As Últimas 24 Horas e o Adeus



image


 


Ela sentiu a luz forte da Ala Hospitalar ferir seus olhos. Reclamou ao sentir a cabeça explodir. Ela olhara em volta e vira que estava tudo vazio e quieto. Deviam ser cinco da manhã aproximadamente. Viu sua varinha ao lado e com um gesto rápido, que lhe causou uma dor forte no braço, diminuiu a iluminação do ambiente. Tentava lembrar aos poucos o que tinha acontecido e imaginara quanto tempo ficara desacordada. E Harry? Céus, será que estava vivo? E Rony? Foi quando sentiu algo quente em cima de sua mão esquerda. Então viu uma cabeleira loira inconfundível que dormia ao seu lado. Foi então que percebeu que esta pessoa quase que não cabia na cama com ela, se espremia e segurava sua mão. Seu semblante era preocupado e sofrido. E daria tudo pra saber o que ele estava sonhando. Ela corara e suspirara pesadamente e ele despertara sobressaltado.



– O que? O que foi? – Ele perguntara assustado, foi quando percebeu que ela despertara. Sem pensar duas vezes ele a puxou de encontro a si num abraço forte. – Hermi... Ai Merlin... Graças a Merlin.
– Calma Malfoy, ai... Devagar!- Ela protestara baixo. 
– Desculpa... Desculpa... – ele a soltara ainda a olhando atônico. Foi quando sorriu sinceramente, com os olhos embaçados. Ele a vira perceber isso e engolir em seco, mas ainda com um olhar indecifrável, do qual ele temeu. – Hermi...
– Foi você, não foi? – Ela o cortara. Ele engoliu em seco, sentindo os olhos ardendo. Não com medo do que diria, mas sim pasmo ao perceber que ela o reconhecera.
– Sim. – Ele respondeu rouco. Ele achou que ela iria xingá-lo, ou tentar agredi-lo, mas algo muito pior e surpreendente aconteceu.


Algo que o deixou completamente confuso e indefeso. Saber que ela realmente estava “machucada”. Muito mais machucada por dentro. Os olhos dela ficaram vermelhos e embaçados, e ela respirou fundo para não chorar. E ela realmente fazia muito esforço para isso não acontecer, ele via isso. E ele quase chorara por ela. Ele nunca vira olhar mais decepcionado que este. Um olhar misturado com raiva. E mais torturante ainda, era que ele não conseguia decifrar se ela estava com raiva dele ou, por algum motivo totalmente desconhecido e inacreditável, dela mesma. Mas por mais torturante que fosse esse olhar... Ele não podia desviar.



– Eu sabia... Sabia que você estava envolvido nisso. – Ela murmurara, e a última parte com ainda mais raiva. Ele ainda não sabia de quem, o olhar dela cada vez mais vermelho, agora junto de sua face, devido ao esforço que ele vira que ela fazia para não chorar. – Mas eu só tive certeza mesmo... Quando vi o... Lobo. – Ele sentiu seu estomago revirar nessa última parte. – Eu sabia que era você... Os olhos... – novamente seu estomago revirara, e ela fechara os olhos tentando não ver alguma coisa. E novamente os abrira. – Desde que eu saí do castelo eu sabia que você estava envolvido nisso. Mas...
– O que? Mas o que? – Ele perguntara receoso. Ela olhara para o chão. 
– Não queria... Acreditar. – Aquilo o derrotara mais que tudo. Como assim? Por que ela não queria acreditar? Por que ela teria fé nele? Se ela sempre soube o filho da puta que ele era, se ela o odiava, se ela... Como ela podia “não acreditar”?
– Por quê? – Ele não conseguiu segurar a surpresa.
– Por que você me machucou Draco? – Draco? Ela o chamara de Draco? – Eu.. Eu achei...
– Achou o que? – Ele perguntou esperançoso. Ela suspirara ainda com aquele olhar.
– Achei errado. Quero dizer... Nossa inimizade é uma coisa... Mas já você, tentar me ma...
– Não! Nunca! – Ele disse sobressaltado. – Hermione, eu... Realmente era aquele lobo, mas... Eu ainda não sei controlar os poderes de um Animago, eu não sabia o que estava fazendo. Eu não tinha controle sobre a minha mente. – E tão simples era a honestidade, ele percebera. Tão simples conseguira resumir toda a verdade que mal acreditara que nunca a testara antes. Ela tentara sem sucesso rir debochada.
– E você acha que eu vou acreditar nisso? – “Provavelmente não” ele pensara.
– Você estava sozinha e indefesa... Se eu quisesse mesmo te matar eu teria conseguido. Mesmo depois do abismo, assim que eu acordei... Eu poderia ter te matado se eu quisesse. 
– E por que não matou? – Ela perguntou ainda com aquele olhar decepcionado.
– Porque eu NUNCA FARIA ISSO!!! EU NUNCA MACHUCARIA VOCÊ HERMIONE!!! NEM SE EU AINDA TE ODIASSE! – Ela pareceu meio surpresa com a última parte.
– O que quer dizer com “Se”?
– Eu... Qual é? Nossa inimizade não pode mais ser considerada ódio, pode?
– Então o que ela é? – Ela perguntou séria. Eles ficaram calados por um tempo.
– Por que você não queria acreditar que era eu? – Ela fez olhar confuso. – Você me odeia... – disse a última palavra com dificuldade, não imaginou que doeria tanto. – Mas... Mesmo assim não me achou capaz daquilo tudo... Por quê? Você sabe que meu pai é comensal... E que ele já tentou matar o Potter... Você... Por que achou diferente de mim? Sendo que eu sou filho dele e...
– Porque o filho dele aceitou me ajudar! Porque o filho dele salvou a minha vida no terceiro andar! Porque o filho dele esteve com meu diário e não o leu! Porque o filho dele me emprestou a capa dele quando eu estava com frio! Porque o filho dele estava lá quando eu desmaiei! Porque o filho dele me ensinou a mentir... Quando necessário! Porque o filho dele me abraçou quando eu fiquei assustada! Porque por algum motivo totalmente inimaginável... Eu tenho a impressão que o filho dele... Sempre estará por perto... E ele é o único do qual eu tenho essa certeza. – Ela não conseguira segurar uma pequena lágrima que escapara de sua toca, e Draco a seguira com o olhar todo o trajeto até a boca. Que estava mais vermelha que nunca. Ele sentira seu coração ao pé do ouvido e que ia explodir em seu peito a qualquer momento caso ele não respirasse mais de vagar. Ele finalmente desviara o olhar até o chão e a ouvira continuar. – E eu estava... Errada. 
– Não! Hermione... Não é assim... Eu... Eu não queria te machucar, eu... Já disse, não conseguia me controlar. Acredite em mim!
– Mas você estava lá.
– HERMIONE EU NÃO QUERIA MACHUCAR VOCÊ!
– Então por que estava lá?
– PORQUE EU SABIA QUE VOCÊ IRIA! EU SABIA QUE MEU PAI ESTAVA LÁ! EU SABIA QUE ALGO HORRÍVEL TE ACONTECERIA PORQUE VOCÊ NÃO CONSEGUE LARGAR O IDIOTA DO POTTER UM MINUTO SEQUER! EU PRECISAVA EVITAR QUE ALGO TE ACONTECESSE! – Ele respirou pesadamente, largando dos ombros dela e colocando sua cabeça entre os joelhos, escondendo as lágrimas que fugiam de seu pranto. Ela nada dizia. E isso o estava matando. 
– O que está acontecendo? – Ela perguntara engasgada e ele não entendeu a pergunta. Se era retórica ou não...
– Como assim? – Ele perguntara ainda sem olhar pra ela.
– O que aconteceu com o nosso ódio? – Ele olhara pra ela pasmo. - Eu por um momento Tive medo de que você tivesse algo haver com isso. Por que isso me surpreenderia afinal? Por que você tem sido a pessoa que mais tem estado nos momentos em que preciso de alguém? Eu tenho um milhão de motivos, tenho 5 anos inteiros como prova, que eu te odeio! Tenho tantos motivos para te odiar... Para acreditar que você não só foi capaz de fazer isso tudo, mas muito mais... Mas, ao mesmo tempo...- Ele sentira seu coração se apertar dolorosamente a cada palavra dela e quando ela se calara para respirar ele teve receio do que viria por aí.- tenho motivos... Poucos, mas que parecem tão mais claros... Para... para te agradecer? Por que eu só consigo pensar em todas as coisas boas que você me fez... Quando você fez muito mais... Coisas ruins? – Ele engolira seco. – Quando foi que você mudou?



Ele se desmontara completamente, realmente tudo o que ela dissera fazia sentindo e ele sabia, aquela conversa nunca mais sairia de sua mente. E que seus planos se tornavam cada vez mais impossíveis a cada palavra dela. Eles ainda se mantiveram ali, se encarando. Ele pensando numa resposta, mas nunca fora algo tão difícil. O tempo pareceu infinito, até que a Srta Pomfrey apareceu escandalosa entre as cortinas fazendo-os quebrar o contato visual.
– Céus! Srta. Granger! Merlin! Finalmente! Como está? Como está se sentindo?
– Estou bem... – ela respondera. – E já posso ter alta.
– O que? Lógico que não!
– Não... É sério, já estou... – Disse ela se levantando, mas tivera uma tontura ao pisar no chão fazendo com que Draco a segurasse desesperado.
– Ela... Ela...
– Não se preocupe senhor Malfoy. Ela estará bem pela manhã. É normal ela estar franca... Mas ela ficará apenas em observação por hoje, e amanhã talvez darei alta. Pode colocá-la de volta na cama. E quando ela acordar... Por favor, me chame. – E assim deixou os dois a sós novamente. Ele ficara preocupado. É claro que ela passara mal por causa de toda aquela discussão... Ele devia ter pegado mais leve, não a ter deixado tão nervosa. Mas ele ficaria lá. Suas últimas 24 horas. “Eu não sei quando mudei Hermione, mas não posso mais ser essa pessoa... temos que achar aquele ódio de volta!”


 



– Se continuar a desmaiar assim vão pensar que o Potter te fez um filho. – Disse Draco assim que a castanha despertara. 
– De onde você vem isso costuma ser engraçado? – Ela resmungara. Ele rira gostosamente. – Que horas são?
– Meio dia, seus amiguinhos devem aproveitar à hora do almoço para vê-la.
– Por que você ainda está aqui? Quero dizer... Isso aí não parece muito grave. – Ela disse apontando para a atadura em sua cabeça, que ela parecia ter notado agora e ignorando totalmente o que ele dissera.
– “Isso” aqui poderia ter me matado, se eu não estivesse transformado. – Ele disse rabugento e ela rira. 
– Você mereceu. – Ele bufara. Afinal o que ele estava reclamando? E o estado em que ele a deixara?
– Escuta Hermi... – Mas ele fora calado pelo barulho das portas da Ala Hospitalar se abrindo estrondosamente. Ele bufara novamente. Harry e Rony corriam em direção à castanha.
– Como você ta? – perguntou Rony enquanto olhava de canto para Draco assassinamente que devolvia com um risinho cínico.
– Estou bem Rony... 
– Foi ele quem te fez isso, não foi? – Perguntou Ron ameaçadoramente. 
– Não... Eu encontrei com uma fera no caminho... Não consegui identificar direito, eu consegui fugir mas, acabei caindo num abismo. – Draco a olhara pasmo e sem entender, mas ela não devolvia o olhar. Rony parecia chocado com aquela história, já Harry não dissera nada até então.
– Hermione... Me desculpe, eu não devia ter te deixado.
– Esquece Harry. Eu não quero mais falar dessa noite. Eu estou aliviada que vocês estão bem.
– Como assim esquece? – Harry dissera revoltado. – Por minha causa você podia ter morrido... E se isso acontecesse...
– Mas eu estou bem! – Ela o cortara indiferente.
– Precisamos conversar... Sobre...
– Eu sei qual é o assunto. E já dissemos tudo o que tínhamos que dizer sobre isso Harry.
– Não... É claro que não!
– Harry! Eu não retiro nada do que eu disse... E isso é assunto morto! Acabou! Não vamos estragar nossa amizade com um assunto que só é motivo de briga.
– Dá pra vocês pararem de falar em códigos? – Pediu Rony, e Draco concordava com ele. Daria todo seu ouro pra descobrir que assunto era aquele. Definitivamente ela não o colocara no diário.
– E o que eu faço com o meu amor? – Perguntara Harry. Draco sentira seu queixo cair. DEFINITIVAMENTE AQUELE DIÁRIO ANDAVA MUITO DESATUALIZADO!!!
– Amor? Peraí... Eu perdi alguma coisa? – Rony perguntava inutilmente. Pois os dois só viam um ao outro. 
– Eu não vou dizer como você deve tratar seus sentimentos... Mas não é justo você colocar isso em meu poder se eu nunca fiz isso com você! – Harry engolira seco.
– Nós já falamos sobre isso Hermione! – Ele protestou. 
– Hello!!! Pessoa boiando aqui sabia? Cara alto, ruivo... BEM NO MEIO DE VOCÊS!
– É, nós já falamos o suficiente Harry. 
– É! MENOS PRA MIM! – protestara Ron, Harry se aproximara de Hermione desafiadoramente.
– E o nosso amor? E o seu amor? Você não me ama mais? Bastou ficar em coma pra me esquecer? Bastou termos uma discussão pra você deixar de me amar? 
– Eu fui excluído e ninguém me avisou? – o ruivo perguntara novamente. Draco apenas observava silenciosamente a expressão indecifrável de Hermione. Então... O que ela sentia? E ele sentia medo da resposta. Ela respirara fundo antes de responder.
– Não Harry... Talvez as coisas tenham mudado bem antes disso. – Ela disse secamente.
– QUE COISAS????? – Rony brigara.
– Eu não acredito. Você ainda me amava naquela noite Hermione.
– QUE NOITE??? – Rony novamente.
– Eu não disse o contrário! Não foi meu amor por você que mudou Harry... Foi o por mim! 
– Ui! – Rony deixara escapar... – Essa doeu... – Draco sentira um sorriso se formar em seus lábios. Ele entendia o que ela queria dizer. Ela podia ainda amar o Potter, mas agora se dava mais valor. Não deixaria que ele a escolhesse, que ele determinasse quando a podia ter. Mas é lógico que o Potter não entendera isso.
– Eu não vejo onde isso se torna um obstáculo. – Harry dissera.
– Você não vê nada há muito tempo. – Ela dissera.
– Ai! Harry quer que eu cave um buraco no chão pra você enfiar a cara? – Rony debochara. – Ok... Ok.... Não está mais aqui quem falou. – Draco apenas estava amando cada vez mais aquele espetáculo. 
– Não sei por que ainda ficar lembrando-se dessas coisas... – disse Harry magoado.
– Não... Pelo contrário.. Eu quero esquecer!
– Mas e o Quadribol hein, gente? Aquele do qual eu jogo... Sabia Harry? Que eu também faço parte dele, que eu sou o goleiro? Sabia? Eu! Seu melhor amigo! RONY WEASLEY!
– Por que não tentar de novo?
– E por que tentar?
– Porque nos amamos!
– Eu não tenho tanta certeza disso.
– Mas eu tenho! Eu te provo!
– Sinceramente Harry, isso não faz muita diferença pra mim...
– Quem sabe quando vocês se casarem decidam me contar alguma coisa... – Tentara Rony novamente.
– Você está fingindo... Atuando... Como “ele” te ensinou! – Brigara Harry, Draco apenas franziu o cenho.
– ELE? AH CLARO! ATÉ O MALFOY TA DENTRO DA HISTÓRIA MENOS EU. AFINAL, POR QUE EU ESTARIA, NÃO É MESMO? SÓ PORQUE SOMOS AMIGOS HÁ 6 ANOS? HIHOAIHAOH BESTEIRA, NÃO É MESMO?
– Olha Harry, culpe o que ou quem você quiser ta bom, só não espere mais que indiferença da minha parte.
– O que houve com você? Não pode querer jogar tudo o que sentimos e o que dissemos pro alto.
– Eu não me ocuparia com tanto. Prefiro deixar como está.
– E como está?
– Harry... Chega.
– Tudo isso por que eu fui atrás de Voldemort?
– Não Harry...
– Tudo isso por que eu demorei pra perceber que você é mulher da minha vida?
– Não Harry...
– Tudo isso por que eu fiquei com a Gina?
– HEIM? – Rony gemera como se estivesse tendo um infarto. 
– Não Harry...
– Tudo isso por que eu te deixei na floreta proibida?
– Não Harry...
– COMO ASSIM A GINA? – Rony ainda protestava.
– Tudo isso por que eu fui um idiota?
– TUDO ISSO PORQUE ELA NÃO AMA MAIS VOCÊ! – Draco gritara, e os três o olharam por um tempo pasmos. Harry e Hermione pareceram lembrar-se agora que ele estava ali.
– Não.se.meta – Harry disse.
– Será tão burro a ponto de não perceber isso? Que você escolheu a pobretona e que agora é tarde demais pra concertar esse erro?
– Ele disse “pobretona”? – Rony exclamara. 
– Esquece Potter! Agora é tarde! – Draco dissera.
– Quem você pensa que é? O que você entende sobre isso? Sobre o que eu ou a Hermione sentimos?
– Ela não ama mais você... – Harry olhara para Hermione, assim como Draco que a vira o olhar completamente surpresa. 
– Vai embora Harry... Eu não quero mais discutir isso. – ela se virara pra ele novamente.
– É verdade? – O moreno perguntou.
– QUE PORRA É ESSA DE VOCÊ FICAR COM A GINA? – Rony gritava.
– Não faz mais diferença pra mim... – ela dissera.
– Responde...
– Eu nunca poderei te ver como antes Harry... Você me feriu muito. 
– Você está com medo de arriscar...
– Não vale à pena arriscar!
– EU VOU ARRISCAR A SUA CABEÇA HARRY SE VOCÊ NÃO ME RESPONDER!
– Você não sabe do que está falando... Um amor não morre assim...
– Se nasce assim... Então pode morrer também... 
– E VOCÊ VAI MORRER SE NÃO ME FALAR DA GINA!
– Então morreu? Vai dizer na minha cara que morreu?
– HARRY!
– Você escolheu ir atrás de Voldemort... E eu escolhi esquecer você!
– Então foi por causa disso?
– MINHA PRÓPRIA IRMÃ?
– Não... Isso só mostrou que novamente você preferiu não ficar ao meu lado!
– SÃO COISAS TOTALMENTE DIFERENTES!
– EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO! – Rony gritava.
– Não, não são diferentes. Você não acreditou em mim, você não enxergou o que eu sentia. 
– VOCÊ VAI SENTIR MUITA DOR! – Gritou Rony
– E O QUE VOCÊ SENTIA?
– O que ela não sente mais, você quer dizer... – Draco debochara.
– CALA A BOCA! – Harry disse! Draco rira. 
– Eu só pedi pra você não ir.
– E EU SÓ PEDI PRA VOCÊ NÃO POR AS MÃOS NA MINHA IRMÃ!
– Eu tinha que ir...
– Pra que? Prender 4 comensais? Que não ficariam por muito tempo livres mesmo? Me diga... Voldemort estava lá?
– Não
– MAS EU ESTOU AQUI E VOU TE FAZER UM ESTRAGO BEM MAIOR!
– Ah... Então eu acho que estava certa, não é...
– Mas eu tinha que tentar! E afinal... Não aconteceu nada, ninguém morreu! – Draco franzira o cenho e apertara o próprio punho de raiva.
– E EU QUERO VER SE O AMOR DA SUA MÃE VAI TE PROTEGER DE MIM!
– Não aconteceu nada? Não aconteceu nada? ENTÃO ME DIGA POR MERLIN, O QUE É QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI??? – Harry engolira em seco.
– Hermi...
– HARRY SAIA DA MINHA FRENTE! EU NÃO QUERO MAIS DISCUTIR COM VOCÊ! EU NÃO QUERO MAIS FALAR NISSO! SE QUISER CONTINUAR A SER MEU AMIGO ÓTIMO! CASO CONTRÁRIO SOME DA MINHA VIDA! – todos engoliram seco, e um silêncio pousou no ambiente por um tempo.
– Eu serei seu amigo... Como sempre fui. Mas não pense que você conseguirá manter seu orgulho pra sempre Hermione. Eu tenho certeza... Que você me ama, mas que se recusa a ver isso. Mas um dia você vai cair na real... E eu vou querer saber se você realmente vai ter desejado que eu saísse da sua vida. Você está cometendo um enorme erro Hermione, e tenha certeza: é você quem está mudando tudo.
– É... Acho que temos nossas certezas então.


 



– Eu posso comer sozinha Malfoy! – Ela resmungara. 
– Ah claro. Pra transfigurar a comida novamente. Acha que eu sou idiota Granger?
– Pra falar a verdade no começo achei sim, mas agora acho “idiota” um elogio pra você.
– De onde você vem isso costuma ser engraçado?
– Ah não enche serpente! – Ele rira. – Do que você está rindo?
– É que... Aquele espetáculo... Eu realmente achei que você já tinha resolvido o seu problema com o Potter.
– E o seu problema mental, como anda?
– Não muito bem já que eu praticamente estou dando comida na sua boca.
– Por que você não sai hein? Tudo que eu precisava, ter uma cobra do meu lado quando estou puta da vida.
– Cobra não. Lobo. – Ele corrigiu. E logo se arrependeu. Ela olhara para o chão com os olhos indecifráveis. – Escuta Granger... Eu não poderei mais te dar as aulas de teatro. – Ela o olhara realmente surpresa. – Eu vou precisar ficar um tempo fora. Sabe, meu pai foi preso... Minha mãe precisa de mim agora... Eu já falei tudo para Trewlaney. A sorte é que eu já tenho o texto decorado.
– Bem... Mas não adianta mais mesmo, eu não poderei atuar assim. Esses machucados não vão sarar tão cedo. Pelo visto você ganhou a aposta. Será o Monitor-Chefe. – Ele não ficara feliz com a notícia. Afinal, não era assim que ele pretendia ganhar. 
– Não é com “essa” aposta que me preocupo. – Ela não entendera. – Mas, Granger... E a gata do Filch hein? Não conte a ninguém sobre isso na minha ausência. – ele disse com um sorriso maroto.
– É mesmo. Ninguém percebeu ainda?
– É claro que perceberam, é por isso que estou avisando. Filch anda meio maluco, parece que vai matar o primeiro estudante que encontrar sozinho por aí... Foi uma polêmica grande... Pansy me contou.
– Pansy? – Ela fez uma careta. – Ela tem vindo aqui é?
– Algum problema? – Ele sentira seu coração disparar.
– Tsc... Problema pra você, se ela te visse dormindo aqui comigo na minha cama. – Ela pareceu se lembrar do fato e tremera de ódio. - Malfoy Por que você estava dormindo na minha cama?????? 
– Eu... Acabei cochilando. Foi sem querer.
– Mas por que você estava na “minha” cama??????
– Srta. Granger Hora do seu remédio. – Disse docemente a Pomfrey e Draco sentiu seu coração voltar pro lugar. Logo depois de dar o remédio Pomfrey saíra. E Draco voltara pra sua cama fingindo ler seu livro.
– Quando que você vai? – Ela perguntara.
– Amanhã de manhã.
– Quanto tempo você vai ficar fora? – Ele sentira seu estômago rodar aquela pergunta.
– Volto no Halloween, por causa da Peça. 
– Que pena... Que você vai voltar. – ele rira
– Ah ta bom Granger. Você vai morrer de saudades.
– Tsc Qual de nós dois está tomando uma medicação? Eu? Sentir saudades de um ser insignificante e idiota como você?
– Engraçado... Tive a impressão de você ter dito que eu estaria sempre perto de você. E um papo meloso aí de que não me odeia porque eu fiz um monte de coisa boa...
– Eu estava dopada! Ainda estava delirando, você sabe! Ao contrário de você que pareceu que ia cometer suicídio caso eu morresse...
– Mas ia mesmo. – ele disse ainda lendo seu livro, ela sentira-se corar. Então ele virara pra ela com um sorriso maroto. – McGonagall me mataria se algo te acontecesse. E além disso. Eu sou monitor!
– Draco... Você já inventou desculpas melhores do que essa.
– Draco? Desde quando você me chama de Draco?
– Malfoy! Eu apenas... Me confundi.
– Eu te deixo confuso Hermione?
– Não me chame pelo primeiro nome Malfoy! Não somos amigos!
– É... Você realmente tem talento pra mudar de assunto quando te convém. 
– Falta muito pra você ir embora? – ele rira gostosamente.


**
Querido diário... Eu no momento me encontro de frente para o lago escrevendo em um pergaminho velho que acabei de conjurar. É claro que pretendo colar esse pergaminho no meu diário mais tarde. Eu apenas ainda, por algum motivo realmente desconhecido não tive coragem de abrir meu diário. Sabe, faz uma semana que Draco, digo Malfoy, foi embora. E ainda não consegui abrir meu livro tão querido. Então pensei em escrever em outro lugar por enquanto. Aconteceram muitas coisas, e eu não consigo nem dizer se essas coisas são ruins ou não. Digo... Acho que elas seriam melhores se tivessem acontecido em outros tempos. Mas agora... Por mais que esteja tudo como uma maré calma ou um dia de sol após uma semana de tempestade, meu coração dói como se o tivesse arrancando um pedaço com os dentes.


Sinto uma falta de vontade incrível em tudo o que eu faço e eu nem ao menos sei direito dizer o porquê. É como se eu tivesse acordado após anos e visto que tudo que eu vivi até agora era mentira, como se tivessem apagado um pedaço da minha vida. Um vazio... Tenho quase certeza que se eu abrir meu diário saberei o que se passou nesse meu vazio ou que encontrarei respostas para o que estou sentindo, ou que estou deixando de sentir. Mas ao mesmo tempo olho para o meu precioso livro e sinto uma tensão, um medo... Tenho medo do que vou ler. Mas o que falta acontecer na minha vida afinal? O que falta mudar?


Desde a noite em que Hogwarts foi atacada, a escola está mais vazia. Muitos alunos voltaram para casa. Às vezes tenho a impressão que só os membros da antiga AD estão na escola.


Eu não contei sobre o ataque em Hogwarts, não é? Não contei nada do que aconteceu nesse dia, ou nesse mês... Mas já é difícil reviver isso mentalmente sabe... Minutos antes disso acontecer, vamos dizer que Harry descobriu que “me ama”... Isso pareceu tão mágico e perfeito para mim na hora que eu não consegui pensar em mais nada, em como isso aconteceu do nada... Em porquê aconteceu... Em mim. Foi quando Harry foi atrás da Marca Negra na Floresta Proibida e eu percebi que estava prestes a cair em mais uma ilusão. Que ele nunca deixaria de ser aquele Harry que age por impulso. E não... Eu não deixaria meus sentimentos se machucarem novamente por um impulso dele, afinal ele novamente escolhera outro caminho longe do meu. Eu senti e pedi para ele não ir... Mas ele foi. E o pior aconteceu. Quase que morremos e eu... Eu fui ataca por um lobo muito branco e misteriosamente conhecido e do qual fui ter certeza dias mais tarde, quando saí de meu coma, ser Draco Malfoy.


Essa é a parte mais difícil. Eu queria odiá-lo, estuporá-lo, matá-lo... Mas não conseguia deixar de acreditar que todo aquele fingido remorso dele era verdade. Não conseguia deixar de acreditar que por algum motivo ele mudou... O que aconteceu na Ala Hospitalar terei de escrever mais tarde. Eu ainda não consegui entender direito.


Bem... Lá eu também disse a Harry que nossa história não existiria, não se Ron não participasse dela como sempre, não sem ser como amigos. E eu estou tentado realmente esquecê-lo. Sim, Harry voltou a ser o mesmo amigo de sempre, sem claro... Deixar seu olhar apaixonado que eu sempre desejei virado pra mim, de lado. Mas nunca mais tocamos no assunto. Mas não achei que sua naturalidade ia doer tanto. Tenho medo de ter jogado tudo que sempre sonhei pela janela. Mas céus, aquilo não parecia em nada com o que eu sempre sonhei... Não era apra ter acontecido daquele jeito... É como se tudo o que eu sempre quis, agora me parecesse ridículo e banal.


Harry e Ron não estão se falando, por causa de Gina. Gina não fala comigo, nem com Harry, nem com Ron, com quem teve uma briga muito feia... Assunto: Harry. Estamos todos separados. Porque agora realmente parece que nunca dissemos aquilo tudo um paro o outro, eu e o Harry. E o que mais me mata é que eu sei, que fui eu quem decidiu isso. Não era para doer assim.



Eu acordei naquela manhã de sábado, deixei um pequeno sorriso escorrer pelos meus lábios e olhei para o leito ao lado sem nem perceber o que estava fazendo. Ele estava vazio, senti meu estômago afundar. Pomfrey, que agora me sinto meio mal de chamar-la de incompetente já que cuidou de mim né, me deu alta. Eu entrei no banho gemendo um pouco pela água quente que caía sobre meu corte no ombro e no rosto. Eram os únicos que demoravam a curar... E o da cintura que me dava receio só de olhar. Deixei a água me lavar como se dali pra frente me esperasse uma nova vida. Da qual sem saber se por algum motivo bom ou ruim... Eu enfrentaria com vontade.


Eu não tenho mais essa animação agora...



Naquele banho me lembrei que aquele ser desprezível que eu sempre odiei ia embora, ou que talvez já tivesse ido. E algo realmente horrível, uma sensação tão crua e nova se apoderou de mim. E isso me assusta até agora. Pois são poucas as coisas que eu não entendo, e por isso são poucas as coisas que me assustam... E merda! Quando penso que já li sobre tudo nos livros me aparece algo novo, e o pior é que eu não sei nem pelo o que exatamente procurar. Dor no peito? Medo? Terror? Raiva? Tristeza? Remorso? Dúvida? São tantas palavras... Que até se contradizem... Em 6 anos de ódio por aquele aguado podre, só a mera lembrança de 24 horas na Ala Hospitalar me fez dar uma risada gostosa. Nunca pensei que aturá-lo, discutir com ele... Fazer o que sempre fiz... Seria tão divertido. Sim, pela primeira vez eu me divertira em sentir ódio dele... E fora o único meio de diversão que eu tive perante todos esses acontecimentos.



Quando dei por mim eu já estava correndo pelo castelo, mais vazio que nunca, em busca de um loiro muito bonito com porte superior que por algum motivo que me dá ódio só de pensar me estava causando algumas risadas. Meus cabelos estavam molhados e um pouco bagunçados já que eu penteara com pressa e logo estava correndo pelo castelo. Os poucos que se encontravam nos corredores me olhavam sem entender e eu tentava não prestar atenção na dor fulminante que sentia nos meus ferimentos do ombro e da cintura enquanto corria. E eu estava correndo atrás do causador delas... Pensamento que novamente me fizera rir debochada, o que novamente fez mais 5 cabeças de alguma casa que não me deu tempo de identificar, me olharem como se eu fosse uma experiência que não deu certo fugindo do laboratório. Parei ofegante em frente à sala de teatro. Sabia que era improvável que ele estivesse ali, ou que ainda estivesse na escola... Mas não conseguia pensar em mais nenhuma parte do castelo para ir. Pra falar a verdade meus pés pensaram por mim.



Eu ouvira um som vindo da sala, parecia sair de um instrumento trouxa que meu pai sempre teve carinho... sim eu ouvira aquele som a vida toda... Daquelas cordas que pareciam tão corajosas e tão sofridas ao mesmo tempo. O som era conhecido, mas a melodia não. Ela parecia vagar por uma estrada e falar de alguma saudade. Parecia contar uma história, mas também era desafiadora... Eu entrei na sala silenciosamente. E pude ver que Malfoy se encontrava de costas para mim sentado na mesa de professor que antes ele encostara tão desafiadoramente para me ensinar a atuar. Ele tocava aquele som, tocava seu violão. Aquela melodia tão sofrida e encorajadora que faziam meus pés andarem lentamente cada vez para mais perto. Acho que Malfoy se parece mais com um lobo do que pensa, pois conseguiu ouvir minha garganta engolir em seco e rapidamente ele guardara o violão e se virara para mim furiosamente. Me olhando surpreso, constrangido, mas fingindo superioridade... 
– Pensei que desprezava qualquer utensílio trouxa. – Eu disse ainda rouca, ele escorregou a mão pelos cabelos lisos (meio despenteados eu diria) o que mostrava que ele estava nervoso, como já percebi antes.
– Nem tanto. – Ele disse seco. Ficamos em silêncio por um tempo até que ele perguntou tentando voltar ao seu estado normal. – O que está fazendo aqui?
– Eu... Não te vi na Ala Hospitalar então achei... – ele engolira em seco e eu acompanhei cada movimento... NÃO ME PERGUNTE! – que já tivesse ido embora.
– Eu vou... Daqui a 5 minutos.
– Eu sinto muito... Pelo seu pai... Digo, pela dor que você deve estar sentido. – Ele me olhara espantado. Mas eu tinha uma certeza: NÃO ESTAVA MAIS DO QUE EU!
– Sente? Ta aí um sentimento novo... – ele disse debochado. – O que você quer de mim Granger? – Acredita que eu me senti ter levado um tapa na cara quando ele disse meu sobrenome?????
– Eu vim... – nem eu sabia direito. – Ah... Te devolver a sua capa. – Eu acabara de conjurar a capa atrás de mim e ia a passos fracos até ele, onde vi que ele ficara a um palmo a cima de mim me olhando tão profundamente e seriamente que eu desejei nunca ter que acabar aquele momento. Ele pegara a capa, ainda me olhando. E Eu senti a mão fria dele tocar sem querer a minha. Então ele se virara bruscamente guardando a capa no malão. Eu sabia que ele morreria de frio só com aquela camisa branca de manga comprida com os primeiros botões abertos do qual mostrava um pouco do seu peito nu, do qual eu quase o matei por ter se virado me tirando aquela visão incrível. Mas ele não estava se importando com o frio.
– Já estava na hora, pensei que você não fosse me devolver nunca. – Ele tentou ser grosso sem sucesso. 
– Pra que eu ia querer isso? Só me trouxe problemas. – Eu disse me lembrando de Harry. – Escuta, Draco...
– Não me chame pelo primeiro nome Granger, não somos amigos. – Ele disse agora muito sombrio, ainda de costas. E sim me destruíra completamente. Me lembrei das coisas que ele me dissera na primeira vez que me levou para a enfermaria. Me lembrei que tudo não passava de uma ilusão. Eu senti tanto ódio de mim mesma por pensar que ele tinha mudado... Ficamos em silêncio novamente, aquilo pesava, doía. Vi em câmera lenta ele respirar pesadamente. – Eu te coloquei em perigo, eu te levei para enfermaria... Fiz o que era certo. Não porque algo tenha mudado, mas porque era o certo. 
– Não foi só isso... – eu tentei retrucar rouca... Eu sabia que devia mandar um “é mesmo? F***-se” mas não conseguia. – Foram muitas coisas que você fez que...
– Eu só estava lá, nas horas que você precisou. Foi por acaso...
– O que aconteceu? – Eu perguntei por algum motivo muito compreensiva. Céus o que tava acontecendo? Ele tentara rir, mas não teve sucesso.
– Boa pergunta... Você me perguntou quando eu mudei. Eu não mudei... Nenhum de nós. Continuamos a ser quem sempre fomos. E continuaremos assim. O nosso ódio Granger... – eu respirava com dificuldade. Ele se virara pra mim, sério. E eu estava me odiando, nunca me vira tão indefesa na minha vida. – É o mais saudável para nós. Mudar foi uma idéia tola. Não tente gostar de mim... – eu franzi o cenho. Ele realmente estava me magoando... Como eu podia permitir aquilo? – E eu não tentarei o mesmo. Foram apenas, situações Granger... Que nos uniu um pouco... Mas o ódio continua. Eu continuo sendo um Malfoy e você... – Ele parecia mais magoado do que eu com o que ia dizer, mas não pude deixar de odiá-lo. – uma sangue-ruim. Não posso me dar o luxo de ser seu amigo... Só porque te machuquei, e me arrependi.
– Quem disse que eu quero ser sua amiga? – Eu disse com raiva e debochada. - Eu desprezo você Malfoy! Você pediu desculpas, e eu aceitei... Só, isso não muda nada! – Ele continuou me encarando. – Nada do que eu disse no dia que enterramos Norra eu retiro. 
– Ótimo. – Ele disse depois de um tempo. – Ante de eu ir... Tome. – Ele me entregou o Diário. Que eu nem me lembrava mais que existia. – Talvez isso te ajude um pouco, a me odiar. 
– Não preciso de ajuda pra isso. – Eu disse secamente. Ele rira cinicamente pelo canto do lábio e foi puxando suas coisas para a saída da sala. Mas antes de sair deixou uma frase no ar. Que não me ajudou nem um pouco a sair do meu estado beta e de dúvida. 
– O Potter está certo... Você realmente aprendeu atuar... Eu te ensinei bem.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.