Era uma vez uma história...



Capítulo IV – Era uma vez uma história...


 


Não sei mais o que fazer. Nem dormir eu consigo mais, porque assim que fecho os olhos , vejo Harry ou vejo Draco. O que não é de todo uma idéia ruim, já que os dois são lindos de morrer. Mas eu os imagino com caras fechadas e brigando comigo porque eu sou uma imbecil.


 


Bem, pelo menos eu admito que mereço, não é?


 


Que se dane. O fato é que eu não consigo nem respirar sem pensar neles. Uau, será que só agora eu percebi isso? Cale a boca, alter-ego-Gina-Weasley, você só está falando bobagens. Rolei na cama por horas, ouvindo Rony roncar do outro lado da parede. Minha vontade era a de ligar para Draco, mas sei o quanto ele ama ser acordado à noite para conversar. Outra opção era ir até Harry, mas lembrei que ele dividia o quarto com Ron.


 


Então, por essas opções e outras que não valem a pena ser mencionadas, levantei-me e peguei pergaminho, pena e tinteiro, disposta a escrever alguma coisa. Lembrei-me do quão aliviada ficava quando desabafava na época sombria da guerra, quando não sabia se Harry ainda estava vivo ou se Você-Sabe-Quem já o tinha encontrado. Ah, Harry, Harry, Harry. Sempre Harry.


 


“Harry, eu te odeio. Por que você tinha que voltar, logo agora que eu estava bem, que encontrei alguém para cuidar de mim? Por que você tem que ser tão lindo e perfeito? Por que você precisa fazer meu coração bater desse jeito, descontrolado?


 


Você, Harry, seu imbecil, você acaba comigo. Você me deixa assim. Volta quando tudo está bem e mexe comigo por dentro. Você balança o meu barco e me deixa encalhada (N/Fani: Closer, Kings of Lion). Depois de tantos anos, você voltou pra minha vida quando eu já estava bem.


 


Harry, eu te amava quando você me deixou. Sofri, chorei, mas superei. Não volte agora perguntando se eu trocaria o que tenho hoje pelo que tivemos, pois não sei o que dizer. Não tente me entender, você não sabe o que aconteceu comigo nesse meio tempo. Eu fiquei abandonada, mas Draco me resgatou. Ele é especial porque me entendia de um jeito que ninguém mais entende, até hoje. Me aqueceu com seu toque gelado e o jeito frio. Eu o amo.


 


Mas então, por que você tem esse poder? O poder de me deixar confusa, ansiosa, apaixonada. Apaixonada? Não, eu não gosto de você desse jeito. Agora, para mim, é como se nós fossemos irmãos. O irmão mais gostoso que eu já tive. E lindo. E fofo. E sexy. E... CHEGA! Não vou te tirar da minha cabeça enumerando suas qualidades. Eu sei, dentro de mim, que isso não é paixão, mas apenas a recordação pelo que tivemos.


 


Merlim, me ajude. Eu nem tenho mais certeza de que sou eu mesma. Agora, vejo o quanto é fácil voltar a ter a minha vida como era antes, mas a pergunta é: eu quero tê-la de volta? Pra ser sincera, eu gosto da vida nova com Draco, mas na outra, eu não era mais feliz? A culpa de tanto questionamento é sua, Harry. Só e exclusivamente sua.


 


O problema é que, quanto mais eu desabafo as questões em que minha vida gira em torno, mais perguntas se formulam dentro de minha cabeça. Por exemplo, esse pergaminho é uma tentativa de te convencer de que eu não te amo mais, uma vez que ele nunca chegará às suas mãos? Ou é simplesmente uma tentativa frustrada de convencer a mim mesma?”


 


Respirei fundo. Li e reli o pergaminho. Meu coração estava ali, como se penhorado. Minha decisão seria o pagamento. Eu tinha que saber se ia pra frente ou voltava. Cabia a mim escolher o que seria da minha vida. Essa decisão era importante e seria tomada, quando eu terminasse de queimar o pergaminho – o que, achou que eu deixaria ali, pra todo mundo ver? Quando o pergaminho virasse cinzas por completo, eu tomaria minha decisão.


 


O problema foi que, quando eu peguei a varinha pra botar fogo no dito cujo, ouvi batidas na janela. Dei um pulo e deixei a varinha cair embaixo do guarda-roupa. Merda.


 


-O que diabos você... Harry?!


 


Certo. Me matem.


 


E lá estava Harry, em cima da vassoura, batendo a ponta dela na vidraça da minha janela, um sorriso perfeitinho brincando em seu rosto. Enquanto isso, minha varinha estava embaixo do guarda-roupa e o papel que ninguém, muito menos ele, podia ver, em minhas mãos.


 


-O que aconteceu? – abri a janela, enfiando o papel apressada na gaveta do criado-mudo.


 


-Quer dar uma volta? – perguntou.


 


Okay. Às vezes eu o amo, mas sério, ele tem algum problema. Acho que os pais dele terem morrido quando pequeno e o destino do mundo bruxo ter sido colocado em suas mais mexeu com a cabeça do cara. Não é possível. Ele me tirou de um momento de pura concentração pra me convidar pra dar uma volta na sua vassoura. Sério, quem ele pensa que é?


 


Harry Potter. Acho que isso resume se eu contar que não respondi nada, apenas abri a janela e me preparei pra subir no cabo da Firebot.


 


Idiota? Talvez. Mas com certeza, você faria o mesmo no meu lugar se tivesse aqueles maravilhosos olhos verdes te encarando insistentemente.


 


Sem olhar para baixo, sentei-me na vassoura e segurei firmemente a cintura de Harry. Ele olhou para trás e sorriu, segurando o cabo da Firebot com força e inclinando-se para que ela fosse em frente.


 


O vento batia em meu rosto. Deitei a cabeça nas costas de Harry, que se arrepiou, e fechei os olhos. Tudo parecia surreal demais, por meus pés não tocarem o chão e por estar abraçada a ele.


 


Eu podia sentir cada curva que sua vassoura fazia e isso era extasiante. Com a mão colada ao peito de Harry, podia sentir também seu coração bater descompassado. O meu coração batia descompassado, mas ao mesmo tempo, sincronizado com o dele. Aquilo era perfeito.


 


Então eu comecei a pensar no que Draco estaria fazendo naquele momento. Provavelmente dormindo – é o que espero. Se bem que enquanto eu estou sorrindo feito uma boba por voar com Harry, eu não posso esperar muita coisa do meu loiro. Exceto, talvez, que ele esteja mesmo dormindo e não tenha a idéia louca de levantar e decidir dar uma volta de vassoura pros lados da minha casa.


 


-Quer descer um pouco? – perguntou Harry, a voz distorcida pelo vento.


 


-Está bom aqui em cima – eu o abracei mais forte.


 


-Tem certeza? – ele colocou a mão sobre a minha, que estava em seu peito – Nós temos que voltar antes que Ron dê pela minha falta.


 


Eu funguei, indignada. Até depois de Hogwarts, Ron continuava atrapalhando minha história com Harry.


 


História? Eu disse história? Quem aqui falou que eu tenho uma história com Harry?


 


Querida Gina, ninguém disse isso e nem é preciso. Encare os fatos, sua idiota.


 


-Você não sabe o sono pesado que ele tem – murmurei, sentindo a vassoura embaixo de mim inclinar-se levemente rumo ao chão.


 


-Eu sei – Harry virou o rosto pra mim, um sorriso perfeito brincando em seus lábios – De qualquer maneira, alguém pode dar por nossa falta.


 


Eu sorri também. É incrível como aquele sorriso SEMPRE me faz sorrir junto, como se fosse um bocejo. Harry voltou-se para frente e apontou a vassoura para baixo, fazendo-a descer de um solavanco, o vento castigando nossos rostos com cada vez mais força.


 


Então ele parou. Meu corpo foi para frente com um solavanco, me fazendo bater em suas costas, uma vez que ele nem se movera. Harry apertou minha mão e virou o rosto para mim, uma sombra de dúvida brincando em seus olhos.


 


-O que aconteceu? – perguntei, não me arriscando olhar para baixo.


 


-Pensei ter visto... – ele pensou por um momento e depois deu de ombros – Deixa pra lá, não deve ter sido nada.


 


Não deve ter sido nada? Só se pra você, Harry. Espere até ver o que acontece dentro de cinco minutos.


 


Harry ergueu a vassoura e nos fez sobrevoar lentamente o jardim, bem do alto, de onde ficávamos na altura do morro mais adiante. Eu não havia percebido que ele ainda segurava minha mão, mas quando o fiz, não pude reclamar; sentia como se devesse ser assim. Como se meu lugar fosse ali.


 


Mas eu sabia que não era.


 


-Me leve de volta – pedi.


 


-Mas você disse que...


 


-Estou ficando enjoada – seu perfume perfeito que se aloja em mim está me deixando enjoada.


 


Ele concordou com a cabeça e inclinou a vassoura para baixo, vagarosamente descendo comigo na garupa. Não, eu não queria sair dali, mas precisava. Havia dito pra mim mesma que minha decisão seria tomada quando o pergaminho fosse queimado completamente, então eu precisava queimá-lo.


 


Quando meus pés alcançaram o chão da varanda, eu estava tão longe que bati com o rosto de encontro às costas de Harry. Okay, aquilo estava me matando. Aquele cheiro, aqueles músculos, aquela vontade.


 


-Desculpe – murmurei.


 


Harry nada respondeu. Ele fez pior. Virou-se de lado na vassoura e passou a mão por trás de meus cabelos, afastando as mechas ruivas avulsas de meu pescoço. E, de repente, tudo o que passamos juntos voltou à minha mente.


 


Os beijos, os risos, as lágrimas. Tudo.


 


Aquilo não podia ser bom. Mas era. O que posso fazer?


 


Estava, completamente, apaixonada por Harry Potter. De novo.


 


-Não me impeça – murmurou ele, fechando os olhos e vindo devagar com o rosto de encontro ao meu.


 


E o que eu fiz? A coisa mais idiota possível.


 


Nada.


 


Eu não fiz nada para impedir. Nada. Simplesmente deixei que seus lábios tocassem os meus, carinhosamente. Lentamente. Saborosamente. Oh, Merlim! Tudo o que consegui pensar foi “se isso for um sonho, por favor, não me acorde!”.


 


Mas você sabe, o despertador sempre toca na melhor parte do sonho.


 


SEMPRE. Inclusive quando – infelizmente – não é bem um despertador. É, não era meu despertador. Era uma tosse forçada.


 


-Droga – sibilou Harry, afastando-se de mim, os olhos cerrados.


 


É. Droga.


 


Ali, sentado em minha cama, nos observando calmamente...


 


-Draco, ouça, eu...


 


-Nós precisamos conversar – sua voz era calma. Calma demais.


 


E, se eu bem conheço Draco Malfoy – e eu conheço bem –, aquela calma toda não era um bom sinal. Eu estava certa. Aquilo não podia ser bom, de jeito nenhum.


 


-Eu... – Harry pigarreou, sem saber o que fazer – Eu vou voltar para o meu quarto. Boa noite, Gina.


 


-Boa noite – respondeu Draco, antes que eu pudesse dizer alguma coisa.


 


Ele ficou me encarando, apenas, por um longo tempo. Eu não sabia para onde olhar, ou onde colocar as mãos, ou o que fazer, ou o que dizer. Estava completamente sem reação.


 


-Eu já disse que REALMENTE não sei o que você quer da vida? – seus olhos estavam cinzentos. Aquilo definitivamente não era nada bom.


 


-Eu...


 


-Não, eu falo – Draco ergueu o dedo indicador pra mim, me calando – Eu faço de tudo. De tudo. Eu tento ser um bom namorado. Eu até ignorei os telefonemas da Pansy. É claro que eu não contava que ela apareceria semi-nua em meu quarto hoje à noite, mas de qualquer forma, eu não fiz...


 


-SEMI-NUA? – berrei?


 


-Semi-nua – tirou a varinha do bolso e fez um feitiço para que ninguém nos ouvisse – E, vejam só, Potter nem sequer estava sem camisa. E mesmo assim você estava... Num corpo a corpo... Com ele. Isso me deixa com nojo.


 


Oh, minha varinha ainda estava embaixo do guarda-roupa.


 


-Eu não estava num corpo a corpo com ele – resmunguei, sabendo estar da cor de meus cabelos.


 


-Oh, por Merlim – sussurrou ele, passando a mão pelos cabelos loiros.


 


-Draco, não significa nada – eu disse, com uma convicção que não tinha – Essa coisa toda com Harry, é só o passado batendo à porta. Mas você é meu presente agora. Não tem nada que temer.


 


Então, quando eu achei que as coisas não poderiam piorar, adivinhe?


 


Elas pioraram.


 


Draco abriu a gaveta do meu criado-mudo e tirou de lá... é, exatamente.


 


-Eu tomei a liberdade de ler enquanto você estava, digamos, fora – estendeu-o para mim, que estava petrificada e não o peguei – Tem certeza de que ISSO não significa nada?


 


Continua...


 


Próximo Capítulo: ...que simplesmente não deu em nada.


 


 


 N/A: por Merlim, desculpem a demora :~


e aproveitem capítulo! (:


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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