Capitulo Unico




Please, please forgive me,


Por favor, por favor me perdoe,


 


But I won't be home again.


Mas eu não estarei novamente em casa.


 


Maybe someday you'll look up,


Talvez em algum dia você observará,


 


And, barely conscious, you'll say to no one:


E, pouco consciente, você dirá a ninguém:


 


"Isn't something missing?"


"Algo não está faltando?"


 


 


Algo estava errado, algo tinha que estar errado. Não, ele não podia, não podia em hipótese alguma deixá-la. Ele não podia faltar na vida dela! Ela não conseguiria viver sem ele! Não, Não, não, ele não se foi! Ela não podia acreditar, não podia, se negava a acreditar. Aquilo não podia passar de um pensamento, era um pesadelo, em breve o sol iria nascer e tudo estaria acabado, e ele estaria lá como sempre. Só bastava o tempo. Nada mais a não ser o tempo, aquele que poderia mudar todas as posições. Mas se aquilo fosse a realidade. Se aquilo fosse e espelho dos seus pesadelos, sendo projetada na realidade... Nããããããoooooo, Não podia ser.


 


Bella se virava em todas as posições na cama, mas nenhuma lhe convinha para que repousasse, descansasse, e talvez pela manhã colocasse os pensamentos na devida ordem. Estava suada graças aos excessivos movimentos que fazia, debaixo dos lençóis, que aliás estavam grudados em seu corpo, junto com o suor que escorria. O calor insuportável se formara em torno dela, mas ao mesmo tempo, parecia que o frio reinava. Ela bufava, respirava intensamente, ao mesmo tempo em que transpirava.


 


Bella sentia que em seu ser algo estava errado. Sirius depois do jantar não havia falado com ela. Para falar a verdade nem se quer lhe havia dirigido a face, mas mesmo sem ter visto-a já podia imaginar o que nela estava implícito. O que ela deixava a mostra para qualquer pessoa que tivesse tido a oportunidade de olhá-la. Um rosto do qual se emanava a decepção. Ela mesma havia pressentido isso, sem ao menos estar perto dele, quando depois do jantar ele se levantou da mesa sem pedir permissão, o que fez tia Ursola lhe dar uma repreensão, e ele mesmo sem ter prestado atenção rumado para o quarto e lá ter se trancado até a hora em que havia ido se deitar.


 


Aquele maldito jantar! Por que Rodolfo tinha que fazer aquilo? Ela não gostava, Ela não podia aceitar que ele fizesse isso. Ele não poderia querer mandar nela, ele não tinha o direito de viver por ela.  Por que será que ele não sabia consultá-la antes de tomar decisões que diziam a respeito aos dois. Principalmente que diziam respeito a ela. Mas não. Ela ainda procurava incessantemente na sua mente, onde estava com a cabeça quando aceitou namorar com aquele idiota. Ela somente poderia estar delirando. Mas o pior foi a notícia que ele notificou no jantar. Por que será que tinha que ser necessariamente hoje que o idiota do Rodolfo Lestrange tinha que falar que casariam no mês seguinte.


 


Será que ele - por mais que ela falasse - não entendia que ela não gostava que tomassem decisões em sua vida, sem antes ao menos a consultarem? Ou pelo menos que fosse comunicada antes que teria que fazer algo que não era de seu gosto, muito mesmo de sua vontade? Talvez nem fosse Rodolfo o total culpado (mas ele tinha uma grande porcentagem de culpa sobre a cabeça) e sim sua família que adorava manipular suas vontades, desejos e anseios, como se ela não passasse de uma marionete em suas mãos, sem ao menos tentar entender que ela tinha um coração, e não uma pedra no lugar, como eles queriam, e que ela ainda tinha sangue correndo pelas veias? Mas não, Rodolfo queria casar o mais rápido possível, sem nem ao menos entendê-la, sem saber o que se passava em sua mente. E para isso tomava decisões por ela. Será que ele não tinha cérebro? Ou será que ele era o maior cabeça oca do mundo?


 


Sirius não havia lhe procurado, nem depois do jantar nem na calada da noite, como sempre fazia, já que estava em alta madrugada, julgando que pelo relógio já havia dado as suas doze badaladas, que pareciam ainda ressoar no ar e mover as coisas na medida em que passava, vibrando na nota mais solitária que se podia atingir. Ela sabia que ele não iria bater na sua porta. Ela por essa noite talvez não escutasse o simples som que ansiava todas as noites em ouvir. As simples batidas suaves e baixa, convidando-a para uma viagem que nunca ninguém poderia compreender, nem ao menos levá-la para lá novamente, somente ele, e mais ninguém. Ela sabia, mas ao mesmo tempo não queria acreditar em suas convicções. Não queria de forma alguma acreditar na verdade que ia no seu coração.


 


Bella agora olhava em algum ponto no teto. Fitando a esmo, fitando o nada, era isso, fitando simplesmente o nada. O lençol ainda grudado no corpo junto com sua camisola vermelha de seda especial, provocante que somente usava nas noites especiais com Sirius, que delineava assim as perfeitas e simétricas curvas de seu corpo. No ambiente reinava um calor insuportável o que fazia transpirar bastante, mas ela não sabia se era pela inquietação, ou alguma coisa a mais. No seu coração estava instalado um vazio, uma falta de algo que causava grande agonia em seu corpo, coração e alma. Um vazio, que não se comparava a nada nesse mundo. Um vazio sem explicação, sem nexo. Um vazio que ele, somente ele, Sirius, e mais ninguém causava.


 


Estava faltando algo. Ele faltava na vida dela. Ele faltava naquela noite. Ela balançava-se na cama enquanto inúmeros pensamentos invadiam sua mente. Uma inquietação, quase que insuportável. Ela tentava, mas quanto mais tentava mais piorava. O repouso não vinha. Não vinha por mais que tentasse, pois os pensamentos invadiam sua mente. Ela tinha plena certeza, ela estava consciente de que ele, no ponto em que o relacionamento de ambos chegou, ele significava muito para ela. Ele não poderia faltar.


 


 


You won't cry for my absence, I know, you forgot me long ago


Você não chorará por minha ausência, eu sei você me esqueceu há muito tempo


 


Am I that unimportant?


Eu sou aquele sem importância?


 


Am I so insignificant?


Eu sou tão insignificante?


 


Isn't something missing?


Algo não está errado?


 


Isn't someone missing me?


Alguém não está sentindo falta de mim?


 


 


Num impulso se levantou da cama na qual tentava frustadamente dormir, e caminhou até a janela e a abriu delicadamente no estilo Bellatrix. O ar da madrugada entrou pela janela, junto com o cheiro característico de uma madrugada em Londres. Era um ar puro, saudável, que de certa forma carregava em si algum refrigério. Pendeu a cabeça para trás, enquanto levava a mão para acariciar a nuca, para ver se conseguia algum modo de relaxar, enquanto respirava fundo, fechando os olhos dando algum descanso, mesmo que mínimo para a vista cansada. Logos após voltou-se para fora observando o céu.


 


O céu naquela madrugada se apresentava límpido, o que geralmente era difícil de se ver. Todas as estrelas, e a lua, brilhavam intensamente em seu brilho prateado, com sua luz se derramando no rosto de Bellatrix. Ela podia sentir a solidão, sentia também aquela luz acariciar sua face, de forma doce, como se querendo passar alguma mensagem subliminar para ela. Tudo aquilo estava fazendo conjunto com todas as luzes acesas de Londres, que brilhavam intensamente, levantando assim um clarão da metrópole, num estilo de dourado contratando com o prata da lua, num tom maravilhoso no encontro das luzes, fazendo assim, um cenário deslumbrante, para qualquer casal que quisesse se aventurar numa viagem ao prazer, talvez no prazer supremo, numa viagem ao paraíso interno, no paraíso que todos tinham em sua intimidade, mas que poucos chegavam a conhecê-lo realmente, uma vigem para um paraíso que era o ápice do prazer.


 


Ahh... Com certeza o choro que brotaria de seus olhos, as lágrimas, doces lágrimas de sangue, que escorreriam por sua face, que escorreriam de seu ser, de su’alma, se caso Sirius fosse embora, se caso ele mudasse de atitude, ou o modo de tratá-la, não seria sem importância, ele não era sem importância para ela, ele significava muito para ela, chegava a significar o próprio sentido de sua vida, de sua existência. Ela não choraria em vão. Esse choro seria por causa de sua ausência, que jamais ela esqueceria, seria uma marca muito profunda que não seria fácil de ser curada, não seria fácil ser escondida, esquecida. Ele era muito importante na sua vida. Era tão significante que muitas vezes ela mesmo se surpreendera pensando, em como ele era importante para a sua existência, de forma que tomava um grande espaço dentro dela. Como era imensa a certeza de que a única coisa certa em sua vida era ele.


 


Um carro passou pela rua numa velocidade em desenvolvimento, mas ao mesmo tempo devagar, como se ainda quisesse descobrir onde estavam. Um carro solitário, que parecia levar alguns jovem rumo ao centro da grandiosa Londres. Um carro de cor escura que refletia a luzes dos postes, limpo. Não era um carro velho, mas sim novo, que provavelmente pertencia a algum homem moço, com algum poder econômico. Certamente era um grupo de amigos que ia para algum lugar como um bordel, ou até a uma casa noturna, em busca de coisas fúteis. Bebidas, mulheres, e tudo mais o que o mundo e que o poder do dinheiro podiam lhe oferecer. Algo momentâneo, que lhes ocasionariam alguma ressaca no início do dia, mas ao entardecer já estariam novamente naquela vida, naquilo que eles talvez negassem, mas se tornaria um ciclo vicioso. Algo como uma droga, que quando o dinheiro acabasse levariam eles a loucura e até a autodestruição, sem dó nem ao menos piedade, num abismo de necessidade que faltaria, quando eles mais precisassem, quando o vicio já tomava proporções enormes e aí eles notariam que era tarde, e que eles não teriam mais como fugir, já estavam inseridos naquele meio, no labirinto que eles não achariam mais o caminho de volta.


 


Logo passou também um casal abraçado, colados tão perto e agarrados, que pela incerteza dos passos e sua assimetria, pareciam estar embriagados pelas tantas horas que haviam passado juntos em algum bar. Eles iam de um lado da calçada para o outro, sempre abraçados, e por vezes se beijando. Num ponto da rua ele a encostou num poste, e se agarraram, ela acariciando-lhe a nuca e ele a apertando contra seu próprio corpo. Bellatrix somente via a cena da janela onde estava recostada observando a cena nas sombras, fora da vista de quem passasse na rua, mas aqueles dois nunca que iriam lhe notar, tanto pelo seu estado de embriaguez, como por que pareciam nem ligar se alguém os via ou os deixasse de ver. Bella deu uma risadinha de canto, quando a mulher num jogo de cintura, desviou dos braços do homem, no que quase tropeçou e ele chocou a cabeça contra o poste. Ela se virou para ele rindo, no que ele falou para ela algo indecifrável, e ambos riam sem se importar com o que o julgamento do mundo. Suas risadas eram altas e sonoras, de forma que se podia ouvir dali, do 3º andar da mansão dos Blacks, e ecoavam pelas desertas ruas do Largo Grimmald Place e pelos bairros adjacentes. Viu quando esse mesmo casal continuou a andar, brincando com os próprios passos e erros, apontando um ao outro, e voltando a dar risadas estridentes. Foram assim até que pararam em frente a uma das casas bem adornadas e chiques dispostas na frente da casa Black. Uma casa com três andares, onde nenhuma luz estava acesa, e a única coisa que parecia ter vida era a cortina branca que se movimentava na janela do segundo andar que estava aberta. E num belo amasso frente a porta branca que marcava a entrada, eles se despediram, ainda rindo de seu estado deplorável e o homem foi embora quase caindo pela calçada cantando alguma música débil de amor, ou coisa parecida, andando sempre em frente tropeçando nos próprios pés e em certos momentos parando para se manter em pé, apoiando nos postes. Foi assim até virar no final da rua.


 


Como a vida era complicada, ingrata, sem nexo, mas simplesmente era a vida, pensava Bellatrix ao ver as cenas que a tiraram de seu devaneio com Six. Uns tinham plena liberdade para fazer o que quisessem fazer, o que bem entendessem de sua vida de seu destino, para namorarem, para ter seus momentos a sós, para demonstrarem publicamente seu afeto um pelo outro, para que nas noites mais tristes e sóbrias, onde talvez a única coisa que reinasse era o frio, talvez até a neve, eles se esquentariam, e numa troca mútua de carinho, carícias, brindassem sem ao menos saber o que, talvez a vida, talvez o amor, talvez a liberdade, talvez a eles, ou até sem motivo, somente brindar e se entregar aquilo, a seus vícios por altas horas até o findar da noite.


 


Outros buscavam prazerem passageiros, coisas passageiras, prazer com qualquer uma que se postasse a sua frente, que tivesse algum atrativo, ou talvez lhes garantissem algum serviço bem feito, e completo para satisfazer suas necessidades sexuais por algum momento algumas horas, talvez o período somente da madrugada, coisa que mais tarde ele nem ao menos se lembraria mais, mas somente aquela hora, para esses seres insignificantes, já bastaria, seria o bastante para lhe agradar, lhes satisfazer, com um pensamento individualista, sem importar se aquela pessoa tinha realmente sentimentos por alguém, mas que não podia estar com ela ou que só fazia aquilo por necessidade para ter com que sobreviver, sem ao menos se importar se nas veias daquela pessoa corria sangue ou que ela respirasse. Não, para eles não havia o porquê se importar. Não eram eles, não eram eles que sofriam, e que se danassem os outros, a única coisa importante para eles era somente eles mesmos.


 


Outros, já tinham que se encontrar na calada da noite, fazer encontros secretos na madrugada a luz do luar e das estrelas e ao som da noite, e do vento, com intercalações de algum piado de corujas. Tinham que se procurarem durante as altas horas, para se fazerem um do outro, para se entregarem, para se amarem, não importando para os olhares críticos das pessoas que os poderiam observar. Para evitarem o olhar crítico com o qual as pessoas a olhavam, para se livrarem de alguma forma do racismo familiar, ou até de tradição, coisa que para ela agora não tinha importância, não tinha significado importante, não agora. Não depois de tudo que vivera. Não depois daquilo que ela estava vivendo. Não depois do pesadelo que aquela tradição estava a fazendo passar. Ter que se abster de coisas que, naquele momento eram indispensáveis.


 


Bella não pode conter o sorriso que se instalou em seus lábios ao pensar que o último caso era o dela e de Sirius. Era assim faziam coisas proibidas pela família. Aquela maldita família que se opunha contra seu relacionamento com Sirius, pelo simples fato deles serem primos. Que raios partam a alma de quem falou que naquela família eles se orgulhavam de clamar aos quatro ventos ser puro sangue e empunhar a bandeira da frieza e das artes negras. Quem se preocuparia com que eles estavam fazendo? Que importância tinha o fato de ser puro sangue? Bella muitas vezes demonstrara ser esse tipo de pessoa, que apregoava a maldade sendo que desde que sua mente ganhara o poder de raciocínio , fora educada que nada mais importava a não ser o poder. Agora ela pensava diferente. Pensara diferente graças a Sirius que por meio da força  de um sentimento que antes ela pensava que não existia, uma força que os homens intitulam de AMOR. Sirius que por meio dessa força conseguira penetrar no seu mais inconsciente ser , desvendando seu segredos mais íntimos e curando suas dores, conseguiu mudar o tipo de pensamento de Bellatrix Black.


 


Não pode evitar de pensar como ele conseguira. Conseguira graças a mais perfeita e graciosa, mas ao mesmo tempo forte e imponente intimidade que desenvolveram que somente ao pensar nela, seu corpo de incendiava e clamava com o mais alto e sublime brado pelo corpo dele. Pela mão dele. Pela boca dele. Por ele...


 


Sua boca ficou seca . Precisava de um copo de água urgente. Passou a língua nos lábios numa tentativa frustrada de fazer, em algum canto de sua boca brotar água, mas foi inútil.O seu corpo já pensava e clamava pelo dele, e o calor de seu corpo aumentou consideravelmente, abraçando Bellatrix num abraço quente. Assim Bella vestiu um robe preto , e após saiu no corredor.


 


Even though I'd be sacrificed,


Embora eu fosse sacrificado,


 


You won't try for me, not now.


Você não tentará para mim, não agora.


 


Though I'd die to know you loved me,


Embora eu morresse para saber se você me ama,


 


I'm all alone.


Eu estou todo só.


 


Isn't someone missing me?


Alguém não está sentindo falta de mim?


 


 


O corredor era iluminado pelas luzes do candelabro quase já extintas, que estavam presos as paredes, mas mesmo assim era uma luza fraca, quase apagada, dando assim somente para ver o caminho. A renomada casa dos Blacks agora aparentava uma paz, já que todos estavam dormindo. Uma paz que só havia agora, de madrugada, já que essa não era a verdadeira realidade . Uma paz diferente. Uma paz solitária , diferente de forma que atormentava  o espírito, complementado pelo aspecto sombrio da negritude do segundo andar, já que ali não havia mais luzes.


 


O carpete abafava o sons de seus passos, e luz que era projetada de sua varinha abria o caminho entre sombras, a medida que avançava. Aquele era o corredor dele. Não sabia por que, mas sentia , como se fosse a presença dele, o cheiro dele que emanava da porta do quarto dele. Um cheiro que invadia suas narinas sem permissão, inebriando seu ser, e de certa forma aumentando o vazio em seu peito.


 


Parou em frente ao quarto dele. Será que ele estava lá? Parecia tentadora a oportunidade de entrar no quarto de Sirius , surpreende-lo. Tentadora pela forma que seu corpo reagia ao simplesmente imaginar a forma angelical de Sirius dormindo.Tentadora a ponto de chegar a tocar na maçaneta de prata , fria, gélida, para abrir, mas não fez-lo. Com certeza ele não a queria ver, já que dali um mês ela se casaria com outro homem. Ela se entregaria (obrigatoriamente) a outro homem.


 


O espírito dela estremeceu   com a sensação de sentir outro homem tocando nela. Sentiu nojo de si mesmo. Nojo de ser tão hipócrita, a ponto de não querer seguir o caminho de sua felicidade que certamente era ao lado de Sirius, somente para conseguir mais poder , mais fama , mais dinheiro? Fazer o que sua maldita família quisesse? Deixar eles manipularam sua vida tirando sua auto-suficiência, e seu livre-arbítrio? Deixar Sirius calado, sem sua presença?


 


Bella chacoalhou a cabeça a fim de espantar esses pensamentos de sua mente. Ainda pensando no que realmente aconteceria se tivesse aberto a porta do quarto dele, ela fitou mais uma vez a porta de carvalho polido bem entalhado e rumou para a cozinha.


 


Chegou até o alto da escada, e viu o belo hall da casa. Como a noite era diferente da manhã! De noite a única coisa que se ouvia eram os passos das pessoas que desciam as escadas de mármore negro, enquanto, de dia o que reinava era estridentes berros da Walburga com seus filhos, e as fofocas mais recentes do mundo Bruxo, de sua mãe com a sua tia.


 


Desceu as escadas, pisando suavemente sobre o chão de pedra de mármore polido, apoiando a mão sobre o corrimão feito de ouro. Passou pelo Hall e rumou para a cozinha. Pegou um copo , encheu de água e bebeu. Sentiu finalmente que água descia pela sua garganta, saciando sua sede, que há muito tempo parecia estar seca. Sabe aquele tipo de água que você dá graças a Merlin, de forma que ela parece reconfortar e saciar ate a alma? Então esse era o tipo de água que Bella parecia estar bebendo. Repetiu o mesmo gesto cerca de duas ou três vezes até saciar por completo sua cruciante sede.


 


Viu quando Kreacher passou indo para seu quartinho resmungando algo que não deu para ela ouvir. Deu graças a Merlin por ele não a ver, pois não queria ter que enfrentar ele a essa altura da madrugada, o que seria bem cansativo já que, certamente ele armaria um escândalo.


 


Encostou-se à pia fria da cozinha e soltou um suspiro profundo. Um suspiro como se quisesse descarregar todo o cansaço que sentia, toda a frustração de sua vida. Um suspiro de indignação. Em sua mente ainda estava a indagação do por que Sirius não havia lhe procurado.Como será que ele estava? O coração dela deu um grito de clemência enquanto o mesmo era esmagado por uma forte mão, causando uma dor alucinante ao imaginar de como Sirius estava se sentindo.


 


Seus olhos marejaram. A ultima coisa que ela queria na vida era magoar Sirius, mas infelizmente era isso que  outras pessoas estavam obrigando ela a fazer. Os outros tomavam decisões  em sua vida sem consultar-lhe fazendo ela de fantoche. Por que será que eles não tomavam a decisão para a sua vida e deixavam-na em paz? Será que eles queriam um gato? Por que talvez eles se ocupassem das sete vidas do gato e esqueceriam da sua e da de Sirius.


 


Como seus pensamentos em relação a ele mudaram da água para o vinho. Quando há poucos meses atrás, ele chegou novamente a sua casa, ela o considerava um garotão, sem mentalidade que somente encantava as garotas de Hogwarts por que era rico, e era,  devemos mencionar , bonitinho, mas ao longo deste ultimo verão viu as reais qualidades dele. Deixara de pensar que ele era somente mais um traidor do sangue se misturando com sangues imundos e outros traidores como ele, mas agora, via a verdadeira felicidade a seu lado, via que ele era mais que um simples garoto, era um homem bondoso e generoso, mas ao mesmo tempo forte e sedutor.


 


Mas agora que percebeu isso, era tarde demais, ela, ou os outros já desenhara o destino dela. Desenhara o destino que ela, antigamente almejara, mas agora, odiava de todos os modos possíveis, odiava com todas as forças, amaldiçoando o dia em que ela começara o namoro com o Rodolfo. Por que será que tinha que ser assim? Maldita seja as Parcas, por traçarem seu destino assim. Não haveria o porquê juntar as suas vidas, juntar as vidas dela e de Sirius. Morrer? Ela não precisaria morrer para saber que amava Sirius. Agora não precisava, por que seu coração, sua mente dizia que o amava.


 


Estava  tão só, em meio a uma multidão, de pessoas que a empurravam rumo a um labirinto, donde não haveria saída. Um abismo sem fim, moldado pelas densas nuvens da dor e do sofrimento, que almejavam por sangue inocente, bradando do fundo do inferno, pelas almas a quem querem devorar. Mas será que estas pessoas sentiriam por alguma razão a sua falta? Sentiriam-se  culpados, por entregar ela a tudo que as trevas eram? Maldições! Será que ninguém se importava com sua alma?


 


Algo despertou no ser de Bellatix um ódio e repugnância. Ódio de tudo que a cercava, ódio de tudo, ódio de todos. Mas a lembrança dele, a lembrança de Sirius fez esse ódio diminuir, conforme lembrava dele, seu ser se aquietava, algo parecia a tranqüilizar.


 


 


Please, please forgive me,


Por favor, por favor me perdoe,


 


But I won't be home again.


Mas eu não estarei novamente em casa.


 


I know what you do to yourself,


Eu sei o que você faz a você,


 


I breathe deep and cry out:


Eu respiro profundamente e clamo:


 


"Isn't something missing?


"Algo não está errado?


Alguém não está sentindo falta de mim?


 


 


Bella despertou de seus devaneios, precisava dormir se quisesse no outro dia despertar, e não ter que enfrentar o questionário das pessoas que moravam ali, que certamente perguntariam o porquê dela estar com os olhos carregados.


 


Assim, fez o caminho do volta, mas ao pisar no primeiro degrau da escada, reparou que, no andar térreo, a luz da biblioteca estava acesa. Aquilo não poderia ser esquecimento de qualquer membro da família, já que todos eram muitos cautelosos, e mesmo assim, Kratcher não deixaria ela acesa.


 


Com passos incertos, rumou para a porta. O corredor parecia querer lhe dizer algo. Algo estava diferente. O ar estava diferente, como se, ele estivesse lá. Mas não era possível, ele devia estar dormindo, mas... Por que aquela sensação?


 


O corredor parecia triplicar o tamanho. Bella não sabia se era a ansiedade de saber quem estava na biblioteca, ou outra coisa. O medo abraçou o seu ser, num abraço obscuro e frio, mergulhando-a em algo que eriçou os pelos. Será que ele estava bravo com ela? Bella não saberia o que fazer, se isso acontecesse.


 


Finalmente se postou a frente da porta da biblioteca, que estava entre aberta, com um vão aberto por onde saia a luz.Deu um empurrãozinho e pode ver quem estava lá dentro.


 


Sirius estava sentado numa poltrona, e a seu lado estava uma mesa com uma garrafa de Firewisk pelo meio, e um candelabro, de onde emanava a luz. Sirius estava com um ar sereno, e fitava incansavelmente uma taça do wisk que segurava. Bella com um receio enorme deu um passo, e tentou falar algo:


 


- Sirius, eu...


 


- Diga Bella que você também não sabia! - A voz de Sirius saiu num tom acusador, fria, diferente da voz do Sirius que ela conhecia.


 


- Sirius você sabia que isso ocorreria, mais cedo ou mais tarde! - A voz de Bella estava cansada ao mesmo tempo em que exercia um tom de piedade.


 


- O resultado de sua sede de poder? - Sirius desviou o seu olhar diretamente para encarar Bella nos olhos.


 


Bella ousou mais um passo. Se era uma conversa séria que ele queria, então Sirius a teria. Ela não daria mole se ele quisesse algo rígido, uma conversa rígida.


 


- Você sabe Sirius de meus propósitos na minha vida! - O tom de afirmação na voz dela assustou até ela mesma. Será que ela mesmo não sabia disso?


 


- Propósitos que realmente você quer sofrer as conseqüências? - Sirius encarou ela mais forte. Será que ela não via a burrada, e no que ela estava se metendo?


 


O olhar penetrante dele a deixava desconcertada, de forma que isso atrapalhava a sua fala.


 


- Conseqüência Six... - Bella poderia estar falando a verdade, mas seu ser estava sendo estraçalhado naquele instante. - Que conseqüências poderia ter?


 


- A conseqüência de sua infelicidade?


 


- Six, eu poderei ser alguém grande se continuar desse jeito! – Se no mundo existiam mentiras , essa era a maior.


 


- Será que é isso mesmo Bella? - A boca de Sirius se contorceu de forma como se repudiasse alguém.


 


- É Sirius, é isso que eu quero! - Os olhos de Bella começaram querer marejar, mas não daria esse gosto a ele.


 


Sirius ouviu as palavras dela, que se comparava a facas que esmigalhavam o seu ser, cortando a sua alma, tirando as forças de seu espírito. A resposta que seu ser esperava era outra, mas Bella não sabia o erro que estava cometendo, o erro que poderia ter conseqüências irreversíveis, feridas que poderiam não cicatrizar, por mais que o tempo insistisse.


 


- Não era isso que você falava quando estava em meus braços!


 


Seu estomago deu um giro, enquanto seu coração dava um aperto insuportável. A lembrança de como era estar nos braços dele veio a sua mente, a fazendo querer se jogar junto a ele e querer que ele a levasse a um lugar desconhecido, um lugar onde a sociedade em que viviam não os encontrasse para acusá-los. Queria voar nas mais altas nuvens, longe dos olhos de todos.


 


Bella estava se fazendo de difícil, tinha que ser isso, não, ele iria tentar fazê-la voltar atrás, ele precisava disso. Pensar em se separar dela era como se ele se separasse de uma parte vital importante em seu ser, uma parte de seu ser que lhe dava a vida, ou até como se lhe arrancassem, sem anestesia e cruelmente seu coração.


 


- Sirius, há coisas que você não entende.


 


- Ou há coisas que você não entende Bella?


 


- Sirius no mundo nem tudo é como nos queremos! - A vontade latente de se jogar nos braços dele era enorme, mas ela haveria de agüentar firme.


 


- Mas somos nós que decidimos nosso futuro! – Sirius  enviou um olhar de compaixão a ela.


 


- Não Sirius no mundo sofremos conseqüências de atos não pensados que podem ser até dos outros! - Bella cortou o contato visual deles e fitou algo no chão. Ela mesmo estava se quebrantando por dentro.


 


And if I bleed, I'll bleed,


E se eu sangrar, eu sangrarei,


 


Knowing you don't care.


Sabendo que você não se preocupa.


 


And if I sleep just to dream of you


E se eu só durmo para sonhar com você


 


And wake without you there,


E se despertar lá sem você,


 


Isn't something missing?


Algo não está faltando?


 


Isn't something...


Não é algo...


 


 


Sirius engoliu o ultimo gole do wisk, que estava em sua taça, e se levantou. Seu semblante aparentava um ar de dó, enquanto, seu espírito, não queria que ele fizesse o que sua razão dizia ser o certo a se optar. Sabia que por mais que tentasse mudar o pensamento de Bella seria uma missão difícil, talvez impossível. Mas ele não ficaria ali para ver quando o maldito Rodolfo pegaria Bella no colo, não, preferia morrer a presenciar cenas como essa. Foi com muita dor e sofrimento que rumou para a porta da biblioteca, onde uma mala já estava a sua espera, mas antes se virou para Bella.


 


- Bella, só espero que lembre disso, quando sua vida se tornar armagurada, só quero que lembre do que eu te disse... Somos nós que decidimos nosso futuro e sofremos as conseqüências... Espero que saiba o que esta fazendo e que perceba onde essa sede de poder esta te levando! - Disse isso e saiu do recinto deixando algo vago no caminho, uma trilha que não passava do caminho da pura solidão.


 


Uma lagrima rolou de seus olhos, enquanto sentia seu coração ser partido em dois, dilacerado e derramado em lágrimas. As palavras dele ecoavam em ondas em sua mente a deixando zonza. ”Não, Não...” eram os gemidos que escapavam de seus lábios, enquanto se desfazia em lágrimas, de dor, sangue sofrimento. Sentia que aquela noite seria difícil, quando sentiu que chegara a uma parede, ao lado da janela, onde pode ver Sirius desaparecer na escuridão da madrugada. Escorregou até o chão, onde abraçou os joelhos, igual uma menina, que se sente abraçada a solidão, onde passou a madrugada inteira chorando, e se martirizando, sendo torturada incansavelmente pela própria consciência.





N/A: Ai gente... saiu mais uma parte do meu antigo projeto... Para quem não se localizou, essa seria a parte anterior a My Immortal... Quem quiser, dá uma passadinha que já ta postado. Bem, um imenso beijo a Isabelle que teve a incansável missão de Betar a fic, com todos os meus maléficos erros de português! Obrigado imensamento tbm a seu apoio! Bem... agora se tudo correr bem, logo-logo sai méis uma parte, e quem sabe.... NC!

Beijos a todos!

Jhow

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