As razões Dela



 


- Do que você está se escondendo? – Perguntou James, mas, ao ver a hesitação da garota continuou - Não precisa falar se não quiser, eu entendo


Os dois já estavam naquela sala escura á duas horas, mas conversavam como se não se importassem com o lugar apertado onde se encontravam.


-Até que horas você vai ficar aqui? – Ela perguntou


-Não sei, mas eu não quero deixar você sozinha aqui, então eu vou quando você for – Respondeu o garoto.


-Não preciso, por favor, eu vou ficar aqui até tarde, não quero que perca tempo por minha causa...


Gina estava confusa, porque dar tanta atenção para ela? Porque se importar assim tanto? Nunca niguem o havia feito, porque agora, que ela tinha que fazer sua escolha, aparece alguem que a deixa duvidosa?


- Eu vou ficar, meus planos eram ficar aqui até o jantar, mas se você precisar ir antes tudo bem..- Insistiu


- Na verdade eu estava planejando chegar atrasada no jantar, mas não muito – Gina respondeu – Eu não quero que ninguem me veja, por isso vou jantar rápido e ir para o dormitorio, ele não vai me achar lá...


Ela se arrependera, falara demais, ela não queria pensar nisso, queria apenas aproveitar o pouco tempo de sussego que ela encontrara ali, com aquele garoto inusitado.


- Ele?..- James estava curioso, queria cuidar dela, isso era algo mais forte que ele por alguma razão que ele não era capaz de explicar


- Primeiro me promete uma coisa? –Pediu


Ele não era bom com promessas, nunca o havia sido, mas com ela se sentia diferente.


- Eu prometo – Falou


- Então, promete que o que eu falar para você sempre vai ser entre nós dois? Mesmo que você descubra quem eu sou, mesmo que você nunca descubra, a razão de eu não querer que você saiba quem eu sou e porque eu não deveria estar hesitando, não deveria estar fugindo, mas eu preciso de tempo...


Gina falara rapido demais, mas ele entendera tudo, ententera agora o porque de ela estar ali.


- Calma...


Então James jogou seus braços na escuridão que era a sala, estava procurando os braços mornos dela, queria abraça-la, acalma-la, sabia que ela estava logo ali, na sua frente, primeiro pousou as mãos na coluna em que ela estava encostada, então desceu os braços até sentir o doce toque de seus cabelos, ela estremeceu.


- O que você está fazend...


E antes que a ruiva terminasse sua frase, ele a puxou para perto de si, a envolvendo em um abraço terno e caloroso. Não queria soltá-la, não queria ir embora, o que o esperava lá fora não passava de um pesadelo comparado com a felicidade que o banhava naquele lugar, como poderia ele se sentir assim? Ele estava em uma sala pequena com uma garota que nunca viu na vida, e ainda assim, como uma estranha reviravolta do destino ela lhe abrira uma luz na sua existência, agora ele estava descansado, agora poderia começar mais uma maratona de fingimento, lá fora, pois ali, ele estava sendo ele mesmo.


Gina se sentia segura no abraço do garoto, seus braços a aconchegavam como um cobertor em um dia frio. Ela sorriu, todos os problemas deixaram de existir naquele momento, todas as preocupações haviam sumido, só existiam os dois alí e agora.


- Você tem todo o tempo que precisar para pensar, ninguém tem o direito de apressar você a fazer o que não quer. - Falou calmamente - May, você decide sua vida.


Ele se sentia confiante para dizer aquilo para ela, queria que ela pensasse assim, enquanto ele mesmo não o conseguia, os outros, sim os outros que decidiam sua vida, não ele, as únicas decisões importantes que tomara na vida, por ele mesmo, sem nenhuma influencia, haviam sido as que tomara nos últimos minutos, naquela salinha pequena.


Ela gostava da voz dele, lhe trazia confiança, paz. Porque nunca se sentira assim?


- Porque você é tão bom comigo? - perguntou Gina, perdida no doce cheiro do rapaz.


- Para falar verdade, eu não sei - explicou - eu não estou me reconhecendo, eu não sou assim, você que está fazendo isso comigo.


Gina pensou naquela frase por um pouco, chegou á conclusão que era impossível, ele deveria ser bom com todos, ninguém mudaria assim tanto por ela.


- Eu acho que você é assim com todo o mundo – falou sinceramente, embora desejasse que fosse a única a ser tratada assim.


James riu. O sorriso de Gina desapareceu.


- Eu? Eu não sou assim - Disse no meio a risadas - Eu nunca desejei abraçar ninguém como desejei abraçar você, eu não sei o que está havendo comigo, mas eu nunca fiz nada disto antes, nunca desejei estar perto de alguém, nunca quis ajudar ninguém...


Ele estava sendo sincero, parecia confuso, preplexo até, por seu comportamento. Ele realmente era tão diferente disso na realidade?


-Eu não posso ser assim, esse é o problema – Concluiu com uma voz triste.


A ultima afirmação doera no coração de Gina. Agora era sua vez de ajudá-lo, levantou a cabeça do peito do garoto e lentamente levou a mão ao seu rosto pousando-a delicadamente. Sentiu o arrepio do garoto, receou seu gesto não ter sido apreciado, mas continuou mesmo assim, iria ajuda-lo, tal como ele estava ajudando ela, não por obrigação, mas simplesmente porque seu coração mandava.


- Claro que você pode, você pode ser como quiser – Falou Gina confiante.


A mão dela, tão macia e calorosa, tão reconfortante. Ninguem o tratara daquele jeito, nem as garotas das quais outrora ouvira um ‘Te amo’.


-Você não entende, minha familia, meus amigos – Baixou o tom de sua voz, se tornando praticamente um murmurio – se é que os posso chamar de amigos...


- Então você pode ser quem é comigo – Falou naturalmente. – Fica aqui.


O pedido da garota o deixara preplexo, nunca ninguem o quisera perto, nunca niguem quisera que ele ficasse perto sem saber quem ele era, todos o faziam apenas pela quantidade de dinheiro, ou de beneficios de sua familia. Ela não, queria apenas ficar com ele por seu jeito recem-descoberto, um jeito que nem ele conhecia.


Ele ficaria ali até ao jantar, para descobrir mais sobre a garota, e sobre si mesmo.

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