Beco Diagonal parte II



 


Capítulo IV


 


Enquanto meus pais não saíam do banco, fingi interesse na lista que minha irmã tinha nas mãos.


- Alguma coisa interessante, irmãzinha?- Olhei por cima dos ombros dela.


- Muitas! Acho que não vamos conseguir comprar tudo hoje. - Olhei preocupado pro meu relógio. Ela tinha razão! Dez horas da manhã e nós não tínhamos comprado nada! Tomei a lista da mão dela. Na verdade eram duas, uma de materiais e a outra de livros. Passei um olho rápido na primeira.


 


 


Lista de materiais:


 



  • Três conjuntos de roupa preta de trabalho

  • Chapéu pontudo simples para uso diário

  • Par de luvas protetoras de couro de dragão

  • Capa de inverno com fechos prateados

  • Varinha mágica

  • Caldeirão de estanho tamanho padrão 2

  • Telescópio

  • Balança de latão


Todas as peças devem ser etiquetadas com o nome do aluno.


 


- Ora! Como você é exagerada! Nem é tanta coisa assim... Façamos o seguinte: eu fico com essa e você com a de livros. Quando terminarmos, nos encontramos naquela sorveteria...–Apertei os olhos para enxergar melhor- Florean Fortescue! Compre os livros em dobro e eu não se esqueça de ir ver sua varinha e  farda, que são sob medida e eu não posso fazer nada por você. – Deduzi.


Dei as costas a Louise e já ia em direção à primeira loja, impressionado com minha inteligência e disposição, que venhamos e convenhamos não são o meu forte, quando Louise me segurou pelo capuz da camisa.


- Aonde é que você vai?- Ela fez uma cara de incrédula.


- Vou providenciar nossos caldeirões!- Ela fez uma cara de quem não acreditava no que tava ouvindo. Deu um tapa na minha testa e disse:


- Vai pagar as coisas com o que? Trabalho escravo?- Agora o poder da Capitã óbvia foi extremamente necessário, por que eu agi como um idiota de marca maior!


- Sabia que estava esquecendo de algo...- Ela me olhou com uma cara que era um misto de descrença e gozação.- Voltamos a estaca zero!- Me sentei na calçada, inconformado. Quanto tempo mais teria que esperar pelos meus pais?


Vinte minutos depois...


-Demoramos muito?- Levantei a cabeça e olhei para o meu pai ,apertando os olhos por causa do sol que estava batendo bem no meu olho.


- Até que foram rápidos para quem estava fundando um banco... – Ele me olhou com um olhar de reprovação. – Que foi? Ainda queria uma resposta educada depois desse chá de cadeira?


Ele maneou com a cabeça e me ajudou a levantar.


- Então, para onde vamos primeiro?- Perguntou meu pai todo empolgadinho. Pelo visto as atendentes do banco eram muito gatas... [N/Autora: A ignorância é uma benção, porque se aqueles duendes do banco são bonitos, eu sou a miss universo!]


- Você vem comigo comprar os materiais e a mamãe vai com a Louise comprar os livros.


-Vumbora!- Saí arrastando meu pai pra esquerda.


- Pra onde é que vocês vão?- Perguntou minha mãe, meio aflita.


-Explica a ela Louise!- Apontei pra minha mãe com impaciência e continuei andando.


- Vem mãe! Eu te explico no caminho... - Elas começaram a se afastar para um lado que eu não vi qual.


Eu e meu pai continuamos andando até chegarmos à porta de uma loja chamada “Madame Malkin, roupas para todas as ocasiões”. Madame? Olhei com desgosto para meu pai.


- Esse com certeza vai ser um longo dia!- Disse ele sabiamente.


Quando entramos pela porta, ela fez um barulhinho irritante de sino. Me surpreendi, não era um lugar cheio de “frufu”. Tinha uma acolhedora sala de espera onde um garoto loiro, o mesmo da loja de varinhas, aguardava pacientemente sua vez de ser atendido.


- Bom dia!- Dissemos eu e meu pai em uníssono. - Poderia nos informar onde está a responsável da loja?- Meu pai perguntou educadamente num inglês quase sem sotaque.


- Madame Malkin está meio ocupada... Sabe como é! Todo mundo deixa pra fazer o uniforme na última hora... - Disse o garoto simpaticamente. - Posso dar uma sugestão pra vocês?


Eu e meu pai nos entreolhamos. Ele afirmou com a cabeça para o garoto, que prosseguiu.


- Acho que o senhor deveria fazer como o meu pai e ir adiantando, comprando as coisas que faltam. Ela vai tirar as medidas dele... - Apontou pra mim.- E o pagamento só é feito no momento da entrega dos uniformes. Então não precisa ficar.


Meu pai olhou pra mim e começou a falar em inglês, acho que para não deixar o garoto constrangido...


- É uma boa ideia... Volto pra te buscar mais tarde, o que acha?- Olhei para cara do indivíduo que me parecia simpático demais pro meu gosto.


- Faça como quiser. - Disse sem emoção.


 Meu pai sussurrou um “Se comporte” e saiu em direção a próxima loja da lista. Me sentei ao lado do garoto que logo estendeu a mão para se apresentar.


- Sou Antony Zabine!- Olhei para a mão dele desconfiado. Por que tanta simpatia? Será que é um maníaco mirim?


- Cesc Fábregas. - Não achou que eu fosse dizer Francesc, né?Ele apertou os olhos como se estivesse querendo descobrir algo mais.


- De onde você é Cesc?- Mas esse garoto é de uma ousadia sem tamanho! Quem disse a ele que pode me chamar pelo primeiro nome?


- Sou da Espanha...


- Hum... Nunca fui lá! O que tem de interessante?- Ele parecia interessado e como eu não tinha nada melhor pra fazer...


- Tem um clima agradável, belas mulheres e muita cultura...


-Trouxa?-  Disse de uma maneira estranha. Ele tava me xingando?


- O que?- Perguntei tentando não me estressar com a criatura.


- Muita cultura trouxa, foi o que você quis dizer, não?- Ah! Entendi... Trouxa é como eles chamam os não-bruxos... Pelo menos é o que parece... - Meu pai não gosta muito disso, mas eu acho tudo muito interessante!


Se o pai dele não gosta, não cabe a mim avisá-lo agora que a “cultura trouxa” é a única que eu conheço. Resolvi mudar de assunto.


- Primeiro ano em Hogwarts, hein? Como estão as expectativas?- Acho que pronunciei o nome certo dessa vez, meu pai que me disse que era assim que se falava, se o Zabine não estranhou não deve estar errado.


- Eu acho que eu vou pra Sonserina, como o meu pai!- Ele disse todo animado.


- Sonserina? Boa escolha... - Um chute no escuro! O que é Sonserina? Achei que íamos pra Hogwarts!


- Com certeza a mais adequada!- Disse todo pomposo. - Lá é a casa dos astutos que não poupam esforços para conseguir o que querem!


Essa conversa tava começando a me assustar! E se ele perguntasse a que “casa” EU queria fazer parte?


- Não gostaria de ser de nenhuma outra... Casa?- Perguntei com receio e pra minha sorte o garoto é mais tagarela do que a Louise quando tá com as amigas!


- Poderia ser da Grifinória, casa dos leões nobres, corajosos e de sangue frio... - Convencido ele, não?- Mas meu pai me mataria! – Sacudiu a cabeça, como se quisesse afastar pensamentos incômodos. - Ou da Corvinal, casa dos inteligentes e aplicados... - Ele colocou a mão no queixo como se estivesse refletindo.


- Não... – Fez sinal de descrença. – A Corvinal não é pra mim!- Tenho a leve sensação que essa vai ser a morada da Louise...


- Só essa duas casas?- Será que tem outra? Não era pra eu ter perguntado desse jeito!


- Só a que sobra é a Lufa-lufa, que venhamos e convenhamos, ninguém merece!- Achei estranho.Qual o problema da Lufa-lufa, além é claro do nome ridículo?


- Achei que todas as casas fossem boas!- Perguntei fingindo que sabia de alguma coisa.


- É o que dizem os hipócritas, mas todo mundo sabe que lá só tem capacho!- Disse ele com uma cara de desprezo. Infelizmente pra mim, ele é mais parecido comigo do que eu pensava.- O símbolo deles é um texugo!- Fez cara de escárnio.


- Texugo?- Ele pareceu se distrair do esculacho pra cima da pobre Lufa-lufa.


- Temos o leão, a águia e a serpente também... Grifinória. Sonserina e Corvinal respectivamente. – Disse ele didaticamente. Acho que discordo dele... Parece um ótimo candidato pra Corvinal!


- São bons animais... Agora o texugo dos sinceros, leais e sei lá mais o que da Lufa-lufa...- Disse isso com a voz em falsete me fazendo dar risada- É de mais pra eu entender!


- Concordo! São boas qualidades, mas só quando usadas com um pingo de esperteza!- Concluí mais pra mim do que pra ele.


- Aff!- Disse meio cansado- Acho que isso eles não tem!- Ele olhou pra minha cara e deu risada.-Mas relaxa! Pessoas como nós não vão para Lufa-lufa. - Vou tomar isso como um elogio...


Esperamos por mais uns quinze minutos, ele falando sem parar o quanto ele queria jogar Quadri-Sei-Lá-o-que e eu fingindo que entendia, soltando alguns “hunrun”, “claro” e “legal”. Madame Malkin, uma senhora que eu só consigo definir como mais velha do que o tempo, chamou pelo Zabine, que foi prontamente. Aproveitei os minutos de silêncio absoluto para tirar um cochilo. Eu acho sinceramente que das duas uma: ou a loja tem outra saída,ou a jovem Madame Malkin se alimenta da juventude das criancinhas... Vou explicar o porque: Zabine disse que a mulher tava ocupada com outros clientes, certo? Certo. No entanto,ela o chamou e eu não vi ninguém saindo e agora ela estava me chamando gentilmente pra entrar na portinha em que as pessoas só entram e não saem.Aí eu te pergunto: devo entrar? Aposto que vocês devem ter dito: “Entra logo medroso!”. Se fossem vocês no meu lugar com certeza não iam tá com essa coragem toda!


- Já estou indo, senhora...- Fui andando o mais lentamente possível, avaliando tudo ao meu redor.


Mas para a sorte dos meus pais, azar de vocês e meu tédio, não tinha nada de perigoso lá. Pude ver o quão cinzenta e pesada é minha nova roupa diária, levei algumas agulhadas enquanto a mulher fazia sei-lá-o-que no pano cinza que seria minha farda e quase morri de derrame ao esperar ela escrever a nota de entrega. Com certeza ela perdia a maior parte do tempo nisso...


 


O resto do dia foi sem nada de diferente. Meu pai comprou tudo que tinha que comprar com a mesma eficiência com qual administra a nossa fortuna, minha mãe parecia encantada com o mundo mágico e minha irmã compenetrada nos livros que ela comprou na tal Floreios e Borrões. Estava louco pra voltar pra minha Espanha, pra minha Andalucía, pra minha Sevilla! Algo me diz que as pessoas ricas daqui não são tão receptivas e simpáticas quanto a minha família. O que pude observar, e muito, foi a ostentação, tradição e seriedade do mundo bruxo. Tô com medo! Espero que isso não seja um problema pra mim...


 [N/A: Não gostei do capítulo, queria ter colocado mais coisas, tipo a compra da varinha e tals, mas sinceramente tô perdendo a paciência pra escrever como criança! Resumi o final, mas o mais importante taí que é o encontro com o Tony, a apresentação das casas e um pouquinho da MINHA  visão de mundo bruxo... Espero que gostem, mas se não gostarem não tenho jeito a dar... Afinal v6 não comentam!!! Bjuxxx]


 


[N/B:Oi! Bem Lara,eu corrigi o capítulo. Alguns acentos,sinais e partes do texto. Mas tá muito legal!Eu acho que é só. E quero meu salário,por que isso é uma exploração do trabalho juvenil.


Beijos e até mais. 


 PS.:VOCE  É BESTA E AINDA BEM QUE SABE DISSO!]

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