;fogo e gasolina.






 


...


 - E aí ela falou que eu dava em cima de tudo que é mulher descaradamente, mesmo que ela estivesse junto, tem cabimento? – Sirius falava realmente nervoso do outro lado do balcão de mármore da cozinha do apartamento de James.


 O outro assentiu e deu um gole na cerveja, pensando em qualquer outra coisa menos na razão da briga de Sirius com sua prima. Quer dizer, eles brigavam o tempo todo, e tudo era razão para isso. Não era como se fossem ficar semanas sem se falar, como às vezes ele e Lílian faziam quando brigavam – amanhã mesmo um dos dois bateria na porta um do outro e fariam as pazes, sem pedir desculpas porque eles eram orgulhosos demais para isso.


 - ...e heeeeei, James! – o outro bateu palmas na frente dele – Está me escutando, porra?


 - Sim, você brigou com a Marlene de novo. – respondeu rapidamente.


 - Acabei de te chamar de corno, imbecil. Mas que merda, isso.


 - Calma, Sirius. Você e a Marlene vão se resolver uma hora ou outra.


 - Já fazem três dias – ele falou, quase desesperadamente – E amanhã é sábado e tem um showzinho perto da casa da Dorcas, e é óbvio que ela vai sozinha!


 - Pega leve, é da Marlene que estamos falando.


 - Você acha que eu não sei? Saco. Aquela mulher ainda me deixa louco.


 - É o que as mulheres McKinnon costumam fazer, sabe – James piscou marotamente.


 - Eu nunca fiquei louco pela sua mãe, otário, e se você me disser que ficou eu vou ter nojo de você.


 James riu e deu outro gole na cerveja.


 - Eu só acho que você está exagerando, como sempre que brigam. – deu de ombros.


 Sirius pareceu incrédulo quando ele terminou de falar. Ele passou as mãos pelos cabelos antes de responder:


 - Acho que você não entendeu, Jay. Ela chegou a me pedir um tempo, tem noção disso? Marlene me pedindo um tempo. Você sabe o que isso significa.


 James aquiesceu, pensativo. Se fosse pensar, ela nunca tinha falado sobre isso, mesmo. Eles sempre brigavam, mas nada que beirasse o limite um do outro.


 - Ok, talvez isso seja sério. – concordou – Qual foi a razão que ela te deu, mesmo?


 - Você escutou alguma coisa do que eu te falei, porcaria? Ela disse que eu dou em cima das mulheres sempre! Indiscretamente!


 - E você deu motivo pra isso?


 - Não, claro que não! Não sei se você reparou, James, mas estamos usando uma aliaaaança de compromisso. Meu relacionamento com ela é sério o bastante.


 James ia abrir a boca quando bateram na porta.


 - Aleluia! – Sirius falou, saltando do banquinho e indo atender.


 James o seguiu, distraído com a carteira.


 - Olá, Sirius – uma mulher baixinha e loira cumprimentou. Era a mesma entregadora de pizzas desde que eles pediam da pizzaria que havia cinco quadras acima.


 - Hei, Rochelle – ele sorriu – Alguém cortou o cabelo.


 Ela passou os dois pacotes pra ele.


 - É, não gostei muito. Fiquei parecendo um garotinho de oito anos. – ela respondeu com uma careta.


 - Se fosse assim eu gostaria das aulas de ginástica. – ele falou, e Rochelle deu uma risadinha, corada.


 - São vinte e quatro dólares.


 - Aqui estão – James esticou o dinheiro para ela e fechou a porta antes que se despedissem.


 - O que foi isso? – Sirius perguntou, surpreso.


 - O que foi isso? Eu quem te pergunto! – exclamou James – Alguém cortou o cabelo?  Blá?


 Sirius o olhou confuso.


 - O quê? – perguntou.


 - O quê? Você estava dando encima dela e está namorando... quem mesmo? Minha prima!


 - Isso? – ele ergueu as duas sobrancelhas – Eu não estava dando encima dela!


 - Sim, você estava – James falou enquanto pegava as pizzas do braço de Sirius – E como se eu não estivesse aqui pra ver isso.


 - Cara, pára de falar igual a Marlene. O que é isso, um complô?


 - Você é cego, Sirius! Ou é tão galinha que isso já está no seu sangue e não há meios de controlar!


 - É só o meu jeito, droga.


 - Exatamente. – James abriu uma pizza no balcão.


 - Mas se eu não fosse assim, ela não teria se apaixonado por mim. – Sirius falou aquilo meio sem graça, e as suas bochechas coraram rapidamente.


 James ergueu os olhos para ele, avaliando sua situação. Era a verdade. Se Sirius não fosse... bem, Sirius, Marlene nunca teria sequer dado chance a ele. Aquela provocação toda que havia começado na escola – enquanto ele pensava que era apenas para irritá-lo – serviu para aproximar os dois e viraram amigos. Depois eles saíram para beber juntos em um bar qualquer, já fora da escola, e, sem beber além da conta, dormiram juntos. Isso já fazia quase um ano, e ainda assim James sentia ganas de quebrar o pescoço de Sirius cada vez que via ele perto demais da prima. Porque eles eram como irmãos.


 - Tem razão – James suspirou – Nós temos que dar um jeito nisso.


---




 - O James nem está aqui, pra começo de conversa, Lil, larga de ser...


 - Acabei de chegar, querida! – ele avisou enquanto entrava no quarto.


 James deu um beijo na namorada e abraçou Marlene enquanto ela fazia uma careta.


 - Qual é o problema? – quis saber.


 - Eu quero que Lily vá comigo ao show que vai ter no Still Rock, e ela não quer ir porque você não vai.


 - Por que você não chama o Sirius? – perguntou descaradamente.


 Marlene espreitou na direção dele.


 - Porque como você bem sabe, paspalho, nós não estamos mais juntos, porque eu sei que se ele fosse ficaria dando piscadelas para as mulheres à nossa volta como uma metralhadora. Eu estou precisando de uma noite de garotas. – o tom com que ela completou a frase fez James parar de querer provocá-la.


 - Está tudo bem por mim, amor. – ele disse para a ruiva, jogando-se na cama de casal.


 - Ok, então. – Lil suspirou e deu um sorriso para Lene: - Mas você vai me deixar usar aquele seu vestido roxo!


 - Hei, nada de vestidos da Lene – James intrometeu-se, apontando o dedo indicador para elas.


 - Não é um daqueles, James – a prima revirou os olhos, fazendo um gesto engraçado de impaciência.


 - De qualquer maneira, acho melhor se arrumarem aqui, só por via das dúvidas.


 - Você acha mesmo que eu deixaria minha prima usar vestidos imorais longe do seu lindo namorado? – ela fez uma expressão exageradamente ultrajada.


 - Acho – ele respondeu rapidamente, espreitando na direção dela.


 - Ok – Lene riu – Nada de vestidos indecentes para você, mocinha. Mais tarde eu venho aqui, um beijo.


 E dizendo isso correu para a sala para buscar sua bolsa, e em segundos não estava mais no apartamento.


 - Oh, meu Deus – Lílian ofegou, sentando-se ao lado dele – Isso é tão estranho.


 - O que é estranho?


 - Eles. Assim. Oficialmente...


 - Lil – James puxou-a para si carinhosamente – Você acha mesmo que eles não vão se acertar dessa vez?


 - Ah, Jay, eu não... sei, sinceramente.


 - Você pode apostar que eles vão, querida – ele beijou o topo de sua cabeça.


 - Eu sei que é praticamente destino deles brigarem tantas vezes e acabarem voltando pros braços um do outro, mas... dessa vez está diferente.


 - Fique tranqüila, amor.


 - O que te dá tanta certeza que eles vão voltar, hein?


 James sorriu.




---




  - Não, não, não! – James pôde ouvir os gritos no quarto, e sorriu.


 Os passos de salto alto no corredor vieram logo, ainda acompanhados de vários “nãos”. James sorriu, ainda cortando os limões em quatro partes na pia, sem se virar para conferir. Os passos de Marlene diminuíram na frente da grande janela e ela soltou um pesado suspiro, confirmando seus temores.


 - Isso só pode ser feitiço de alguém, porcaria! – ela exclamou, raivosa. Depois os tuques dos saltos vieram na sua direção e James teve que se virar do balcão.


 - O quê só pode ser feitiço, querida? – perguntou calmamente.


 - Essa porra de chuva! – tornou a xingar, nervosa – Mas que droga! Só porque eu tinha combinado a noite das garotas perfeita em um showzinho ambiente aberto perfeito! Só pode ser feitiço!


 James deu uma risadinha e observou-a dar a volta no balcão e sentar-se em um dos banquinhos altos. Ela estava com um vestido preto que se encaixava perfeitamente em seu corpo cheio de curvas. Ele até podia imaginar Sirius ali, ofegando ao ver tamanha exposição de pele da parte dela, e tentou segurar um riso.


 - Oh, meu Deus – Emmeline estava entrando no apartamento sem bater – Você viu isso? Que droga, as entradas foram uma fortuna!


 - Eles vão reembolsar, eu acho... – Lene suspirou – Estou mais preocupada por perder a noite de garotas. Seria bom pra mim.


 Por um segundo, James estancou e a faca que cortava o limão parou na metade dele. Então ele deu de ombros e tornou a cortá-lo. Tudo por uma boa causa.


 O telefone começou a tocar desesperadamente, e os três continuaram conversando sobre a chuva, sem dar atenção a ele. Então a secretária atendeu, quando Lílian chegou na cozinha com um vestido roxo decotado e um pouco rodado até os joelhos. James não prestou a mínima atenção na voz desesperada de Dorcas quando viu a ruiva, apenas ficou ali... paralisado.


 - Meninas! Nossa noite de garotas foi por água abaixo! Literalmente! Ah, isso é um desastre, que coisa pra se acontecer numa noite dessas e...


 - Hei – Lene pulou antes de qualquer um para atender o telefone – Que desespero é esse? Tudo bem, haverão outros shows, tudo bem.


 Novamente James esqueceu-se de prestar atenção. “Desesperada demais, Dorc”, ele pensou balançando ligeiramente a cabeça para o lado. Os olhos de Emmeline grudaram nele, desconfiados. Lílian aproximou-se dos dois.


 - O que está havendo? – a ruiva quis saber.


 - Por que Dorcas estava falando como se alguém tivesse acabado de morrer? Você sabe que ela é péssima para mentir, James. – a loira continuou.


 - E o que faz as madames pensarem que eu tenho alguma coisa a ver com essa história? – ele perguntou, indignado. Sorrindo por dentro.


 - Porque, meu amor, eu estava no banheiro quando começou essa chuva louca e não havia água na janelinha. – Lil aproximou-se perigosamente dele, numa voz que apenas ele e Emme escutavam – O que me faz pensar que se Dorcas está mentindo como está na cara que está, alguém está mesmo enfeitiçando apenas aquela parede do prédio para chover e é bom que alguém tenha uma boa razão além de apenas atrapalhar a noite das garotas.


 - Woa, você sabe como dizer as coisas diretamente. – Emme sorriu.


 - É por isso que a gente é um casal feliz – James riu baixinho, pousando a mão na cintura da namorada – Eu sei que de fora parece uma pequena maldade, mas acreditem, garotas... é por uma boa causa.


 As duas se entreolharam várias vezes, mas não fizeram nenhuma expressão de que acreditavam antes de Marlene desligar o telefone com uma gargalhada alta e olhar para eles:


 - O que é por uma boa causa, Jimmie? – perguntou diretamente.


 - Como você ouviu isso? – Emmeline quis saber, boquiaberta.


 - Vários anos de aprendizagem com o Sirius, você escuta cada coisa. Então?


 James sorriu:


 - Os limões. Eu os comprei de uma... feira que vende frutas colhidas em um... orfanato.


 Marlene espreitou discretamente antes de saltar do sofá e ir na direção deles. Lílian inclinou-se para sussurrar no ouvido dele: “Você mente melhor do que a Dorcas”, e James deu uma risadinha e um beijo em sua bochecha.


 - Isso é mesmo emocionante – ironizou a prima, fazendo uma careta para os limões.


 - São limões. – James repetiu.


 Ela olhou atentamente para ele:


 - E onde você vai hoje com esses limões? – quis saber, inquisidora.


 Ele riu.


 - Eu vou ficar em casa na minha noite de garotos discreta, regada a tequila e poker, se quer mesmo saber.


 Marlene ergueu as duas sobrancelhas e desviou os olhos para qualquer lugar, resmungando baixinho algo sobre a chuva. Emmeline suspirou profundamente, encostando a cabeça nas mãos, apoiando os cotovelos no balcão de mármore. James dispensou a ajuda de Lílian para cortar os limões, porque ela estava muito arrumada para aquilo. A ruiva riu e começou a ler notas do Profeta para eles, casos sem importância, outros com importância, mas tão maçantes que fazia com que eles não dessem a devida importância, enfim.


 Ficaram alguns minutos daquele jeito até que a porta abriu abruptamente. Lene gemeu um “Oh, não...”, antecipando contra o recém-chegado.


 - James – Sirius falou – A diversão chegou!


 James observou as reações de Marlene. Por um segundo, quando revirou os olhos, ela pareceu à vontade. Então o seu olhar encontrou o de Sirius e as bochechas dela queimaram, vermelhas, e ela desviou os olhos para a maletinha prateada que ele trazia na mão.


 - Hei, garotas. Não sabia que estariam aqui. – Sirius estava falando enquanto se aproximava deles.


 Ele não cumprimentou ninguém individualmente, e James tinha certeza que era apenas para não ser ignorado por Marlene. Sirius colocou a maleta prata no balcão, assim como a sacola com as garrafas, e sentou-se do lado de James. A conversa de repente sumiu e Lily começou a cantarolar alguma musiquinha que fez apenas Emmeline rir e todo mundo ficar sem entender.


 - Vocês sabem como são legais essas piadinhas internas? – Lene espreitou na direção da ruiva.


 - Sei, elas são demais, não é? – ela riu baixinho.


 - Então, vocês não tinham um show ou coisa assim? – Sirius perguntou.


 James olhou disfarçadamente para ele. Que cara de pau.


 - O lugar do show é aberto – Emme respondeu – Então...


 Marlene encostou-se no balcão pelo cotovelo, entediada: - Chuva de macumba, só pode. – suspirou.


 - Por que alguém iria querer que chovesse no dia desse magnífico show, Lene? – perguntou Sirius.


 Ela olhou pra ele sem acreditar.


 - Oras, talvez porque alguém não ia querer que outro alguém fosse, Black.


 - Simpática você, me chamando de Black.


 - Não era pra ser simpática. Soou simpática? Droga.


 - Ah, não... nem comecem. – James revirou os olhos. Então ele juntou todos os pedaços de limões em uma travessa verde que tinha ali perto e procurou por sal enquanto ouvia a conversa:


 - Lembra quando a gente se reunia pra essas festinhas particulares? – Emme deu uma risada.


 - Só nós oito, e era sagrado que o meu apartamento virasse pensão – Lily riu também, revirando os olhos.


 - Estamos muito arrumadas para ficar aqui – Lene previu o que elas queriam dizer – Vamos sair, quando essa chuva passar! Não importa pra onde.


 - Nós sempre fazíamos aquelas brincadeiras pervertidas – Emmeline ignorou totalmente o que a outra dizia, entrando no plano sorrateiramente. Pisquei para Sirius e ele sorriu.


 - É, acho que se alguém aqui tivesse alguma doença, todos nós já teríamos pegado – riu Lily.


 - Ew! – exclamou Marlene, esquecendo-se por um segundo da sua idéia fixa de sair. – Verdade. E isso não é sexy.


 As três riram juntas.


 - Como daquela vez em que o Remo e o Sirius quase se beijaram, lembra? – Emme agora quase não se agüentava de rir – Se a gente não tivesse dito que não era verdade, eles iriam fazer. Isso sim foi nojento de se ver! Dois homens como eles tão... perto... Urght!


 - O pior foi eles negando até a morte no outro dia – James entrou na conversa.


 - O Remo tentou disfarçar, falando que tava bêbado, tals... e o Sirius querendo convencer todo mundo que era a Dorcas e o Remo – Emme riu alto.


 - Heeei, eu estou bem aqui, sabe? – Sirius se defendeu.


 - E fica igual um tonto, deixando eles falarem. – Marlene provocou.


 - Por acaso você está com ciúme do Remo, querida? – ele se inclinou ligeiramente no balcão na direção dela.


 Marlene afastou-se, espreitando os olhos: - Eu me garanto.


 Sirius deu uma risadinha que James classificou como “safada”, e disse:


 - Eu sei que se garante, linda.


 Por um instante, James achou que ela fosse retribuir a cantada, mas então sua boca se fechou e ela corou furiosamente, e saltou do banquinho para ir até a janela conferir se ainda estava chovendo. Sirius esticou-se como pôde no balcão com os olhos arregalados – se James não soubesse que ele estava vendo se o feitiço ainda estava funcionando, teria pensado que ele estava dando uma boa conferida em Marlene por trás. Lílian e Emmeline trocaram olhares significativos e gestos exagerados que fizeram James rir baixinho. Marlene virou-se rapidamente, desconfiada:


 - Qual é o problema de vocês hoje, hein?


 - Que problem... ah, Lene, o jeito vai ser ficar por aqui mesmo – Emme era melhor mentirosa do que Lílian. Ela passou as mãos pelos cabelos, parecendo irritada com a chuva.


 - Ah, Em – ela fez uma carinha de emburrada – Eu quero tanto sair.


 Lily trocou um olhar com Sirius enquanto a loira respondia:


 - Mas pelo jeito vai ter que ficar pra amanhã. Hei! Acabei de me lembrar que vai ter alguma coisa na Stockwood amanhã também. E só é tipo, a boate mais badalada de Londres, então... com certeza vai ser melhor amanhã, Lene.


 - Tem certeza? – ela olhou na direção da janela mais uma vez.


 Sirius remexeu-se no banco, incomodado. James teve vontade de rir – se ele não conseguisse botar o plano em prática até o final desta noite, teria que ser rápido para pensar em algo para amanhã.


 - Quem vai primeiro? – ele ergueu a garrafa para os outros, referindo-se ao primeiro drink.


 - Eu! – Emme falou animadamente.


 - Ok, vamos lá, então – Lene veio até eles.


 As duas prepararam o sal e o limão enquanto James enchia dois copinhos pequenos com a tequila, e então tomaram primeiro os temperos e depois o líquido, fazendo caretas engraçadas e comemorações felizes. Sirius deu uma piscadela cúmplice para James antes de virar o próprio drink, e ele riu, e então as coisas começaram a acontecer rápido demais.


 James não tinha planejado beber. Muito menos beber tanto. Haviam mais duas garrafas de tequila em seu apartamento ou Remo havia trazido, mais tarde? Com Dorcas, claro. Ele não tinha idéia – isso abria um leque de conclusões. Talvez Lílian fosse alcoólatra.




---




 Marlene deu uma risada alta quando Dorcas contava a história da chuva. Como era mesmo? Ah, alguma coisa sobre ela estar saindo do banho e ouvir trovões... que esquisito. Não ela ter ouvido trovões, mas mentir quanto a isso. Qualquer pessoa que estivesse ali podia ver que a amiga estava mentindo, mas vai saber, certo? O que importava era que a segunda garrafa de tequila de Remo já estava pela metade.


 - Eu tenho uma idéia – Sirius levantou-se de uma maneira engraçada do banquinho, fazendo Lílian rir alto.


 - E qual é ela, mestre? – perguntou Emmeline, trançando as pernas até a mesinha redonda da cozinha.


 Marlene riu da amiga e perguntou-se se estava como ela. Hm, sua cabeça estava girando um pouco e seus movimentos um pouco lentos, mas nada que fosse tão... tão...


 - Strip poquer! – ele exclamou alto, indo fuçar em um armário.


 - Você é mesmo um pervertido – Lene falou enquanto ia até a mesa com Emmeline.


 E do nada todo mundo estava com elas também. Marlene olhou lentamente para James, e a situação dele também não estava nada boa. Ela tinha tido a impressão de tê-lo ouvido perguntar a Lílian se ela era alguma alcoólatra anônima ou coisa assim? Por isso a ruiva estava rindo tão histericamente? Ah, que amigos loucos eu fui arrumar.


 - Você sabe que eu não sou tão mau assim, linda – uma voz macia a assustou, na base do seu pescoço.


 Marlene não precisou olhar para o lado para saber quem era, apenas sorriu torto e jogou os cabelos para trás, observando enquanto Sirius esticava a toalha verde na mesa dando uma risadinha. Ah, sim. Ela devia estar bêbada também por reagir daquela maneira a uma provocação dele. Ou talvez estivesse sempre bêbada, quem poderia dizer? Pois era sempre assim entre os dois.


 - Você é terrível, isso eu sei – ela respondeu para ele, que se sentou ao seu lado.


 Sirius apenas riu e pediu mais um drink antes que começassem.


 O jogo começou devagar, mas de repente parecia que todos estavam tirando as peças entre risos divertidos e provocações dos outros. Marlene viu Emmeline desabotoar a blusa devagar, fazendo um biquinho sexy para todo mundo, e Lily deu um tapa no braço dela, exclamando que todos os homens que ela poderia seduzir ali eram comprometidos. Quando Marlene ia exclamar que Sirius não era, Emme levantou-se tropegamente, perguntando que raios ela estava fazendo ali se não tinha homem solteiro. E ela foi embora.


 - Não é melhor alguém ir...? – Remo ia começar a perguntar, mas Dorcas interrompeu:


 - Ela se vira! Vamos, vamos...


 Dorcas já estava sem blusa, também. Ela usava um sutiã amarelo vivo que Marlene se lembrava de terem ido comprar juntas, alguns meses atrás, no dia em que a amiga quase caíra na tentação de trair Remo com o atendente. Ela não podia culpá-la. Marlene sentiu uma vontade compulsiva de contar aquilo pra todo mundo e logo a engoliu. Meteria a amiga em um problemásso se fizesse isso. ah, e havia inventado uma palavra nova também. Desatou a rir enquanto recebia suas cartas, recebendo olhares estranhos dos outros, mas nada que fosse tão anormal por ali a uma hora daquela.


 - Ok... Diga o que você tem, donzela – James falava para ela.


 - Hmm... Reis e ás! – exclamou, virando as cartas. E ela nem sabia que era a vez dela.


 - Isso? – ele exultou-se. Marlene xingou baixinho. Ele devia ter alguma coisa melhor que ela.


 - Merda!


 - Eu tenho seqüencia terminada em... valete, mas vale mais que essa merdinha que você tem, hahahahaha! – ele apontou um dedo na cara dela, dando uma risada super alta.


 Marlene espreitou os olhos na direção dele, sem acreditar:


 - Como você consegue jogar bêbado? – perguntou, confusa e emburrada.


 Teria que abaixar a parte de cima do vestido. Suspirou, resignada.


 - Wooooa, nada de desculpas esfarrapadas! – Remo alertou.


 - Qual é, Lene, não é como se a gente nunca tivesse te visto sem... – James ia falando, e ao receber um olhar bravo de Lily, ele exclamou: - O quê? E aquela vez que tivemos que dar banho nela? Caramba, amor... você fica... – o resto foi dito no ouvido dela, mas deve ter sido bom, porque ela deu uma risadinha enquanto ele segurava a cabeça dela para continuar falando, ou só para beijar ali mesmo.


 - Ok... – falou, levantando-se rapidamente.


 Como não conseguia alcançar o zíper por trás, Sirius foi ajudá-la. Maldito filho da mãe. Ele deslizou a peça até a base de suas costas, acariciando ali e subindo até seus ombros, onde fez um movimento que deixava a peça cair entre seus braços pra frente. Ele já estava sem camisa também e por Deus do céu, ela estava tendo a maior dificuldade de evitar o olhar naquele peitoral. Dorcas deu uma risadinha:


 - Ok, isso me lembrou um pouco pornografia, mas tudo bem.


 Remo riu e a beijou. Marlene fez uma careta de desagrado e segurou o vestido. Ah, droga. Havia colocado a lingerie que Sirius havia dado à ela uma vez – uma preta de renda que não era nada, nada decente. Bufou, irritada, quando os olhos dele faiscaram na direção do seu sutiã. Não podia por nada perder agora.


 Decidiu parar de beber, e foi exatamente nesse momento que viu Sirius virar mais um drink. Hm, assim ficava fácil. Era meio óbvio, pelas condições dos dois casais que ainda estavam ali, que os dois ficariam para o final. James e Lily levantaram-se ao mesmo tempo, interrompendo um beijo, e disseram que iam... ah, vocês sabem o quê – a ruiva completou com uma risadinha. James fez uma careta de “Fazer o quê?” de brincadeira e seguiu a namorada para o quarto.


 Sirius estava distribuindo as cartas de novo. Marlene podia jurar que em três minutos seriam os únicos ali, pela maneira como Remo e Dorcas trocavam olhares. Eles receberam as cartas e jogaram, e dessa vez Remo teve que tirar as calças. Ele usava uma boxer verde escura que fez Marlene fazer um biquinho de aprovação para Dorcas, que espreitou na direção dela, rindo, e levantou-se com o namorado, propondo alguma coisa suja no ouvido dele.


 E, como ela havia previsto, eles saíram do apartamento para o que havia do outro lado do corredor, onde Remo morava. Marlene olhou para eles até que a porta se fechasse, para só então olhar para o homem ao seu lado. E fazer um esforço terrível para não olhar o tanquinho dele invés dos olhos.


 - Isso é engraçado – ele estava dizendo, embaralhando as cartas.


 - O que é engraçado, patife?


 - É fim de noite... eu e você... semi-nus... isso não te dá um tipo de dejá vu?


 - Larga de ser cachorro e dá logo essas cartas.


 - Vai ser bom...


 - O que vai ser bom? – ela perguntou, irritada. Mas com uma sensação estranha de estar flutuando.


 - Ver você nessa lingerie de novo.


 - Quem disse que você vai ver, otário?


 - Querida... só estamos nós dois aqui e...


 Ela ignorou o resto do que ele disse. Estava concentrada nas cartas que havia recebido, mas mesmo assim ele continuava a falar. Que tanto ele tinha para falar, por Merlin? Ele gostava tanto de deixá-la louca? Lene seria bem capaz de arrancar todos os cabelos da cabeça agora, só para resistir à tentação que estava dando um jeito de não resistir (ignorando a estranheza dessa frase, claro). Por baixo e por cima das duas cartas ela ainda podia ver muito do corpo dele. Daqueles músculos fortes e meio sobressalentes, de uma maneira que o deixava... impossível, de se agüentar por muito tempo sem tocar. Ainda mais quando ele se mostrava tão disponível. Tão perto e tão... droga. Devia ter decidido parar de beber antes. Agora não era como se tivesse jeito.


 - Wowowow... – ele fez enquanto conferia as próprias cartas e cruzava um braço no peito, concentrado.


 Ele tinha alguma noção de como aquele gesto só piorava as coisas?


 - Quê? – ela perguntou debilmente.


 - A coisa está boa pra mim. Lembrando que o ganhador tem como prêmio ele próprio tirar a roupa do último jogador até a última peça.


 Marlene sentiu um arrepio só de pensar. Estava completamente perdida.


 - Ok. – disse.




---




 Sirius conferiu novamente suas cartas, escondido, e as cartas na mesa. Ah, perfeito. Uma bela seqüencia terminada em reis. Ergueu os olhos para ela, tentando decifrar o que ela podia ter... hum, nada. Marlene estava completa e estupidamente blefando. Aquela sobrancelha sexiemente arqueada não tinha nada a ver – quer dizer, não tinha jeito dela ter qualquer coisa ali que não...


 - Mostre as suas. – ela falou.


 - Você primeiro, Lene, sou eu quem estou dando as cartas, lembra?


 Ela espreitou os olhos na direção dele. Ele sabia que ela odiava quando chamavam sua atenção ou diziam que ela não sabia de alguma coisa, e adorava provocá-la. Sorriu torto enquanto ela virava as cartas, já imaginando a maneira como tocaria seu corpo quando puxasse completamente o zíper do vestido dela para fora e como passaria os dedos entre as rendas e entre... mas seu sorriso escorregou lentamente ao ver as cartas dela e ouvir:


 - Flush.


 Ele sentiu a pele da bochecha queimar. Mas que di-abo de mulher!, pensou quando percebeu que ela havia ganhado. Sabendo que ela não ia reivindicar pelo prêmio, mostrou as cartas com uma careta, levantou-se e começou a juntá-las nervosamente. Se ficasse mais um tempo ali poderia cometer uma loucura e...


 - Sirius? – ela chamou baixinho – Eu ganhei. Quero o meu prêmio.


 As cartas escorregaram de suas mãos devagar quando ele estancou todos os movimentos, espalhando-se pela mesa mais do que antes. Ergueu os olhos para ela, perscrutando seu rosto em busca de qualquer indício que lhe mostrasse que ele estava tão bêbado que estava ouvindo coisas. Mas não estava. Ela estava com o queixo empinado na direção dele, e seus olhos mal podiam permanecer nos dele, tamanha expectativa.


 Sirius abriu um sorriso lentamente.




---




 Marlene mal podia acreditar que tinha deixado escapar aquilo. Mas tinha, e bem, era o que o seu íntimo mais queria, de qualquer maneira... e ele estava sorrindo daquele jeito safado só dele. Suspirou uma vez, levantando-se também, e puxou uma alça do vestido para a ela não deslizar no seu quadril fazendo ela ficar completamente despida. Foi até ele calmamente, e pôde perceber os seus músculos se enrijecendo de tensão.


 Ela sorriu quando estava perto dele, e, percebendo que não conseguiria fazer aquilo olhando nos olhos azuis lindos dele, deu a volta até chegar nas suas costas. Passou um dedo pelos músculos do ombro, aqueles que ela adorava nele, e viu a pele retesar-se enquanto descia para partes mais baixas. A pele de Sirius estava quente como uma fornalha. Em um meio abraço por trás, desabotoou a calça dele e afastou um pouco as beradinhas para puxar o zíper.


 Ele ofegou e murmurou alguma coisa que Marlene não entendeu baixinho quando ela não abaixou suas calça totalmente, mas sim soltou-as e deixou-as deslizarem até a metade da coxa grossa, enquanto ela subia suas mãos pelos braços dele. Sabia que aquilo já estava fugindo do seu controle; e tão cedo. Mas não era como se ela... conseguisse. Eles eram como fogo e gasolina.


 O pescoço de Sirius inclinou-se levemente para o lado, e a pele ali ficou tão exposta que... ah. Novamente, ela não pode resistir. Não resistiu ficar na ponta dos pés e colar os lábios ali, porque sabia muito bem como era sentir aquilo em sua boca e como era para ele. A maneira como ele ficou tenso fez Marlene pensar que ele queria gemer; e ela tinha razão. Enquanto ainda beijava seu pescoço e descia as mãos para as bordas da cueca dele, onde enfiou a ponta dos dedos e percorreu toda a extensão do seu quadril, ouviu um som sair do fundo da garganta dele e ela mesma estremeceu.


 Pensando novamente em como deveria ter parado de beber mais cedo.


 E parou tudo o que estava fazendo com um suspiro profundo. Não deveria ter começado tudo aquilo, só pra constar. Estava bêbada. Completamente bêbada pela situação em que se encontravam e bêbada pelo perfume dele. E estava morrendo de saudades. E era uma porcaria.


 - Lene? – ele sussurrou baixinho, ainda sem se virar.




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 Quando não recebeu a resposta de que havia ouvido, Sirius virou-se de frente para ela. Seu corpo inteiro estava em chamas. Ah, diabo, o que aquela mulher era capaz de fazer só... ela estava olhando pra ele daquela maneira. Daquela maneira de quem resiste a desejos tão profundos que chega a ser doloroso.


 No movimento que fez, as suas calças deslizaram totalmente até seus tornozelos e ele livrou-se delas, ainda sem desviar os olhos dos de Lene. Por um instante fugaz, os dela perderam-se no seu abdômen e mais para baixo, na cueca boxer preta. E quando retornaram aos seus olhos, os dela pareciam estar acesos de alguma maneira, como se o alertassem do perigo. Ela mordeu um lábio inferior enquanto se virava, a mão se fechando em punho. Ele não conseguiu conter um sorrisinho torto de escárnio.


 - A gente não pode simplesmente... – ela ia falando, mas sua voz parou no meio da frase ofegante.


 Porque Sirius tocou a base de suas costas, coberta pelo vestido, e aproximou o nariz da orelha dela, e sua respiração fez a pele dela se arrepiar.


 - É o meu jeito, Lene – ele falou pela primeira vez dando uma desculpa para o que ela tinha o acusado, e ela entendeu perfeitamente sobre o que ele estava falando – É por isso que você me ama.


 - Eu não...


 Sirius foi mais rápido e a virou rapidamente, segurando-a pelo pulso para manter a proximidade. Encontrou os olhos surpresos dela e murmurou baixinho:


 - Vai negar que me ama?


 Ela empinou o queixo para frente, mas mesmo naquele gesto não conseguiu desviar os olhos dos dele. Sirius teve vontade de puxá-la pela cintura e tomar os seus lábios entre os seus, matando logo aquela vontade abrasante que o estava consumindo.


 Lene abriu a boca uma vez, mas tornou a fechá-la. Quando Sirius ia falar, ela disse, com a voz firme:


 - É claro que não. Você sabe que eu te amo, Sirius.


 Ele ficou sinceramente surpreso pelas palavras dela, e, devagar, começou a se aproximar para beijá-la.


 Mas Lene desvencilhou os pulsos das mãos fechadas entorno e deu um passo para trás:


 - Mas isso não significa que a gente pode fazer... qualquer coisa hoje.


 E deu de costas, ajeitando o outro lado do vestido no ombro.




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 Marlene podia jurar ter ouvido um palavrão baixinho na outra sala, onde Sirius estava. Ela havia ido buscar sua bolsa e agora estava realmente tendo trabalho com aquele zíper em suas costas. Porque seu braço não era elástico e muito menos quilométrico, e o desgraçado havia feito questão de abaixá-lo até o fim da sua coluna. Era uma merda mesmo.


 Quando saiu da salinha para a cozinha, encontrou Sirius com as calças levantadas e sentado num dos banquinhos com os cabelos completamente desarrumados, a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos no balcão de mármore. Diabo. Por que ele pelo menos não colocava uma camisa? Ele não percebia como tudo aquilo ficava mais difícil?


 Pigarreou baixinho, chamando a atenção dele, que saltou do banquinho no mesmo segundo, alerta. Os olhos dele a espreitaram, tentando imaginar porque ela havia voltado.


 - Pode... me ajudar com isso? – perguntou formalmente para ele, apontando para o vestido.


 Sirius engoliu seco.


 - Você realmente tem que me torturar mais? – quis saber baixinho enquanto se aproximava.


 Marlene ignorou a pergunta e virou-se de costas.


 E percebeu tristemente – ou não – que fora a coisa mais estúpida a se fazer durante toda a noite, incluindo beber tequila e reivindicar seu prêmio para Sirius. Afinal, ela bem que poderia ter ido embora para casa quietinha, certo? Não era tão longe dali. E já deviam ser umas quatro da manhã, a rua não devia estar tão movimentada assim. Ou podia simplesmente ter pedido uma carona – afinal, o que ele ficaria fazendo ali no apartamento dos amigos quando eles estavam ocupados demais para terminar sua noite de garotos com garotas?


 Tudo isso foi apenas um borrão rápido em sua mente, porque quando Sirius tocou a sua pele para juntar as duas partes do vestido e desceu o polegar exatamente pela sua coluna, a reação do seu corpo foi rápida demais. Como fogo e gasolina.


 Ela largou sua bolsa no chão e virou-se de uma vez só para ele, que armou seus braços em arco já segurando-a pela cintura e puxando-a para perto. Com o movimento rápido o vestido ficou preso em seu braço e estalou algumas linhas, e isso fez Sirius olhar para ela alarmado. Ela quis revirar os olhos de impaciência e afastou-se para livrar-se completamente da roupa.


 E então saíram faíscas dos olhos dele. Por um segundo, ele ficou apenas admirando – mas no outro já estava tocando tudo o que alcançava do seu corpo enquanto se aproximava devagar demais para o beijo. E quando seus lábios se tocaram, foi exatamente como ela imaginou, só que melhor – todo o fogo até agora não tinha sentido sem aqueles lábios macios e urgentes sobre os seus, tomando-os e fazendo o fogo aumentar em níveis potenciais.


 Marlene tentou reprimir um gemido que foi abafado pela boca dele rapidamente, quando sua língua tocou a dela com reconhecimento e avidez. As mãos dela desceram para além do seu quadril, até a parte de trás da sua coxa, e rapidamente se livrou da calça que ele usava, sem parar um segundo de beijá-lo. E quanto estavam ambos apenas com as roupas de baixo, Sirius puxou-a para enroscar as pernas envolta dele e prensou-a com força contra a parede. Marlene ofegou, sem ar, e os lábios dele desceram para o seu pescoço, marcando-o uma trilha intensa. Ela puxou seus cabelos e afundou o nariz neles para sentir aquele perfume delicioso que ele tinha.


 Ele já estava com os lábios no seu ouvido quando falou, ofegante:


 - E todo aquele papo de dar encima das outras na sua frente, hein?


 Ela teve vontade de estraçalhá-lo por lembrá-la daquilo naquele momento, mas respondeu rapidamente:


 - É por isso que eu te amo, Six – sua voz também estava ofegante.


 Sirius grunhiu baixinho antes de puxá-la da parede, apertando-a ainda mais contra seu corpo: - Eu também te amo, minha linda. – respondeu, a voz totalmente sexy em seu pescoço – Você é a única mulher da minha vida.


 E então ela não respondeu mais por seus atos, porque estava simplesmente quente demais.




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 A cabeça de James estava estourando quando ele saiu do quarto para o corredor, os olhos quase fechados por causa da iluminação do sol. Devia ser quase dez horas da manhã, e era cedo de se acordar para quem tinha ido dormir tarde como ele – ele e Lil tinham dividido o que restava da garrafa de tequila até o sol nascer – mas não era como se ele conseguisse dormir por muito tempo sem acordar.


 Resmungou baixinho quando tropeçou em um sapato de salto fino, perto do balcão da cozinha, e focou os olhos para se lembrar de quem era. Hm, Marlene. Sorriu devagar enquanto chutava o sapato para o lado e ia até um armário buscar um remédio para a ressaca, para depois voltar a dormir.


 - Bom dia, raio de sol – brincou uma voz rouca atrás dele.


 James não ficou nada surpreso e não virou-se para olhar para Sirius.


 - Bom dia, senhor avassalador.


 - Woa, que noite, huh?


 James riu baixinho e virou-se com um copo d’água e um comprimido. Ele os tomou e depois comentou:


 - Cadê a Lene?


 - Dormindo no sofá.


 - Tudo certo, então?


 - Maravilhosamente certo.


 - Bom – James ergueu o copo d’água como se brindasse com o amigo e virou o conteúdo nos lábios.


 E antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, a porta da frente abriu e uma morena descabelada passou por ela, vestindo nada mais do que uma camisa masculina que parecia um vestido muito curto. Dorcas corou furiosamente quando os viu e exclamou:


 - Até que enfim alguém acordou por aqui!


 - Eu vou dormir de novo. – James avisou antes que ela dissesse algo.


 - E eu não dormi ainda. – Sirius sorriu para ela.


 Dorcas ficou boquiaberta com o que o último tinha dito: - Wow, vocês tem fôlego. Mas que seja, garotos, ontem eu esqueci a minha blusa aqui, será que alguém...


 - Essa aqui? – Lene vinha da sala enrolada num edredom branco e fofo, uma blusa preta nas mãos.


 - Isso.


 - Pelo jeito a noite foi boa pra todo mundo? – James perguntou com um tom sorrisinho.


 - A gente devia ter mais noites dessas, sabe, todos reunidos – Dorcas concordou enquanto pegava a blusa – Devia mesmo.


 - É, a gente não devia se reunir apenas por causa de um plano bobo para enganar a Lene. – a própria Marlene disse isso, com um quê de chateação.


 Sirius a puxou para um abraço de lado, rindo.


 - Ah, querida... – ele beijou sua bochecha – Como foi que você descobriu?


 - Vocês estão brincando, certo? – perguntou, ofendida.


 Quando ele não respondeu nada, ela se afastou do abraço dele revirando os olhos e voltou para a sala. Sirius passou as mãos pelos cabelos impacientemente enquanto Dorcas ria e James fazia uma careta.


 - E você, agradeça todos os dias por ter arranjado uma ruiva boazinha, porque essa mulher ainda vai me enlouquecer qualquer dia desses – ele apontou para o amigo enquanto saltava do banquinho e ia para a sala.


 Ele ainda estava só de boxer.


 - Esse folgado tá de brincadeira – James comentou baixinho com Dorcas quando o outro tinha sumido na porta.


 Ela riu, mas ele percebeu que suas bochechas estavam coradas de vergonha. Se despediu dele e voltou para o apartamento de Remo. James encostou-se distraidamente no balcão de mármore, dando bicadas na sua água, pensativo. Quando ouviu as risadas femininas vindo da sala, sorriu. É, tudo por uma boa causa.








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 n.a: eu sei, eu sei, outra short postada na loucura. é que eu não sei quando vou poder entrar na net de novo, porque vou mudar amanhã, e atéee alguém decidir ir atrás do carinha da informática, chove mato no mato grosso do sul :) eu sei, não teve graça. enfim, espero MESMO que gostem dessa. eu estava escrevendo tudo por escrever, sem intenção alguma de postar (eu ando fazendo muito isso de uns dias pra cá) e daí reli e achei que tinha que postar, já que tava inteira, mesmo. perceberam a integridade da pessoa consigo mesma? HESAHIHESAI ignorem! well, comenteeeem que isso é bom! e beeijo! até algum dia, eu acho. Nah Black.

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