Único.



(...)




"Um diário? O que um diário fazia em meu caldeirão?" Pensei. Tirei-o das minhas vestes, no qual eu o escondera para que ninguém notasse meu senso de curiosidade infantil, porém eu sempre fui assim.


Afinal, não faria sentido se fosse uma brincadeira. Sou invisível para todos daqui, inclusive ele, Harry Potter, o menino-que-sobreviveu. Desde o momento em que Ron disse que era seu melhor amigo, meu coração de criança se sentiu, por uma vez e eterna, florescido e esperançoso. Ele era lindo, rico, corajoso. É claro que eu o amava.


Mas isso ainda não responde a minha pergunta. O que é esse diário?


Tenho algumas especulações.


Talvez sejam os gêmeos bancando algo banal para descobrir meus segredos, pois sou muito quieta. Quieta de mais, além disso. E esse silêncio é amigo da minha solidão e da minha tristeza. Não tenho ninguém e aposto que ninguém olhará pra mim, nunca, nem em sonhos terei o Potter nos meus braços.


Sei...sei. Sou muito jovem para amar, afinal só tenho 11 anos e acabei de chegar em Hogwarts. Tá bom, grande coisa. Não acho que há idade determinada para amar alguém de uma forma diferente. Não acho que alguém jamais tenha sido amado, também. É bem dificil de manter numa posição como a minha, a última de sete garotos, uma família pobre mas de bom coração. Minha mãe e meu pai fazem de tudo para mim, exclusivamente para mim, a filha mulher que minha mãe tanto queria. Uma criança. Pois bem, está na hora da criança crescer.


Eu estava chateada. Não com raiva, mas chateada, pois Percy não queria que eu andasse sozinha pelos corredores, principalmente perto das masmorras. Não posso evitar, é tudo fantástico. Lindo, fora dos padrões de meus conhecimentos juvenis. Mas não foi esse o motivo da minha ira. Percy achou-se no direito de me bronquear na frente de meus novos colegas, com o apoio dos gêmeos e de Ronny, na frente de Harry Potter. Com que face querem que eu fique? Estou sozinha novamente, no ruim aconchego do banheiro feminino interditado.


Não temo nada, agora vamos ao diário.


- Meu nome é Ginevra Weasley. - Escrevi, sem realmente caprichar.


E as letras foram absorvidas no papel.


- Olá, Ginevra. Meu nome é Tom Riddle. - O diário respondeu, magicamente, o que me espantou.


- Quem é você? -  Perguntei, com a caligrafia ainda mais horrivel, devido ao nervosismo.


- Um amigo que você pode contar quando estiver só, quando estiver triste.




Foi a partir desse momento que tudo começou a mudar.




Por muitas e muitas vezes carreguei o diário de Tom Riddle dentro das minhas vestes para que, na primeira oportunidade, pudesse escrevê-lo e contar como foi o meu dia. Todos perceberam a mudança. Eu estava melhor humorada, corada, completa. Mesmo que para uma menina, eu me sentia forte quando falava com ele, quando contava sobre tudo o que se passava por aqui.


Tom Marvolo Riddle, 16 anos, estudante da casa de Sonserina em Hogwarts á 50 anos atrás. Não era a toa que nosso início de conversa naquele dia começou com '' um amigo que voce pode contar quando estiver só''. Eu sempre estava só, e isso tornou-se uma coisa ótima, pois assim sempre poderia falar com Tom.




- Tom, me diz, como você é?


- Como eu sou?


- Sim.


- Oras, minha pequena, eu devo ser bem mais alto do que você.


Eu ri da resposta dele. Era bom me sentir alegre.


- Digo...fisicamente. Facialmente.


- Palavras bonitas, minha pequena.


- Me diz, Tom.


- Eu, como disse, devo ser bem mais alto que você, tenho cabelos pretos, curtos, mas eles caem nos meus olhos as vezes.


- Que cor são seus olhos?


- Da mesma cor que meus cabelos são. Há uma harmonia negra entre eles.


- Você deve ser bonito.


- Primeiro deveria ter uma idéia do que você acha bonito.


- Como assim?


- Diga-me como é seu amado Harry Potter.


- O Harry... bem, ele não é muito alto. Tem os cabelos pretos também, a pele branca e corada. Tem os olhos verdes, iguais os da mãe dele, pelo o que Ron me contou. Ele é muito corajoso.


- Entendo...É inteligente?


- De fato, acho que sim. Mas você deve ser bem mais.


- Ah, eu concordo com isso, afinal sou 56 anos mais velho que vocês.


Isso fazia algum sentido. Ainda havia um sorriso em meu rosto.


- Como você, minha pequena, é?


- Eu?


- Sim, você.


- Eu devo ser bem mais baixa que você.


Eu ri da minha resposta, pois com certeza ele não esperava por isso.


- Quero dizer fisicamente...facialmente.


- Ah, entendo você. Eu sou bem mais baixa que você, porém, das minhas colegas, sou uma das mais altas. Tenho os cabelos ruivos, assim como toda a minha família. Meus olhos...bem, eles mudam de cor. Normalmente são azuis acinzentados. Eu sou bem pálida, também.


- Combinamos, então, Gina, porque também sou bem pálido.


Silêncio.


- Estou curioso. - escreveu ele, passado um tempo.


- Sobre o que?


- Sobre como você deve ser pessoalmente.


- Então somos dois, não somos?


- Queria me conhecer também?


- É claro que sim. É horrivel não conhecer o rosto do meu melhor amigo, da pessoa que mais se importa comigo.


- Você é fantástica, Gina. Lembre-se disso.


- Tom, tenho que ir. Vejo alguém se aproximando daqui.


- Sim, sim, eu sei. Vá dormir, depois. Me pareceu cansada.


- Como sabe?


- Sua letra está borrada, o que indica que está escrevendo numa posição um pouco torta.


- Você que é incrível. - eu escrevi, rindo. - Boa noite, Tom.


- Boa noite, Ginevra Weasley.


 


Essa noite eu sonhei com algo bem real. Ele veio até mim, seus cabelos penteados majestosamente e suas vestes rastejando no chão. Um grande emblema da Sonserina brilhava em seu peito esquerdo, deveria ter sido monitor-chefe, ou algo assim. Ele era lindo. Mais lindo do que Harry é, ou será. Tinha a pele tão branca e tão delicada quanto a minha.


Num ato insano, não percebi que estava sorrindo. Ele pegou minhas mãos e as aqueceu entre as suas, notando que eu estava com frio. Porém seu toque era mais gelado do que a brisa que se movimentava do lado de fora.


Eu estava nas masmorras da Sonserina, iluminada pelo brilho do luar. Sabia que era um sonho, pois Percy jamais deixaria que eu chegasse até lá.


Mas entre qualquer pensamento que eu tenha tido naquele momento, nada se comparava à voz suave e fria que Tom Riddle tinha.


- Faça isso por mim, faça. - ele disse, ao meu ouvido.


E então eu acordei, cheia de penas de galinhas e sangue nas minhas vestes. Alarmaram-se com o aviso que dizia que a câmara secreta fora aberta. A gata do Filch, petrificada e dependurada. Um culpado? Harry Potter.


Depois disso, parecia que Tom estava mudado, estava ainda mais frio, porém se interessava por coisas que antes passavam despercebidas. Me perguntava sobre o passado de Harry, sobre sua garra e seus poderes. Estava obcecado nele e nas afirmações da escola sobre ele ser o herdeiro de Slytherin.


Tudo em vão.


Um choque para mim, quando Harry descobriu o diário no banheiro feminino. Ainda mais desastroso foi quando eu descobri que era a culpada por todos os ataques, por toda a afobação em Hogwarts, por ter até mesmo aberto a câmara.


Riddle era um amigo, mas eu já não sei o que ele é.


 


- O que há, Gina? - disse, se aproximando de mim. Cada vez mais seus contornos pareciam nítidos. - Está com medo de mim.


- Eu não tenho medo...de você. - sussurrei, da maneira que podia. Me sentia cada vez mais fraca.


- Não demonstra isso. Seus pés a está empurrando tão largamente para longe de mim á toa?


- Por que, Tom? - eu estava chorando. - Por que está fazendo isso?


- Porque tem que ser feito, minha pequena. - passou seus dedos gelados por meu rosto. - Você é tão frágil quanto uma rosa. Temo por você, Ginevra Weasley.


- Teme, não é? - dei uma risada fria e sem emoção. - Mas vai me matar.


- De fato, vou sim. - ele pegou minha varinha e brincou com ela em seus dedos. - Mas eu realmente queria que tivesse sido outra pessoa, Gina.


- Que diferença faz agora?


- Você não tem idéia do quão bonita é, e eu queria muito que vivesse para que visse seu corpo se desenvolver, seus dons aflorarem. Pena que, se você tivesse de vê-los, eu não os poderia, afinal estaria morto. Dependo de você. Você me deu uma parte de sua alma, mas o mais importante é que tem um pedaço da minha alma aí, com você.


- Então me mate, não quero nada que seja seu. - me encolhi.


- Não, não, criança.


Sem aguentar mais, cai no chão da câmara, quase desacordada.


- Peça...perdão. - sussurrei. Sabia que ele estaria ouvindo. - Eu posso te perdoar.


- Ah não, minha pequena. Não é necessário essa cerimônia toda. - ele estava atrás de mim.


- Você tem tudo... tudo...para ser o melhor. Pena...q...que...é...ma...


- Xiiii, Gina Weasley. - ele se agachou e passou os braços por mim, sustentando meu peso.


Estava no meio da câmara, meus braços postos caprichosamente em minha barriga, os olhos vagando para o nada.


- Contudo, minha querida, obrigado. Sou grato a voce, afinal me libertou daquele diário. Como você foi tola, criança, mas sua tolice foi minha grande vitória.


- Seu...jogo...acabou, Tom. - disse, me esforçando o máximo que eu podia. - O...Harry...virá.


- Não, Gina. O seu jogo acabou. Antes que caia em total escuridão, tenho uma coisa para você.



Ele se inclinou vagarozamente e encostou seus lábios gélidos nos meus.


- Vai lembrar de mim, minha criança, até o fim dos tempos.



E depois disso tudo ficou escuro.



Eu me lembro de Harry sangrando ao meu lado, o diário de Tom Riddle jogado em seus pés e mais sangue saindo por ele. Lembro que Ron estava junto do Professor Lockhart, que "acidentalmente" perdeu a memória. Mas, além de todos os fatos que me cercaram nestes momentos, eu me lembro da angústia de perceber que Riddle não estaria mais em meus sonhos, me animando em meus dias ruins, ou pior, percebi que nunca mais o teria. Aquele beijo foi muito mais significativo do que fatos ou palavras. Ele duraria para sempre.



Até agora.



Acho que vou morrer, novamente. Passaram-se 5 anos desde o ocorrido na câmara. Harry não está aqui. Ou melhor, ele está, morto, ou desacordado, mas nas mãos dele. Isso não pode acontecer, digo a mim mesma. Ele não.


- Não. - sussurro entredentes, impossível de me ouvir com a correria de uma batalha.


- Não, minha criança? - era Voldemort. Mas não ele de verdade. Quem falava ali era Tom Riddle. Quem cogitava tais palavras era ninguém menos que o dono dos meus pesadelos. - Não quer que eu mate seu namoradinho? Então eu vejo, Ginevra Weasley, você acabou conquistando o coração pobre desse...garoto. - quase cuspiu a ultima palavra. - Agora, observe-o morrer novamente, Gina. Dessa vez eu não preciso de uma garotinha tola pra me ajudar.


- Gina, saia daí! - gritou minha mãe, lutando contra Bellatrix. - Gina! - desespero.


- Ande, minha pequena, saia correndo. - disse ele com indiferença. - Mas sabe que nunca consiguirá fugir de mim.


- Por...favor...- sussurrei. Harry ainda estava desacordado.


- Por favor? - e ele o soltou, deixando-o inerte aos seus pés. - Veja a quem você escolheu, Gina. Eu posso ser o bastante sensato para dizer que eu te dei as opções.


- Nunca houve outra opção. - disse, me apriximando dele. - Eu nunca amei ninguém como eu amo Harry Potter.


- Ainda é tão pequena! - ele riu, mas em vez de um sorriso, havia uma fenda em seu rosto. - Não te agrado agora? Não sou bonito, Gina? - e caiu sobre mim, fechando meu pescoço em sua mão, me estrangulando. - Prefere morrer olhando meus olhos vermelhos ou prefere morrer olhando a bela figura do meu eu adolescente? - e ele me soltou. Caí.


Por um momento eu queria que ele realmente tivesse me matado estrangulada, ali, olhando suas fendas serpentiais cintilarem, ou os gritos de minha mãe. Pior do que isso, ele se virou de costas pra mim e começou a proclamar feitiços. Sabia o que ele estava fazendo. Sabia muito bem.


- E agora, minha criança? - era a voz de Tom. Era o rosto de Tom e toda a sua maldade persinstia em Lord Voldemort.


- Tom...Riddle. - foi só o que pude dizer.


- Você tinha razão em uma coisa, Gina: para as garotas da sua idade, você é uma das mais altas. - e me levantou, deixando-me suspensa por uma magia. - E, como eu previa, ficou linda. - ele sorriu de lado e se lançou sobre mim. Eu estava sem o controle das minhas pernas e ele me abraçou, se sobrecarregando com todo o meu peso.


- Tire as mãos de mim! - gritei, consciente de que nem minha mãe me ouviria.


- Não, Gina, eu lhe dei as opções. É melhor escolher rápido, pois seu ''amantezinho'' irá acordar daqui a pouco. - ele colou nossas testas. - Seja sensata pelo menos uma vez, me prove que você cresceu aqui dentro também. Escolha o lado certo.


- Eu jamais deixarei Harry.


- Tem certeza disso? - e me beijou, uma segunda vez na vida.


A sensação do beijo dele foi como um entorpecente, perdi todos os sentidos, mentais e físicos. Não foi o mesmo beijo que ele havia me dado na câmara, e sim uma coisa nova, afinal não era uma criança que ele estava beijando, era uma mulher. Tom me segurou com força, e eu não resisti. Talvez porque não quisesse, talvez porque sabia que no fundo eu o amava. Não como amava Harry, mais eu o amava também. Sua língua invadia minha boca com gosto, e me vi soltando pequenos gemidos. Isso o agradou, porém ele cessou o beijo abruptamente.


- Tem certeza disso? - repetiu em tom de risada.


- O jogo acabou, Tom Riddle, é um xeque-mate. - disse.


- Ah Gina, hoje não. - e me soltou.



Virou-se para Harry com toda a energia, enquanto eu fui arrancada dali por Ron e pelo meu pai. Tenho absoluta certeza de que Harry viu toda a cena, viu eu me entregar para Tom sem interrompe-lo de forma nenhuma. Eu o queria, sim, queria e muito.



Não há vestígios do diário hoje, nem da batalha. Por vários anos a cicatriz do meu marido está normal, sem dores, sem sofrimento. Ele tem sorte de ter saído com uma cicatriz. Meu coração, por exemplo, continuará machucado para sempre.



                                                FINE.



N/A: Oi meus anjos! Obrigada por lerem essa fic, espero alguns comentários hein? o/' Aviso: essa não é 1º e última Tom/Gina que eu vou escrever, afinal, sou apaixonada pelo casal. Se vocês tiverem alguma sugestão de fic Dramione ou Tom/Gina, me mandem por email! [email protected]


Obrigada, super beijo! * bom retorno às aulas! *









 


 














 


 


 


 

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