Alice... você é uma bruxa.

Alice... você é uma bruxa.



Querido diário,
nem sei por onde começar... Devo começar dizendo que estou adorando passar um tempo com os Malfoy? Ou devo dizer que meus pais são uns amores - apesar de bizarros, enquanto Scorpius, meu irmão mais velho, me odeia? Ou ainda que a casa possui quadros falantes e alguns objetos pra lá de bizarros? Ou então que eles tem uma criatura na casa, a qual chamam de
elfo doméstico, que faz todo o tipo de serviço: lava, passa, cozinha, limpa a casa... Ah! devo dizer que as corujas são comuns por aqui? E que meu irmão às vezes sai com uma vassoura sobre os ombros dizendo que vai treinar Quadribol com os amigos? Ah! Sem contar que ele me chama de trouxa. Não tenho bem certeza do que isso significa, mas ele me olha com desprezo. E ás vezes, somente às vezes, parece que meus pais guardam algum segredo de mim. Ah! Eu ainda nem contei da carta que enviei ao meu amigo Andy... Certa tarde, eu disse a minha mãe que gostaria de escrever à um amigo e pedi que me ajudasse. Ela disse: - Vou pergar a pena e o tinteiro. - Achei estranho ela estar nessa época e ainda usar pena para escrever, mas não comentei nada. Depois ela me vem com um rolo de pergaminho, a dita pena e o tinteiro e me ajudou a escrever a carta. Ela disse que enviaria a carta para mim, mas insisti que queria ver ela colocando no correio para ter certeza de que chegaria. Ela ficou meio sem jeito e chamou um coruja parda, de tamanho médio. Observei boquiaberta ela amarrar a carta na perna da coruja que logo alçou voou. Bom, novamente não comentei nada... Ah! Eu não mencionei as histórias, mencionei? É acho que não. Sabe, antes de dormir, minha mãe e meu pai se revezam para me contar histórias. Eu nunca tinha ouvido essas histórias e uma noite lhes perguntei se eles a inventaram. Os dois cairam na gargalhada e disseram que eram todas histórias de Beedle, o Bardo. Nunca ouvi falar desse cara, mas ele deve ser legal; pelo menos suas histórias são boas. - Vou lhe dar o livro de presente, Ali. - disse meu pai. A história que eu mais gosto é a d'O coração peludo do mago.
Peço pra eles contarem toda a noite... Bom, tenho que ir. Minha mãe está me chamando para escovar os dentes.
Até breve,
Alice.

Alice fechou seu diário com capa de couro preta e muito desbotada e o guardou sob o travesseiro de penas. Em seguida entrou no banheiro que dividia com o irmão.
- Droga, Alice! Bate na porta antes. - Scorpius resmungou com a cara amarrada enquanto terminava de fechar as calças e dava descarga no vaso.
- Desculpa. - murmurou Alice e se dirigiu à pia para escovar os dentes. O irmão logo se juntou à ela e ambos ficaram ali em silêncio, somente o barulho das escovas nos dentes é que quebravam tal gelo. Quando terminaram, suas mãos se roçaram ao abrir a torneira e novamente Alice murmurou desculpas e corou ligeiramente. Ela se sentia insegura perto do irmão, pois ele a tratava como uma coisa qualquer e tudo o que ela queria era ser aceita por ele.
- Ahn... boa noite. - ela murmurou, sem olhá-lo nos olhos.
- Boa noite. - Scorpius respondeu secamente e se dirigiu ao seu quarto, batendo a porta ao passar.
Alice se deitou e esperou sua mãe vir para lhe contar uma história. Mas quem veio foi Draco, seu pai.
- Boa noite tampinha. - disse sorrindo e sentou-se na cama com a filha.
- Boa noite papai. Que história vai me contar hoje? Conta a d'O coração peludo do mago?
- Não querida. Hoje vou-lhe contar uma história troux... Bem, vou lhe contar uma história diferente. -
ele tratou logo de mudar de assunto.
- Se chama Alice no país das maravilhas.
- Oba. -
disse Alice, contente por ouvir uma história de sua xará. Ela se ajeitou e se preparou para ouvir. Fechou os olhos sonolenta quando Alice quase se afoga em suas próprias lágrimas, literalmente. A ultima parte que ouviu foi sobre um bebê-porco. Estava com tanto sono que já não tinha certeza se ouvira direito... Ela sonhou com tudo o que ouvira na história. O coelho branco, os animais falantes, o bebê-porco... Acordou com o pio muito alto de uma coruja. Se arrumou e desceu para tomar café. A alguns passous da cozinha ouviu seu pai conversar com alguém que não era Scorpius, nem Astoria. Era uma voz estranha, de homem e parecia meio distante. Quando ela entrou na cozinha ouviu um crepitar da lareira e poderia jurar que viu uma cabeça de um homem de nariz adunco saindo da lareira, e o fogo, verde-esmeralda. Achou estranho, muito estranho, mas sentou-se a mesa para tomar o café.
- Com quem estava falando, papai? - perguntou tentanto parecer descontraída enquanto se servia de algumas torradas e um pouco de suco de laranja.
- Ninguém querida. - respondeu Draco com um sorriso nervoso e pegou sua maleta.
- Desculpa não poder lhe fazer companhia, mas estamos com proplemas no trabalho.
- Sem problemas, pai.

Draco beijou a filha na testa desejando-lhe um bom dia e saiu apressado. Minutos depois Scorpius entrou na cozinha com a mãe.
- Bom dia mamãe. - disse Alice. - E ahn... Bom dia irmão.
Scorpius murmurou alguma coisa em resposta e eles começaram a comer em silêncio.
- Meus anjinhos durmiram bem? - perguntou Astoria.
- Aham. - os dois responderam juntos.
- Ótimo.
- Mãe, a minha carta já chegou? -
perguntou Scorpius.
- Ainda não meu bem. - ela respondeu e deu um olhar significativo para Alice que estava distraída passando geléia em uma das torradas. Scorpius deu ombros.
- Uma hora ela vai saber.
- Perdão? Saber o que? -
perguntou Alice erguendo os olhos para a mãe e o irmão.
- Nada, querida. Nada. - Astoria respondeu depressa.
- Hum...
- Quando será que chega? -
perguntou Scorpius.
- Chega o quê? - perguntou Alice curiosa.
- Logo, logo querido. Não se preocupe... A carta da escola do seu irmão, querida.
- É, eu vou pra uma escola secundária, sabe? Tipo eu vou fazer onze anos e uma escola secundária é pra onde as pessoas vão e estudam até os dezessete anos. - explicou Scorpius como se Alice fosse uma criancinha de dois anos.
- É eu sei disso! -
Alice mostrou a língua para o irmão e a mãe interveio.
- Vamos parar de graça?
Alice ficou intrigada. Para que escola eles iriam mandá-la? Porque estavam no período de férias, mas logo teriam que mandá-la para alguma escola...
- Ahn, pra onde o Scorpius vai mamãe?
- A escola? Bem... ele vai para Hogwarts.
Alice não entendeu. Nunca ouvira falar dessa escola antes.
- Fica aqui em Londres?
- Fica. -
responderam Astoria e Scorpius.
- Hog... Como é mesmo o nome.
- Hogwarts, maninha. H-O-G-W-A-R-T-S.
- Hogwarts... -
repetiu a garota.
- É um colégio interno para... - e a voz de Scorpius foi sumindo. Ele olhou para a mãe como se pedisse permissão para contar alguma coisa.
- Para? - insistiu Alice.
- Para crianças especiais. - respondeu Astoria rapidamente.
- Bruxos. - Scorpius disse junto com a mãe e Alice achou que não tivesse entendido direito.
- Para bruxos? - perguntou.
- É. - disse Scorpius simplesmente e depois olhou para a mãe encolhendo os ombros como se pedisse desculpas.
- Uma hora ela ia saber.
- Eu sei. -
respondeu Astoria com um suspiro.
- Vocês são... são bruxos?
Ambos assentiram. Alice arregalou os olhos em choque e o copo a sua frente estourou, derramando o resto do suco de laranja.
- Mas...
- E achamos que você também é.
- Você diz por você e papai. Pra mim ela não passa de uma trouxa. -
respondeu Scorpius secamente.
- Deixe que eu cuido disso, querida. - Astoria se referiu ao copo e suco derramados. - Você se machucou?
Alice sacudiu a cabeça negativamente, incapaz de dizer qualquer coisa. Ainda boquiaberta, ela observou a mãe tirar um graveto das vestes.
- Reparo. - ordenou Astoria e o copo se consertou. - Evanesco. - o líquido que se espalhara sobre a mesa sumiu.
- Mamãe... isso é... é uma varinha? - perguntou Alice apontando o graveto.
- Sim.
- Ai meu Deus.
- Por isso te adotamos... Achamos que você poderia ser uma de nós.
- Mas eu nunca fiz nada de extraordinário antes. Vocês devem ter se enganado. Eu sou uma menina simples, comum como qualquer outra. Não sou bruxa, não... -
mas ela parou. Aos poucos se lembrou das coisas bizarras que lhe aconteceram, como quando o gatinho de estimação que eles tinham no orfanto tinha subido o telhado e Alice, na tentativa de ajudá-lo subiu o telhado. Ela não se lembrava de como tinha parado lá em cima. Só se lembra de querer salvar o gatinho. Um minuto estava no chão e no outro estava em cima da casa. Tiveram que chamar os bombeiros não só para salvar o gato, mas também a garota. Depois se lembrou da vez em que Judite cortou seus cabelos enquanto dormia. Acordou no dia seguinte com o cabelo todo cortado, chorou e implorou que seus cabelos voltassem como eram e no outro dia seus cabelos voltaram ao normal.
- Mas eu não posso ser...
Astoria tratou de explicar algumas coisas sobre o mundo mágico à Alice e naquela noite a garota só conseguiu escrever em seu diário o seguinte:

Querido diário,
sou, provavelmente, uma bruxa.
Boa noite,
Alice.

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Comentários (1)

  • Sarah of Ravenclaw

    Aaaah posta mais, a história esta emocionante :) Seria bem legal se Harry, Hermione e Rony aparecessem na história Beijos

    2012-03-06
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