivei.


- Talvez você não sinta o mesmo... Talvez eu esteja sendo precipitada, mas você precisa saber. Você tem que saber...


- Saber o que?


- Que eu estou completa e incondicionalmente apaixonada por você!


Aquelas palavras me atingiram como um balaço desgovernado durante um jogo de quadribol.


Eu deveria ter dito que a amava também. E que minha vida sem você era um vazio angustiante. Mas, ao invés disso, eu disse:


- Sinto muito, Astoria... Deixei isso ir longe demais!


- O que... O que quer dizer com isso?


- Quero dizer que, infelizmente, não sinto o mesmo!


E essa foi, a pior mentira, contada por aquele que provavelmente é um ótimo ator.


Minha resposta somente mudou, porque, no último segundo, lembrei-me que a realidade fora de Hogwarts era ainda pior do que a da escola. Que todos me olhariam torto, não confiariam em mim e me apontariam sempre como o ex-comensal que a qualquer momento faria algo errado.


Você não merecia a vida que eu levaria.


Foi por isso que dei as costas, para aquela que era minha única salvação, e, pela primeira vez naquele ano, tentei te salvar.


A vida sem você, desde aquele dia, foi uma droga. Não fazia sentido tentar ser bom, quando eu não tinha motivos para isso. Eu não queria ser o bom rapaz, porque ao que me parecia, minhas atitudes boas não valiam absolutamente nada!


Eu estava perdido, confuso e desesperado. Meu inferno pessoal parecia arder em chamas altas demais, que consumiam tudo muito rápido e transformavam meu mundo em cinzas.


Eu queria gritar: “Por favor, me salve!”, mas todas as vezes me lembrava que você não estava lá para isso.


Dois anos se passaram e apesar da minha vontade de ser o vilão que retratavam, comportei-me e aos poucos comecei a ganhar credibilidade.


Eu estava em um bar, no Beco Diagonal, bebendo meu copo de Whisky de Fogo, quando vi você entrar, sorrindo. Em algum lugar, dentro do meu mundo transformado em pó de cinzas, algo começou a ter cor. O céu, coberto sempre por aquela vasta fumaça, começou a clarear e, se eu observasse bem, poderia ver uma pontinha de azul aparecer.


 


Begging you


Might somehow turn the tides and tell me to


I've got to get this off my mind


 


É... Seu sorriso sempre teve esse poder sobre mim, e você nem tinha ideia disso.


Eu a encarava, hipnotizado, enquanto a vontade de gritar: “Por favor, me perdoe! Eu te amo, sempre te amei, e preciso que me salve, antes que seja tarde demais!”, me dominava.


Você virou o rosto para comentar algo com a amiga que a acompanhava, e quando seus olhos correram pelo local, apenas por hábito, encontraram com os meus.


Fiquei paralisado, é claro, observando aquele misto de reações que passavam por seus olhos. Apesar de estar distante, eu podia ver o choque, a confusão, a surpresa e a mágoa, estampados em suas íris verdes.


Levantei-me e caminhei até você, sentindo aquela vontade louca de segurá-la nos braços e dizer o que deveria ter dito há anos.


Você correspondeu ao meu abraço, me cumprimentou normalmente e disse que sentiu saudades. Mas, de certa forma, eu podia ver que não me deixaria entrar na sua vida de novo.


Seguimos assim por um tempo. Meu mundo de cinzas já estava mais colorido. Eu podia ver as nuvens brancas, o céu azul e os raios fracos do sol, iluminando aquela paisagem deserta e sem vida.


Em um belo dia, para minha completa surpresa, você foi até a minha casa. Disse que precisávamos conversar e que dessa vez seria definitivo.


- Não podemos continuar com isso, Draco! – você disse, encarando os próprios pés – Não podemos ser amigos de novo. Não deveríamos nem ficar perto um do outro, se quer minha opinião sincera.


De repente, toda a cor se fora, e eu me via novamente no meu inferno pessoal e as chamas começavam a consumir tudo o que você estava construindo.


- Por que não? – perguntei quase estrangulado pelo desespero.


- Porque quando eu estiver completamente apaixonada por você de novo, me dirá que não corresponde isso! E, sinceramente, não vou agüentar isso de novo.


E então, rápido demais, você saiu porta a fora. Estivemos tão concentrados naquela conversa, que nem percebemos que havia começado a chover.


Você correu, na chuva. E, dessa vez, eu corri atrás.


Eu gritei e você não parou. Eu implorei que me ouvisse, mas o som do trovão impediu. Então eu a alcancei e a segurei pelos braços para que não fugisse e me escutasse.


Minha salvação não iria embora de novo.


 


I never thought I'd be speaking these words


I never thought I'd need to say


Another day alone is more than I can take


 


De forma que lá estava eu, com aquela expressão desesperada estampada no rosto, sem conseguir encontrar as palavras certas para dizê-la o que realmente acontecia comigo. Na verdade, eu sabia perfeitamente o que estava havendo, mas se fosse desabafar e dizer todas as coisas que passavam por minha cabeça, soaria como um perfeito idiota dramático, e aquilo era o que eu menos queria naquele momento.


- Deixe-me ir! – você pediu.


- Não! – eu respondi.


- Por quê? – perguntou-me.


- Porque eu a amo, como nunca amei ninguém em toda essa minha vida miserável. – eu disse, encarando seus olhos – Porque você é a única pessoa que consegue trazer cor para o meu mundo de cinzas e sombras... Porque eu fico completamente desorientado sem você por perto... Porque quando tudo está perdido, você é a única pessoa que pode me salvar e eu deveria ter dito isso quando me disse o que sentia, mas tive medo de fazê-la infeliz, porque você não merecia a vida a qual eu estava condenado, por isso a afastei.


Nos encaramos em silêncio, enquanto a chuva nos castigava. Você respirou fundo, deliberando se devia ou não acreditar em mim, e isso me deixou maluco, porque se decidisse ir embora e me deixar naquele mundo de cinzas novamente, eu não sobreviveria.


- Desculpe-me por tê-la feito sofrer... Por ter mentido... Por não ser desde o início o cara ideal, e...


- Você me salvou também! – você disse essa simples frase e eu arregalei os olhos de surpresa.


- Salvei?


- Aham! – você deu três passos em minha direção e ergueu a mão para acariciar meu rosto, no que eu fechei os olhos – Me salvou de ser infeliz o resto da vida, por não ter estado cada segundo ao seu lado.


Então você se colocou nas pontas dos pés e me beijou apaixonadamente, e eu correspondi, é claro.


De forma que lá estava você me salvando mais uma vez, e eu serei grato por isso até os últimos dias da vida por isso.


O meu mundo de cinzas foi completamente substituído por cores. Tudo brilhava demais, era colorido demais, e eu estava feliz demais por sair daquele tormento...


Porque você me salvou, me salva e continuará salvando enquanto estiver ao meu lado, e eu vou amá-la todos os dias mais por isso. Por ser minha salvadora. Por ser a minha Astoria Malfoy.


 


 


 


 


 


 


~~


 


 


 


 


N/A: Hey *-*


Own, essa fic é inspirada na música “Save me” do Hanson (sinto que desenterrei eles kkkkkkkk) +_+ faz algum tempo que queria escrever algo novo sobre esse casal, e ontem a inspiração veio *-*


Espero que gostem!


Comentem e me digam o que acharam.


XoXo,


Mily.

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Comentários (2)

  • Nikki W. Malfoy

    gostii mt :)

    2012-02-22
  • M.Black

    Muito linda *--* muito linda mesmo parabéns :) você  já pensou em fazer uma long fic deles? ficaria perfeita você escreve muito bem.. eu leria O/ kkkkkkk beijos 

    2011-12-30
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