Capítulo 1



O vento uivava com força do lado de fora. Válter Dursley se encontrava em sua sala, na Grunnings, terminando de ler mensagens de um possível comprador de brocas. Os negócios iam bem, Válter estava lucrando muito, fizera uma boa reforma na casa. Ampliaram o quarto de Duda, eliminando o quarto que constumava ser de seu sobrinho.

"Foi-se em boa hora", pensou Sr Dursley "E pensar em todo o tempo que tivemos que ficar sob o mesmo teto daquela gente esquisita". Sentiu um leve arrepio ao lembrar do homem da cartola estranha e da mulher de cabelos negros.

Era véspera de Natal, o sol já se punha há um tempo, e, pelo relógio, a tarde chegava ao fim. Em breve iria para casa desfrutar do jantar que sua esposa estava preparando. Tudo do mais caro da culinária natalina fora comprado para que a família Dursley pudesse apreciar o Natal com iguarias que os vizinhos, difícilmente, teriam em suas mesas. O pensamento fez com que Dursley abrisse um leve sorriso.

Os presentes também estavam comprados. Artigos para o computador de Duda, uma joia para Petúnia e um terno novo para Válter, entre outros presentes, não muito mais baratos.

Então, o telefone toca, tirando-o de seus devaneios. Dursley atende, imaginando quem seria para ligar aquela hora, na Véspera de Natal.

- Válter Dursley.

- Tio Válter, como está?

A voz do sobrinho estava ecoando nos ouvidos. Sentiu o rosto ficar vermelho, a raiva subindo. O que aquele delinquente pensava que estava fazendo, ligando àquela hora?

- O que você quer moleque? - cuspiu Válter, sem a menor educação.

- Hoje é Véspera de Natal, tio. Acredito que lembre disso - respondeu Harry, ignorando a brutalidade com que o tio falara com ele.

- E daí? Presente meu você não vai ganhar.

- Eu sei disso. Só liguei para convidá-lo para uma confraternização de natal que vai ter aqui em casa. Vamos chamar alguns amigos, quem quiser trocar presentes será bem vindo...

- Na sua casa? Cheia de gente esquisita? Com aquele bando de esquisitos de cabelos vermelhos? E você ainda quer que eu gaste dinheiro com presentes pra eles? De jeito nenhum! - interrompeu o tio, com a cara vermelha, soltando saliva pelo telefone.

- Não precisa ser grosso, tio. Mas seria bom se o senhor pudesse vir. Faz tempo que não nos falamos pessoalmente, só nos falamos por telefone, e sempre sou eu quem liga. Eu sei que nós nunca nos demos muito bem, mas nós deveríamos tentar resolver nossas diferenças. Eu gostaria de poder conversar com vocês sem essa frieza e essa formalidade.

- Olha moleque, você ligou pra dizer quem tem essa reunião de gente esquisita, e eu já disse que não vou. Pronto, fim do assunto - respondeu Válter, já perdendo o pouco da paciência que restava. Tinha certeza que, se fosse nos bons tempos, teria jogado o sobrinho dentro do armário e o deixado sem jantar.

- Tudo bem então, tio - disse Harry, com voz baixa - Feliz Natal então.

Sr Dursley desligou sem se despedir.

Pouco depois o telefone toca de novo. Válter respira fundo e tenta diminuir a raiva que sentia. Mas não era o sobrinho de novo, era a esposa.

- Válter, querido. Está tudo bem? - a voz aguda da mulher acalmou seus nervos.

- Mais ou menos, Petúnia. Aquele moleque ingrato acabou de me ligar, chamando para uma reunião de esquisitos - falou Válter seco.

- Eu não acredito - Petúnia excamou indignada - Ele ligou para casa também. Acho que queria que eu queimasse o presunto.

- É mesmo um atrevido. E o Duda, como vai?

- Dudinha está bem. Que bom que ele não estava na sala quando o anormal ligou. Não sei por que meu Dudinha fala com ele. Eu não gosto disso.

- Nem eu. Então tudo bem. Já estou saindo da firma e vou pra casa.

- Ótimo querido. Já está quase tudo pronto. Não demore.

Válter pôs o telefone no gancho, virou a cadeira e passou a olhar para a janela pensativo. O vento continuava fustigando com violência, e a neve balançando, sendo levada por ele, se acumulando nas janela, nos telhados, nas ruas e calçadas. Tudo o que o Sr Dursley mais queria agora era uma caneca de chocolate quente. Ajeitou suas coisas e saiu da sala. 

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