Envelope Vermelho



1. Envelope Vermelho

        Pela janela do quarto, um garoto já não tão magricela, de cabelos negros e rebeldes, e com olhos verdes inconfundíveis, observava as nuvens do céu, sem realmente prestar atenção no que via, já que seus pensamentos estavam distantes dali.


 Cerca de um mês antes, certos acontecimentos fizeram da vida de Harry um completo e insuportável pesadelo. Vira Cedrico morrer diante de seus olhos... Assistira, ou melhor, contribuíra - ou ao menos pensava ter feito isso -  para o retorno do bruxo mais terrível de todos os tempos, Lorde Voldemort. 


 Desde a noite no cemitério, Harry não tinha mais nenhuma noite sequer de sossego, os pesadelos o assombravam, fazendo-o reviver tudo o que passara no naquela noite, além de coisas que lhe faziam pensar se não seria melhor ter morrido ainda bebê.


 Sua cicatriz agora doía quase todo o tempo, algumas vezes de maneira mais amena, mas em outras, de modo que o garoto caia no chão de tanta dor.


 É claro que ele poderia falar com alguém. Dumbledore, quem sabe, ou até mesmo Sírius... Não, seu pensamento era de que ambos já tinham muitos problemas a resolver, não precisavam de mais um.


 Todo o dia recebia cartas dos amigos, e sentia-se um tanto quanto grato por isso, mesmo que Rony e Hermione só perguntassem se estava bem e tentassem consolá-lo. Sírius, com menos freqüência, também mandava algumas, falando basicamente as mesmas coisas que os amigos, com exceção das partes em que falava um pouco dos marotos, roubando um leve sorriso de Harry.


 Dumbledore, até então, não lhe mandara nada, o que parecia um pouco estranho para Harry.


 Nas respostas que mandava aos amigos sempre mentia dizendo estar bem e que não deviam se preocupar. Edwiges parecia sentir a infelicidade do dono, e andava desanimada ultimamente.


  Não muito ao longe, avistou uma coruja vindo em sua direção. Ela era branca, e se não fosse a mancha escura em uma das asas, seria a cópia perfeita de Edwiges.


 Estranhou, nunca vira aquela coruja antes. Talvez fosse de Dumbledore, ele sempre mandava as cartas por Fawkes, sua fênix, poderia ter precisado dela em outro lugar e mandara uma coruja.


 Ela deixou uma carta cair nas mãos do moreno, deu um pio em direção a Edwiges, e saiu sem ao menos esperar uma resposta ou algo do tipo.


 Curioso, começou a ler.


 


Harry,


 


 Certo, é realmente estranho eu estar escrevendo pra você, mas de algum modo, pensei ser o certo... Vai saber, mamãe anda colocando vitaminas a mais nos sucos de abóbora, talvez seja isso.


 Indo direto ao ponto, Rony me mostrou suas cartas, onde você diz estar bem... Mas, se eu te disser que não acredito nisso, você vai me achar louca? É sério, qualquer pessoa ficaria péssima depois do ocorrido, não vejo por que você seria uma exceção.Você sabe que eu mesma já passei por algo parecido, ou nem tanto, mas tudo bem. Depois daquilo eu fiquei semanas muito mal, mas depois resolvi desabafar com a Mione... E melhorei. Eu sei que provavelmente você nem vai responder, mas, eu gostaria muito de perguntar algo: Você está realmente bem, Harry?


Olha, eu não sou exatamente sua amiga, mas você pode confiar no Rony  e na Mione, eles são seus melhores amigos, sendo qual for seu problema, eles vão te ouvir e tentar ajudar.


 


Beijos,


 


Gina Weasley.


 


PS: A coruja que levou a carta é de Dumbledore, ou melhor, era,já que ele passou um dia aqui, e simplesmente deu-a pra mim. Foi realmente estranho. 


 


PPS: Como não esperava uma resposta, pedi para que a coruja voltasse, e certo, Dumbledore não me disse qual era o nome dela, então eu a chamo de Albina, o que não é muito criativo, mas tudo bem. Ah, não posso esquecer, mamãe não sabe o que eu escrevi, mas pediu para mandar-lhe um abraço, e disse que no dia de seu aniversário, alguém passará aí para lhe buscar... Provavelmente Lupin.


 


 Ok, Harry acabara de receber uma carta de Gina Weasley, isso era algo que podia ser considerado um tanto quando inesperado, e se antes da carta ele já estava confuso, agora estava boquiaberto.


 Espera, ele não estava louco? Gina lhe mandara uma carta? Certo, se ele não contasse a carta que recebera em seu segundo ano, e a que recebera no terceiro, a garota nunca havia lhe mandado uma. E o que mais o chocou foi o fato de ela ter, de algum modo, descoberto que ele não estava bem. "E eu que pensei estar fingindo bem!" pensou.


  Ele não se importava de Rony mostrar suas cartas a irmã, até porque não havia nada demais nelas. A parte em que ela diz não ser exatamente amiga dele mexera de algum modo com o moreno. Ele sabia que não era tão próximo a ela, mas nunca pensara que eles não eram muito amigos. Eles trocavam algumas palavras de vez em quando, mas não era algo que parecesse uma conversa. E ela ficar vermelha todo o tempo perto dele não ajudava também... "Bom, mas ela parou com isso no final do ano." lembrou-se.


 E que história era aquela de que Dumbledore lhe dera uma coruja? Por que o diretor faria isso? Como disse a garota, aquilo era bem estranho.


 Ele podia não ter vontade de responder, mas certamente o faria. Na verdade ele tinha sim vontade de fazer isso, as palavras da garota mexeram com ele, e realmente achava que precisava desabafar com alguém... Por que não Gina? Ela aparentemente fora a unica a notar suas mentiras.


 Pegou pena e pergaminho e logo tratou de escrever. Ao terminar, colocou-a em um envelope e pediu para que Edwiges a entrega-se exclusivamente para Gina. A coruja pareceu estranhar um pouco, mas soltou um pio de entendimento e voou.


 


_______ . _______


 


 


Nos jardins da a Toca, Gina encontrava-se sentada sob uma grande árvore perto da casa. Ficara voando com a vassoura de Fred por um longo tempo, e agora lia um livro de Defesa Contra as Artes das Trevas. Amava a matéria, e segundo Luna, uma grande amiga da Corvinal, ela era uma das melhores do seu ano. 


 Algumas horas antes tomara uma decisão importante após ler e reler as cartas que Harry enviara ao seu irmão. Não esperava uma resposta, pelo menos não sincera, mas mandara uma carta do mesmo jeito.


 Por estar distraída a garota levara um tremendo susto ao perceber uma coruja pousando em seu ombro.

_ Edwiges? _ sorriu. Harry lhe respondera, afinal.


 


 Pegou a carta e logo começou a ler.


 


Gina,


 


Foi realmente inesperado receber uma carta sua, mas, confesso que achei bom. Você está certa, eu não estou bem. Nada bem na verdade. São coisas demais na cabeça, não paro de ter pesadelos, minha cicatriz dói o tempo todo. Sinceramente, não sei mais o que fazer... Eu queria tanto ter impedido a morte do Cedrico... O retorno dele... Sinto que sou o culpado pelo que aconteceu... Estar com os Dursley não ajuda muito na verdade.


 Não conte isso aos outros, por favor, não quero que se preocupem comigo. Isso vai passar, tem que passar...


 


Beijos,


 


Harry Potter.


 


P.S: Srta. Weasley, fique sabendo que não gostei nada de saber que você acha que não somos amigos. Certo, sei que não nos falamos muito, mas somos amigos, não é? 


 P.P.S: Quando eu chagar aí vou querer saber direitinho sobre essa história de Dumbledore ter lhe dado uma coruja, hein. Ah, manda um abraço a sua mãe.


 


 Gina sorrira ao terminar de ler, o que não durou muito, pois ao lê-la novamente ficara muito irritada com algo. Pediu para que Edwiges esperasse, o que de algum modo ela entendeu, e foi correndo para seu quarto pegar algo. Depois de alguns minutos voltou com um envelope vermelho e um sorriso maroto no rosto. Harry teria uma bela surpresa. Ela só esperava que os tios do garoto não estivessem em casa, ou que seu quarto fosse à prova de som.


 


_______ . _______


 


 Enquanto isso, na Rua dos Alfeneiros, Harry tentava organizar o armário embaixo da escada, a pedido de sua tia. Na verdade fora mais uma ordem, e como o moreno não estava a fim de brigar com os tios, obedeceu. Nem era algo ruim na verdade, seus tios nem estavam, o que ajudava muito, então o garoto fazia tudo com calma.


 Depois de um tempo, ouviu um barulho em seu quarto, largou o que estava fazendo e foi até lá para ver se era Edwiges que havia chegado.


 Ao chegar ao quarto, ficou paralisado.  Edwiges estava com um envelope vermelho, e Harry jurava já ter visto um daqueles antes. Lembrou de seu segundo ano, quando Rony recebera um de sua mãe. Era um berrador. Adiantou-se e tirou o envelope de Edwiges que pareceu quase aliviada. Em meio segundo o Berrador tomou vida.


 


Harry,


 


Eu realmente espero que isso lhe faça entender algumas coisas.


 


 Era a voz de Gina. Gina Weasley lhe mandara um Berrador. Harry tremeu com o que veio após as palavras calmas.


 


HARRY JAMES POTTER!


 COMO VOCÊ OUSA PENSAR QUE FOI RESPONSÁVEL PELO QUE ACONTECEU? SINCERAMENTE!


 PRIMEIRO: NINGUÉM PEDIU PERMISSÃO PARA TIRAR O SEU SANGUE, VOCÊ FOI FORÇADO. Ahn, Rony me contou algumas coisas... SEGUNDO: FOI VOLDEMORT QUE VOLTOU HARRY, CEDRICO NÃO TINHA NENHUMA CHANCE CONTRA ELE. 


 SE O SENHOR OUSAR PENSAR NISSO NOVAMENTE, VERÁ POR QUE MEUS IRMÃOS PROCURAM NÃO ME DEIXAR IRRITADA.


 


 


Depois disso o envelope vermelho pegou fogo, deixando cair suas cinzas aos pés do moreno.


 Harry estava em choque. Por Merlin! Gina gritando colocaria medo até mesmo nos sonserinos! E isso não era exagero. Estava decidido a não contrariar a garota, mesmo porque, ela falara apenas a verdade, que Harry percebera só depois de suas palavras. Ele realmente não teve uma escolha, não poderia ter feito nada para impedir o retorno de Voldemort e a morte de Cedrico.


 Uma coisa que chocou o garoto foi a garota ter falado o nome do Lorde das Trevas, ela, mais do que qualquer outro, devia ter certo temor ao pronunciar ou ouvir tal nome.


 Resolvera mandar uma resposta só no outro dia, Edwiges parecia cansada e com fome, não lhe mandaria fazer outra viagem.



 

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