O Medalhão .



Capítulo O3 - O Medalhão .




Céus, como minha cabeça doía. Meu corpo doía inteiramente. Minha mente vagava por um espaço diferente do habitual. Então, como se eu houvesse sido atingida, lembro do que ocorrera há minutos atrás. Ou pareceram minutos. Tudo. Draco pisando no freio e virando o volante. Seus olhos azuis me olhando em seus braços. Nosso beijo e Harry descendo barragem abaixo. Era perturbador como tudo acontecia. Os flashs passavam de forma impressionante. A raiva me tomava a cada segundo que a imagem de Draco vinha à minha mente.


 


Após algum tempo de delírio percebo que penso. Penso, logo existo. Nossa! Da onde eu tirei isso? Ah é. Aula de historia com o professor Lupin. Whatever. Mas mesmo assim. Achei que havia morrido ou algo parecido. Facas normalmente fazem isso quando perfuram o peito da pessoa e o ultrapassam.


 


Calmamente fui recobrando minha consciência. Eu estava deitada numa cama de metal gelada. Será que estou no necrotério? Ai cara! O que meu pai vai pensar se eu não chegar em casa? Percebi que havia pessoas discutindo não muito longe a onde eu estava. Bem, isso é a morte? Porque parece muito com a vida. Estranho.


 


–        Ela era responsabilidade sua Ron! A culpa é toda sua! – gritava uma voz feminina.


–        Claro que não. Gina, ela era tua responsabilidade, não minha.


 


Abri os olhos de súbito. A luz estava forte, então logo tornei a fecha-los. Mais prevenida, abri-os devagar, esperando que eles se acostumassem com o brilho do local. Ao meu lado esquerdo, um pouco distante, havia dois pontos ruivos um pouco embaçados. Ganhando mais foco consegui identificar um deles. Era o garoto dos olhos azuis, amigo do Harry.


 


Mas... o que ele estava fazendo ali? Alias, o que eu estava fazendo aqui deitada? Olhei ao redor. Estava deitada mesmo em uma cama de metal, mas isso não parecia em nada com um necrotério. Era um local impecavelmente branco. Tudo no mais limpo alvo. Os cabelos ruivos ao longe discutindo faziam um pequeno contraste com o lugar, mas nada que não fosse desprezível àquela plenitude que a sala passava.


 


–        Mas ela já tem 17 anos droga! Você deveria te-la protegido e não ter deixado aquele idiota chegar perto da alma dela!


 


–        Como eu ia saber que era o aniversario dela? No momento que ele a conheceu, ela ainda era sua responsabilidade.


 


–        Mas isso não importa. O que importa é quando ela morreu, quando alias, já estava com 17 anos!


 


–        Que lugar é esse? – perguntei meio zonza tentando me sentar.


 


–        Oh, nossa. Você já acordou... achei que demoraria mais algumas horas. – falou a garota ruiva de qual o nome eu desprezo.


 


–        Ok,ok. Mas onde eu estou? – me sentei e logo reparei que ainda estava vestida com a fantasia, porem ela estava rasgada no ponto onde a faca havia atravessado. Droga! Vou ter que tirar da minha mesada para pagar uma nova.


 


–        Na sala de recepção. Nós temos uma sala como essa em quase todos os hospitais para onde levam os corpos. Aqui nós resolvemos o que fazer com as almas-enganosas, sabe, as que foram tiradas na hora errada, como a sua. – o garoto ruivo me explicou.


 


–        Co-como? Do que voce ta falando? – eu estava bem confusa.


 


–        Hermione, voce morreu. – a garota falou.


 


–        Aham, aham, sei. – eu disse levantando.


 


Como eu poderia estar morta? Eu estava ali, nao estava? Carne, osso e corpete? Eles provavelmente estavam loucos. Eu devia apenas ter desmaiado com o golpe de Draco. Ele nao deve ter acertado nada vital e eu sobrevivi. Mas... cadê os médicos? Eu nao deveria estar rodeada de médicos apos a cirurgia? Porque eu provavelmente havia feito uma cirurgia. Eu nao sentia mais dor no local do golpe...


 


–        Bem, eu vou ali rapidinho ta? – eu disse me afastando de costas. Eles estavam loucos.


 


–        Tente, voce não conseguirá ir muito longe...


 


–        Isso é o que vamos ver.


 


Me virei rapido e ia começar a correr, mas como no bom clichê algo teria que dar errado. Havia uma parede no meio do caminho. Fui muito rapido de encontro a ela e esperei o impacto. Mas ele nao aconteceu. Quando eu abri os olhos estava no corredor. Eu estava no corredor. Como isso pode ser possivel? Ha poucos segundos eu estava dentro e agora fora, mas sem nenhuma porta ou janela nessa transação.


 


Não tinha explicaçao, ate que eu olhei para baixo. Eu estava translúcida. Olhava para minha mão e ela simplesmente estava impalpavel. Estava boquiaberta. Toquei na parede que eu havia acabado de atravessar. Minha mao sumiu pela parede opaca. Tirei-a por reflexo e olhei para o lado. A porta se abrira aberta e nela estavam encostados os dois ruivos que estavam na sala comigo. Eles me olhavam quase que com um olhar divertido. Otimo, agora eu era motivo de risos.Olhei novamente para minha mao e percebi que ela tornara a se tornar sólida. Wtf?


 


–        Mas, mas... o que esta acontecendo? – olhei pedindo explicações.


 


–        Entre, nós te explicaremos. – disse a ruiva. Eu entrei sem questionar. Bem, eu queria explicações, não queria?


 


–        Como nós dissemos, você não conseguiria se afastar de nós. Hermione, acredite: você esta morta. O Draco te matou ontem à noite.


 


–        Era pro Rony ter impedido, mas ele se confundiu e foi proteger a pessoa errada.


 


–        Gina! A culpa não foi minha caramba! Eu sabia que ele ia tentar matar alguém lá naquela festa de formatura. Mas como eu ia saber quem era? Eu só estava lá pra vigiar e acabei não conseguindo protege-la. Eu achei que ele ia atacar o amigo dela, o tal do Harry.


 


–        Ele não é meu amigo. – cortei-o nem sei porque. Foi automático.


 


–        Que seja, eu me enganei. Quando eu percebi quem ele realmente queria, vocês já estavam dançando juntos e eu não tinha porque te proteger. Você não era responsabilidade minha e sim da Gina. Mesmo que eu quisesse, não poderia. Você era menor de idade certo? Ontem não foi seu aniversario?


 


–        É, é, foi. – eu não entendia muito, mas acompanhava quieta prestando o maximo de atenção possível.


 


–        Eu so posso proteger os maiores, mas eu não sabia que teu aniversário era ontem.


 


–        Mas.. quem são vocês? O que é tudo isso? – perguntei, olhando pela primeira vez nos seus olhos azuis.


 


–        Nós somos os Anjos da Morte. Protegemos as pessoas de gente como o Draco,os Agentes da Morte. Eles eram Anjos, mas preferiram seguir outro caminho. Nós mandamos as almas para seu lugar de destino, na hora certa. Mas eles pegam as almas antes da hora, tentando lucrar com isso. Pegam-nas e com elas tentam ganhar mais poder.


 


–        Então... vocês são Anjos? É isso mesmo?


 


–        Aham. – agora foi a garota chamada Giba, Giga, sei lá, algo assim.


 


–        Porque que eu atravessei a parede? – a pergunta que não queria calar na minha cabeça.


 


–        Por causa disso. – ele meteu a mão por dentro da fantasia de pirata(?) e puxou de lá um medalhão semelhante ao do Draco. – ele te deixa sólida quando esta perto. Longe dele você é apenas um plasma flutuante, nem opaca nem transparente. Nada sólido. Dizem que a sensação não é a melhor.


 


–        Pois é. Reparei. – me afastei um pouco dele e percebi que começava a ver o chão branco pela minha mão. Eu realmente precisava conseguir um daqueles medalhões para mim.


 


Olhei em volta e me espantei ao ver que eu ainda estava ali, na mesa de metal. Deitada, imóvel. A ficha estava começando a cair. Eu estava realmente morta? Senti minhas pernas perderem o chão. Elas não mais suportavam o peso do meu corpo. Comecei a cair. Ate que senti dois braços ao meu redor, me amparando e impedindo a queda. Ainda meio zonza, abri os olhos e me deparei novamente com aquele mar azul. Era um sonho. Simplesmente um sonho. Era impossível existir no mundo olhos tão hipnotizantes, tão envolventes. Ele me pôs de pé e me segurou ate que meus pés firmassem no chão.


 


–        Ótimo. Ela é uma das que desmaiam.


 


–        Será que tem como você ter um pouco de compaixão, Gina? É seu trabalho sabia? – disse Ron. Agora os mortos desmaiam também ne? Lindo.


 


–        Eu não estou morta. Não pode ser. – eu falava sozinha baixinho, pra mim, tentando com isso me convencer.


 


–        Desculpa, sinceramente, mas você esta sim, morta. E parece que incomodava, porque eles geralmente não deixam rastros, como aquele carro destruído.


 


–        Harry... – ele estava lá. Viu tudo. – ele acha que eu morri.


 


–        Você morreu – Gina disse. Comentário desnecessário esse ne?


 


–        Ai meu deus! Eu morri! Eu não estava pronta pra morrer! Eu ainda tenho 17 anos! Tenho uma vida pela frente e tudo mais!


 


–        Finalmente. Ate que você não demorou muito. Mas sobre sua vida... Bem, houve um erro entende? – Gina disse.


 


–        Erro? – Então isso significava que eles podiam me trazer de volta?


 


–        Não era pra você ter morrido entende? Um Agente da Morte tirou sua vida antes da sua moeda ser jogada. Nos tentamos impedir isso, mas às vezes não conseguimos. Então, estamos aqui para fazer um pedido de desculpas formal e guiar você pelo caminho certo. – ela olhou para Ron. – só falta esse idiota admitir que a culpa foi dele que eu posso ir embora.


 


–        Eu não vou a lugar algum. Não tem problema que foi um erro, é só vocês me mandarem de volta. Vocês podem fazer isso, não podem?


 


–        Bem... Já é tarde demais. Todos já sabem que você morreu. – ele disse alisando o pescoço.


 


–        Nos importa! – eu disse gritando. Todos sabiam que eu estava morta? Gelei ao pensar... – pai... – sussurrei em pânico. Virei e sai correndo de novo. Dessa vez passei a parede sem me surpreender, apesar de ainda achar isso realmente incomodo.


 


–        Hermione! Espere! – Ron chamava-me e logo já estava do meio lado. Nossa! Como eles são rápidos.


 


–        Me solta! Eu vou embora daqui. – mexi meus braços, mas não obtive resultado.


 


–        Rápido! Nos temos que ir embora daqui. – seus olhos se esbugalharam e ele pareceu muito nervoso.


 


–        Não vou a lugar nenhum. – pisei com muita força em seu pé e ele me largou.


 


Quando eu me virei, me deparei com uma parede musculosa erguida a poucos centímetros do meu rosto. Quando olhei pra cima, vi a ultima coisa que eu desejaria ver. Aqueles olhos azuis penetravam os meus. Aqueles olhos haviam me matado com uma faca que nem rastros deixou. Ele era um Agente da Morte. Ele era a minha morte.


 


–        Porque vocês vieram em dupla? – ele perguntou a Gina e Rony que estavam estáticos. – Ah é, tem razão. Você morreu no dia do seu aniversario. Dois anjos. Que dramático não? Agora que você já acordou, é hora de ir.


 


–        Não me toque. – me afastei por reflexo quando a mão dele se aproximou do meu braço.


 


–        Hermione! Corra! – Rony gritou.


 


Mas não havia pra onde correr. A única saída estava na minha frente, atrás de Draco. Mas eu estava perto demais dos medalhões de Rony e Gina pra poder ultrapassa-lo. Nossa, eu falo isso como se já fizesse ha anos. Foco, Hermione, foco! Mas, para salvar a pátria, apareceu um vulto ruivo na minha frente. Gina estava parada em posição de ataque, esperando um movimento de Draco.


 


–        O que está fazendo aqui? – ela perguntava com as mãos estendidas como se pudesse para-lo com a força da vontade. – ela já esta morta, você não pode jogar a moeda dela duas vezes!


 


–        Como você disse, fui eu quem jogou a moeda dela. Ela é minha se eu quiser.


 


–        Mas.. vocês nunca voltam para pega-los. – Ron estava pálido. Os olhos dele se viraram para a pedra no pescoço de Draco. – você não é um Agente da morte, é?


 


–        Exatamente. Eu sou algo com que você não pode se meter. Vá embora, que não se machucara. Agora vamos, saia da minha frente. – e empurrou Gina, para que saísse de seu caminho. Ela vôo alto e aterrissou a dois metros dali.


 


–        Me largue! – ele me segurou por causa de um momento de distração. Olhei para Ron e ele viu o medo em meus olhos.


 


–        Não Ron! – Gina gritou do chão e quando percebi, Ron havia pulado em direção a Draco.


 


Como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo, ele desviou do ataque de Ron e o golpeou com as costas das mãos, fazendo-o voar com os pés e as mãos estiradas e cair perto da porta por onde havíamos passado. O terror tomou conta de mim. Gina levantou-se e veio correndo em minha direção.


 


–        Hermione, preste atenção. – ela disse apressadamente. – corra, o maximo que puder e fique longe das asas negras. Fuga que mandaremos alguém encontra-la. Apenas se esconda.


 


–        Mas não tem para onde ir!


 


Nesse momento, Draco a golpeou, assim como fez com Ron, e ela caiu desmaiada. Pronto, agora sim eu estava perdida. Horrorizada, fui me afastando, mas não havia saída. Uma hora eu chegaria na parede e tudo estaria acabado. Então era assim que acabava? Na verdade, já acabou né? Estou morta. O que mais ele poderia fazer com a minha alma? E ele me seguia, carregando um sorriso demoníaco em sua face.


 


–        Ela quis diz ela quis dizer que era pra você atravessar as paredes e correr, Hermione. – ele dizia tão calmamente, que me dava arrepios.


 


Mas como eu ultrapassaria as paredes? Eu ainda estava sólida... mas como? Eu estava tão longe de Ron e Gina, já era pra eu estar translúcida. Ah,claro, Draco também possuía um desses medalhões. Super sortuda eu não sou? Droga! A parede chegou e ele esta na minha frente, não tenho pra onde ir!


 


–        Agora, que esse seu joguinho acabou, temos que ir. Já tive muita paciência com você. – ele segurou em meus braços, me puxando para perto. Seu medalhão reluziu.


 


–        Nunca, seu bastardo! – bastardo foi ótima cara. To parecendo a minha vó.


 


A única coisa que me veio na cabeça eu fiz. Em um momento de desespero eu dei uma joelhada nos paises baixos de Draco. Anjos também sentem dor... ali? Bem, parece que sim. Porque ele me soltou e caiu no chão se contorcendo. Eu estava livre? Ai Deus! Eu tinha essa chance e não podia joga-la fora. Meti minha mão no medalhão de Draco e corri de lá. Antes, vi Ron deitado no chão. Ele sorria pra mim.

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n/a.: esse capitulo foi meio grandinho né? :B é que é muita coisa pra escrever e eu nao consigo resumir, tenho que por tudo pra fora! mas espero que tenham gostado :)) 

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