Capítulo único
Dentre as famílias mais clássicas de Salem, estavam os Ravenclaw. Eram ricos, elegantes, possuíam alta influência na sociedade e uma filha que impressionava por sua beleza e, ainda mais, por sua inteligência. Rowena Ravenclaw, assim se chamava a bela dama por todos adorada, por muitos cortejada e por outras damas invejada.
Havia, porém, por detrás dos misteriosos olhos de Rowena, um segredo que nenhum dos habitantes de Salem imaginaria que tal dama guardaria em seu coração. Numa época em que bruxos e bruxas eram perseguidos e, quando capturados, queimados em fogueiras e enforcados, Rowena Ravenclaw era uma das bruxas que se escondia da perseguição. Ela abria mão do seu dom para não destruir a imagem de seus pais, que não eram bruxos como ela, e para manter sua família a salvo. Não era algo que agradava à jovem bruxa, pois sozinha ela aprendera feitiços, criara feitiços, dentro dela havia uma vontade reprimida de viajar pelo mundo e encontrar outros iguais a ela.
Também em Salem, havia os Slytherin, outra família clássica da cidade, a mais respeitada. A autoridade com que andavam impunha respeito, a arrogância que possuíam na voz causava antipatia e a muitos, temor. Ninguém ousava dizer, mas o povo de Salem em sua maioria considerava dúbia a origem da riqueza dos Slytherin. Salazar era o filho mais novo e também o herdeiro, sua beleza era um atrativo e tanto para as moças da cidade, raras eram as que resistiam ao seu cortejo. Dentre elas, estava Rowena Ravenclaw, que por vezes deixava claro que considerava o jovem Slytherin desmerecedor até mesmo de sua cortesia. Rowena era uma batalha que Salazar não deixaria de travar até ganhar, era um desafio e o maior desejo do rapaz. Por mais que escondesse, a dama sabia que a atração que Salazar possuía por ela era recíproca, mas não considerava justas ações tomadas pela família deste para enriquecer, estas últimas conhecera por boatos aparentemente verdadeiros. Porém, havia um fato desconhecido pelos dois, compartilhavam de um mesmo dom. Salazar e Rowena eram bruxos.
Durante o final de uma tarde agradável, Rowena e sua mãe retornavam de um passeio pelo vilarejo. Ao se aproximarem de casa, não tardou até que Rowena observasse a presença de um visitante na soleira de sua porta, o que não a agradou nem um pouco.
- Boa tarde, Sra. Ravenclaw, Srta. Rowena.
- Que surpresa agradável! Boa tarde, Salazar.
Rowena permaneceu em silêncio, mas não era segredo que a Sra. Ravenclaw ansiava por uma união dos dois desde que percebeu o interesse do rapaz por sua filha.
- Rowena, onde estão seus modos?
- Ah? Claro, claro, desculpe-me. Boa tarde, Salazar. – disse a jovem, fingindo distração.
Salazar sorriu, e entregou uma orquídea à Rowena, que aceitou tímida e relutante. A Sra. Ravenclaw então o convidou para entrar e juntar-se a eles para o jantar, ignorando o olhar desesperado de Rowena que a suplicava para que não completasse tal convite. Salazar percebeu, fingiu relutar em aceitar, porém a mãe de Rowena disse que não aceitaria um não como resposta.
O Sr. Ravenclaw já estava esperando Rowena e sua esposa voltarem. Pelo cheiro, percebia-se que o jantar estava sendo finalizado na cozinha. O Sr. Ravenclaw e Rowena possuíam uma ligação muito forte, uma tanto rara entre pais e filhas. Ele soube, na hora que a filha entrou em casa, que não estava feliz. E sua infelicidade justificou-se pouco depois, quando Salazar entrou logo atrás da Sra. Ravenclaw. Era um rapaz educado, sem dúvidas, o Sr. Ravenclaw faria tanto gosto de uma união entre ele e Rowena quanto a Sra. Ravenclaw. Porém, a vontade da própria Rowena era motivo suficiente para que ele não teimasse em insistir no assunto.
Naquela noite, o assunto do jantar fora novamente a queima de bruxos e bruxas. Desta vez, porém, não havia as súplicas dos pais de Rowena para que ela tivesse cautela como assunto principal. Havia um Salazar Slytherin, que iniciara o assunto, e expunha a opinião de que era extrema ignorância que pessoas não-mágicas temessem as que possuíam a magia no sangue, e então tomassem tais providências.
- Nada impede que bruxos e bruxas revoltem-se contra eles, o que os impede é o medo, e o desconhecimento da força que possuem. – Dizia o jovem Slytherin.
Rowena, até então calada, se manifestou pela primeira vez durante o jantar.
- Então, Salazar, está me dizendo que acredita que essas pessoas realmente são bruxos e bruxas?
- Sim, estou.
- Não passa pela sua cabeça que não tenham a mínima noção do que fazem? Aquelas coisas que chamam de poções, coisas que obviamente não são. Não acha que estejam enganados ao pensar que isto é bruxaria?
- Talvez, mas...
- E ainda assim, diz que elas podem se defender sozinhas? Faça-me rir, Slytherin.
- Então, Rowena, está me dizendo que dentre as pessoas que já foram queimadas, nenhuma era realmente bruxo ou bruxa?
- Se estes realmente existem, então é minoria. Por que se deixariam capturar se podem usar a magia como defesa?
- Vamos mudar de assunto. – Disse o Sr. Ravenclaw, que começou a discutir sobre agricultura com Salazar. Rowena permaneceu em silêncio até o final do jantar.
Salazar foi embora pouco após do jantar, despediu-se do Sr. Ravenclaw com um forte aperto de mão e beijou as mãos das duas damas, se demorando um pouco mais na de Rowena. Quando os três Ravenclaw se encontraram sozinhos, a Sra. Ravenclaw não economizou elogios para Salazar, e Rowena e seu pai permaneceram em silêncio.
Deste dia em diante, Salazar sempre encontrava pretextos para estar perto dos Ravenclaw. Quando menos esperavam, o rapaz aparecia oferecendo companhia para algum passeio, e sempre trazia uma orquídea para Rowena, que já estava se tornando extremamente irritadiça por conta das atitudes de Salazar. Porém, o Sr. e a Sra. Ravenclaw gostavam dele cada vez mais, e desejavam que Rowena decidisse abrir seu coração para gostar do jovem também.
Um dia, Salazar apareceu acompanhado da mãe e do pai na residência dos Ravenclaw. Rowena já tinha conhecimento de que Salazar viria novamente para o jantar, mas não esperava que os pais do rapaz o acompanhassem dessa vez. A Sra. Slytherin era extremamente elegante, embora não chegasse a ser tão bonita quando a Sra. Ravenclaw, usava os cabelos presos em coque e trajava um vestido esmeralda, que combinava com os frios olhos verdes. Como ela e o Sr. Slytherin eram primos de 1º grau, não diferenciavam muito na aparência, embora ele tivesse um sorriso muito mais bondoso do que o da esposa. Nesta noite, não havia pessoa mais ansiosa em Salem do que Salazar Slytherin. Ele tinha posto seu melhor terno, penteado o cabelo diversas vezes até atingir a perfeição e seus olhos brilharam de desejo quando Rowena Ravenclaw se juntou a todos na sala de estar, para esperar o jantar junto com os demais. Estava sendo uma noite agradável, tanto que Rowena até se esquecera do quanto a incomodava a presença de Salazar ali. Porém, ao término da noite, a presença dos pais de Slytherin ali foi justificada. Salazar retirou uma pequena caixinha rosa-escuro do bolso, levantou, caminhou até Rowena e se ajoelhou aos pés dela. Abriu a caixinha, e lá dentro estava o anel de noivado que ele mesmo havia desenhado e encomendado para o dia em que decidisse pedir a mão de Rowena a seu pai.
Rowena estava sem palavras, a Sra. Ravenclaw não podia evitar esconder a alegria que sentia, o Sr. Ravenclaw também estava alegre, embora não sorrisse, e o Sr. e a Sra. Slytherin tinham os olhos fixos em Rowena, apreensivos com a reação da moça. Então, Salazar falou:
- Sr. Ravenclaw, vim até aqui hoje, acompanhado dos meus pais, para pedir a mão de sua filha em casamento.
Ele respirou fundo, e dessa vez, disse para Rowena:
- Não há nada no mundo que poderia me deixar mais feliz do que ter você ao meu lado, Rowena. Você é a dama mais bonita desta cidade, a mais inteligente, a mais íntegra e admirável. Eu te desejo desde o dia em que te vi. Por favor, aceite.
Seguiu-se um profundo silêncio, um misto de expectativa, apreensão e temor. Rowena tinha uma lista de razões para não aceitar, mas decidiu por ser educada:
- Desculpe, não posso.
- Por que não? – perguntou Salazar-.
- Pois não te conheço quanto deveria para aceitar um pedido como este.
- Mas tenho vindo visitar-lhe, com mais freqüência do que se julgaria adequado, faço tudo que posso para aproximar-me. Como pode não me conhecer o suficiente?
- Você me fala da sua família, das suas riquezas, das suas opiniões sobre os problemas de Salem. Mas e teu coração? Não conheço o bastante.
O Sr. Ravenclaw então se manifestou:
- Por que não esperam mais um pouco antes de tomar qualquer decisão? São jovens, possuem todo o tempo do mundo. Também acho que Salazar ainda precisa conhecer muito de Rowena.
Não havia, depois de todo o mal-estar causado pela recusa de Rowena, clima para continuarem a conversar. Os Slytherin foram embora, e assim que estavam sozinhos, a Sra. Ravenclaw desatou a reclamar.
- Mas no que é que pensas, Rowena?! Recusa o pedido do rapaz quando ele vem aqui, com toda a cordialidade e acompanhado dos pais! Do que mais precisa? Ele é inteligente, de boa família, ora, não venha me dizer que acredita nos boatos sobre eles!
- Preciso de amor, mãe, amor! Não sinto amor por ele, ele não me cativou. Eu tenho um dom, não sou como todo mundo! Como espera que eu viva escondendo isso do meu marido?
- Ela está certa. – disse o Sr. Ravenclaw - Mas prometa, Rowena, que ao menos o dará mais chances de lhe conhecer.
- Não sei se adiantaria, pai, sinto que somos extremamente diferentes.
- Prometa que tentará, Rowena. – suplicou-lhe a mãe-
- Já que é assim, eu prometo.
Desde esta noite, então, Salazar vinha visitar Rowena todas as tardes, sempre trazia orquídeas para presenteá-la. O quarto da moça tinha sido empestado pelo doce aroma que delas vinha, fazendo Rowena lembrar-se dele sempre que ia dormir. Eles conversavam sobre tudo, Rowena continuava a ter uma ligeira antipatia pelo rapaz, mas esforçava-se para ser simpática. Ela sabia que era impossível que Salazar pudesse convencê-la a casar-se com ele, e desejava que ele desistisse logo. Enquanto isso, bruxos e não-bruxos continuavam a ser queimados, uma leve suspeita já era motivo para ir para a fogueira. Por vezes, Rowena chorava em seu quarto por não poder fazer nada para ajudá-los. Seu pai jamais poderia defendê-los, levaria os Ravenclaw a uma situação demasiado complicada para arriscar.
O inverno então chegou, trazendo junto com a neve uma moléstia que afetou a maior parte dos habitantes da cidade. “Bruxaria!”, diziam alguns, “Já não basta todos aos que demos fim, ainda estão outros por aí a nos causar problemas.” Os pais de Rowena logo foram atingidos, e ela passava a maior parte do tempo a olhar pelos dois ainda que o médico da cidade assegurasse que não passava de uma gripe. O que a surpreendeu, porém, era que ainda que pouco se importasse com a sua presença ali, Salazar ficava a lhe fazer companhia. Rowena mal o ouvia, mal respondia às perguntas que fazia e o considerava inconveniente por impor sua presença em período tão complicado.
Um dia, porém, Salazar não apareceu. Decidira por dar um tempo a Rowena, para que esta sentisse sua falta ou sentisse alívio por não mais ter que aturá-lo. Ele sabia que em breve saberia a resposta. Rowena, porém, não deixaria transparecer tão facilmente que estava sentindo falta do rapaz ali. Pensara em mandar um bilhete à residência dos Slytherin, questionando o motivo, mas desistiu antes mesmo de molhar a pena na tinta.
Com a proximidade das festividades de final de ano, a cidade pareceu ganhar vida de novo. A Sra. Ravenclaw já estava recuperada, enfeitando a casa para o natal junto com Rowena enquanto o Sr. Ravenclaw lia o jornal, então finalmente Salazar apareceu. Não se demorou, aceitou uma xícara de café e expressou seu alívio por ver que o Sr. e a Sra. Ravenclaw estavam melhores. Também não aceitou ficar para o almoço, mas não deixou de entregar à Rowena a orquídea que sempre trazia no bolso interno do paletó, junto ao coração.
Naquela noite, Rowena despertou com um barulho em sua janela. Olhou e nada viu, então retornou ao sono. Depois, novamente ouviu o mesmo barulho, porém desta vez, era Salazar que a chamava.
A moça levantou, indignada. E disse:
- Como se atreve a vir até aqui está hora da noit...
- Por favor, fale baixo. Preciso que venha comigo.
- Não irei a lugar nenhum, saia do meu telhado antes que eu chame por meu pai.
Salazar então fez um movimento estranho com as mãos, e uma vassoura apareceu flutuando ao seu lado. Rowena estava extremamente chocada, não conseguia acreditar no que via, não podia ser verdade...
- Venha comigo.
- Como você consegue?!
- Vamos, Rowena.
A curiosidade finalmente a venceu. Ela pulou a janela com a ajuda de Salazar, e ele disse a ela para que subisse na vassoura. Parecia absurdo e ridículo, mas ela foi mesmo assim. Salazar sentou-se atrás dela e deu impulso, segundos depois os dois estavam sobrevoando Salem. Rowena se segurava com toda a força que podia, perguntava-se se era apenas um sonho. Como ele conseguia? Como era possível? Mas era lindo, a brisa da noite soprando em seu rosto, fazendo seus cabelos voarem, e a risada feliz de Salazar ecoando em seus ouvidos. Então, como se o bom senso tivesse voltado a ela, Rowena perguntou:
- E ninguém pode nos ver?
- Não, estamos invisíveis.
- Você também consegue então?
- Consigo o quê?
- Encantar as coisas, fazê-las voar, sumir...
- Isso e um tanto mais, Rowena.
- E eu pensei que fosse a única bruxa nessa cidade a viver em segredo.
Salazar ficou calado por um instante, mas foi só até perceber que sempre soube, que Rowena era como ele. Ele então sorriu e a beijou de leve no rosto, ela então se voltou para ele, os olhos brilhando de encanto:
- É tão difícil de acreditar! – disse ela, e ria de maneira que Salazar jamais vira até então. Ele sorriu de volta, e os dois se beijaram, foi rápido e desajeitado, mas nada se comparava a intensidade do que ambos estavam sentindo naquele momento. Sobrevoaram Salem e se estenderam até pouco além dos limites da cidade, naquela noite não havia sofrimento, não havia dor e muito menos inocentes queimando em fogueiras. Havia um rapaz e uma moça finalmente se tornando um casal, havia Rowena finalmente abrindo seu coração e Salazar do lado da única pessoa com capacidade para despertar o melhor em seu coração. Quando a deixou em casa, prometeu que voltaria de tarde, no horário de sempre, como ela já sabia que ele voltaria.
As visitas agora eram diferentes, eles entravam sorrateiramente pela floresta e praticavam feitiços juntos. Salazar era mais experiente do que Rowena por ter tido os pais, que também eram bruxos, como tutores por toda a vida. Mas Rowena não ficava para trás, fora dela a idéia de usar um fino galho de árvore para canalizar sua magia (ela descobriria mais tarde que juntamente com a pena de uma fênix, fibra de dragão ou pêlo de unicórnio, o galho de árvore se tornaria mais eficiente). Os dois saíam para passear cedo, e só voltavam ao escurecer. Os pais de ambos não poderiam estar mais felizes, aguardavam apenas o dia em que eles anunciariam que iriam se casar, convictos de que este dia não tardaria por chegar.
Ao final de uma dessas tardes, os dois estavam deitados no chão de uma clareira, admirando os tons vermelhos do céu que não tardaria por escurecer. Estavam de mãos dadas, cansados por causa do longo dia que tiveram.
- Você está cada vez melhor. – ele disse.
- Não tanto quanto você.
- Mas não tardará a se tornar melhor do que eu, você aprende rápido.
Ela riu, e os dois trocaram um olhar de mútua admiração e carinho.
- Eu te amo. – ele disse, pensando nas inúmeras vezes que imaginou momentos como esse.
- Eu te amo. – Rowena achava que não bastava dizer “Eu também.”, não teria a mesma intensidade das três palavras juntas.
Ele a abraçou, e nenhum dos dois saberia dizer por quanto tempo ficaram ali, entre beijos e carícias, mergulhados em tanto amor quanto fosse possível para duas pessoas compartilharem. As estrelas que já apareciam no céu os alertaram sobre a hora, foram caminhando lentamente para fora da floresta e em direção a casa de Rowena.
A cidade, assim como a casa dos Ravenclaw, estava mais silenciosa do que o normal. Ela abriu a porta e chamou pelos pais, ninguém respondeu. As velas ainda não tinham sido acesas, quando Salazar o fez, foi que viram que a casa havia sido invadida. O sofá estava rasgado, as cadeiras da sala de jantar se encontravam quebradas ou derrubadas, e ninguém respondia aos chamados de Rowena e Salazar. Encontraram apenas a cozinheira, desacordada, os dois cuidaram de despertá-la e assim que abriu os olhos, ouviu os gritos desesperados de Rowena.
- O que houve aqui? Onde estão meus pais? Onde eles foram?
- Eles os levaram.
- Eles quem? – ela perguntou.
- Rowena. – chamou Salazar, os olhos fixos na nuvem negra de fumaça que podia ser vista pelas janelas da cozinha.
- Não!NÃO! – ela exclamou, e saiu correndo em direção às labaredas de fogo, com os olhos marejados de lágrimas e Salazar em seu encalço.
Já era tarde demais, porém. Não havia mais o que ser feito. Um lenhador viu os dois na floresta e não hesitou antes de denunciá-los. Salazar e Rowena nunca haviam se distraído antes, nunca esqueceram de executar os feitiços de invisibilidade e o que não permitiria que fossem ouvidos. Foram atrás dos Slytherin primeiro, porém estes não estavam em Salem, viajaram fazia quase uma semana para o exterior. Então, foram atrás dos Ravenclaw, que não conseguiram lutar diante da brutalidade dos invasores.
Quando chegaram na fogueira, não havia quem pudesse conter a fúria de Rowena diante da cena. Ela correu direto para a mãe, tentando apagar o fogo, mas de seus pais restava somente o corpo. Os assassinos de seus pais já se recuperavam do choque da chegada repentina de Rowena e se preparavam para capturá-la.
- Crucio. – Salazar gritou, e o líder dos caçadores de bruxas caiu ao chão, se contorcendo de dor. Rapidamente, Salazar cuidou para que nenhum deles se aproximassem de Rowena, mas não havia tempo, logo chegariam outros.
A jovem estava ajoelhada no chão, desolada. Quando Salazar se aproximou, ela disse entre soluços:
- É CULPA MINHA, MINHA. Eu não deveria ter confiado em você, Slytherin, ME LARGUE. Você deixou que eles morressem!
Mas ela não tinha forças para se desvencilhar dele, e muito menos o culpava pela morte de seus pais. Apenas não sabia o que fazer, não enxergava mais sentido na vida, a culpa a consumia e ela insistia para que Salazar a deixasse ali, para que fosse queimada como seus pais.
- Nós temos que sair daqui, meu amor, temos que ir. – ele suplicava.
- Vá você, Salazar, me deixe aqui.
- Por favor, Rowy, vamos, não vou te deixar aqui.
Os dois estavam chorando quando ela finalmente deixou-se levar. Salazar a levou para uma caverna perto das margens do lago, onde não poderiam encontrá-los. Quando amanhecesse, iriam viajar até a Inglaterra, onde os pais de Salazar estavam. Era longe, mas poderiam ir voando.
Dois anos depois.
Salazar e Rowena viajaram o mundo juntos. Conheceram outros bruxos, feitiços, criaram poções e construíram uma casa no interior da Inglaterra. Uma casa que foi construída com a ajuda de dois amigos, Helga Hufflepuff e Godric Gryffindor. A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, aquela onde jovens bruxos e bruxas seriam ensinados pelos quatro maiores bruxos da época.
O castelo de Hogwarts ficava às margens de um lago negro e de uma floresta que guardava criaturas e segredos que até mesmo os fundadores desconheciam. Era uma construção imponente, grandiosa, cada porta guardaria desafios diferentes para os que a abrissem. Cada fundador se responsabilizaria por um grupo de alunos. Salazar escolhera ensinar os mais astutos, Rowena optara pelos mais inteligentes, Godric preferira os mais corajosos e Helga acolheria todo o restante.
Rowena nunca se esquecera do dia em que seus pais foram mortos tão injustamente, mas ela também não se esquecera de tudo que eles a ensinaram e do coração enorme que ambos possuíam. Ela frequentemente pensava que, se não fosse por eles, jamais teria acreditado no melhor que havia em Salazar. Rowena conhecia os defeitos dele, não concordava com suas atitudes mesquinhas e egoístas e nem com seu ar de superioridade, mas ela sabia que em qualquer que fosse a dificuldade, ele nunca pensaria duas vezes antes de fazer qualquer sacrifício que for por alguém que ama.
Uma convenção de bruxos da época decidiu que manter o mundo mágico em segredo era a melhor opção. A queima de bruxos, que não ocorrera somente em Salem, mostrava como inocentes poderiam pagar pelos erros daqueles que não sabiam viver em paz.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!