Parte três




n/a: e finalmente o final. É uma fic realmente pequena, poderia até ser one-shot, mas achei melhor dividir pra mostrando a mudança dela de tempos em tempos. Essa foi a primeira fic que escrevo onde os personagens não são da época dos Marotos, eu espero sinceramente que quem leu tenha gostado, e agradeço muito a quem a acompanhou nesses três dias :D


Parte 3 – Essencial.


Acordei tarde no domingo. Tarde mesmo, era passado de uma hora da tarde, e eu tinha combinado com Lupin às duas horas na biblioteca. Droga, eu iria me atrasar. Mas porque eu tinha todo esse pavor em me atrasar? Não precisava disso, afinal, ele é Teddy Lupin, o garoto que infernizou toda minha infância e um pedaço da adolescência, mesmo que, como dizem, ele estivesse na idade de infernizar os outros, o que pra mim era pura baboseira.


Respondendo a pergunta que eu me desviei, eu sou compulsiva com horário. Não suporto atrasos, tanto meus quanto dos outros, por isso, mesmo não gostando muito do garoto de cabelos azuis, eu chegava sempre no horário em que havia me comprometido a chegar.


Tudo bem, ele não é mais um garoto, eu admito que ele é quase um homem adulto, e até bastante atraente. É claro que eu sei que ele “se faz” ser assim. Não esqueça que ele é um metamorfomago e pode mudar sua aparência. Se eu fosse uma, lógico que seria sempre linda, mas principalmente alta. É um complexo meu, não ligue.


Olhei mais uma vez no relógio. Ótimo, quinze para as duas. Isso é que dá ficar divagando sobre coisas sem fundamento e perder a noção do tempo.


Terminei de me arrumar na velocidade de uma Firebolt 2.0, e corri até a biblioteca, conseguindo chegar apenas dois minutos atrasada.


- Está atrasada. – ele falou sério, sentado com a cadeira apoiada apenas em duas pernas, e os braços cruzados sobre o peito, numa pose muito intimidadora.


- Você usa demais essa frase. – disse o que ele havia me dito meses atrás. – Desculpe, acordei tarde. – larguei minha mochila na mesa e sentei ao seu lado.


- Uau, temos um avanço aqui? – Lupin diz rindo.


- Como assim? – perguntei confusa.


- Victoire Weasley pediu desculpas a Teddy Lupin. Eu deveria ter gravado esse momento. – falou como se esse fosse um grande fato. Revirei os olhos e comecei a puxar meus materiais para fora da mochila. – Hoje é nosso último dia de estudo, então pensei que pudéssemos não estudar e dar uma volta por ai. – propôs empolgado.


- Parece uma boa idéia. Mas essa semana eu tenho provas importantíssimas, e preciso mesmo estar preparada para elas. Agora, se quiser sair, não posso te impedir, já o prendi aqui muito tempo. – falei com um sorriso sincero.


- Podemos sair depois então. – deu de ombros.


- Eu falo sério, Lup… Teddy. – me corrigi.


- Vick, enfie uma coisa nessa sua cabecinha. – falou chegando bem perto de mim, sem tirar os olhos dos meus. Eu não consegui me afastar. Teddy Lupin tem um cheiro bom. Eu estava completamente fora de mim. – Eu não me importo de “perder” meus domingos aqui. Por incrível que pareça, eu gosto de passar o tempo com você. Sempre gostei. – a última frase foi quase um sussurro, que eu ouvi, mas demorei muito tempo para entender, já que estava meio drogada pensando em seu cheiro bom. Ele me olhou estranho e voltou a sentar direito na cadeira. – Você está bem? – perguntou parecendo preocupado.


- Ótima. – falei no mesmo segundo. Ele sorriu não convencido da minha resposta, mas deixou de lado.


Passamos a hora seguinte finalizando relatórios, ele os dele e eu os meus, quase sem trocarmos uma palavra. Por vezes eu pensei em falar algo, mas sempre que abria a boca não saia nada.


De repente algo passou em minha mente. Era algo engraçado, e que eu não me lembrava de ter sentido. Foi um sentimento estranho, acompanhado de um embrulho gelado no estômago. Eu devia estar ficando louca, só podia. Desviei os olhos discretamente para olhá-lo. Lupin parecia concentrado em seu relatório, escrevendo fervorosa e atentamente, os cabelos azuis caindo sobre os olhos pareceram finalmente incomodá-lo, então ele simplesmente diminuiu o comprimento da franja. Não agüentei e ri.


Por mais que eu estivesse acostumada com ele mudando de aparência, agora pareceu engraçado, e logo eu ria descontroladamente. Lupin me olhou preocupado, largando a pena e o pergaminho de lado.


- Você está bem? – perguntou desconfiado.


- Sim. – falei ainda tentando controlar o riso. Já tinha lágrimas nos olhos. – Não sei o que me deu, passou. – completei, me abanando assim que consegui parar de rir.


- Depois o estranho sou eu. – ele diz com uma sobrancelha erguida.


- Você ainda é o estranho, se isso te agrada. – falei rindo de leve, e ele sorriu. – Acho que estou com fome. – comentei assim que meu estômago fez aquele barulho de novo.


- Você não comeu nada ainda. – ele deduziu por eu ter acordado quase na hora de ir para a biblioteca. – Quer fazer uma pausa e comer algo?


- Até que não seria uma má idéia. – concordei prontamente, já levantando e juntando meus materiais. – Acho que você que não está bem hoje. – comentei enquanto andávamos por um corredor.


- É claro que estou bem. – forçou um sorriso.


- O Teddy Lupin que eu conheço não é de ficar tanto tempo quieto. – cantarolei sem olhar para ele.


- Eu só estou… pensando. – falou e logo em seguida sacudiu a cabeça. – Você não me odeia, não é? – perguntou de repente. Eu não espera ouvir algo assim.


- Eu… não, acho que não… quer dizer, eu odiava o garoto Lupin, mas você não é mais aquele inconseqüente. – falei tentando não ser grossa. – E ainda sim, não era todo momento que eu te odiava. – continuei falando, e senti os olhos dele sobre mim. – Eu odiava aquelas brincadeiras estúpidas, e com você implicando comigo, mas agora penso e vejo que o que eu odiava eram as situações. Quando você não estava incomodando era apenas… neutro para mim. – nem eu acreditava no que estava falando. Acho que nunca tinha pensado nesse lado das coisas, e tudo isso fazia muito sentido.


- Mas e o que você acha de mim agora? – outra pergunta que eu não esperava ouvir, e essa não tinha nem idéia do que responder. – Eu estou tentando não fazer nada para que você me odeie… - comentou baixo, com as mãos nos bolsos e fez com que a parte da frente do cabelo voltasse a cobrir parte de seus olhos.


- E tem se saído bem nisso. – disse com um sorriso discreto. O corredor em que estávamos agora parecia estranhamente deserto. – Tem certeza de que estamos indo para a cozinha?


- Sim, e você ainda não me respondeu. – ele sorriu.


- O que quer que eu responda?


- Sabe porque eu sempre fazia questão de te perturbar? – parou na minha frente, me segurando pelos ombros, sem me machucar e olhando diretamente em meus olhos. Meu estômago deu aquele pulo de novo, e eu já estava começando a associar aquela sensação com outra coisa que não a fome.


- Apenas para me irritar? – falei a primeira coisa que me veio na cabeça. Ele sorriu sem emoção.


- Não. – disse simplesmente, negando com a cabeça. – Por qual motivo um garoto irrita outra pessoa? Eu queria que você me enxergasse. Queria que você falasse comigo. Era difícil eu aceitar que você não ligava para mim, mesmo eu estando sempre na Toca, sempre brincando com seus primos, mesmo que eles fossem muito mais novos. A idéia de que a única pessoa da minha idade não queria brincar comigo era perturbadora.


- E agora você percebeu que esse era um método idiota de fazer uma garota brincar com você e parou com as idiotices. – eu conclui.


- Não, de novo. – ele sorriu nervoso. Eu já não entendia mais nada, as piruetas do meu estômago e o cheiro dele não me deixavam pensar direito. – Cheguei a conclusão de que era inalcançável para mim, e que não seria sendo um idiota que você me notaria, por isso te deixei em paz. Mas encontrar você aquele dia na biblioteca, fez com que a vontade de chamar sua atenção voltasse e tomasse conta de mim novamente. Mas dessa vez eu sabia que não era pra brincar, nem nada do tipo. – ele parecia muito nervoso falando, soltou meus ombros e levou as mãos tremulas aos cabelos.


- Isso… não faz sentido. – murmurei ainda bastante confusa.


- Talvez isso te ajude a entender. – falou rápido, me puxando pela cintura, e antes que eu pudesse sequer pensar sua boca já estava na minha, pedindo permissão para um beijo nervoso, mas ao mesmo tempo cuidadoso e carinhoso. E eu correspondi.


Não sei por quanto tempo ficamos ali, literalmente agarrados no meio daquele corredor vazio. Eu já não sentia mais meu estômago se remexer, ele parecia… tranqüilo. E eu não queria que aquele momento terminasse. Talvez Abby tivesse razão. Talvez ele gostasse mesmo de mim, e eu dele, mas nunca tinha ficado tão claro até aquele beijo. Fora sem dúvida nenhuma, o melhor beijo da minha vida, era como se nós dois estivéssemos programados desde o começo para isso, mesmo com nós dois precisando de anos para estarmos na mesma sintonia, e parecia agora a coisa certa a fazer.


Teddy de longe era aquele garoto estúpido que fora anos atrás, e eu demorei pra ver isso. Demorei para perceber que ele era uma pessoa legal, com sentimentos bons, e que eu poderia chegar a gostar. Se o meu eu de anos atrás nos visse agora, possivelmente enfartaria. Não consegui segurar o riso, novamente, ao pensar nisso.


- Entendeu? – ele perguntou respirando ofegante, e sorrindo, ainda me segurando firmemente. Eu tinha certeza que eu estava com a mesma cara. Acenei que sim com a cabeça, mordendo o lábio.


- Isso é tão estranho pra mim quanto pra você? – perguntei meio rindo.


- Totalmente. Ainda mais por você não estar me batendo ou azarando, como eu pensei que fosse fazer. – nós rimos mais ainda.


- Então isso já era planejado? – fingi-me de brava.


- Em termos sim. – ele riu – Se bem que eu posso estar sonhando… - falou passando a mão pelo meu cabelo. – Autch! – gritou depois que eu belisquei seu braço. – Isso doeu. – resmungou.


- Sempre quis fazer algo assim em você. – eu ri. – Mas agora foi para te acordar caso estivesse sonhando.


- Abusada. – também riu. – Mas quero saber o que acha de nós. – agora perguntou mais sério.


- Bem… eu acho que vamos ter um pouco de trabalho para explicar para minha família. E sim, é minha família! – acrescentei antes que ele dissesse nossa. Pensou por alguns segundos e então falou.


- Por enquanto, senhorita Weasley. – sorriu e me beijou de novo.






Já se passou pouco mais de um ano desde que eu e Teddy começamos a namorar. Não pense que nosso relacionamento é calmo, ainda discutimos por coisas idiotas, mas sempre acabamos fazendo as pazes dois minutos depois. Devo acrescentar que meus pais, assim como tios, e avós, adoraram a idéia de nós dois juntos, e alguns deles inclusive disseram que isso era bastante previsível, o que, é claro, não me agradou muito.


Foi tudo bastante tranqüilo durante os dois primeiros meses de namoro, mas depois eu tive que voltar a Hogwarts, e ninguém faz idéia, e muita gente não acredita, no quão difícil foi passar quase todo o ano letivo sem vê-lo, apenas nos comunicando por cartas e nos vendo no Natal. Se Teddy passava muito tempo na Toca antes, não é nada comparado com agora, que parece ser um morador de lá. E agora eu teria que ir para mais um ano de aulas em Hogwarts, mais um ano sem Teddy. Pelo menos me manteria bem ocupada como monitora-chefe. Vovó Molly quase chorou de emoção quando ficou sabendo que fui nomeada.


- Você vai se sair muito bem esse ano. – Teddy falou alisando meu rosto. Estávamos na estação, mais precisamente parados em frente aos trem.


- Eu sei que vou. – digo arrogantemente, e ele ri. – Mas vou sentir sua falta...


- E eu a sua. – sussurrou e me beijou.


- Teddy! – ouvimos uma voz conhecida de garoto chamar, mas não demos bola, continuamos concentrados um no outro. – Teddy! – chamou novamente. Ele se afastou um pouco de mim, e suspirou ainda de olhos fechados, eu ri ao ver James parado nos olhando com os olhos arregalados. Ele sabia sobre nós, todos sabiam, mas parecia ainda ficar impressionado por ver sua prima mais velha e seu amigo mais velho juntos. – O que você está fazendo? – a pergunta foi direcionada a Teddy. Ele era uma espécie de super-herói para os menores.


- O que você acha? Me despedindo de Victoire. – respondeu revirando os olhos. – Agora pode voltar para junto de seus irmãos? – pediu.


- Mas…


- Dá o fora James! – falou impaciente para meu primo, que saiu correndo no mesmo instante. Eu o olhava reprovadora. – Ele vai continuar me adorando. – disse convencido.


- Eu sei. – admiti e passei os braços pelos seus ombros, o abraçando firmemente.


Pois é, parece que o irritante de cabelos azuis se deu bem. E eu também.


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